O ESPÍRITO HERMENÊUTICO NAS CONSTRUÇÕES DISCURSIVAS SOBRE O ÍNDIO

Resumo

O presente discurso tem por objetivo realizar uma sistematização de elementos e/ou características observáveis em determinadas obras históricas e etno-históricas, as quais compõem o quadro de produções historiográficas concernentes ao tema indígena no Brasil e países vizinhos (Paraguai, Uruguai e Argentina). Os elementos aos quais nos referimos, são de caráter historiográfico, com ênfase na discursividade e construção dos textos, observando o pano de fundo que ritmiza as escolhas dos autores. Assim, busca-se uma reflexão de alguns momentos observados no contexto historiográfico, onde o indígena passa de uma inexistência à protagonista de sua história, possível devido ao deslocamento do olhar e das perguntas realizadas por pesquisadores (historiadores e antropólogos). Paulatinamente, as noções padronizadas oriundas de analogias comportamentais problemáticas (do final do século XIX e início do XX – que permeiam o entendimento das culturas de diferentes pontos geográficos da Terra), serão substituídas pelas noções de agency, história e práticas culturais (Pauketat, 2001), e objetivam uma reorientação de nossas questões, deslocando processos que não compreendemos e que queremos explicar  historicamente, nos convidando a revisar como entendemos causa e efeito. A construção discursiva sobre o indígena na historiografia está embebida de fatores subjetivos, mas não misteriosos, nem mágicos, os quais estão relacionados com posições teórico-metodológicas e filosóficas, de acordo com cada período e contexto no qual, o historiador está inserido, acarretando a observância de diferentes perspectivas, quando suas obras são postas, na atualidade sob uma análise de discurso e decomposição metodológica com intuito de clarificar a maneira pela qual,  fontes, referências, pessoas e projetos políticos negociam e estão entrelaçados e como essas negociações são transformadas em narrativa – ou discurso.