Fungos micorrízicos arbusculares em estádios sucessionais de caatinga na região semi-arida do Brasil

Autores

  • Carla da Silva Sousa Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS
  • Rômulo Simões Cezar Menezes
  • Everardo Valadares de Sá Barreto Sampaio
  • Francisco de Sousa Lima
  • Leonor Costa Maia
  • Fritz Oehl

DOI:

https://doi.org/10.5902/1980509813331

Palavras-chave:

infectividade do solo, revegetação, associação micorrízica

Resumo

http://dx.doi.org/10.5902/1980509813331

A caatinga é um bioma exclusivamente brasileiro com áreas em acentuado processo de desertificação. Os fungos micorrízicos arbusculares (FMA) atuam na sucessão vegetal favorecendo o estabelecimento das espécies vegetais próprias das etapas sucessionais e acelerando a recuperação para um estádio clímax da sucessão. O presente estudo teve como objetivo avaliar a ocorrência e diversidade de FMA em diferentes estádios sucessionais de caatinga no semiárido paraibano. Parcelas experimentais (30 x 60 m) foram demarcadas em áreas representando diferentes estádios sucessionais de caatinga: inicial (revegetação natural nos últimos 15 anos); intermediário (revegetação natural nos últimos 35 anos); tardio (caatinga madura com mais de 50 anos sem severos distúrbios antrópicos); e também em áreas de pasto cercadas e protegidas para representar o momento inicial de sucessão. Parcelas representativas dos quatro estádios foram implantadas com três repetições. Amostras de solo e raízes foram coletadas na camada de 0-15 cm de profundidade, nas estações seca e chuvosa. Todas as áreas apresentaram baixo potencial de infectividade, sugerindo que a introdução de mudas micorrizadas pode acelerar o processo de revegetação de parcelas degradadas nessa área. Com exceção das áreas em estádio tardio, os reservatórios de glomalina aumentaram com o avanço do processo de sucessão. Áreas em estádio tardio de sucessão apresentaram maior riqueza de espécies de FMA, indicando que o reestabelecimento da vegetação também exerce efeito significativo sobre a comunidade fúngica. Os gêneros Glomus e Acaulospora foram predominantes em ambas as estações, possivelmente por serem bem adaptadas às condições de semiárido.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

AESA. Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba. Disponível em: <http://site2.aesa.pb.gov.br/aesa/monitoramentoPluviometria.do?metodo=listarMesesChuvasMensais> Acesso em: 25 nov. 2008.

AIDAR, M.P.M.; CARRENHO, R.; JOLY, C.A. Aspects of arbuscular mycorrhizal fungi in an atlantic forest chronosequence parquet estadual turístico do Alto Ribeira (PETAR), SP. Biota Neotropica, v. 4, n.2, p. 1-15, 2004.

AUGÉ, R. M. Water relations, drought and vesicular arbuscular mycorrhizal symbiosis. Mycorrhiza, v.11, p.3–42, 2001.

BASHAN, Y. et al. Assessment of mycorrhizal inoculum potencial in relation to the establishment of cactus seedlings under mesquite nurse-trees in the Sonoran Desert. Applied Soil Ecology, v.14, p. 165-175, 2000.

BENDAVID-VAL, R. et al. Viability of VA-mycorrhizal fungi following soil solarization and fumigation. Plant and Soil, v.195, p.185-193, 1997.

BEVER, J.D. et al. Host dependent sporulation and species diversity of arbuscular mycorrhizal fungi in a mown grassland. Journal of Ecology, v. 84, n. 1, p. 71-82, 1996.

BIRD, S.B. et al. Spatial heterogeneity of aggregate stability and soil carbon in semi-arid rangeland. Environmental Pollution, v. 116, p. 445–455, 2002

BODDINGTON, C.L.; DODD, J.C. The effect of agricultural practices on the development of indigenous arbuscular mycorrhizal fungi. I. Field studies in an Indonesian ultisol. Plant and Soil, v. 218, p. 137-144, 2000.

BOUAMRI, R. et al. Arbuscular mycorrhizal fungi species associated with rhizosphere of Phoenix dactylifera L. in Morocco. African Journal of Biotecnology, v.6, p. 510-516, 2006.

BRUNDRETT, M.C., ASHWATH, N.; JASPER, D.A. Mycorrhizas in the Kakadu region of tropical Australia. Plant and Soil, v. 184, p.173-184. 1996.

CAPRONI, A.L.; FRANCO, A. A.; BERBARA, R.L.L. Capacidade infectiva de fungos micorrizicos arbusculares em áreas reflorestadas após mineração de bauxita no Pará. Pesquisa Agropecuária Brasileira. v.38 n.8. p.937-945, 2003.

CARAVACA, F. et al. Survival of inocula and native AMF fungi species associated with shrubs in degraded Mediterranean ecosystem. Soil Biology and Biochemistry, v. 37, p. 227-233, 2005.

CARAVACA, F. et al. Improvement of rhizosphere aggregate stability of afforested semiarid plants species subjected to mycorrhizal inoculation and compost addition. Geoderma, v. 108, p. 133-144, 2002.

CARRENHO, R.; TRUFEM, S.F.B.; BONONI, V.L.R. Fungos micorrízicos vesiculo-arbusculares em rizosferas de três espécies de fitobiontes instaladas em área de mata ciliar revegetada. Acta Botânica Brasílica, v. 15, n.1, p.115-124, 2001.

DRUMOND, M.A. et al. Estratégias para uso sustentável da biodiversidade da caatinga. In: Workshop de avaliação e identificação de ações prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade do bioma Caatinga. Petrolina, PE, 2000. 23 p.

EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. Manual de métodos de análise de solo. Rio de Janeiro: Embrapa-Solos, 1997, v.1, 210p.

FELDMANN, F.; IDCZAK, E. Inoculum production of vesicular-arbuscular mycorrhizal fungi for use in tropical nurseries. In. NORRIS, J.R.; READ, D.J.; VARMA, A.K. (Eds.). Techniques for Mycorrhizal Research Methods in Microbiology. Academic Press: London, 1992, p. 799-817.

GAI, J.P. et al. A preliminary survey of the arbuscular mycorrhizal status of grassland plants in southern Tibet. Mycorrhiza, v.16, p. 191-196, 2006.

GERDEMANN, J.W.; NICOLSON, T.H. Spores of mycorrhizal Endogone species extracted from soil by wet sieving and decanting. Transactions of the British Mycological Society, v.46, p.235-244, 1963.

GIOVANNETTI, M.; MOSSE, B. An evaluation of techniques to measure vesicular-arbuscular mycorrhizal infection in roots. New Phytologist, v.84, n.3, p.484-500, 1980.

HART, M.H.; READER, R.J. Taxonomic basis for variation in the colonization strategy of arbuscular mycorrhizal fungi. New Phytologist, v.153, p. 335-344, 2002.

HERRERA, R.A. et al. Silvigenesis stages and role of mycorrhiza in natural regeneration in Sierra del Rosario, Cuba. In: GOMEZ-POMPA, A.; WHITMORE, T.C.; HADLEY, M., (Eds.). Rain forest regeneration and management. Paris: The Parthenon Publishing Group, 1991, p. 211-222.

JANOS, D.P. Mycorrhizas, sucession, and the rehabilitation of deforested lands in the humid tropics. In: FRANKLAND, J.C.; MAGAN, N.; GADD, G.M. (Ed.). Fungi and environmental change. Cambridge: Cambridge University Press, 1996, p. 129-162.

JASPER, D.A.; ABBOTT, L.K.; ROBSON, A.D. The effect of soil disturbance on vesicular-arbuscular mycorrhizal fungi, in soils from different vegetation types. New Phytologist, v. 118, n. 3, p. 471-476, 1991.

JENKINS, W.R.A. A rapid centrifugal-flotation technique for separating nematodes from soil. Plant Disease Report, v. 48, p. 692. 1964.

KAGEYAMA, P. et al. Revegetação de áreas degradadas: modelos de consorciação com alta diversidade. In: SIMPÓSIO SUL-AMERICANO, 1., e SIMPÓSIO NACIONAL DE RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS, 2., Foz do Iguaçu, 1994. Anais. Curitiba, FUPEF, 1994, p. 569-576.

KOSKE, R.E.; GEMMA, J.N.A modified procedure for staining roots to detect mycorrhizas. Mycological Research. v. 48, p. 486-488, 1989.

LI, L-F.; LI, T.; ZHAO, Z-W. Differences of arbuscular mycorrhizal fungal diversity and community between a cultivated land, and old field, and a never-cultivated field in a hot and arid ecosystem of southwest China. Mycorrhiza, v.17, p. 655-665, 2007.

LIMA, R.L.F.A.; SALCEDO, I.H.; FRAGA, V.S. Propágulos de fungos micorrízicos arbusculares em solos deficientes e, fósforo sob diferentes usos, da região semi-árida no nordeste do Brasil. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v. 31, p. 257-268, 2007.

LUSK, C.H. et al. Why are evergreen leaves so contrary about shade? Trends in Ecology & Evolution, v.23, p.299–303, 2008.

LYNCH, J.P.; HO, M.D. Rhizoeconomics: carbon costs of phosphorus acquisition. Plant and Soil, v. 269, p.45–56, 2005.

MERGULHÃO, A.C.E.S. et al. Potencial de infectividade de fungos micorrízicos arbusculares em áreas nativas e impactadas por mineração gesseira no semi-árido brasileiro. Hoehnea, v. 34, n.3, p. 341-348, 2007.

MILLER, R.M.; JASTROW, J.D. The role of mycorrhizal fungi in soil conservation. In: Mycorrhizae in sustainable agriculture. Madison: America Society of Agronomy, 1992, p. 29-44.

MOHAMMAD, M.J.; HAMAD, S.R.; MALKAWI, H.I. Population of arbuscular mycorrhizal fungi in semi-arid environment of Jordan as influenced by biotic and abioic factors. Journal of Arid Environments, v. 53, p. 409-417, 2003.

MORTON, J.B.; BENTIVENGA, S.P.; WHEELER, W.W. Germplasm in the International Colletion of arbuscular and Vesicular-arbuscular Mycorrhizal Fungi (INVAM) an procedures for culture development, documentation, and storage. Mycotaxon, v.48, p.491-528, 1993.

PICONE, C. Diversity and abundance od arbuscular-mycorrhizal fungus spores in tropical forest and pasture. Biotropica, v.32, p. 734-750, 2000.

PESSOA, M.F. et al. Estudo da cobertura vegetal em ambientes da caatinga com diferentes formas de manejo no assentamento Moacir Lucena, Apodi, RN. Revista Caatinga, v.21, n.3, p. 40-48, 2008.

PURIN, S.; RILLIG, M.C. The arbuscular mycorrhizal fungal protein glomalina: limitations, progress, and a new hypothesis for its function. Pedobiologia, v. 51, p. 123-130, 2007.

SAGGIN JÚNIOR, O.J. Micorrizas arbusculares em mudas de espécies arbóreas nativas do sudeste brasileiro. 1997. 120 f. Tese (Doutorado em Ciência do Solo) - Universidade Federal de Lavras, Lavras, Minas Gerais, 1997.

SCHENCK, N. C.; PEREZ, Y. A manual of identification of vesicular-arbuscular mycorrhizal fungi, 2 ed. Gainesville: University of Florida, 1988. 241p.

SHI, Z.Y. et al. Diversity of arbuscular mycorrhizal fungi associated with desert ephemerals in plant communities of Junggar Basin, northwest China. Applied Soil Ecology, v. 35, p.10–20, 2007.

SILVA, G.A. et al. Arbuscular mycorrhizal fungi in a semiarid copper mining area in Brazil. Mycorrhiza, v.15, p.47-53, 2001.

SOUZA, L.Q. Fitossociologia em áreas com diferentes históricos de uso e fixação biológica de nitrogênio em caatinga madura na Paraíba. 2010. 53 f. Dissertação (Mestrado em Tecnologias Energéticas e Nucleares) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Pernambuco, 2010.

SOUZA, R.G. Aspectos ecológicos e introdução de mudas micorrizadas para revegetação de áreas de dunas mineradas, no litoral da Paraíba. 2008. 140 f. Tese (Doutorado em Biologia de Fungos) – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Pernambuco, 2010.

SOUZA, R.G. et al. Diversidade e potencial e infectividade de fungos micorrízicos arbusculares em áreas de caatinga, na Região de Xingó, Estado de Alagoas, Brasil. Revista Brasileira de Botânica, v. 26, v.1, p. 49-60, 2003

STUTZ, J.C. et al. Patterns of species composition and distribuition of arbuscular mycorrhizal fungi in arid regions of Southwestern North America and Namibia, África. Canadian Journal of Biology, v.78, p.237-245, 2000.

TAO, L.; ZHIWEI, Z. Arbuscular mycorrhizas in hot and arid ecosystem in southwest China. Applied Soil Ecology, v.29, p.135-141, 2005.

WALLEY, F.L.; GERMIDA, J.J. Estimating the viability of vesicular-arbuscular mycorrhizae fungical spores using tetrazolium satls as vital stains. Mycologia, v. 87, n.2, p. 273-279, 1995.

WRIGHT, S.F.; UPADHYANA, A.A. A survey of soils for aggregate stability and glomalina, a glycoprotein produced by hyphae of arbuscular mycorrhizal fungi. Plant and Soil, v. 198, p. 97-107, 1998.

ZANGARO, W.; BONONI, V.L.R.; TRUFEM, S.B. Mycorrhizal dependency, inoculum potential and habitat preference of native woody species in South Brazil. Journal of Tropical Ecology, v.16, n.4, p. 603-622, 2000.

ZANGARO, W. et al. Root mycorrhizal colonization and plant responsiveness are related to root plasticity, soil fertility and sucessional status of native woody species in southern Brazil. Journal of Tropical Ecology, v. 23, p. 53-62, 2007.

ZANGARO, W. et al. Micorrizas arbusculares em espécies arbóreas nativas da bacia do Rio Tibagi. Paraná. Cerne, v.8, p.77-87, 2002.

ZANGARO, W. et al. Mycorrhizal response and successional status in 80 woody species from south Brazil. Journal of Tropical Ecology, v.19, p. 315-324, 2003.

Downloads

Publicado

30-03-2014

Como Citar

Sousa, C. da S., Menezes, R. S. C., Sampaio, E. V. de S. B., Lima, F. de S., Maia, L. C., & Oehl, F. (2014). Fungos micorrízicos arbusculares em estádios sucessionais de caatinga na região semi-arida do Brasil. Ciência Florestal, 24(1), 137–148. https://doi.org/10.5902/1980509813331

Edição

Seção

Artigos