O médico Guimarães Rosa e “seu jeito” de contribuir com a Medicina da Família e da Comunidade (MFC)
DOI:
https://doi.org/10.5902/2236583485442Palavras-chave:
Medicina da Família e da Comunidade (MFC), Saúde da família, Medicina na literaturaResumo
Objetivo: O pioneirismo e a sensibilidade humanista de Guimarães Rosa nos anos 1960 em medicina comunitária serão analisados aqui como inspiração para o que, uma década depois, seria denominado de Medicina Geral Comunitária e a posteriori de Medicina da Família e da Comunidade (MFC). Apesar do autor afirmar, com insistência, que não “levava jeito para a medicina”, elementos no livro Primeiras estórias são prova desse pioneirismo e sensibilidade humanista. Método: Este artigo, centrado em uma análise comparativa exploratória entre a obra de Guimarães Rosa supracitada e os princípios e técnicas da MFC, busca justamente fazer valer tal pioneirismo, demonstrando a necessidade de um maior aprofundamento das obras de Guimarães para aprimoramento e capacitação de um exercício etnosensível em MFC. Resultado e discussão: Nos sete contos selecionados pode-se constatar uma aproximação com o procedimento do médico da MFC diante das questões comunitárias, do paciente e de sua trajetória terapêutica, ao relacioná-los com o princípio da clínica ampliada que preconiza a política nacional de Humanização (PNH) e que faz com que o paciente entenda o seu adoecimento em um processo de esclarecimento e autonomia, levando em conta seu contexto social. Além disso, foram observados pontos de congruência entre as narrações de Primeiras estórias com as diretrizes da MFC, no que tange à família como entidade que interfere diretamente na saúde do paciente; a comunidade, suas crenças e culturas e; o indivíduo como ser crítico e reflexivo dentro da comunidade na qual ele se encontra. Conclusão: Guimarães Rosa já detinha um arcabouço teórico bem fundamentado do que posteriormente consolidou-se nos princípios da MFC, no qual a família e a comunidade instituem-se como entidade que interfere diretamente na saúde do paciente e a construção de um indivíduo como ser crítico, participativo e reflexivo dentro da comunidade na qual ele se encontra.
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