A NARRATIVA DE VIDA NOS ESTUDOS DE GÊNERO: DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO E IDENTIDADE

Autores

  • Regina Lúcia Sucupira Pedroza Universidade de Brasília - UNB
  • Cândida Beatriz Alves Instituto Federal de Brasília

DOI:

https://doi.org/10.5902/2317175864245

Resumo

As narrativas de vida têm sido vistas como um método privilegiado para os estudos de gênero. Por meio do relato do vivido, as mulheres, antes meros objeto de estudos, têm espaço agora para narrar, com um lugar de fala que lhes é próprio. A fim de tratar do significado do ser mulher no contexto atual, é necessário enfatizar o caráter histórico de várias características e atribuições que são tidas como naturais da mulher. Esse desenrolar histórico não pode ser dissociado do aprofundamento e consolidação do capitalismo, que se funda na divisão sexual do trabalho. Neste estudo, nosso objetivo é investigar o significado do ser mulher associado à divisão sexual do trabalho, do modo como este é construído em uma narrativa de vida. Esta pesquisa foi realizada com uma aluna de um curso técnico do Instituto Federal de Brasília, que também era mãe e trabalhadora. Foi realizada uma entrevista individual com a intenção de que a participante narrasse sua história de vida. A entrevista foi transcrita e foi realizada uma análise interpretativa da narrativa. Na fala da participante, fica claro como está submetida, desde criança, à rígida divisão sexual do trabalho, que baseia uma construção identitária. Trabalhar e buscar uma formação profissional são fatores que podem reafirmar ou transgredir essas construções.

 

Palavras-chave: Narrativa; Gênero; Divisão sexual do trabalho; Educação profissional.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Regina Lúcia Sucupira Pedroza, Universidade de Brasília - UNB

Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasília. Pós-doutora em Sciences de l’Education pela Universidade Paris V, René Descartes. Professora associada I da Universidade de Brasília no Instituto de Psicologia.

Cândida Beatriz Alves, Instituto Federal de Brasília

Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasília. Docente de Psicologia no Instituto Federal de Brasília.

Referências

ALVES, C. B. Divisão sexual do trabalho e inconsciente político: histórias de mulheres em formação profissional. Tese de Doutorado. Brasília: UnB. 2017

ANTUNES, R. Os sentidos do trabalho: Ensaio sobre a afirmação e a negação do trabalho. São Paulo: Boitempo Editorial. 2003

BADINTER, E. Um amor conquistado: o mito do amor materno. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira. 1985

BERTAUX, D. Narrativas de vida: a pesquisa e seus métodos. Tradução Zuleide Alves Cardoso Cavalcante e Denise Maria Gurgel Lavallée. Natal: EDUFRN; São Paulo: Paulus. 2010

BIRMAN, J. Gramáticas do erotismo: a feminilidade e as suas formas de subjetivação em psicanálise. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira. 2001

BRUSCHINI, M. C. A. Mulher, casa e família: cotidiano nas camadas médias paulistanas. São Paulo: Vértice, FCC. 1990

BRUSCHINI, M. C. A.; RICOLDI, A. M. Família e trabalho: difícil conciliação para mães trabalhadoras de baixa renda. Cadernos de Pesquisa, 39(136), 93-123. 2009

BUTLER, J. Problemas de gênero. Feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2016

CARVALHO, I. C. M. Biografía e Identidade: Aportes para uma Análise Narrativa. AmbientalMENTEsustentable, II, 1(3), 19-31. 2007

CASTRO-GÓMEZ, S. Ciencias sociales, violencia epistémica y el problema de la "invención del otro". Em E. Lander (Org.). La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales (pp. 169-186). Buenos Aires: CLACSO. 2000

COSTA, S. G. Proteção social, maternidade transferida e lutas pela saúde reprodutiva. Estudos feministas, 10(2), 301-323. 2002

CHODOROW, N. Psicanálise da Maternidade: uma crítica a Freud a partir da mulher. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos. 1990

FÁVERO, M. H. Subjetividade e Objetividade na Psicologia Contemporânea: Apontamentos Históricos, Epistemológicos e Filosóficos. Psicologia em Estudo, 20(2), 189-200. 2015.

FEDERICI, S. Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. São Paulo: Elefante. 2017

FEDERICI, S. O ponto zero da revolução: trabalho doméstico, reprodução e luta feminista. São Paulo: Elefante. 2019

FOUCAULT, M. O nascimento da clínica. São Paulo: Ed. Forense Universitária. 2011

GAMA, A. S. Trabalho, Família e Gênero: Impactos dos direitos do trabalho e da educação infantil. São Paulo: Ed. Cortez. 2014

GONZÁLEZ-REY, F. Epistemología Cualitativa y Subjetividad. La Habana: Editorial Pueblo y Educación. 1997

HIRATA, H.; KERGOAT, D. A classe operária tem dois sexos. Estudos feministas, 2(1), 93-100. 1994.

HOLMSTROM, N. Como Karl Marx pode contribuir para a compreensão do gênero? In D. CHABAUD-RYCHTER; V. DESCOUTURES; A. M. DEVREUX,; E. VARIKAS (Orgs). O gênero nas ciências sociais. São Paulo: Editora Unesp; Brasília: Editora UnB. 2014.

IBGE. Estatísticas de Gênero: Uma análise dos resultados do censo demográfico. Rio de Janeiro: IBGE. 2019.

LABOV, W. Some further steps in narrative analysis. Journal of Narrative & Life History, 7(1-4), 395–415. 1997. https://doi.org/10.1075/jnlh.7.49som

LOURO, G. L. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis: Vozes. 2004.

MARX, K. O Capital: crítica da Economia Política. Livro I. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. (Trabalho original publicado em 1932). 2008.

MARX, K.; ENGELS, F. A ideologia alemã. São Paulo: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1933). 2007.

MARX, K.; ENGELS, F. Cultura, arte e literatura. Textos escolhidos. São Paulo: Editora Expressão Popular. 2010.

MITCHELL, J. Mulheres: a revolução mais longa. Gênero, 6(2), 203-232. 2006.

NETTO, J. P. Introdução ao estudo do método de Marx. São Paulo: Editora Expressão Popular. 2011.

ROCHA-COUTINHO, M. L. A narrativa oral, a análise de discurso e os estudos de gênero. Estudos de Psicologia (Natal), 11(1), 65-69. 2006.

RUBIN, G. Tráfico de Mulheres. Notas sobre a 'Economia Política' do sexo. Recife: SOS Corpo. 1993.

VIEIRA, A. G. Do Conceito de Estrutura Narrativa à sua Crítica. Psicologia: Reflexão e Crítica, 14(3), 599-608. https://dx.doi.org/10.1590/S0102-79722001000300015. 2001.

VIGOTSKI, L. S. Obras Escogidas. Madrid: Visor. Volume III. (Trabalho original publicado em 1931). 2000.

VIGOTSKI, L.S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1934). 2008.

ZANELLO, V. Saúde mental, gênero e dispositivos: cultura e processos de subjetivação. Curitiba: Appris, 2018.

Downloads

Publicado

21-10-2021

Como Citar

Pedroza, R. L. S., & Alves, C. B. (2021). A NARRATIVA DE VIDA NOS ESTUDOS DE GÊNERO: DIVISÃO SEXUAL DO TRABALHO E IDENTIDADE. Revista Sociais E Humanas, 34(2). https://doi.org/10.5902/2317175864245

Edição

Seção

Artigos Livres