A BAIXA RECORRÊNCIA AO JUDICIÁRIO E O USO DE MEIOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITO NO JAPÃO: POSSÍVEIS IMPLICAÇÕES PARA POLÍTICAS PÚBLICAS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/2526629241271

Palavras-chave:

Litígio, meios alternativos de resolução de conflito, Japão, cultura.

Resumo

O presente artigo examina a tendência da sociedade japonesa de não recorrer
ao Judiciário para a solução de conflitos. Embora existam razões culturais para a baixa litigiosidade no Japão, defende-se que determinadas iniciativas implementadas pelo governo japonês foram capazes de ampliar a resolução de disputas antes que as partes decidissem acionar a via judicial. Este estudo tem como objetivo avaliar se as medidas adotadas no Japão, capazes de aumentar o número de disputas solucionadas por meios alternativos de resolução de conflitos (em inglês, alternative dispute resolution ou ADR), podem servir de exemplo para nações com alta demanda judiciária, como o Brasil. Dentre tais iniciativas, destacam-se: (i) a promoção de uma minuciosa padronização do quantum indenizatório em sede de reparação de danos a ser concedido por ADR; e (ii) o uso de centros de consultorias fornecidas por profissionais com significativa experiência na área jurídica, de forma a demonstrar, clara e objetivamente, as vantagens dos ADR para as partes em desavença.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Waldemiro Francisco Sorte Junior, Ministério da Economia

Waldemiro Francisco Sorte Junior possui Doutorado em Desenvolvimento Internacional pela Universidade de Nagoya, Japão (2009). É Bacharel em Direito pelo Centro Universitário de Brasília (2001) e em Administração de Empresas pela Universidade de Brasília (2002) e Licenciado em Letras-Japonês pela Universidade de Brasília (2014). Atualmente, trabalha como Analista em Tecnologia da Informação no Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão. Anteriormente, foi Pesquisador Pleno no Centro Internacional de Políticas para o Crescimento Inclusivo (IPC-IG) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e Advogado da Caixa Econômica Federal. Suas principais áreas de pesquisa incluem política industrial, licitações, governança e logística.

Referências

Brasil (1988). Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos. Recuperado de: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm.

Brasil (2015). Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Presidência da República, Casa Civil, Subchefia para Assuntos Jurídicos. Recuperado de: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/ l13105.htm.

Conselho Nacional de Justiça (2013). Justiça em números 2013 – sumário executivo: ano-base 2012. Brasília, DF: CNJ.

Conselho Nacional de Justiça (2014). Justiça em números 2014: ano-base 2013. Brasília, DF: CNJ, p. 39.

Conselho Nacional de Justiça (2015). Justiça em números 2015: ano-base 2014. Brasília, DF: CNJ, p. 57.

Conselho Nacional de Justiça (2016). Justiça em números 2016 - Infográficos: ano-base 2015. Brasília, DF: CNJ, p. 13.

Conselho Nacional de Justiça (2017). Priorização do 1º grau de jurisdição: Dados Estatísticos. Brasília, DF: CNJ. Recuperado de http://www.cnj.jus.br/programas-e-acoes/politica-nacional-de-priorizacao-do-1-grau-de-jurisdicao/dados-estatisticos-priorizacao.

Dore, R. (2000). Stock Market Capitalism: Welfare Capitalism – Japan and Germany versus the Anglo-Saxons. Nova York, NY: Oxford University Press. 28

Friedman, L. M. (1989). Litigation and Society. Annual Review of Sociology, 15, 17-29.

Ginsburg, T., & Hoetker, G. (2006). The Unreluctant Litigant? An Empirical Analysis of Japan’s Turn to Litigation. The Journal of Legal Studies, 35 (1), 31-59.

Glenn, H. P. (2000). Legal Traditions of the World. Nova York, NY: Oxford University Press.

Hamaia, K., & Ellis, T. (2006). Crime and criminal justice in modern Japan: From re-integrative shaming to popular punitivism. International Journal of the Sociology of Law, 34, 157–178.

Haley, J. O. (1978) The Myth of the Reluctant Litigant. Journal of Japanese Studies, 4 (2), 359-390.

Haley, J. O. (1991). Authority without Power: Law and the Japanese Paradox. Nova York, NY: Oxford University Press.

International Center for Environmental Technology Transfer (ICETT) (1998). The history of pollution and environment restoration in Yokkaichi – for the sake of the global environment. Yokkaichi, MIE: ICETT.

Johnson, C. (1982). MITI and the Japanese Miracle: The Growth of Industrial Policy,1925-1975. Stanford, CA: Stanford University Press.

Leonarden, D. (2002). The Impossible Case of Japan. The Australian and New Zealand Journal of Criminology, 35 (2), 203-229.

Luney Junior, P. R. (1989). Traditions and foreign influences: systems of law in China and Japan, Law and Contemporary Problems, 52 (2), 129-150.

Marconi, M.A., & Lakatos, E. M. (2003). Fundamentos de metodologia científica. (5. ed.). São Paulo, SP: Atlas.

Matsui, S. (2012). Turbulence Ahead: The Future of Law Schools in Japan. Journal of Legal Education, 62 (1), 3-31.29

North, D. C. (1990) Institutions, Institutional Change and Economic Performance. Cambridge University Press, Nova York, NY.

North, D. C. (1991) Institutions. Journal of Economic Perspectives, 5 (1), 97-112.

Nottage, L. (2008). The cultural (re)turn in Japanese law studies. Victoria University of Wellington Law Review, 39 (4), 755-778.

Ordem dos Advogados do Brasil (1995). Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil. Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil. Recuperado de: https://www.oab.org.br/content/pdf/legislacaooab/

codigodeetica.pdf.

Organisation for Economic Co-operation and Development (OECD) (2005). OECD. Factbook 2005: Economic, Environmental and Social Statistics. Paris: OECD.

Pye, L. W. (1985) Asian power and politics: The cultural dimensions of authority. Massachusetts, MA: The Belknap Press of Harvard University Press.

Puchniak, D. W. (2012). Japan’s Love for Derivative Actions: Irrational Behavior and Non-Economic Motives as Rational Explanations for Shareholder Litigation. Vanderbilt Journal of Transnational Law, 45 (1), 1-82.

Ramseyer, J. M., & Rasmusen, E. B. (2010). Comparative litigation rates. Discussion Paper nº 681, Cambridge, The John M. Olin Center for Law, Economics, and Business, Harvard Law School.

Rouland, N. (1995). Legal Anthropology. Londres: The Athlone Press.

Sato, Y. (2001) Commercial Dispute Processing and Japan. Nova York, NY: Kluwer Law International.

Supreme Court of Japan (2013a) Guide to Family Court of Japan 2013. Tokyo: Supreme Court of Japan. Recuperado de http://www.courts.go.jp/english/vcms_lf/20130807-1.pdf.

Supreme Court of Japan (2013b) Statistical table. Tokyo: Supreme Court of Japan. Recuperado de http://www.courts.go.jp/english/publications/statistical_table/

index.html.

Supreme Court of Japan (2017) Statistical table. Tokyo: Supreme Court of Japan, 30, 2017. Recuperado de http://www.courts.go.jp/english/vcms_lf/2017-STATISTICAL_ TABLES.pdf.

Tanase, T. (1990). The management of disputes: automobile accident compensation in Japan. Law & Society Review, 24 (3), 651-691.

Tanase, T. (2001). The empty space of the modern in Japanese law discourse. In: Nelken, D. e Feest, J. (Eds.) Adapting Legal Cultures. Oxford: Hart Publishing, p. 187-198.

Tanase, T. (2006). Global Markets and the Evolution of Law in China and Japan, Michigan Journal of International Law, 27 (3), 873-893.

Tsushima, M. (1996). Economic Structure and Crime: The Case of Japan. Journal of Socio-Economics, 25 (4), 497-515.

University of Oxford (2011). The Hidden World of Consumer ADR: Redress and Behaviour. University of Oxford, Centre for Socio-Legal Studies, Notas de Conferência, Oxford, 28 de outubro de 2011, patrocinada pelo Swiss Re e Foundation for Law Justice & Society. Recuperado de https://www.law.ox.ac.uk/sites/files/oxlaw/thehiddenworldofconsumeradr-conferencenote.pdf.

Upham, F. K. (1976). Litigation and moral consciousness in Japan: an interpretive analysis of four Japanese pollution suits. Law & Society Review, 10 (4), 579-619.

Yamamura, E. (2013). Trial experience, satisfaction and incentive to bring another lawsuit: Does aspiration level influence winners and losers? Japan and the World Economy, 28, 125–131.

Zucchi, M. C. (2013). Breves comentários sobre os meios alternativos de solução de conflitos e as dificuldades de sua inserção na cultura litigiosa, inclusive a brasileira. Revista Científica Virtual da Escola Superior de Advocacia da OAB-SP, Ano V, No. 13, pp. 8-13.

Downloads

Publicado

2021-09-25

Como Citar

Sorte Junior, W. F. (2021). A BAIXA RECORRÊNCIA AO JUDICIÁRIO E O USO DE MEIOS ALTERNATIVOS DE RESOLUÇÃO DE CONFLITO NO JAPÃO: POSSÍVEIS IMPLICAÇÕES PARA POLÍTICAS PÚBLICAS. Práticas De Administração Pública, 5(1), 03–30. https://doi.org/10.5902/2526629241271

Edição

Seção

Artigos