D’As naus, de António Lobo Antunes: a carnavalização como destino da Literatura Portuguesa
DOI:
https://doi.org/10.5902/2179219470876Palavras-chave:
Lobo Antunes, As naus, Carnavalização, Camões, PessoaResumo
Este artigo vincula As naus (1988), de António Lobo Antunes, à tradição de romances carnavalizados, conforme teoria de Mikhail Bakhtin (1987; 2019). Tomando-se o século XX como período de mal-estar (FREUD, 2001), com impactos decisivos para o mundo lusófono, analisamos as relações responsivas e paródicas que se tecem entre o romance, o épico de Camões (1572) e a Mensagem (1934) de Pessoa. Tal esforço, amparado por premissas de Walter Benjamin, em diálogo com a crítica de Eduardo Lourenço, visa mostrar como a carnavalização se firma enquanto destino de uma cultura que assistiu o esgarçamento do épico na torrente na história.
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