A Educação Física na Educação Infantil no cenário da pós-graduação: as práticas de escrita no contexto da formação continuada com professores
Physical education in early childhood education in the postgraduate scenario: writing practices in the context of continuing education with teachers
Educación Física en Educación Infantil en el escenario del posgrado: prácticas de escritura en el contexto de la educación continua con docentes
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Roraima, Boa Vista, RR, Brasil.
alexandremarchiori@hotmail.com
Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES, Brasil.
wagnercefd@gmail.com
Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, ES, Brasil.
andremellovix@gmail.com
Recebido em 04 de junho de 2022
Aprovado em 11 de outubro de 2023
Publicado em 25 de janeiro de 2024
RESUMO
O processo de formação continuada de professores é um tema recorrente nas pesquisas educacionais, contudo, nas últimas décadas, percebemos um aumento das produções na pós-graduação voltadas para o cenário da Educação Física na Educação Infantil. Identificamos que as práticas de escrita dos docentes não são evidenciadas, tampouco suas autorias. Destarte, objetivamos analisar a produção acadêmica sobre as práticas de escrita na formação continuada com os professores de Educação Física da Educação Infantil. Esta é uma pesquisa bibliográfica, do tipo estado do conhecimento, que mobilizou como fonte de dados os trabalhos disponíveis no Catálogo de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), sem recorte temporal. Os resultados foram organizados em três categorias: 1) A formação continuada na primeira etapa da Educação Básica; 2) Os processos de escrita empregados na formação continuada; e 3) Os contextos da Educação Física na Educação Infantil: o currículo localizado e sua dinâmica curricular. Concluímos que a formação continuada é um tema recorrente, todavia, o recorte desejado das práticas de escrita docente no contexto da Educação Infantil possui pouca representatividade nas pesquisas encontradas na área da Educação Física. Constatamos que há uma valorização do instrumento diário de aula, bem como da utilização do registro docente das práticas pedagógicas para subsidiar os processos de formação continuada, contudo, esse fazer escriturístico dos professores não rompe com os muros escolares, caracterizando-os como consumidores e não produtores de conhecimentos.
Palavras-chave: Formação Continuada; Educação Física; Educação Infantil.
ABSTRACT
The process of continuing teacher training is a recurring theme in educational research, however, in recent decades there has been an increase in postgraduate productions focused on the scenario of Physical Education in Early Childhood Education. It is identified that the teachers' writing practices are not evidenced, nor their authorship. Thus, the objective is to analyze the academic production on writing practices in continuing education with Physical Education teachers in Early Childhood Education. This is a bibliographical research, of the state of knowledge type, which mobilized as a source of data the works available in the Catalog of Theses and Dissertations of the Coordination for the Improvement of Higher Education Personnel, without time cut. The results were organized into three categories: 1) Continuing education in the first stage of Basic Education; 2) The writing processes used in continuing education; and 3) The contexts of Physical Education in Early Childhood Education: the localized curriculum and its curricular dynamics. It is concluded that continuing education is a recurring theme, however, the desired cut of teaching writing practices in the context of Early Childhood Education has little representation in the research found in the area of Physical Education. It was found that there is an appreciation of the daily instrument of class, as well as the use of the teaching record of pedagogical practices to subsidize the processes of continuing education, however, this scriptural work of teachers does not break with school walls, characterizing them as consumers rather than knowledge producers.
Keywords: Continuing Education; Physical Education; Early Childhood Education.
RESUMEN
El proceso de formación continua docente es un tema recurrente en las investigaciones educativas, sin embargo, en las últimas décadas, hemos notado un aumento de producciones de posgrado enfocadas al escenario de la Educación Física en la Educación Infantil. Identificamos que las prácticas escritas de los docentes no son evidentes, ni tampoco sus autores. Por lo tanto, nos proponemos analizar la producción académica sobre las prácticas de escritura en la educación continua con profesores de Educación Física de Educación Infantil. Se trata de una investigación bibliográfica, del tipo estado del conocimiento, que movilizó como fuente de datos los trabajos disponibles en el Catálogo de Tesis y Disertaciones de la Coordinación de Perfeccionamiento del Personal de Educación Superior (CAPES), sin marco temporal. Los resultados se organizaron en tres categorías: 1) Formación continua en la primera etapa de Educación Básica; 2) Los procesos de escritura utilizados en la educación continua; y 3) Los contextos de la Educación Física en la Educación Infantil: el currículo localizado y su dinámica curricular. Llegamos a la conclusión que la educación continua es un tema recurrente, sin embargo, el enfoque deseado en la enseñanza de prácticas de escritura en el contexto de la Educación Infantil tiene poca representación en las investigaciones encontradas en el área de Educación Física. Descubrimos que hay una valorización del instrumento cotidiano de clase, así como el uso del registro docente de las prácticas pedagógicas para apoyar los procesos de educación continua, sin embargo, esta práctica escritural de los docentes no rompe con los muros escolares, caracterizándolos como consumidores y no productores de conocimiento.
Palabras clave: Formación Continua; Educación Física; Educación Infantil.
Introdução
A Educação Física na Educação Infantil tem ganhado evidência na pós-graduação, especialmente nas últimas décadas (MARTINS, 2015; MARTINS, 2018; MARTINS; SCOTTA; MELLO, 2016; MELLO et al., 2012; MELLO et al., 2018). Em levantamento bibliográfico das produções acadêmico-científicas, Martins (2018) localizou 117 artigos que versavam sobre a Educação Infantil em periódicos da área, além de 73 dissertações e 3 teses sobre Educação Infantil defendidas em Programas de Pós-Graduação de Educação Física.
Quanto à formação continuada no campo da Educação Física, Rezer e Sichelero (2013) encontraram dificuldades ao buscar uma definição da expressão formação continuada, uma vez que a tarefa de compreender esse processo como uma dimensão profissional e seus desdobramentos na construção do conhecimento ao longo da carreira profissional de professores implicam em avaliar os impactos no cotidiano do trabalho docente.
No estudo realizado por esses autores, as suas conclusões indicaram a necessidade de ampliar as concepções de formação continuada e que as pesquisas colaborativas entre professores da universidade e professores da escola podem ser adotadas como estratégia formativa para os envolvidos. Também indicam a necessidade de articular a produção teórica do campo com o trabalho docente no cotidiano, reforçando-se que a formação continuada é um processo que envolve políticas públicas, uma coletividade e o esforço individual (REZER; SICHELERO, 2013).
Sobre as práticas de escrita, ao olharmos para o Portal de Periódicos da CAPES, considerando que muitas produções em formato de artigo são originadas de teses e dissertações (literatura cinza), em levantamento a partir de uma chave de buscas Educação Física AND Formação Continuada AND Educação Infantil (todos é exato), sem recorte temporal, constatamos 140 resultados. Ao acrescentarmos um quarto termo, AND escrita (contém), chegamos a um quantitativo de 66 trabalhos. Desse montante, apenas o artigo de Marchiori, Trindade e Mello (2020) fez essa interlocução.
Sendo assim, interessa-nos investigar como a produção da pós-graduação brasileira tem dialogado com as práticas de escrita dos professores nos processos de formação continuada da Educação Física na Educação Infantil. De igual maneira, importa examinar de que forma a escrita docente tem ocupado espaço nos procedimentos de formação continuada e descobrir se ela, ao mesmo tempo, tem sido assumida como fonte nos estudos realizados sobre a primeira etapa da Educação Básica.
Sendo assim, objetivamos, neste artigo, analisar a produção acadêmica sobre as práticas de escrita na formação continuada com os professores de Educação Física da Educação Infantil por meio do Catálogo de Teses e Dissertação da CAPES.
Estratégia metodológica realizada
O presente trabalho corresponde a uma pesquisa bibliográfica. Conforme Bloch (2001, p. 73), “como primeira característica, o conhecimento de todos os fatos humanos no passado, da maior parte deles no presente, deve ser [segundo a feliz expressão de François Simiand,] um conhecimento através de vestígios”. De acordo com Thomas, Nelson e Silverman (2012, p. 55), os “dados bibliográficos de estudos recentes sobre o tema escolhido são de valor incalculável para o pesquisador”. Para Fachin (2006, p. 120), a pesquisa bibliográfica fundamenta-se “[...] em vários procedimentos metodológicos, desde a leitura até como selecionar, fichar, organizar, arquivar, resumir o texto; ela é a base para as demais pesquisas”.
Mais uma vez recorremos a Bloch (2001, p. 75), pois o pesquisador não é completamente livre, “[...] o passado é seu tirano. Proíbe-se conhecer de si qualquer coisa a não ser o que ele mesmo lhes fornece”. Sendo assim, utilizamos como fonte de dados os trabalhos disponíveis no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES. Permite-se, com isso, compreender o estado do conhecimento sobre a formação continuada de professores de Educação Física na Educação Infantil que dialogam com as práticas de escrita docente.
Os trabalhos pesquisados no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES compreenderam o período de 1996 a 2021, ou seja, não houve recorte temporal. Utilizamos os descritores Formação Continuada, Escrita, Educação Infantil e Educação Física mediante quatro estratégias de busca com o operador booleano AND. No processo de refinamento dos resultados, recorremos ao nível/recurso Ciências da Saúde e Educação Física, sempre com foco na Educação Infantil, conforme a Tabela 1 abaixo:
Tabela 1 – Descrição das estratégias de busca e de refinamento de resultados no Catálogo de Teses e Dissertações da CAPES
Estratégia de busca |
Resultado Inicial |
Refinamento por grande área de conhecimento: Ciências da saúde |
Refinamento por área de conhecimento: Educação Física |
Resultado Final após leitura dos títulos, com recorte na Educação Infantil |
Formação Continuada |
9354 |
243 |
156 |
15 |
Formação Continuada AND Educação Física |
10693 |
940 |
162 |
3 |
Escrita AND Formação Continuada |
627 |
414 |
374 |
1 |
Escrita AND Formação Continuada AND Educação Infantil AND Educação Física |
48 |
− |
− |
16 |
Fonte: os autores.
Os resultados, após a exclusão dos trabalhos que estavam duplicados, foram organizados em um quadro com as 33 pesquisas selecionadas, em ordem cronológica, que permite visualizar os seguintes dados: autor, título, tipo (dissertação ou tese), Instituições de Ensino Superior (IES) e ano de conclusão.
As análises dos dados encontram-se organizadas, num primeiro momento, pelo viés bibliométrico, para a revisão sistemática de literatura, com emprego de técnicas estatísticas e matemáticas. Debruçamo-nos sobre o fluxo temporal de produção, as IES envolvidas e o referencial teórico mobilizado nos trabalhos selecionados. Em seguida, efetuamos uma abordagem temática, em que as categorias foram organizadas a partir dos descritores empregados na pesquisa.
Na discussão empreendida, alguns trabalhos selecionados serviram de base para subsidiar as análises, visto que apresentavam relevância para o estudo e, na nossa avaliação, encontravam ressonância direta com o objetivo deste artigo.
Resultados e discussão
O cenário da pós-graduação sobre as práticas de escrita da Educação Física na Educação Infantil
Os trabalhos selecionados correspondem a quatro teses e 29 dissertações, com produção distribuída no período de 2006 a 2021. Constatamos uma perenidade nas produções acadêmicas, com ligeiro aumento em 2016. O primeiro trabalho registrado abordou a formação continuada em Educação Física para professores de Educação Infantil, em que a autora destacou a técnica do diário de aula como estratégia formativa (PIRAGIBE, 2006). Esse foi o único estudo identificado que trouxe os quatro descritores inter-relacionados.
Infere-se, ainda, que o contínuo interesse da pós-graduação nesse cenário corresponde à progressiva inserção da Educação Física no contexto da Educação Infantil. Para Martins (2015, p. 20), “a inserção da Educação Física no contexto da Educação Infantil se ampliou nas duas últimas décadas no Brasil”. Dentre as justificativas desse interesse, destacamos o reconhecimento do direito das crianças de zero a seis anos à Educação Infantil na Constituição Federal do Brasil (1988) e a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9394/96 (BRASIL, 1996). Nesse último documento, a Educação Infantil é reconhecida como a primeira etapa da Educação Básica.
Posteriormente, com a Lei nº 11.274 (BRASIL, 2006), que ampliou o Ensino Fundamental para nove anos de duração, com a matrícula de crianças de seis anos de idade; e a Emenda Constitucional 59 (BRASIL, 2009), que tornou obrigatória a matrícula das crianças de quatro e cinco anos na pré-escola, novas demandas surgiram para atender esse público no contexto educacional, reconhecendo-se a importância do se-movimentar, das interações e das brincadeiras para o pleno desenvolvimento das crianças que são atendidas nas instituições infantis. Destacamos, ainda, a Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009, que fixa as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (BRASIL, 2010).
No processo de análise, consideramos o fluxo das publicações em relação às IES. Os dados indicaram que a maioria das produções está concentrada na Região Sudeste, com 57,58% das pesquisas realizadas, sendo 42,42% só no estado de São Paulo. As regiões Sul e Nordeste representam 15,15% cada, seguidas do Centro-Oeste, com 12,12% dos trabalhos encontrados. Não há registro na Região Norte.
De acordo com Duarte e Neira (2021), referente à produção na pós-graduação sobre a Educação Física na Educação Infantil, ainda que o estado de São Paulo apresente o maior número de programas de pós-graduação, constata-se que a Universidade Federal do Espírito Santo possui uma centralidade nas pesquisas defendidas na última década (13 dissertações e quatro teses). Constataram, ainda, que apenas quatro pesquisas abordaram a formação continuada de professores.
No tocante ao referencial teórico sobre a formação continuada de professores, constatamos que os pesquisadores Antônio Nóvoa (1995, 1997, 1999), Maurice Tardif (2002), Paulo Freire (1996, 2002, 2005, 2013) e Francisco Imbernón (2001, 2009, 2010) ocupam um lugar de destaque nas teses e dissertações selecionadas. A primeira obra em evidência, Os professores e sua formação, corresponde a uma coletânea de textos e alguns de seus autores (GARCÍA, 1999; SHÖN, 2000; ZEICHNER, 1993) também colaboram em outras obras presentes nas pesquisas analisadas.
Há que se tomar cuidado para não reduzirmos a riqueza das discussões presentes nos textos e nas obras referenciadas a apenas seus títulos. Ginzburg (2010, n. p.) alerta para esse processo aligeirado/fragmentado de leitura e de apropriações que vivenciamos no presente século, pois
[...] o Google leva a uma leitura fragmentada que isola fragmentos de textos, frases, palavras em que os textos sempre estiveram inscritos e que, por outro, apaga a especificidade do meio material em que os textos sempre estiveram inscritos os transferindo para um único meio.
Destaca-se, ainda, que a maioria dessa produção ocorreu na última década do século XX, em que as discussões sobre a formação do professor assumiram um discurso sobre a necessidade de uma transformação das práticas pedagógicas via processo de formação continuada e de valorização docente (ALMEIDA, 2007; IMBERNÓN, 2009; NÓVOA, 2019).Conforme os descritores utilizados na seleção dos trabalhos, os dados foram organizados em três categorias: 1) A formação continuada na primeira etapa da Educação Básica; 2) Os processos de escrita empregados na formação continuada; e 3) Os contextos da Educação Física na Educação Infantil: o currículo localizado e sua dinâmica curricular.
A formação continuada na primeira etapa da Educação Básica
Os dados possibilitam compreender o campo de interesse da pós-graduação sobre a formação continuada. Nessa categoria, 14 pesquisas foram catalogadas, das quais seis abordam a docência em interface com a prática pedagógica, conforme Quadro 1:
Quadro 1 – Pesquisas catalogadas que abordaram a docência em interface com a prática pedagógica.
Autoria |
Título |
Tipo |
Instituição |
Ano |
Bartholomeu, Fabiana |
Uma experiência de formação continuada: o papel do coordenador pedagógico e do registro reflexivo na formação de professores de educação infantil |
D |
PUC – SP |
2016 |
Crepaldi, Marina Donato |
Formação continuada e o trabalho com dança no ensino infantil em uma cidade do interior de São Paulo |
D |
UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA |
2014 |
Franze, Fernanda Pastori |
A formação continuada de professores e a ressignificação dos conhecimentos nas práticas pedagógicas: a ioga na educação infantil |
D |
UNESP – RIO CLARO |
2019 |
Francelino, Kenia dos Santos |
A docência em educação física na educação infantil: a (re)construção de práticas de formação continuada |
D |
UFES |
2010 |
Machado, Valesca Felix |
Educação física, educação infantil e inclusão: repercussões da formação inicial |
D |
UFSM |
2019 |
Sousa, Francisca Jelma Da Cruz |
Formação continuada de professores da educação infantil: interfaces com a prática docente |
D |
UFPI |
2016 |
Legenda: D = Dissertação |
Fonte: Os autores.
Constatamos que tais pesquisas estão em consonância com as perspectivas de um processo de formação continuada em diálogo com as práticas pedagógicas cotidianas. As análises indicam que houve uma aproximação com o contexto educacional, todavia, sem uma participação efetiva dos docentes. Para Nóvoa (2009), a profissão docente é um lugar no qual as práticas são investidas do ponto de vista teórico e metodológico, dando origem à construção de um conhecimento profissional docente.
O trabalho de Bartholomeu (2016) investigou a atuação da coordenação pedagógica no processo de construção de registros reflexivos como estratégia de formação continuada em serviço para professoras da Educação Infantil. Os registros dos professores foram tomados como fontes de pesquisa sobre os impactos da formação na constituição docente:
O registro pode ser entendido como uma ferramenta narrativa do pensamento do professor, como um documento da expressão e da elaboração de seus pensamentos e dilemas, como um propulsor da desestabilização da zona de conforto, criando conflitos que oportunizem a descoberta de novos caminhos. No registro feito pelo professor, devemos encontrar elementos e indícios que apontam seu crescimento como profissional e a melhora do seu desempenho (BARTHOLOMEU, 2016, p. 69).
Crepaldi (2014) apurou a formação profissional e as experiências dos professores com a dança, seus usos e apropriações. Em outra pesquisa, Francelino (2010) estudou as práticas de formação continuada de um professor dinamizador de Educação Física, relacionando-as com o desenvolvimento profissional do docente, conforme consta:
Com base nas investigações, buscamos identificar – por meio de registros do caderno de campo, das conversas informais, das entrevistas, dos planejamentos individuais e coletivos, da materialização desses planejamentos, da oficina ministrada pelo professor colaborador, da análise dos registros pessoais e dos artigos publicados por ele – recorrências e singularidades que favorecessem a compreensão dessas práticas de formação continuada e seus significados, relacionando-as com o desenvolvimento profissional de Alexandre (FRANCELINO, 2010, p. 60).
A autora constatou um conjunto de práticas de formação continuada nesse excerto. Quando o registro docente transcende os seus cotidianos, o caráter reflexivo de sua escrita se evidencia. Há, rotineiramente, ações que demandam a construção de projetos de intervenção, de planos de ensino, de planos de aula, de relatórios, de avaliação, de registro de diário de classe e de anotações diversas das práticas pedagógicas realizadas. No processo de formação, os professores podem colaborar com a produção de conhecimentos e inspirar seus pares a partir de uma escrita que ultrapassa os muros das instituições educativas.
Em outros trabalhos, Franzé (2019) desenvolveu uma pesquisa para analisar se os conhecimentos veiculados em um programa de formação continuada permanecem após sua conclusão; Machado (2019) analisou o modo como a experiência de iniciação à docência no contexto da inclusão repercute sobre a formação; e Sousa (2016) teve como objetivo geral analisar as relações da formação continuada na Educação Infantil com a prática docente.
As práticas de escrita docente nessas pesquisas produziram conhecimentos importantes para a área, ampliando-se as discussões sobre a temática, todavia, não houve, a princípio, transformações dessas práticas escriturísticas[1] dos professores. A universidade, representada pelo/a pesquisador/a em campo, dialoga com o cotidiano e divulga seus resultados de pesquisa, o que favorece a compreensão das especificidades da Educação Física na Educação Infantil. Para Nóvoa (2019, p. 7), essa relação entre universidade e Educação Básica necessita ser estreitada:
[...] os ambientes que existem nas universidades (no caso das licenciaturas) ou nas escolas (no caso da formação continuada) não são propícios à formação dos professores no século XXI. Precisamos reconstruir esses ambientes, tendo sempre como orientação que o lugar da formação é o lugar da profissão. É evidente que todas as profissões têm um lado conservador e rotineiro, o que as impede de construírem políticas de formação que conduzam à renovação das práticas e dos processos de trabalho. Impõe-se, por isso, compreender a importância de uma interação entre estes três espaços – profissionais, universitários e escolares – pois é na interação entre três vértices, neste triângulo, que se encontram as potencialidades transformadoras da formação docente.
Outras quatro pesquisas buscaram refletir sobre a temática a partir do campo acadêmico e da legislação. Cruz Junior (2010) procurou responder ao seguinte questionamento: qual seria a concepção de formação continuada que predomina na produção acadêmica da Educação Física? Massaro (2016) analisou o processo de mediação no ensino durante um programa de intervenção em comunicação suplementar e alternativa na Educação Infantil e na formação continuada do professor.
Nos outros dois trabalhos, Rabelo (2017) buscou desenvolver, com professores de Educação Física da Rede Municipal de Ensino de Cuiabá, uma proposta de formação continuada para a Educação Infantil a partir dos conteúdos previstos na Matriz Curricular de Referência do município; e Souza (2021) procurou compreender os significados e os sentidos que professores e professoras de Educação Física na Educação Infantil atribuem à estratégia de grupos de estudo no processo de formação continuada da rede municipal de Santo André.
Constatamos que a presença da Educação Física na Educação Infantil suscita novos olhares sobre o campo, na busca em compreender quais processos de formação continuada são necessários para alcançar essas especificidades. De acordo com Mello et al. (2014, p. 469),
O estudo com o cotidiano possibilita produzir, de forma colaborativa, diferentes práticas pedagógicas com os sujeitos escolares. Essa opção teórico-metodológica explicita o que de fato a escola faz, por que faz e para que faz, superando, dessa forma, perspectivas prescritivas que dizem o que a escola deve fazer, sem, no entanto, dialogar com as demandas locais e as racionalidades dos sujeitos presentes no cotidiano de diferentes contextos educativos [...].
Essas pesquisas trouxeram como resultados alguns pontos que merecem destaque, a saber:
Apesar da não redução da formação continuada a um evento isolado, da crítica à racionalidade instrumental no trabalho docente, da tentativa de construir vias alternativas a discursos meramente macro, da valorização do protagonismo do professor e da prática reflexiva, em vários momentos, a produção acadêmica estudada reforça compreensões imediatas de prática, valoriza o saber útil à situação de ensino, substitui a experiência pela vivência, instrumentaliza a teoria e perde o horizonte histórico (CRUZ JÚNIOR, 2010, p. 176).
O estudo mostra que é preciso repensar a formação continuada para que se possa criar espaços de aprendizagem e cultura colaborativa e reflexiva, de modo a que professores e professoras com saberes e experiências diferentes possam, em um processo de colaboração, discutir referenciais teóricos e suas práticas, buscando exemplos e fontes dentro do próprio grupo que se reúne nos encontros formativos (SOUZA, 2021, p. 125).
Essas duas dimensões, da valorização da prática do professor e da formação colaborativa, possibilitam uma organização formativa com os docentes, superando modelos externamente orientados. Nesse caso, a perspectiva é um fazer que esteja em consonância com os cotidianos, sem se restringir a eles. Os projetos de extensão universitária podem ocupar esse espaço e contribuir com novas estratégias de formação continuada via Pesquisa-ação. Esse ponto de vista dialoga com as proposições de Nóvoa (2007, p. 204) ao apresentar quatro ideias que têm orientado esses processos:
[...] a) da descoberta do professor como pessoa evoluir para a preocupação com o autoconhecimento e a reflexão ética; b) da valorização da experiência e da reflexão passar para o reforço da análise coletiva das práticas e da supervisão dialógica; c) do investimento da escola e do coletivo na profissão docente avançar para a organização de ambientes favoráveis à formação-inovação e para a emergência de movimentos pedagógicos concebidos como “espaços de formação”; d) do surgimento do teacher research movement caminhar para o reforço do papel da universidade na formação de professores e para práticas de pesquisa e de escrita partilhadas pelos professores. Acredito que estas quatro evoluções, que articulam a formação inicial e continuada numa perspectiva de desenvolvimento profissional, podem contribuir para transformar os programas de formação de professores.
No último conjunto de pesquisas desta categoria, quatro delas se debruçam sobre um cenário específico de alguns municípios brasileiros. Chaves (2015) analisou a relação entre a formação continuada de professoras oferecida pela Secretaria Municipal de Educação (SME) em parceria com o Eixo de Educação Infantil do Programa de Alfabetização na Idade Certa (PAIC) e as práticas pedagógicas, na perspectiva de professoras de creche e de pré-escola em um município do Ceará. Ressaltou-se a efetivação de um processo de formação continuada que leva em consideração as necessidades e os interesses das professoras e dos demais profissionais envolvidos, além de uma melhor atenção, no contexto investigado, no tocante às boas condições de trabalho e à realização das práticas pedagógicas (CHAVES, 2015).
Nos demais trabalhos, Lucca Junior (2020) analisou as perspectivas de docentes de Educação Física sobre o ensino desse componente curricular na Educação Infantil da rede municipal de ensino de São Carlos/SP; Matos (2015) discutiu a formação continuada de professores como um tema relevante à consolidação da carreira, construção da identidade e aperfeiçoamento da atuação pedagógica dos professores de Educação Física na Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino de Florianópolis (RMEF/SC); e Pineda (2010) ouviu as professoras de pré-escola do município de Jandira/SP sobre como elas percebem, na prática, a formação continuada.
Infere-se dessas pesquisas a necessidade de formação continuada específica para professores de Educação Física que atuam na Educação Infantil, bem como para os demais profissionais que desejam ampliar seus saberes sobre as interações, brincadeiras, o cuidar e o educar, eixos organizadores dos currículos da primeira etapa da Educação Básica. Conforme Mello et al. (2020, p. 337-338),
Cabe ressaltar que o corpo e movimento não são exclusividades da Educação Física na Educação Infantil. Outras áreas do conhecimento podem e devem trabalhar com essas linguagens em suas mediações pedagógicas. Contudo, majoritariamente, as outras áreas do conhecimento têm se apropriado da linguagem corporal, via jogos e brincadeiras, como estratégia metodológica para atingir determinados fins, como aprender a ler e escrever, estimular o raciocínio lógico-matemático e as funções psicomotoras (equilíbrio, lateralidade, motricidade fina etc.). Já a Educação Física, devido à natureza epistemológica dos seus objetos de estudo, lida com o corpo e o movimento não apenas como linguagem, mas também como forma de expressão ou como meio para explorar outras aprendizagens. A cultura corporal de movimento é tratada como objeto de ensino-aprendizagem, que precisa ser apropriada e transformada com as crianças para que elas ampliem o seu capital cultural lúdico e possam vivenciar as suas infâncias de maneira plena [...].
Destarte, a formação continuada na primeira etapa da Educação Básica representada nessas pesquisas ratifica a necessidade de novas investigações sobre a temática, especialmente sobre a participação dos professores na produção de conhecimento junto às universidades. O processo de formação continuada agrega valor quando se vincula à pesquisa e, consequentemente, à produção de conhecimento. De acordo com Ventorim (2005, p. 52), “[...] a pesquisa com o professor e seu saber pretende, dentre outras questões, recolocá-lo no lugar de sujeito que possui, mobiliza e produz saberes específicos”, assumindo-se o caráter emancipatório dessa ação.
As práticas de escrita empregadas na formação continuada nos dão pistas sobre a importância de o professor e a professora ocuparem esse lugar de produção do conhecimento. Das onze pesquisas selecionadas nesta categoria, seis apresentam formas de registro docente empregadas na formação continuada (Quadro 2) e cinco discutem os desdobramentos da escrita no trabalho pedagógico na Educação Infantil.
Quadro 2 – Pesquisas selecionadas que expressam as formas de registro docente empregadas na formação continuada.
Autoria |
Título |
Tipo |
Instituição |
Ano |
Fuertes, Silvia Helena Mihok |
Experiências literárias na primeira infância: caminhos possíveis para a formação de professores |
D |
PUC – SP |
2017 |
Machado, Ilze Maria Coelho |
Organização do trabalho pedagógico de professoras da educação infantil: evidências nos registros escritos |
D |
PUV – PR |
2009 |
Mendes, Maria Francisca |
Narrativas de professoras em processo de formação (com)tinuada: de escrever as e inscrever-se nas práticas cotidianas |
T |
UFF |
2014 |
Piragibe, Valentina |
Formação continuada em educação física para professores de educação infantil: a técnica do diário de aula |
D |
USP |
2006 |
Silva, Maria de Jesus Assunção |
Formação Continuada de Professores da Educação Infantil e suas relações com a reelaboração da Prática Docente |
T |
UFPI |
2017 |
Souza, Aline Dezenbrini de |
Auto-formação e registro docente: a educação infantil como tempo e espaço de encontro |
D |
UNIV. REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL |
2016 |
Legenda: D = Dissertação; T = Tese. |
Fonte: Os autores.
Quanto às formas de registro, Silva (2017) recorreu à pesquisa narrativa com o apoio do método de escrita de memoriais autobiográficos; Machado (2009) buscou compreender como as professoras da Educação Infantil organizam o trabalho docente expresso em seus registros pedagógicos. A análise da escrita ocorreu a partir do registro da prática docente, que envolveu o planejamento, os relatórios e as práticas pedagógicas cotidianas; Mendes (2014), a partir da criação de um grupo de estudos, mobilizou a escrita de memoriais de formação com a intenção de evidenciar o caráter potencializador das histórias que emergem dos participantes da pesquisa, na busca por elaborar novos significados para a docência.
Piragibe (2006), em Formação continuada em Educação Física para professoras de Educação Infantil: a técnica do diário de aula, investigou sobre o processo de reflexão de quatro professoras da Educação Infantil da cidade de São Paulo em relação à prática pedagógica. As fontes dos dados foram os diários de aula do ano de 2002 e entrevista semiestruturada. Elas não lecionavam na área de Educação Física e participaram de um processo de formação continuada nessa área mediado pela técnica dos diários de aula, em que o registro docente foi utilizado no desenvolvimento da reflexão e da formação; Souza (2016) investigou a própria trajetória de formação continuada enquanto educadora da infância, baseando-se na análise dos seus registros diários escritos no período de sete anos; e Almeida (2007) efetuou uma pesquisa colaborativa com um grupo de doze professores atuantes na Educação Infantil, que tomou a escrita sobre a prática como recurso formador para a melhoria das ações pedagógicas e o desenvolvimento profissional docente.
A escrita de memorial autobiográfico, bem como o diário de aula, é uma forma de registro docente empregada nas pesquisas analisadas. Para Silva (2017, p. 28), a autobiografização confere destaque e consideração aos processos das pessoas que se formam, “viabilizando que a própria pessoa identifique, na sua história de vida, aquilo que foi realmente formador”. Já os diários, de acordo com Piragibe (2006, p. 6),
Têm a vantagem de produzir um feedback autoproporcionado, ou seja, ao escrevê-lo, tem-se imediatamente o resultado da ação pedagógica que gera um processo cíclico de criação-revisão da informação sobre quem escreve e sobre o que se está escrevendo. Há uma reconstrução do discurso prático e da atividade profissional, frequentemente acompanhada de justificativas sobre os porquês que fundamentam os fatos narrados.
No processo de escrita docente mobilizado pelos pesquisadores em questão, sobressai a dimensão da resistência, conforme excertos a seguir:
Quanto à reatividade no processo de elaboração dos diários, esta envolve, por exemplo, a dimensão da resistência. Neste caso, é importante saber que os diários são um recurso custoso pelo esforço linguístico de reconstituir verbalmente episódios densos da vida, bem como pela necessidade de se escrever depois de um dia de trabalho esgotante nas aulas. O esforço é maior ainda quando se escreve tanto na fase pré-ativa (planejamento) quanto na fase pós-ativa do ensino (avaliação) (PIRAGIBE, 2006, p. 26-27).
Esses estudos evidenciam o potencial da escrita para mobilizar a reflexão, o entendimento das necessidades da prática, a produção de conhecimento e para conduzir à construção da autonomia. Por outro lado, evidenciam também problemas nas relações de professores com a escrita: resistências, dificuldades, bloqueios, falta de gosto. Ou seja, confirmam uma importante contradição do contexto escolar, pois a escrita é onipresente na escola, como fonte e instrumento de ensino e aprendizagem na experiência de alunos e professores e, ao mesmo tempo, uma experiência incômoda para esses profissionais (ALMEIRA, 2007, p. 20).
As práticas de escrita possuem diferentes dimensões, contextos e não se restringem aos registros corriqueiros do professor. Conforme Almeida (2007, p. 43), “[...] a escrita é atividade complexa e difícil de ser realizada [...], porque escrever requer intensos esforços pessoais do sujeito. Trata-se de invocar sua singularidade e dar-se a ver, revelar-se ao outro [...]”. Essa autora, em sua pesquisa, elencou algumas categorias que nos auxiliam a compreender essa diversidade das ações escriturísticas, uma vez que a escrita pode assumir a função descritiva das atividades, analítica, de trabalho da escrita, reflexiva e crítico-reflexiva (ALMEIDA, 2007).
Reforçamos aqui a perspectiva do professor reflexivo. De acordo com Nóvoa (1995), a formação se constitui por meio de uma reflexividade crítica sobre as práticas e de construção permanente da identidade pessoal. Trata-se de “um investimento pessoal, um trabalho livre e criativo sobre os percursos e os projetos próprios, com vista à construção de uma identidade, que é também uma identidade profissional” (NÓVOA, 1995, p. 25). Todavia, Tardif e Moscoso (2018, p. 408) alertam que “[...] a ideia do profissional reflexivo corre um importante risco de banalização porque nela subjaz uma ideia de reflexão que não pode ser tomada de forma transparente devido ao seu uso desmedido [...]”.
Para Côco (2014, p. 53), “[...] a escrita como uma técnica cultural é inteiramente dependente de processos intencionais e especializados de aprendizagem implicando em relações sociais particulares com essa prática cultural”. A autora propõe que o domínio da escrita pode caracterizar a emancipação dos sujeitos, ou seja, a condição letrada contribui para que os professores sejam reconhecidos nas suas artes de fazer, tendo seus saberes e fazeres valorizados socialmente. Ainda de acordo com a pesquisadora, o domínio do uso da escrita relacionado ao exercício reflexivo evidencia a dimensão formadora da escrita.
Sobre os desdobramentos das práticas de escrita nos cotidianos das instituições infantis, Fuertes (2017) discutiu a importância das experiências literárias na primeira infância e os aspectos a serem aprofundados em relação à leitura literária na formação continuada de professores; Benício (2007) analisa, no processo de letramento, a construção de inter-relações entre conhecimento sistematizado e práticas sociais letradas para adultos; Garcia (2007) estudou o sentido das produções escritas sobre o trabalho pedagógico no contexto das funções que ocupam educadoras infantis. O foco do estudo esteve na produção regular de relatórios ou registros escritos a respeito da atuação, de reflexões e de intermediações com a realidade.
Nos demais trabalhos, Pinto (2016) teve por objetivo analisar a atuação de uma professora coordenadora como formadora na escola e compreender as relações estabelecidas nos espaços de formação continuada na instituição a partir das práticas de escrita das professoras; e Silva (2009) buscou identificar a concepção de avaliação dos professores e o uso que eles fazem das redações produzidas no ambiente escolar na interação com o contexto social.
A escrita como objeto de estudo tem ocupado o cenário da pós-graduação, especialmente nas últimas décadas, no campo da Educação (ASSEF, 2014; BAGOLIN, 2009; CÔCO, 2006; FERNANDES, 2005; GRANDIN, 2008; LETA, 2002; MELLO, 2005; SCARAMUSSA, 2008; SILVA, 2012). Entretanto, a área da Educação Física, a nosso ver, tem se aproximado dessa temática, mas ainda carece de novos estudos.
Nos processos de escrita empregados na formação continuada, constatamos que existe um potencial formador nas práticas de registro dos professores. Quer seja na escrita de diários, com o envolvimento do grupo nos processos de discussão e de reflexão, quer seja nas histórias de vida, memórias e narrativas autobiográficas, os professores têm a oportunidade de se aproximar desse lugar de poder (ALMEIDA, 2007; CÔCO, 2014). Contudo, a produção de conhecimento e o uso da escrita pelo professor ainda merecem novas análises e discussões sobre o papel das universidades nesse processo.
Nesta categoria, as pesquisas focalizaram experiências de formação continuada em contextos municipais específicos, o que favorece visualizar como a inserção da Educação Física na Educação Infantil tem ocorrido no cenário nacional, exigindo um olhar sobre a formação continuada de professores nessa circunstância. Encontramos oito trabalhos nesse conjunto, dos quais um ocorreu em um município da Região Norte do país. Nesse estudo, Carvalho (2015) analisou o que relatavam os professores que atuam no ensino infantil em relação à inclusão e às práticas corporais das crianças com necessidades especiais em aulas regulares.
Nas três pesquisas desenvolvidas na Região Centro-Oeste, Lucio (2017) apresentou uma tipologia a partir de práticas educativas, de experiências e de subjetividades imanentes de professores de Educação Física que atuam em escolas municipais de Educação Infantil de Cuiabá/MT; Felix (2020) teve por objetivo investigar as possíveis dificuldades encontradas pelos professores da Educação Física em definir e em planejar atividades didático-pedagógicas para crianças na Educação Infantil a partir de uma Pesquisa-ação envolvendo três professores de Educação Física que atuam na Educação Infantil em Campos de Júlio/MT; Lino (2020) tematizou o programa Educação com Movimento, iniciativa da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal que tem procurado inserir, na Educação Infantil e em anos iniciais do ensino fundamental, o trabalho pedagógico de professores de Educação Física por meio de um esforço interdisciplinar.
Nos três trabalhos efetuados na Região Sudeste, Anjos (2009) buscou compreender o processo de implantação/crise da Educação Física na Educação Infantil da Rede Municipal de Ensino do Município de Vitória/ES, levantar os argumentos que justificassem a inserção dessa disciplina nessa rede de ensino e verificar como os docentes têm vivenciado a Educação Física na Educação Infantil; Perini (2016) pesquisou sobre os saberes docentes mobilizados pelos professores de Educação Física no contexto da Educação Infantil de Serra/ES e sua materialização na prática pedagógica; Ferreira (2020) analisou as diretrizes curriculares de Campinas/SP para a Educação Infantil a fim de identificar os regimes de verdade que produzem, afirmam e visam ao governamento do corpo dos infantis.
No estudo realizado na Região Sul, Lima (2013) objetivou analisar o processo de consolidação da Lei nº 8392/2009, que determinou a inclusão da disciplina Educação Física no currículo dos Centros de Educação Infantil no Município de Maringá/PR a partir de 2010.
As análises indicam, como ponto de convergência das pesquisas, a necessidade de implementação de processo de formação continuada para atender à demanda dessa inserção da Educação Física na Educação Infantil. Anjos (2009) indica como desafios para a Educação Física nesse segmento do ensino a integração efetiva ao processo educacional da Educação Infantil, a formação profissional inicial e continuada de professores especialistas, uma sistematização e organização de um conteúdo particular e a busca pela especificidade da Educação Física na Educação Infantil. Para Felix (2020), esse processo de formação deveria ocorrer colaborativamente, a partir das trocas de experiências e dos saberes teóricos e práticos entre os professores atuantes nessa etapa da Educação Básica.
Duarte e Neira (2021) investigaram a realização das pesquisas no âmbito da pós-graduação durante a última década (2010-2020) com o objetivo de identificar possíveis mudanças paradigmáticas na produção discursiva mais recente sobre a Educação Física na Educação Infantil. Os autores identificaram 54 textos, sendo sete teses de doutorado e 47 dissertações de mestrado. Conforme esse material registra,
A respeito do objeto de estudo, é possível indicar que, no período de 2010 a 2020, as pesquisas sobre a Educação Física, na Educação Infantil, refletiram, principalmente, sobre as seguintes questões: Formação de docentes que atuam na Educação Infantil; Inserção da Educação Física na Educação Infantil; Práticas pedagógicas da Educação Física na Educação Infantil; Representações e concepções de criança, infância, Educação Física e Educação Infantil; Propostas e Programas para o desenvolvimento da Educação Física na Educação Infantil; e Questões de gênero, Educação Física e Educação Infantil (DUARTE; NEIRA, 2021, p. 24).
Nesse sentido, a atenção da área para a presença da Educação Física nos cotidianos da Educação Infantil provoca o campo para avançarmos nas discussões sobre qual formação continuada se faz necessária nesse momento histórico. Os contextos da Educação Infantil nas diferentes regiões do Brasil pedem respostas diferenciadas, uma vez que alguns municípios contam com professores especialistas há décadas (MELLO et al., 2020).
Também é possível problematizarmos a questão das metanarrativas, nas quais são produzidos currículos que estão em dissonância com as narrativas identitárias dos professores em seus cotidianos, a exemplo da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o livro didático (de Educação Física) na Educação Infantil. Mello et al. (2016) discutiram a organização da Educação Infantil na BNCC, com foco nas permanências e nos avanços em relação aos documentos que a precederam, além de analisarem a presença da Educação Física na Educação Infantil. Segundo registram, mesmo considerando os avanços em relação à legislação anterior, “[...] nos desdobramentos dessas categorias, apresentados, especialmente, após a segunda revisão da Base, divulgada em abril de 2016, percebe-se o engessamento dos objetivos de aprendizagens destinados aos bebês, crianças bem pequenas e crianças pequenas” (MELLO et al., 2016, p. 144).
Em estudo posterior, Barbosa, Martins e Mello (2019) apresentaram uma análise sobre os avanços e o retrocesso que estão presentes na BNCC em relação à Educação Infantil. Para esses autores, esse documento incorpora avanços teórico-conceituais em relação à infância e à organização curricular da Educação Infantil, todavia, limita os currículos em seus desdobramentos para as práticas pedagógicas.
As pesquisas indicam que a Educação Física na Educação Infantil necessita contemplar as especificidades e os contextos nos quais está inserida. Os professores têm indicado uma demanda de formação continuada para compreender quais currículos são possíveis, quais práticas pedagógicas colaboram com o desenvolvimento integral das crianças da Educação Infantil e quais linguagens podem ser mobilizadas em diálogo com a legislação que orienta a primeira etapa da Educação Básica.
Na busca por compreender a produção acadêmica sobre as práticas de escrita na formação continuada com os professores de Educação Física da Educação Infantil por meio do Catálogo de Teses e Dissertação da CAPES, constatamos que essa temática ainda carece de investigação no campo da Educação Física. A formação continuada é um tema recorrente, todavia, o recorte desejado das práticas de escrita no contexto da Educação Infantil possui pouca representatividade nas pesquisas encontradas.
Na questão investigativa sobre como a pós-graduação brasileira tem dialogado com as práticas de escrita dos professores nos processos de formação continuada da Educação Física na Educação Infantil, constatamos que há uma valorização do instrumento diário de aula, bem como da utilização do registro docente das práticas pedagógicas para subsidiar os processos de formação continuada. Contudo, esse fazer escriturístico dos professores volta-se para o seu cotidiano, subsidiando suas ações no contexto em que estão inseridos.
No tocante à forma que a escrita docente tem ocupado espaço nos procedimentos de formação continuada com esse público, a princípio, o foco recai sobre o trabalho pedagógico na Educação Infantil. Sendo assim, as ações de escrita assumem um caráter instrumental da formação, em que o professor registra para melhorar a sua prática pedagógica. A ideia de participação na produção de conhecimento não se evidenciou nas pesquisas encontradas, tampouco o seu caráter emancipador desejado ao ocupar esse lugar na sociedade grafocêntrica.
Há o reconhecimento da importância do registro docente e a indicação dessa estratégia para fomentar a formação em serviço dos professores. Apesar disso, faz-se necessário que as políticas públicas cumpram seu papel de garantia dos tempos e dos espaços para que se ela efetive nos cotidianos educacionais. Superar modelos fragmentados de formação continuada e externamente orientados exige mudanças tanto nas práticas de pesquisas quanto nos cotidianos das instituições infantis, perpassando por políticas sólidas de qualificação profissional desde a Educação Infantil.
Em relação à aproximação entre universidade e Educação Básica, não foi evidenciado o processo de formação continuada via extensão universitária. Constatamos esse estreitamento em algumas pesquisas, contudo, são movimentos descontínuos e organizados de acordo com algum interesse de pesquisa junto à pós-graduação. A extensão universitária, além de colaborar com os processos de formação inicial, pode contribuir significativamente com a formação continuada de professores e institui uma coletividade aberta ao trabalho colaborativo. Que a necessidade de formação seja compartilhada por toda a comunidade acadêmica, resgatando esse caráter público da universidade como um direito e possibilidade emancipatória de suas práticas de ensino, de pesquisa e de extensão.
A Pesquisa-ação Colaborativa, conforme se evidenciou nos trabalhos analisados, é uma oportunidade para que os docentes encontrem espaços de diálogo, acolhimento de seus saberes e fazeres cotidianos e para que assumam outros lugares no contexto educacional. A perspectiva de produção de conhecimento como intelectuais transformadores, a nosso ver, ainda evoca investimentos nesses processos formativos, especialmente na relação colaborativa entre universidade e Educação Básica. É pertinente destacar o movimento de aproximação e de articulação (entretecer) em dois aspectos: as práticas da escrita docente, em especial na Educação Física; e o tema da formação continuada de professores.
O desafio da especificidade da escrita na primeira etapa da Educação Básica foi/é atravessado pelas questões do cuida e do educar. As políticas públicas para a primeira infância transitam entre uma abordagem pedagógica (pré-escola) e assistencial (creche). Mesmo com todo o esforço em aproximar essas ações, defender o imbricamento e a conectividade histórica do ato pedagógico com o cuidado, inerente à dependência dos bebês e das crianças menores, ainda assim a escrita não ocupa uma centralidade nos cotidianos da Educação Infantil, não há nenhum espaço tempo institucionalizado para que isso ocorra – quando muito, ocorre no tempo de planejamento docente. É possível afirmar que o cotidiano da Educação Infantil não proporciona esse espaço tempo de escrita (até mesmo nas formações).
As ações rotineiras do cuidado, do estar perto, do colo demandam outras práticas pedagógicas, especialmente as interações e as brincadeiras que são os eixos estruturantes do currículo. Então, falar da escrita desse profissional que tem a sua atividade cotidiana atravessada pela necessidade imediata é um desafio para o campo da formação continuada de professores, ampliando-se tal complexidade diante das especificidades da Educação Física nesse contexto.
Como área de conhecimento aplicado, a Educação Física mantém estreita relação com outros campos do saber, necessita conhecer o ser humano nas suas diferentes dimensões afetivas, sociais, políticas, econômicas, éticas, estéticas, históricas, sociológicas, cognitivas, psicológicas, antropológicas, geográficas etc. Para as demandas atuais de um professor de Educação Física, o estudo é fundamental, com leituras de temas variados para atender à especificidade da Educação Infantil. A escrita é um desafio que se coloca nesses novos tempos e demandas educacionais.
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Notas
[1] Termo utilizado por Michel de Certeau (2012, 2020) quando aborda a transição da transmissão da história oral para o uso da escrita na historiografia. Segundo o autor, “a instituição dos aparelhos escriturísticos da ‘disciplina’ moderna indissociável da ‘reprodução’ possibilitada pela imprensa foi acompanhada pelo duplo isolamento do ‘Povo’ [....] e da ‘voz’ (em relação à escrita)” (CERTEAU, 2012, p. 202). Aborda-se, assim, a disjunção entre escritura e oralidade.
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