Trabalho, tecnologia e inovação na indústria de processo contínuo: as transformações na indústria brasileira de celulose de mercado.
DOI:
https://doi.org/10.5902/198346597585Resumo
O artigo se propõe a analisar os efeitos da globalização e da reestruturação produtiva para a organização da produção, os trabalhadores e os sindicatos do setor brasileiro de papel e celulose. Trata-se de um setor internacionalizado, cujas relações comerciais se dão entre países. Os procedimentos metodológicos adotados para a elaboração deste trabalho compreenderam: pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo, pesquisa documental, análise de estatísticas sobre o mercado de trabalho, visitas a fábricas e sindicatos e entrevistas. O argumento central é a de que as mudanças associadas à globalização têm um rebatimento importante no interior das fábricas, modificando a correlação de forças entre os diversos atores envolvidos na produção e tendo na participação da mão-de-obra uma mediadora não desprezível. A reestruturação que ocorre nesta indústria a partir da segunda metade dos anos 90 é parte do processo de globalização, é ‘sistêmica’. Isto porque, alcançou um amplo espectro: desde a reestruturação das cadeias produtivas no plano internacional, passando pela redefinição das estratégias gerenciais das empresas, ultrapassando os limites de suas fronteiras com mudanças nas relações com as comunidades locais e as firmas que integram a cadeia de fornecimento de produtos e serviços e, contemplando ainda, a reformulação das estratégias sindicais. Decisões gerenciais ‘técnicas’ que ocultam uma dimensão ‘política’ alteraram as relações de poder entre chefes, engenheiros e trabalhadores do chão-de-fábrica. Os avanços tecnológicos e as transformações no plano da organização do trabalho e das políticas de recursos humanos são aqui entendidos como medidas integradas que se complementam entre si para influenciar a participação e o aumento da produtividade num contexto marcado pelo aumento da competitividade e da concorrência.
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