O projeto “ERER quilombola: olhares transgressores” – uma proposta de educação antirracista

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2179219487883

Palavras-chave:

Educação antirracista, Lei 10.639/03, igualdade racial

Resumo

Este artigo tem como propósito apresentar a construção e implementação de um projeto de educação antirracista nomeado “ERER quilombola: olhares transgressores”. Considerando que a educação é o espaço de transformação ou de reprodução das condições materiais e sociais da vida. Não há como imaginar a realidade vigente sem contemplar a educação como espaço vital de funcionamento das sociedades contemporâneas. É neste contexto que a educação das relações étnico-raciais se faz necessária. Tratar do racismo e de seus desdobramentos práticos é objeto de considerável dificuldade, haja visto que o fenômeno assumiu, na sociedade brasileira, o papel de modulador das relações sociais. Tanto do ponto de vista histórico, quanto no processo de formação social do país é inegável que a desigualdade racial é estruturante das relações sociais no Brasil. É na esteira desse conjunto complexo de relações que, a partir de muitas reflexões e debates, decidiu-se desenvolver o projeto. A atividade docente dos coordenadores do projeto, aliada à sua militância fez surgir o desejo de impactar de forma positiva o processo educacional, no que tange à educação das relações étnico-raciais, no âmbito do município de Pelotas-RS. A reflexão ora apresentada fundamenta-se sobre uma matriz de análise qualitativa, na qual os dados elencados derivam de levantamento processado via formulários online apresentados aos/as docentes e coordenadores/as participantes do estudo resultante das ações empreendidas pelo projeto ERER Quilombola: Olhares transgressores. Considerando o fato de que a pesquisa resulta de um conjunto de ações desenvolvidas nas práticas em educação das relações étnico-raciais (ERER), a proposta destes instrumentos era avaliar a compreensão sobre o sentido da lei 10.639/03, bem como sobre as contribuições que ferramentas de formação podem fornecer à qualificação do trabalho em educação para a promoção da igualdade racial.

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Biografia do Autor

André Luis Pereira, Instituto Federal Sul-rio-grandense

Doutor em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PPGS/UFRGS). Sociólogo, Professor EBTT de Sociologia no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-Riograndense (IFSUL) - Campus Pelotas. É Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) (2008), Mestre em Sociologia (PPGS/UFRGS), (2011). Tem interesse, principalmente, pelos seguintes temas: relações étnicorraciais; pós-colonialismo e produção do conhecimento em Ciências Sociais; teoria sociológica e a obra do intelectual Abdias do Nascimento, participação politica, poder local e movimentos sociais (basicamente Movimentos Negros) na contemporaneidade, além de desenvolver pesquisas sobre a implementação de políticas para a promoção da igualdade racial em nível local. Atualmente atua junto à Assessoria de Relações Étnico-raciais do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) e lotado no campus Viamão do IFRS para atuação docente (período 2024)

Camila Meneguel Arenhart, Universidade Federal de Pelotas

Graduada em História - Licenciatura Plena e Bacharelado pela Universidade Federal de Santa Maria (2009). Especialista em História do Brasil pelo Programa de Pós-graduação da Universidade Federal de Santa Maria - Especialização em História do Brasil (2011). Mestra pelo Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Pelotas (2022). Tem interesse nos seguintes temas de pesquisa: História das mulheres, feminismo, relações de gênero e raça e educação das relações étnico-raciais. Professora da Rede Municipal de Ensino de Pelotas. Coordenadora externa do curso de extensão Formação em Educação das Relações Étnico-raciais no IFSUL Campus Pelotas.

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Publicado

2025-02-28

Como Citar

Pereira, A. L., & Arenhart, C. M. (2025). O projeto “ERER quilombola: olhares transgressores” – uma proposta de educação antirracista. Fragmentum, (64), 139–157. https://doi.org/10.5902/2179219487883