Entrevista com Erick Felinto de Oliveira

Abstract

Naturalmente, esses movimentos políticos têm marcas locais específicas ligadas às diferentes culturas e sociedades, como não poderia deixar de ser. Por exemplo, importa lembrar o passado ditatorial que vários países latino-americanos possuem, e que contribui para um certo imaginário “saudosista”, percebendo os períodos autoritários como momentos dourados, onde não existia corrupção e o país avançava economicamente com ordem. Isso é muito claro no caso brasileiro. Além disso, as formas de manifestação de elementos como xenofobia e racismo têm expressões diferentes em países como o Brasil que, antes, viviam sob o mito de certa harmonia racial (uma história bastante diferente da dos Estados Unidos, por exemplo). Entretanto, eu diria que as semelhanças são muito mais importantes que as diferenças. Em muitos sentidos, o Norte Global tem servido como “modelo” para o desenvolvimento dos temas e das agendas da extrema direita nos países do Sul. Por exemplo, pode-se notar que a insistência em temas como “homeschooling” ou a defesa do direito de portar armas é relativamente nova nesses países, tendo sido “importadas” de agendas estrangeiras.