Abordagem teórico-experimental das relações de escala e fractalidade da vegetação em áreas sazonalmente alagadas na Floresta Amazônica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509839420

Palavras-chave:

Alometria, Lei de potência, Modelo WBE

Resumo

A relação entre a fisiologia e o metabolismo das plantas, assim como os fluxos de energia mediados pela vegetação, é pouco compreendida atualmente. De acordo com a teoria de West, Brown e Enquist (WBE), espera-se que alguns parâmetros de planta, como o diâmetro dos galhos, obedeçam a distribuições do tipo lei de potência. Neste trabalho, buscou-se fazer uma abordagem das relações de escala e fractalidade em duas áreas sazonalmente alagadas da Floresta Amazônica. Especificamente, visou-se responder se há uma relação do tipo lei de potência (livre de escala) para a distribuição dos diâmetros dos troncos nas áreas de estudo, se há uma relação semelhante com respeito à distribuição de diâmetros de galhos em algumas espécies nessas mesmas áreas, e ainda se existe semelhança com a distribuição dos troncos, de tal forma que se possa dizer que a árvore “imita” a floresta em que está contida. Também se apresentou uma forma de medir a fractalidade nas árvores estudadas com base no coeficiente de variação das relações entre diâmetros de galhos de gerações subsequentes (β). Observou-se que alguns expoentes diferem dos preditos pela teoria de WBE e que as distribuições de troncos são do tipo lei de potência, mas com variações expressivas de . Para os galhos, os resultados indicam que os parâmetros realmente seguem leis de potência, mas com variações de entre as espécies estudadas. Também se mostrou que pelo menos uma espécie é mais autossimilar (fractal) que outras. Por fim, foi feita uma breve discussão sobre qual o papel desse padrão na adaptação e evolução das plantas.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Adriano Pereira Guilherme, Universidade Federal do Amazonas, Coari, AM

Físico, Dr., Professor do Instituto de Saúde e Biotecnologia, Universidade Federal do Amazonas, Estrada Coari-Mamiá, 305, CEP 69460-000, Coari (AM), Brasil. 

Deniz dos Santos Mota, Universidade Federal do Amazonas, Manaus, AM

Físico, Dr., Professor do Departamento de Física, Instituto de Ciências Exatas, Universidade Federal do Amazonas, Av. General Rodrigo Otávio Jordão Ramos, 1200, CEP 69067-005, Manaus (AM), Brasil. 

Iramaia Jorge Cabral de Paulo, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, MT

Física, Dra., Professora do Instituto de Física, Universidade Federal de Mato Grosso, Av. Fernando Correa, s/n, Coxipó, CEP 78060-900, Cuiabá (MT), Brasil. 

Sérgio Roberto de Paulo, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, MT

Físico(a), Dr(a)., Professoro(a) do Instituto de Física, Universidade Federal de Mato Grosso, Av. Fernando Correa, s/n, Coxipó, CEP 78060-900, Cuiabá (MT), Brasil. 

Referências

AVNIR, D. et al. Is the Geometry of Nature Fractal? Science, Washington, v. 279, p. 39-40, jan. 1998.

BARTHOLOMEW, G. A. A matter of size; An examination of endothermy in insects and terrestrial vertebrates. In: HEINRICH, B. (ed.). Insect thermoregulation. New York: Wiley, 1981.

BEJAN, A. Constructal-theory network of conducting paths for cooling a heat generating volume. International Journal of Heat Mass Transfer, Amsterdam, v. 40, p. 799-816, mar. 1997.

BEJAN, A. Shape and structure, from engineering to nature. Cambridge: Cambridge University Press, 2000.

BRODY, S.; PROCTER, R. C.; ASHWORTH, U. S. Basal metabolism, endogenous nitrogen, creatinine and neutral sulphur excretions as functions of body weight. University of Missouri Agricultural Experiment Station Research Bulletin, Jefferson City, v. 220, p. 1-40, 1934.

CALDER, W. A. Size, function, and life history. Cambridge: Harvard University Press, 1984.

ELOY, C. Leonardo’s rule, self-similarity and Wind-induced stresses in trees. Physical Review Letters,College Park, v. 107, p. 258101, dec. 2011.

ENQUIST B. J.; NIKLAS, K. J. Invariant scaling relations across tree-dominated communities. Nature, Londres, v. 410, p. 655-660, apr. 2001.

FISCH, G. Uma revisão geral sobre o clima da Amazônia. Acta Amazonica, Manaus, v. 28, n. 2, p. 101-101, jun. 1998.

GUILHERME, A. P. Abordagem teórico-experimental das relações de escala e fractalidade: uma aplicação do modelo “WBE” em área de várzea da floresta amazônica. 2017. Tese (Doutorado em Física Ambiental) – Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Física, Cuiabá, 2017. Disponível em: http://www.pgfa.ufmt.br/index.php/br/utilidades/teses/368-adriano-pereira-guilherme/file>

HALLEY, J. M. et al. Uses and abuses of fractal methodology in ecology. Ecology Letters, Paris, v. 7, p. 254-271, 2004.

HENDRICKS, W. A.; ROBEY, K. W. The Sampling Distribution of the Coefficient of Variation. The Annals of Mathematical Statistics, Beachwood, v. 7, n.3, p. 129-132, 1936. DOI:10.1214/aoms/1177732503

HONDA, H.; FISHER, J. B. Tree Branch Angle: Maximizing Effective Leaf Area. Science, v. 199, p. 888-890, feb. 1978.

JAMES, K. R.; HARITOS, N.; ADES, P. K. Mechanical stability of trees under dynamic loads. American Journal of Botany, San Luis, v. 93, n. 10, p. 1522-1530, 2006.

KANG, H. S.; DENNIS, D.; MENEVEAU, C. Flow over fractals: drag forces and near wakes. Fractals, Singapura, v. 19, n. 4, p. 387-399, 2011.

KLEIBER, M. Body size and metabolism. Hilgardia, Berkeley, v. 6, p. 315-353, 1932.

KOZŁOWSKI, J.; KONARZEWSKI, M. Is West, Brown and Enquist's Model of Allometric Scaling Mathematically Correct and Biologically Relevant? Functional Ecology, London, v. 18, n. 2, p. 283-289, apr. 2004.

LEOPOLD, L. B. Trees and Streams: The Efficiency of Branching Patterns. Journal of theoretical Biology, Amsterdam, v. 31, p. 339-354, 1971.

MULLER-LANDAU, H. C. et al. Comparing tropical forest tree size distributions with the predictions of metabolic ecology and equilibrium models. Ecology Letters, Paris, v. 9, p. 589-602, 2006.

NAÇÕES UNIDAS. Influência humana no aquecimento global é evidente, alerta novo relatório do IPCC. [S. l.], 2014. Disponível em: https://nacoesunidas.org/influencia-humana-no-aquecimento-global-e-evidente-alerta-novo-relatorio-do-ipcc/. Acesso em: 22 jun. 2016.

PETERS, R. H. The ecological implications of body size. Cambridge: Cambridge University Press, 1983.

RIAN, I. M.; SASSONE, M. Tree-inspired dendriforms and fractal-like branching structures in architecture: a brief historical overview. Frontiers of Architectural Research, Beijing, v. 3, p. 298-323, 2014.

RUBNER, M. Uber den Einfluss der Korpergrosse auf Stoff-und Kraftwechsel, Zeitscrift fur Biologie, Munique, v. 19, p. 535-562, 1883.

SALM, R. et al. Cross-scale determinants of palm species distribution. Acta Amazonica, Manaus, v. 37, n. 1, p. 17-26, 2007.

SCHMIDT-NIELSEN, K. Scaling: why is animal size so important? Cambridge: Cambridge University Press, 1984.

SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO. Florestas do Brasil em resumo- 2010: dados de 2005-2010. Brasília, 2010. 152 p. Disponível em: http://www.mma.gov.br/estruturas/sfb/_arquivos/

SILVA JÚNIOR, M. C.; SILVA, A. F. Distribuição dos diâmetros dos troncos das espécies mais importantes do cerrado na estação florestal de experimentação de Paraopeba (EFLEX)-MG. Acta Botanica Brasilica, Brasília, v. 2, n. 1/2, p. 107-126, 1988.

THOMAS, P. The shapes of trees: a matter of compromise. Arnoldia, [s. l.], v. 61, n. 1, p. 14-21, 2001.

THOMAS, P. The shape of trees. In: TREES: Their Natural History. 2nd ed. Cambridge: Cambridge University Press, 2014.

VANGEL, M. G. Confidence Intervals for a Normal Coefficient of Variation. The American Statistician, Boston, v. 50, n. 1, p. 21-26, 1996.

WANG, X. et al. Tree size distributions in an old-growth temperate forest. Oikos, Lund, v. 118, p. 25-36, 2009.

WEST, G. B.; BROWN, J. H.; ENQUIST, B. J. A general model for the origin of allometric scaling laws in biology. Science, Washington, v. 276, p. 122-126, apr. 1997.

WEST, G.; ENQUIST, B.; BROWN, J. The fourth dimension of life: fractal geometry and allometric scaling of organisms. Science, Washington, v. 284, p. 1677-1679, jun. 1999.

WEST, G.; ENQUIST, B.; BROWN, J. A general quantitative theory of forest structure and dynamics. PNAS, Washington, v. 106, n. 17, p. 7040-7045, apr. 2009.

WINDSOR-COLINS, A. et al. The palm – a model for success? In: DESIGN and Information in Biology. Billerica: WIT Press, 2007. p. 303-326.

Downloads

Publicado

01-12-2020

Como Citar

Guilherme, A. P., Mota, D. dos S., Paulo, I. J. C. de, & Paulo, S. R. de. (2020). Abordagem teórico-experimental das relações de escala e fractalidade da vegetação em áreas sazonalmente alagadas na Floresta Amazônica. Ciência Florestal, 30(4), 1061–1074. https://doi.org/10.5902/1980509839420

Edição

Seção

Artigos