Dupla excepcionalidade: revisão da produção científica nacional e internacional

Twice exceptionality: review of national and international scientific production

Doble excepcionalidad: revisión de la producción científica nacional y internacional

Luana Hillary Fusaro

Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas – SP, Brasil.

luanahfusaro@gmail.com

 

Tatiana de Cassia Nakano

Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas – SP, Brasil.

tatiananakano@hotmail.com

 

Julia Reis Negreiros

Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas – SP, Brasil.

junegreiros1@gmail.com

 

Janaina Chnaider

Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas – SP, Brasil.

jana_chnaider@hotmail.com

 

Recebido em 06 de setembro de 2025

Aprovado em 15 de setembro de 2025

Publicado em 28 de novembro de 2025

 

RESUMO

A dupla excepcionalidade se refere à combinação de um potencial elevado (altas habilidades/superdotação – AH/SD) com algum déficit, transtorno ou deficiência. Dadas as diferentes combinações possíveis entre forças e fraquezas, trata-se de um grupo heterogêneo, de modo que o reconhecimento das particularidades dessas crianças exige um olhar que considere tanto as fragilidades quanto os potenciais. Nesse contexto, uma revisão da literatura nacional e internacional foi realizada, nas bases de dados eletrônicas CAPES, Scielo, Pepsic e Psycinfo, considerando-se o período entre 2014 e 2025. Um total de 52 artigos empíricos foram selecionados. A revisão seguiu a metodologia PRISMA-P. Os resultados indicam que a maioria dos estudos foi realizada nos Estados Unidos (36,54%) e, principalmente, no ambiente educacional (88,46%). As combinações mais frequentemente investigadas foram AH/SD com transtorno do espectro autista (26,74%) e transtorno de aprendizagem (20,93%). Conclui-se que, embora o tema tenha ganhado interesse, ainda há escassez de pesquisas empíricas acerca da temática.

Palavras-chave: Altas Habilidades/Superdotação; Avaliação psicológica; Neurodiversidade.

 

ABSTRACT

Twice exceptionality refers to the combination of high potential (giftedness) with some deficit, disability or disorder. Given the different possible combinations of strengths and weaknesses, this is a heterogeneous group, so that recognizing the particularities of these children requires a perspective that considers both their weaknesses and their potential. In this context, a review of the national and international literature was conducted in the CAPES, Scielo, Pepsic, and Psycinfo electronic databases, considering the period between 2014 and 2025. A total of 52 empirical articles were selected. The review followed the PRISMA-P methodology. The results indicate that most studies were conducted in the United States (36.54%), and mainly in the educational environment (88.46%). The most frequently investigated combinations were AH/SD with autism spectrum disorder (26.74%) and learning disorders (20.93%). It is concluded that, although the topic has gained interest, there is still a shortage of empirical research on the subject.

Keywords: Giftedness; Psychological assessment; Neurodiversity.

 

RESUMEN

La doble excepcionalidad se refiere a la combinación de un alto potencial (altas habilidades/superdotación) con algún déficit, deficiencia o trastorno. Dadas las diferentes combinaciones posibles entre fortalezas y debilidades, se trata de un grupo heterogéneo, por lo que el reconocimiento de las particularidades de estos niños exige una mirada que tenga en cuenta tanto las deficiencias como los potenciales. En este contexto, se llevó a cabo una revisión de la literatura nacional e internacional en las bases de datos electrónicas CAPES, Scielo, Pepsic y Psycinfo, considerando el período comprendido entre 2014 y 2025. Se seleccionaron un total de 52 artículos empíricos. La revisión siguió la metodología PRISMA-P. Los resultados indican que la mayoría de los estudios se realizaron en los Estados Unidos (36,54 %) y, sobre todo, en el ámbito educativo (88,46 %). Las combinaciones más investigadas fueron AH/SD con trastorno del espectro autista (26,74 %) y trastorno del aprendizaje (20,93 %). Se concluye que, aunque el tema ha ganado interés, todavía hay escasez de investigaciones empíricas sobre el tema.

Palabras clave: Altas Habilidades/Superdotación; Evaluación psicológica; Neurodiversidad.

 

 

 

 

Introdução

 

A dupla excepcionalidade se refere a um quadro marcado pela presença de um potencial elevado (altas habilidade/superdotação) em alguma área, ocorrendo juntamente com algum déficit, deficiência ou transtorno (Arizaga et al., 2016). O reconhecimento da possibilidade de que pessoas que demonstram capacidades superiores em uma ou mais áreas podem apresentar, ao mesmo tempo, deficiências ou condições aparentemente incompatíveis com essas características tem ampliado a busca pela identificação desse quadro, especialmente nos contextos clínicos e educacionais (Foley-Nicpon; Kim, 2018). É importante compreender que a condição da dupla excepcionalidade é bastante complexa, dada a amplitude de combinações possíveis de altas habilidades/superdotação (AH/SD) e déficits que um indivíduo pode apresentar (Prior, 2013; Silverman, 2018).

A prevalência dessa condição não é consensual, especialmente devido à ausência de conhecimento acerca da possibilidade da existência, conjunta, de déficits, transtornos e deficiência juntamente com a superdotação (Gentry; Fugate, 2008). Consequentemente, estimativas variam entre 5% e 20% (Barnard-Brak et al., 2015; Silverman, 2018). Profissionais da área estimam um percentual de 5% a 6% de crianças com déficits ou com um transtorno/distúrbio ou síndrome que possam ter AH/SD, apesar dos dados de prevalência dessa população não terem sido catalogados (Pereira; Rangni, 2021).

Assim, um olhar para a dupla excepcionalidade através de uma perspectiva multidimensional se faz necessário, de modo a considerar as particularidades de cada indivíduo (Silva et al., 2021). Como exemplos, podemos citar quadros nos quais as AH/SD ocorrem, em conjunto, com déficits psicológicos, comportamentais e neurológicos (Vilarinho-Rezende; Fleith; Alencar, 2016). Mais comumente, envolve a associação da superdotação com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtorno do espectro autista (TEA), transtorno de aprendizagem (TA), déficits sensoriais, desordens emocionais, deficiências motoras e cognitivas (Nakano; Batagin; Fusaro, 2021).

Diante da complexidade do quadro e, consequentemente das dificuldades na sua identificação, a literatura descreve que os estudantes duplo excepcionais podem ser classificados em quatro grupos: 1) estudantes que são identificados com a superdotação e que não tem seu déficit diagnosticado, de modo que os déficits são mascarados pela superdotação, 2) estudantes que são identificados somente pelos déficits mas não são identificados com AH/SD, nesse caso o déficit mascara as AH/SD, 3) estudantes que não são identificados nem com a AH/SD e nem com a deficiência, sendo duplamente excluídos da educação especial, sendo este o maior dos grupos e, por fim, 4) estudantes que são identificados nas duas condições, sendo este o menor dos grupos (Al-Hroub; Whitebread, 2019; Amran; Majid, 2019). De modo geral, dificuldades na identificação da potencialidade quanto da fraqueza estão presentes (Mullet; Rinn, 2015).

Especialmente no Brasil, esse tema tem se mostrado foco de interesse científico, dada a necessidade de conhecer os perfis de estudantes que apresentam necessidades educacionais especiais, incluídos, por meio de leis, na educação especial (Roama-Alves; Nakano, 2015). Entretanto, na prática, ocorre, de forma mais comum, a identificação e atendimento de somente um dos quadros, mais frequentemente, o relacionado à dificuldade. Isso decorre de um fenômeno chamado de “mascaramento” (quando as características de uma condição interagem com as características da outra condição, de modo a anular os comportamentos típicos de cada quadro), situação que impossibilita o atendimento educacional adequado das duas condições (Chen et al., 2023).

Apesar da importância da identificação, dificuldades nessa etapa se mostram presentes, especialmente considerando-se a lacuna relacionada ao desenvolvimento de ferramentas para esse grupo específico (Neihart, 2008). Tal situação pode ser contextualizada devido a dois fatores. Primeiro porque ainda não existe consenso em relação aos critérios diagnósticos desse quadro, o que torna o desenvolvimento das pesquisas com esse grupo limitadas e restritas, na maior parte das vezes, a estudos de casos (Lupart; Toy, 2009; Roama-Alves; Nakano, 2021b; Silverman, 2018). Ou seja, o processo de identificação de duplo excepcionais se mostra complexo, visto que não existem modelos e critérios pré-estabelecidos (Pereira; Rangni, 2023). A segunda razão se baseia na limitação em relação à inexistência de instrumentos específicos para essa finalidade, combinada com o fato de que, dentre os que são utilizados, temos um número restrito de estudos psicométricos, mais especificamente, voltados à investigação das evidências de validade e precisão para avaliação desse público-alvo específico.

Neste sentido, a literatura tem indicado que o processo de identificação deve envolver procedimentos quantitativos e qualitativos, incluindo diferentes recursos, como análises clínicas da história do indivíduo, anamnese, testes psicométricos para avaliação de construtos visando identificar a presença de potencial elevado ou rebaixado, observação de comportamento, entrevistas e avaliação dos pais e professores. Entretanto, na prática, muitas dificuldades são relatadas como, por exemplo, o número limitado de profissionais atuantes na área e a carência de formação adequada para atender esse público específico, uma vez que, nos programas de formação inicial, há uma participação pequena ou ausência de conteúdos sobre AH/SD, além da oferta restrita ou inexistente de cursos de graduação e pós-graduação voltados exclusivamente à área (Nakano; Negreiros; Fusaro, 2025).

Além disso, as autoras citam as restrições dos testes psicométricos vigentes, que não são direcionados ao público-alvo em questão, situação que demonstra a necessidade de que os procedimentos de identificação e avaliação imponham maior exigência relacionada a um rigor técnico e ético aos profissionais avaliadores. Outras dificuldades envolvem a presença de estigmas relacionados às AH/SD, dificuldades em considerar a dupla excepcionalidade como um possível diagnóstico, a influência dos relatórios escolares na avaliação, além da desconsideração dos marcos do desenvolvimento infantil e do ambiente no qual a criança está inserida (Amend; Beljan, 2009).

Na presença de suspeita de dupla excepcionalidade, a recomendação é a de que seja realizada uma avaliação individualizada abrangente, a fim de compreender os pontos fortes e fracos desses indivíduos (Gilman et al., 2013). Visa-se determinar a presença da superdotação e sua área de manifestação, o tipo de deficiência, déficit ou transtorno presente e seu grau de comprometimento, a fim de garantir o atendimento específico adequado para as ambas as condições. Tal avaliação, pode ser conduzida por diversos profissionais (como psicólogos, neuropsicólogos e educadores) visando identificar o impacto que uma condição causa na outra, bem como a identificação das causas das dificuldades (Silva et al., 2021). Somente com a correta identificação, se torna possível compreender o perfil de funcionamento do indivíduo e elaborar orientações sobre suas necessidades individualizadas, de modo a embasar adequações necessárias para seu desenvolvimento (Wormald, 2017).

Diante do cenário exposto e da necessidade de conhecer melhor essa temática ainda pouco divulgada, o estudo teve por objetivo realizar uma revisão sistemática sobre a dupla excepcionalidade na literatura nacional e internacional, produzida entre os anos de 2014-2025. Buscou identificar as pesquisas que vêm sendo conduzidas na temática, de modo a reconhecer tendências e lacunas ainda presentes, além de analisar quais países têm publicado na temática, em quais contextos, as combinações mais comumente enfocadas e quais instrumentos são utilizados na avaliação do quadro.

         

Método

 

Materiais

A fim de atingir o objetivo proposto, esta revisão sistemática utilizou as recomendações da metodologia PRISMA-P (Page et al., 2020). As buscas foram realizadas nas bases de dados eletrônicas: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Scientific Electronic Library Online (Scielo), Portal de Periódicos Eletrônicos em Psicologia (Pepsic) e Psycinfo, em maio de 2025, de modo que, após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, um total de 52 artigos foram analisados. O processo de seleção do material é apresentado a seguir.

 

Estratégia de Busca e Critérios de Elegibilidade

A busca foi realizada utilizando-se o descritor “dupla excepcionalidade”, em português, inglês (twice exceptional) e espanhol (doble excepcionalidad), separadamente. Foi aplicada uma delimitação temporal de modo que a busca contemplou apenas artigos publicados nos últimos 12 anos (2014-2025). Os artigos foram selecionados e analisados por dois revisores independentes.

Os critérios de elegibilidade adotados envolveram: (1) artigos científicos empíricos com acesso ao texto completo, (2) publicados entre os anos de 2014 e 2025, (3) artigos que abordavam o tema da dupla excepcionalidade no contexto da psicologia e educação. Foram excluídos da análise as teses, dissertações, livros, capítulos de livros, estudos teóricos, revisões de literatura e trabalhos apresentados em eventos científicos. Também foram desconsiderados artigos cujo tema abordado não fosse dupla excepcionalidade, aqueles que se repetiram nas bases de dados, e, por fim, aqueles que não eram redigidos em português, inglês ou espanhol.

 

Seleção e Análise de Dados

A partir do descritor em português “dupla excepcionalidade”, foram encontrados 32 artigos, sendo 24 na CAPES, quatro na Scielo e dois nas bases Pepsic e Psycinfo. Na segunda busca, utilizando-se o descritor em inglês “twice exceptional”, 402 artigos foram encontrados, sendo 297 na CAPES, três na Scielo, 102 na Psycinfo e nenhum na Pepsic. Por fim, na terceira busca, com a utilização do descritor em espanhol “doble excepcionalidad”, foram encontrados 33 artigos, sendo 27 na CAPES, dois na Pepsic, três na Psycinfo, e um na Scielo. Assim sendo, somando-se as três buscas, foram encontrados 467 artigos, distribuídos nas bases da seguinte forma: 348 na CAPES, oito na Scielo, quatro na Pepsic e 107 na Psycinfo. A seleção dos estudos para análise está ilustrada na Figura 1.

Inicialmente, dos 467 artigos localizados, 58 foram removidos por duplicidade, e 17 por não conterem acesso aberto. Após a triagem realizada a partir da leitura dos resumos, 312 artigos foram excluídos, sendo 309 por não abordarem a temática da dupla excepcionalidade, e outros três por não estarem nos idiomas definidos (português, inglês ou espanhol). Outros 28 artigos foram descartados por não atenderem aos critérios de inclusão. Desse modo, ao total, foram incluídos, na análise, 52 artigos selecionados a partir dos critérios de elegibilidade. 

 

Figura 1 – Fluxograma de seleção dos artigos

Diagrama

O conteúdo gerado por IA pode estar incorreto.

 

Fonte: Elaboração própria

 

Após a seleção, os artigos foram analisados quanto ao ano de publicação, país em que foi realizado o estudo, contexto, sexo dos participantes, composição da amostra, diagnóstico associado que caracteriza a dupla excepcionalidade (transtorno, déficit e/ou deficiência associada às altas habilidades/superdotação) e principais instrumentos utilizados. Para a análise desses dados, e, posteriormente, para a apresentação dos resultados, calculou-se a porcentagem e a frequência de ocorrência.

 

Resultados e Discussão

Inicialmente o país onde a coleta de dados foi realizada foi identificado e os resultados indicaram que os Estados Unidos se destacaram, correspondendo a 36,54% das pesquisas (n = 19), seguido pelo Brasil, com 15,38% (n = 8), pela Austrália e Turquia com 9,62% (n = 5), Chile, Jordânia, Canadá, Arábia Saudita e Itália com 3,85% cada (n = 2), Espanha, Itália, Singapura e Nova Zelândia, Suécia e Taiwan com 1,92% dos estudos cada (n = 1).

Ao longo deste período nota-se que o país que mais se destacou em publicações acerca da temática foi os Estados Unidos, indicando a predominância de pesquisas sobre o quadro da dupla excepcionalidade. No estudo de Gierczyk e Hornby (2021) resultados semelhantes foram encontrados, indicando que os EUA é o país predominante em publicações. Tal fato está atrelado ao grande número de pesquisadores na temática, além disso, os Estados Unidos é um país cientificamente avançado em pesquisa e historicamente apresentam domínio em pesquisas especializadas na área de AH/SD e dupla excepcionalidade (Talas; Gül; Sönmez, 2023).

A literatura especifica indica que os duplos excepcionais começaram a ser identificados no início dos anos 1920 nos Estados Unidos por Leta Hollingworth e, em 1971, passaram a ser identificados como “deficientes talentosos” (Prior, 2013). Contudo, é importante ressaltar que a partir de 1957 houve um grande interesse do país em investigar e identificar indivíduos com AH/SD, o que refletiu no fomento das pesquisas dentro dessa temática, e consequentemente tornou o país com o maior número de publicações (Wardman, 2017). O Brasil foi o segundo pais que mais publicou artigos empíricos nos últimos dez anos, sendo que, no entanto, todas as pesquisas analisadas eram do tipo estudos de caso, de modo que não temos estudos, no país, com amostras grandes ou de natureza longitudinal.

Em relação ao ano de publicação, observou-se que a maior parte dos artigos foram pulicados no ano de 2015 (11,54%) e 2016 (13,46%). O Gráfico 1 ilustra o percurso histórico das pesquisas analisadas.

 

Gráfico 1 - Número de Artigos por Ano de Publicação

 

 

Fonte: Elaboração própria

 

De modo geral, pode-se verificar que há oscilação em relação ao interesse na temática, de modo que momentos com maior número de pesquisas (crescimento entre 2014 e 2016) são seguidos por momentos de queda no número de artigos publicados (mais intensas em 2016 e 2022). Os dados confirmam a percepção de uma acentuada produção científica na literatura da área nos últimos anos (Pereira; Rangni, 2021; Talas; Gül; Sönmez, 2023). Em seguida, o contexto das pesquisas foi identificado. Os resultados obtidos indicam que 88,46% dos artigos (n = 46) recorreram aos ambientes educacionais para acessar a população com altas habilidades/superdotação associados a outros diagnósticos. Os 17,31% restantes (n = 9), acessaram a amostra investigada em diferentes contextos, podendo-se citar, como exemplos, acesso a prontuários de programas de atendimento a superdotados (n = 6) e organizações não governamentais (n = 1). O número total de ocorrência supera o número dos artigos, pois diversos estudos foram desenvolvidos em mais de um contexto.

A identificação do contexto no qual os estudos sobre dupla excepcionalidade tem sido desenvolvidos possibilita identificar lacunas e traçar novas estratégias de investigação que favoreçam o aprofundamento da temática de maneira a contemplar a população duplo-excepcional de forma diversa. Neste sentido, observou-se que a maior parte dos estudos são realizados em contexto educacional.

A identificação de indivíduos com dupla excepcionalidade depende de condições sociais e culturais, desta forma o contexto educacional desempenha um papel importante para a identificação, de modo que tal constatação oferece suporte ao resultado encontrado, indicando que o maior número de estudos foi realizado neste contexto (Cheek et al., 2023). É comum que as características desses alunos sejam identificadas, especialmente pelos professores, os quais assumem papel essencial nesse processo de identificação (Nakano; Batagin; Fusaro, 2023). Além disso, vale ressaltar que é na escola que os estudantes devem receber o atendimento especializado a fim de acolher suas necessidades, trabalhando tanto as potencialidades, quanto as dificuldades (Prior, 2013).

Em seguida, dados da amostra foram analisados, considerando-se o sexo do participante. A maior parte foi conduzida somente com os próprios duplos excepcionais, correspondendo a 65,4% (n = 34). Os trabalhos realizados com pais e filhos totalizaram 12,50% (n = 10) e os estudos que tiveram como público-alvo os pais de pessoas duplo excepcionais corresponderam a 10,00% (n = 4). Finalmente, os trabalhos realizados com diferentes participantes, incluindo diretores, coordenadores, professores e pais corresponderam a 10,00% (n = 4) da amostra.

Os dados indicaram que 60,00% (n = 24) das amostras incluíram participantes de ambos os sexos. Os trabalhos cuja amostra era composta apenas por participantes do sexo masculino correspondeu a 27,50% (n = 11). Apenas 5,00% (n = 2), teve sua amostra composta apenas por participantes do sexo feminino e 22,50% (n = 9) não apresentaram informação quanto ao sexo dos participantes.

Ao longo dos anos, diversos estudos tiveram como objetivo investigar as diferenças de gênero em indivíduos superdotados. Os resultados encontrados demonstram-se inconclusivos, indicando resultados mistos, como por exemplos o fato de que meninos são mais facilmente identificados do que meninas, ou o oposto, ou nenhuma diferença de gênero na identificação (Petersen, 2013).

Contudo, perante os diversos focos em que a temática das AH/SD investiga, a questão do gênero apresenta-se fundamental para esta discussão, tendo em vista que as representações de gênero podem atuar de maneira a impedir a identificação, especialmente de meninas (Neumann, 2019). Vários estudiosos sugeriram que é mais comum encontrar sub-representação feminina em programas para superdotados (Gindi; Kohan-Mass; Pilpel, 2019). Outros dados indicam que nos Estados Unidos, as mulheres representam 30 a 40% dos estudantes atendidos em programas voltados a superdotação e, no Brasil, cerca de 26% (Pérez; Freitas, 2013). Tal dado foi encontrado na amostra deste estudo, indicando que a maior parte era do sexo masculino, corroborando a percepção acerca da existência de viés na identificação de alunos com AH/SD em relação ao gênero. Vale ressaltar que não foram encontrados estudos acerca da dupla excepcionalidade e sua relação com o gênero.

O dado seguinte buscou identificar o tipo de transtorno, déficit ou deficiência associada à altas habilidades/superdotação nos estudos avaliados. Os resultados são apresentados na Tabela 1. Cabe destacar que, no caso de mais de um quadro ter sido descrito no mesmo estudo, a inclusão em todas as categorias foi realizada, de modo que o total de ocorrência supera o número de artigos analisados.

 

Tabela 1Transtornos, Déficits ou Deficiências Associadas às Altas Habilidades/Superdotação

QUADRO ASSOCIADO

N

%

Albinismo

1

1,16

Deficiência Auditiva

3

3,49

Deficiência Visual

2

2,33

Depressão

3

3,49

Distúrbio do Processamento Sensorial

3

3,49

Distúrbios Emocionais

1

1,16

Lesão Cranioencefálica

1

1,16

Não Informou

4

4,65

Síndrome de Tourette

1

1,16

Transtorno de Ansiedade Generalizada

4

4,65

Transtorno de Aprendizagem

18

20,93

Transtorno do Controle Impulsivo

1

1,16

Transtorno de Humor

1

1,16

Transtorno Desafiador Opositor

1

1,16

Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade

15

17,44

Transtorno do Espectro Autista

23

26,74

Transtorno Global do Desenvolvimento

2

2,33

Transtorno Obsessivo Compulsivo

2

2,33

TOTAL

86

100

 

Fonte: Elaboração própria

 

Conforme apresentado na Tabela 1, a combinação mais observada foi de altas habilidades/superdotação com o transtorno do espectro autista (TEA), encontrado em 26,74% (n = 23) dos estudos. Os resultados encontrados no estudo podem ser explicados devido ao crescente número de publicações sobre a dupla excepcionalidade no quadro das AH/SD em conjunto do TEA, confirmando os dados obtidos por Luor et al. (2022), segundo os quais, 95 publicações acerca dessa combinação foram publicadas entre os anos de 1998 e 2020. Além disso, no estudo de revisão bibliográfica de Carmona-Serrano et al. (2020), resultados semelhantes foram encontrados, indicando o início do interesse dos pesquisadores acerca do TEA na década de 60 e cujos resultados revelam que até o ano de 2019, foram encontradas 5512 publicações sobre o transtorno do espectro autista, o que explica o aumento das publicações e o interesse por essa temática.

A segunda combinação mais encontrada foi as altas habilidades/superdotação com o transtorno de aprendizagem (TA), encontrado em 20,93% (n = 18) dos estudos analisados e a terceira combinação foi das altas habilidades com o transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, observado em 17,44% (n = 15) dos estudos. Os quadros mais comuns identificados nesta revisão, também foram relatados no estudo de Roama-Alves e Nakano (2021a), segundo os quais, as combinações mais comuns na literatura foram as AH/SD ocorrendo conjuntamente com o transtorno de aprendizagem (TA), transtorno do espectro autista (TEA), e transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Em outro estudo realizado por Pereira e Rangni (2021), de revisão de literatura nacional, os resultados indicaram a predominância da superdotação associada com a síndrome de Asperger (agora incorporada ao TEA), encontrada em 26,9% dos estudos analisados, seguido pela deficiência visual (19,2%), TDAH em 15,4% e deficiência auditiva (11,5%), o que corrobora com os resultados encontrados nesta revisão. Outra revisão realizada pelas autoras (Pereira; Rangni, 2023) indicou que, dentre as combinações de dupla excepcionalidade, as mais investigadas envolvem o TEA (31,2% dos estudos), TDAH (25,0%), deficiência auditiva/surdez (15,6%), seguidos por dislexia e deficiência visual/cegueira (9,4% cada), havendo ainda casos de transtorno opositor desafiador, transtorno obsessivo-compulsivo e transtorno mental (3,1% cada).

Por fim, investigou-se quais instrumentos foram utilizados na avaliação da dupla excepcionalidade e a frequência de utilização nos artigos avaliados. Os resultados são apresentados na Tabela 2.

 

Tabela 2 – Instrumentos utilizados na avaliação

 

INSTRUMENTOS

N

%

Análise Documental (laudos e outros documentos comprobatórios de Dupla Excepcionalidade)

42

80,77

Entrevista

30

57,69

Escala de Inteligência Wechsler para crianças (WISC-III) Wechsler, 1996)

8

15,38

Observação

6

11,54

Matrizes Progressivas Coloridas de Raven (Raven et al., 1993)

3

5,77

Adult Self-Report Scale (ASRS) (Kessler et al., 2005)

2

3,85

Child Behavior Checklist (CBCL) (Achenbach, 2011)

2

3,85

Escala de Responsividade Social (SRS-2) (Constantine & Gruber, 2012)

2

3,85

Kaufman Test of Educational Achievement – third edition (KTEA-3) (Kaufman & Kaufman, 2014)

3

5,77

The Diagnostic Scale of Arabic Language Basic Skills (Waq, 1997)

2

3,85

The Group of Perceptual Skills Tests (Waq & Kilani,1998)

2

3,85

Attitudes Toward Inclusion Scale (PTAI) (Bannister-Tyrrell et al., 2018)

1

1,92

Bateria para Avaliação das Altas Habilidades/Superdotação (BAAH/S) (Nakano & Primi, 2012)

1

1,92

Desenho da Figura Humana (DFH-III) (Wechsler, 2003)

1

1,92

Scales for Identifying Gifted Students (Ryser & McConnell, 2004)

1

1,92

Escala de Identificação de Características associadas como Altas Habilidades/Superdotação (EICAH/S) (Zaia & Nakano, 2021)

1

1,92

Friendship Qualities Scale (FQS) (Bukowski et al., 1994)

1

1,92

The Patterns of Adaptive Learning Scales (PALS) (Midgley et al., 2000)

1

1,92

Early Adolescent Temperament Questionnaire (EATQ-R) (Ellis & Rothbart 1999)

1

1,92

Students Perceptions of Control Questionnaire (SPOCQ) (Wellborn et al., 1989)

1

1,92

Questionário Próprio

1

1,92

The Autism Spectrum Screening Questionnaire (ASSQ) (Ehlers et al., 1999)

1

1,92

Questionário para identificação de indicadores de altas habilidades/superdotação (QIIAHSD-R) – Responsáveis (Freitas & Pérez, 2012)

1

1,92

Questionário para identificação de indicadores de altas habilidades/superdotação nas áreas artísticas e esportivas (QCCAE) – Professores (Freitas & Pérez, 2016)

1

1,92

Questionário para identificação de indicadores de altas habilidades/ superdotação (QIIAHSD-A) – Aluno (Freitas & Pérez, 2016)

1

1,92

Behavior Assessment System for Children – 2 (BASC-2) (Reynolds & Kamphaus, 2004)

1

1,92

Teste de Criatividade Figural Infantil (TCFI) (Nakano et al., 2011)

1

1,92

Peabody Picture Vocabulary Test, Version 4 (PPVT-4) (Dunn & Dunn, 2007)

1

1,92

Test of Nonverbal Intelligence (TONI – 3) (Brown et al., 1997)

1

1,92

Piers-Harris Childrens´s Self Concept Scale (PH-2) (Piers &
Herzberg, 2002)

1

1,92

Woodcock-Johnson III (WJ-III) Woodcock et al., 2001)

1

1,92

Escala de Inteligência Wechsler para crianças (WISC-IV) (Wechsler, 2003)

2

3,85

Flow Short Scale (FSS) (Rheinberg et al, 2023)

1

1,92

 

Fonte: Elaboração própria

Ao total foram identificados 29 instrumentos utilizados para avaliação da dupla excepcionalidade nas pesquisas analisadas, incluindo-se testes, escalas e questionários. Destes, seis se voltam à avaliação da inteligência (WISC-III, WISC-IV, Matrizes Progressivas Coloridas de Raven, Desenho da Figura Humana, Test of Nonverbal Intelligence - TONI-3 e Woodcock-Johnson III), sendo mais frequente o uso do WISC-III (22,22%). Nove se voltaram para avaliação das dificuldades (Behavior Assessment System for Children – BASC-2, Peabody Picture Vocabulary Test - PPVT-4, The Autism Spectrum Screening Questionaire – ASSQ, Early Adolescent Temperament Questionnaire – EATQ – R, The Diagnostic Scale of Arabic Language Basic Skills, The Group of Perceptual Skills Tests, Adult Self-Report Scale – ASRS, Child Behavior Checklist – CBCL e Escala de Responsividade Social – SRS-2). Dos testes mencionados, cinco se mostram disponíveis no Brasil. O WISC-III, WISC-IV, Matrizes Progressivas Coloridas de Raven, DFH e a Escala de Responsividade Social, embora com origem internacional, apresentam tradução, adaptação e estudos psicométricos para uso no Brasil, estando aprovados para uso profissional pelo Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos (Conselho Federal de Psicologia, 2022).

A predominância de usos de testes de avaliação da inteligência se justifica perante o fato de que, historicamente, as AH/SD estavam relacionadas apenas a altos níveis de inteligência não havendo identificação de superdotação em outra área (Renzulli, 2008; Sternberg, 2005). De acordo com Pfeiffer (2011), em seu estudo acerca das perspectivas sobre a identificação e avaliação da superdotação, o autor relata que, por mais de 100 anos a identificação de alunos com AH/SD ocorreu através das pontuações obtidas nos testes de QI (quociente de inteligência), reforçando que, historicamente, esse critério se mostrou predominante para a identificação de superdotados.

Quatro instrumentos se voltam à avaliação de aspectos sociais e emocionais (Piers-Harris Childrens´ Self Concept Scale – PH-2, Students Perceptions of Control Questionnaire - SPOCQ, The Patterns of Adaptive Learning Scales – PALS e Friendship Qualities Scale – FSQ. Duas ferramentas foram usadas para avaliar o contexto escolar (Kaufman Test of Education Achievement, Third Edition – KTEA – 3 e Attitudes Toward Inclusion Scale – PTAI) e uma para avaliar o estado do flow (Flow Short Scale – FSS). Nesse sentindo, é importante ressaltar a importância da avaliação dos aspectos socioemocionais em superdotados, visto que esse aspecto pode se tornar fonte de vulnerabilidade (Negreiros et al., 2025), incluindo a possibilidade de desenvolvimento de dificuldades emocionais, problemas de relacionamento, bullying, dificuldade no controle dos impulsos, baixo desempenho escolar, ansiedade, depressão e conflitos no âmbito familiar (Razak et al., 2021).

Para avaliar especificamente as altas habilidades/superdotação, seis instrumentos foram utilizados, (Scales For Identifying Gifted Students, Bateria para Avaliação das Altas Habilidades/Superdotação – BAAH/S, Escala de Identificação de Características associadas às Altas Habilidades/Superdotação - EICAH/S, Questionário para identificação de indicadores de altas habilidades/superdotação - QIIAHSD-R – Responsável, Questionário para identificação de indicadores de altas habilidades/superdotação nas áreas artísticas e esportivas - QCCAE – Professores, Questionário para identificação de indicadores de altas habilidades/ superdotação QIIAHSD-A – Aluno). Por fim, somente um instrumento foi utilizado para avaliar a criatividade (Teste Figural de Criatividade Infantil - TCFI).

Dos instrumentos citados, cinco são brasileiros (Bateria para Avaliação das Altas Habilidades/Superdotação, Escala de Identificação de Características associadas às Altas Habilidades/Superdotação, Questionário para identificação de indicadores de altas habilidades/superdotação, Questionário para identificação de indicadores de altas habilidades/superdotação nas áreas artísticas e esportivas, Questionário para identificação de indicadores de altas habilidades/ superdotação e Teste Figural de Criatividade.

Destes, apenas dois são aprovados pelo Sistema de Avaliação dos Testes Psicológicos, tendo seu uso restrito a psicólogos (EICAH/S e TCFI). As escalas Questionário para identificação de indicadores de Altas Habilidades/Superdotação – Responsáveis, Questionário para identificação de indicadores de Altas Habilidades/Superdotação – Alunos e Questionário para identificação de indicadores de Altas Habilidades/Superdotação nas áreas artísticas e esportivas – Professores são de uso aberto, mas apresentam limitados estudos voltados à investigação de suas qualidades psicométricas, apesar de bastante utilizadas na prática. A Bateria para avaliação das altas habilidades/superdotação ainda não se encontra disponível para uso profissional. Tais dados confirmam a escassez de instrumentos específicos para identificação das AH/SD, sendo importante ressaltar que, dentre os existentes, a maior parte não apresenta estudos psicométricos em número suficiente para se garantir suas evidências de validade e precisão. Tal cenário indica que, provavelmente, o processo de construção foi finalizado logo após a criação, adaptação ou tradução dos itens (Nakano; Negreiros, 2024).

Além de testes, outras fontes de dados foram utilizadas nas pesquisas, incluindo análise documental (laudos e outros documentos que comprovavam a identificação da dupla excepcionalidade) em 80,77% dos artigos, entrevistas elaboradas pelos próprios pesquisadores em 30 artigos (57,69%) e técnicas de observação em oito estudos (15,38%). Durante o processo de identificação, é indicado que seja realizada uma avaliação multidimensional e abrangente, que envolva não só aspectos quantitativos advindos dos instrumentos, mas, também, a utilização de métodos distintos, como a observação, entrevista e análise clínica da história do indivíduo (Gilman et al., 2013; Roama-Alves; Nakano, 2015). Tais ferramentas permitem a coleta de informações que não são capturadas pelos testes padronizados, referentes à história de vida, desenvolvimento, dentre outros aspectos essenciais para a compreensão do caso.

De modo geral, a análise permitiu observar que não há um consenso acerca de instrumentos e métodos avaliativos para a avaliação do quadro (Silverman, 2018). Consequentemente, o processo de identificação de indivíduos duplamente excepcionais vem se mostrando complexo, evidenciando as particularidades no processo avaliativo (Cipriano; Zaqueu, 2022).

 

Considerações finais

 

A partir da revisão, observa-se que não há consenso acerca do método avaliativo mais adequado para o quadro da dupla excepcionalidade, tanto no contexto nacional quanto internacional, indicando a complexidade do processo de diagnóstico desses indivíduos. Como resultado, muitas crianças e adolescentes deixam de receber o atendimento especializado garantido por lei, tanto para as potencialidades quanto para as dificuldades. Nesse cenário, faz-se necessário ampliar os estudos na temática, de modo a investigar as práticas que vêm sendo realizadas e reflexões sobre esse processo de identificação da dupla excepcionalidade.

Algumas limitações do estudo devem ser citadas. Dentre elas, o período de busca limitado, a utilização de apenas quatro bases de dados e a seleção dos descritores podem ter influenciado o alcance das pesquisas. A ampliação desses critérios poderia localizar um maior número de pesquisas na temática, de modo que estudos futuros nesse sentido são recomendados.

Apesar disso, os resultados aqui relatados permitiram conhecer as tendências e lacunas na identificação de crianças e adolescentes com dupla excepcionalidade, de modo a indicarem que as pesquisas empíricas ainda são escassas e que a maior parte delas se baseia em estudos de caso, não contendo amostras grandes. Desse modo, a generalização dos seus resultados fica comprometida. Nesse contexto, faz-se necessário estímulo para que pesquisadores e profissionais que atuam na prática clínica e educativa junto a essa população desenvolvam estudos, de modo que o quadro possa ser mais bem conhecido e amparado em dados científicos.

 

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