Influência dos fatores comportamentais na propensão ao endividamento dos estudantes universitários
DOI:
https://doi.org/10.5902/1983465935196Resumo
Objetivo – O objetivo deste artigo é analisar a influência de fatores comportamentais na propensão ao endividamento de estudantes universitários.
Desenho/metodologia/abordagem – O estudo investigou uma amostra aleatória de 319 alunos de uma universidade privada de São Paulo. Usando a Modelagem de Equações Estruturais, os fatores comportamentais foram medidos. Para a análise dos dados, foram realizadas estatísticas descritivas e testes de diferença de mediana (teste U de Mann-Whitney) e testes de independência (teste de Qui-quadrado).
Resultados – Os resultados indicam que: a) o fator comportamento apresenta o maior efeito sobre a propensão ao endividamento; b) o grau de endividamento é influenciado por variáveis sociodemográficas (sexo, raça, estado civil, ocupação e renda); c) os níveis de percepção de risco, materialismo e propensão ao endividamento são os mesmos para os grupos endividados e não endividados; d) os níveis de comportamento e racionalidade financeira diferem entre grupos endividados e não endividados.
Limitações/implicações da pesquisa – A coleta de dados foi realizada em uma região metropolitana onde a população pesquisada apresenta características específicas que dificultam a generalização dos resultados.
Implicações práticas – Esses resultados podem ser úteis para auxiliar: a) líderes escolares no desenho de programas educacionais; b) o sistema financeiro no desenvolvimento de estratégias e produtos financeiros.
Implicações sociais – Os formuladores de políticas educacionais podem tomar medidas para melhorar os grupos mais vulneráveis.
Originalidade/valor – A principal contribuição teórica deste trabalho deu-se pela análise integrada de quatro diferentes construtos sobre a propensão ao endividamento de estudantes universitários: materialismo, racionalidade, comportamento financeiro e percepção de risco.
Downloads
Referências
Atkinson, A., & Messy, F. (2012), “Measuring financial literacy: results of the OECD / International Network on Financial Education (INFE) Pilot Study”, OECD Working Papers on Finance, Insurance and Private Pensions, no. 15, OECD Publishing, Paris.
Avdzejus, É. E., Santos, A. C., & Santana, J. O. (2012). Endividamento precoce: Uma Análise da Concessão de Crédito e dos Fatores que Influenciam no Endividamento de Jovens Universitários da Faculdade UNIME no Município de Lauro de Freitas/BA. IX SEGeT 2012, Resende, 1-15.
Batra, R., & Ahtola, O. (1991, april). Measuring the hedonic and utilitarian sources of consumer attitudes. Marketing Letters, 2 (2), 159-170.
Block-Lieb, S., & Janger, E. J. (2006). The myth of the rational borrower: rationality, behavioralism and the misguided “reform” of bankruptcy law. Texas Law Review, v. 84, 1481-1565.
Boddington, L., & Kemp, S. (1999, december). Student debt, attitudes towards debt, impulsive buying, and financial management. New Zealand Journal Of Psychology, 28(2), 89-93.
Caetano, G., Patrinos, H. A., & Palacios, M. (2011, july). Measurin aversion to debt: an experiment among student loan candidates. The World Bank Human Development Network Education Team: Policy Research, 5737(1), 1-29.
Chen, H., & Volpe, R. P. (1998). An analysis of personal financial literacy among college students. Financial Services Review, 2(7), 107-128.
Cohen, J. (1988). Statistical Power Analysis for the Behavioral Sciences. 2. ed. New York: Lawrence Erlbaum.
Consumer Debt and Default Survey. (2019). Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor. Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Disney, R. F., & Gathergood, J. (2011, may). Financial literacy and indebtedness: new evidence for UK consumers. SSRN, 1-38.
Dittmar, H. (2005). Compulsive buying – a growing concern? An examination of gender, age, and endorsement of materialistic values as predictors. British Journal of Psychology, 467-491.
Fávero, L. P., Belfiore, P., Silva, F. L., & Chan, B. L. (2009). Análise de dados: Modelagem multivariada para tomada de decisões. Rio de Janeiro: Elsevier, 646.
Fernandes, A. H. S., & Candido, J. G. (2014, december). Educação financeira e nível do endividamento: relato de pesquisa entre os estudantes de uma instituição de ensino da cidade de São Paulo. Revista Eletrônica Gestão e Serviços, 5(2), 894-913.
Flores, S. A. M. (2012). Modelagem de equações estruturais aplicada à propensão ao endividamento: uma análise de fatores comportamentais. Dissertação (Mestrado em Administração) - Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, Brasil, 191.
Flores, S. A. M., Vieira, K. M., & Coronel, D. A. (2013, june). Influência de fatores comportamentais na propensão ao endividamento. Revista de Administração: Faces Journal, 2(2), 13-35.
Fornell, C., & Larcker, D. F. (1981, February). Evaluating Structural Equation Models with Unobservable Variables and Measurement Error. Journal of Marketing Research, 18(1), 39-50.
Frade, C., Lopes, C. A., Jesus, F., & Ferreira, T. (2008). Um perfil dos sobreendividados em Portugal. Coimbra: Centro de Estudos Sociais da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, 51.
Gathergood, J. (2012, june). Self-control, financial literacy and consumer over-indebtedness. Journal of Economic Psychology, 33(3), 590-602.
Hair, J. F., Hult, G. T. M., & Ringle, C. M. (2016). A primer on partial least squares structural equation modeling (PLS-SEM). 2. ed. Los Angeles: SAGE-USA, 363.
Hogarth, J. M., & Swanson, J. (1995). Using adult education principles in financial education for low income audience. Family Economics and Resources Management Biennial, 139-146.
Hoyle, R. H. (1995). The structural equation modeling approach: basic concepts and fundamental issues. In: HOYLE, Rick H.. Structural euqation modeling: concepts, issues, and applications. CA: Sage Publications, Inc, 1-15.
Katona, G. (1975). Psychological Economics. New York: Elsevier, 448.
Livingstone, S. M., & Lunt, P. K. (1992, march). Predicting personal debt and debt repayment: Psychological, social and economic determinants. Journal of Economic Psychology, 13(1), 111-134.
Lucci, C. R., Zerrenner, S. A., Verrone, M. A. G., & Santos, S. C. (2006, august). A influência da educação financeira nas decisões de consumo e investimento dos indivíduos. Anais do Semead: Seminários em Administração, São Paulo, SP, Brasil, 09, 1-13.
Matta, R. O. B. (2007). Oferta e demanda de informação financeira pessoal: o Programa de Educação Financeira do Banco Central do Brasil e os universitários do Distrito Federal. Dissertação (Mestrado em Ciência da Informação) - Universidade de Brasília, Brasília, Brasil.
Medeiros, F. G., Diniz, I. S. F. N., Costa, F. J., & Pereira, R. C. F. (2015, august). Influência de Estresse, Materialismo e Autoestima na Compra Compulsiva de Adolescentes. Revista de Administração Contemporânea, Rio de Janeiro, 19, 137-156.
Mendes-Da-Silva, W., Nakamura, W. T., & Moraes, D. C. (2012, september). Credit Card Risk Behavior on College Campuses: Evidence from Brazil. Brazilian Administration Review, Rio de Janeiro, 9(3), 351-373.
Minella, J. M., Bertosso, H., Pauli, J., & Corte, V. F. D. (2017, december). A influência do materialismo, educação financeira e valor atribuído ao dinheiro na propensão ao endividamento de jovens. Revista Gestão e Planejamento, Salvador, 18, 182-201.
Ministry of Education. (2019). Avaliação MEC/INEP. Ministério da Educação e Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (MEC - INEP).
Moura, A. G. (2005). Impacto dos diferentes níveis de materialismo na atitude ao endividamento e no nível de dívida para financiamento do consumo nas famílias de baixa renda do município de São Paulo. Dissertação (Mestrado em Administração) - Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, Brasil.
Moura, A. G., Aranha, F., & Zambaldi, F. (2006). As relações entre materialismo, atitude ao endividamento, vulnerabilidade social e contratação de dívida para consumo: um estudo empírico envolvendo famílias de baixa renda no município de São Paulo. Encontro de Marketing, Rio de Janeiro, 1-30.
Mullainathan, S., & Thaler, R. H. (2000, October). Behavioral economics. International Encyclopedia of the Social and Behavioral Sciences: National Bureau of Economic Research, 1-13.
Nascimento, J. C. H. B., & Macedo, M. A. S. (2016, september). Modelagem de Equações Estruturais com Mínimos Quadrados Parciais: um Exemplo da Aplicação do SmartPLS® em Pesquisas em Contabilidade. Revista de Educação e Pesquisa em Contabilidade, Brasil, 10(3), 289-313.
National Confederation of Shopkeepers. (2018). Inadimplentes brasileiros 2018: perfil e comportamento frente às dívidas. Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e SPC Brasil. August 2018.
Nellie Mae (2005, may). Undergraduate Students and Credit Cards in 2004: An Analysis of Usage Rates and Trends. Braintree, MA, 1-15.
Nepomuceno, M. V., & Torres, C. V. (2005). Validação da Escala de Julgamento e Significado do Produto. Estudos de Psicologia, 10(3), 421-430.
Nogueira, R. C. G. (2009). Finanças comportamentais: diferenças na tolerância de risco entre cônjuges – replicando uma pesquisa e propondo alternativas complementares. Dissertação (Mestrado em Administração) - Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.
Norvilitis, J. M., & Santa-Maria, P. (2002). Credit Card Debt on College Campuses: Causes, Consequences, and Solutions. College Student Journal, 36(3), 357-364.
Ponchio, M. C. (2006). The influence of materialism on consumption indebtedness in the contexto of low income consumers from the city of São Paulo. Tese (Doutorado em Administração) - Fundação Getúlio Vargas, São Paulo.
Potrich, A. C., Vieira, K. M., & Ceretta, P. S. (2013, september/december). Nível de alfabetização financeira dos estudantes universitários: afinal, o que é relevante? Revista Eletrônica de Ciência Administrativa (RECADM), 12(3), 314-333.
Richins, M. L. (2004, june). The Material Values Scale: Measurement Properties and Development of a Short Form. Journal of Consumer Research, 31(1), 209-219.
Richins, M. L., & Dawson, S. (1992, December). A Consumer Values Orientation for Materialism and Its Measurement: Scale Development and Validation. Journal of Consumer Research, 19, 303-316.
Richins, M. L., & Rudmin, F. W. (1994, june). Materialism and economic psychology. Journal of Economic Psychology, 15(2), 217-231.
Ringle, C. M., Silva, D., & Bido, D. (2014, may). Modelagem de equações estruturais com utilização do SmartPLS. Revista Brasileira de Marketing, 13(2), 56-73.
Roberts, J. A., & Roberts, C. (2012). Stress, gender and compulsive buying among early adolescents. Young Consumers, 13(2), 113-123.
Rokeach, M. (1973). The nature of human values. Nova York: Free Press, 438.
Santos, T., & Souza, M. J. B. (2014). Fatores que influenciam o endividamento de consumidores jovens. Revista Alcance, 21(1), 152-180.
Shelton, G. G., & Hill, O. (1995). First-Time Homebuyers Programs as an Impetus for Change in Budget Behavior. Financial Counseling And Planning, 6, 83-91.
Varcoe, K. P., & Wright, J. (1991). Financial education can change behavior. Advancing The Consumer Interest, 3(2), 14-19.
Vieira, K. M., Ceretta, P. S., Melz, L. J., & Gastardelo, T. A. R. (2014). Significados do Dinheiro e Propensão ao Endividamento entre alunos universitários. Revista da Faculdade de Administração e Economia, 5(2), 76-103.
Watson, J. J. (2003, December). The relationship of materialism to spending tendencies, saving, and debt. Journal of Economic Psychology, 24(6), 723-739.
Wu, L. (2006). Excessive buying: the construct and a causal model. 2006. 117 f. Tese (Doutorado) - Curso de Philosophy, Georgia Institute Of Technology, Georgia.
Yamauchi, K. T., & Templer, D. J. (1982). The Development of a Money Attitude Scale. Journal of Personality Assessment, 46(5), 522-528.
Zerrenner, S. A. (2007). Estudo sobre as razões para o endividamento da população de baixa renda. Dissertação (Mestrado em Administração) - Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil.
Zuckerman, M., & Kuhlman, D. M. (2000, december). Personality and Risk‐Taking: Common Bisocial Factors. Journal of Personality, 68(6), 999-1029.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2020 Revista de Administração da UFSM
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Autores de artigos publicados pela ReA/UFSM mantêm os direitos autorais de seus trabalhos, licenciando-os sob a licença Creative Commons Attribution CC-BY, que permite que os artigos sejam reutilizados e distribuídos sem restrição, desde que o trabalho original seja corretamente citado.