Só é feia quem quer? Corpos transmutados em busca de uma identidade: um olhar psicanalítico para a subjetividade feminina

Resumo

Na atualidade, percebe-se cada vez mais mulheres à procura de cirurgias plásticas estéticas, em busca de um ideal de beleza, para as quais a imagem passou a ser o motor para a felicidade. Este artigo objetiva compreender o que as mulheres residentes no Brasil buscam com a realização de múltiplas cirurgias plásticas e quais desdobramentos psíquicos apresentam frente a estes procedimentos. A pesquisa caracterizou-se por ser do tipo qualitativa, exploratória e descritiva, cuja amostra foi constituída por oito mulheres, selecionadas via redes sociais, e que realizaram ao menos quatro tipos, ou mais, de cirurgias estéticas. As entrevistas ocorreram de forma presencial e online, através da plataforma Google Meet. A análise de conteúdo realizou-se de acordo com Bardin (2020), onde emergiram três categorias: “Múltiplas cirurgias plásticas estéticas: um nascer de novo?”, “P, PP, M, G, GG: qual é o padrão?” e “Desdobramentos psíquicos: virou obsessão, eu quero ficar perfeita”. A partir dos resultados, constatou-se que, para todas as mulheres participantes desta pesquisa, a busca pelo corpo ideal(lizado) através de múltiplas cirurgias plásticas, de forma obsessiva e por vezes insuficiente, tornou-se causa de angústia. Conclui-se, ao findar esta pesquisa, que 90% das entrevistadas apresentam sofrimento psíquico, ocasionado por essa busca incansável e desenfreada por um corpo inexequível.