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Universidade Federal de Santa Maria

Voluntas, Santa Maria, v. 14, n. 1, e85434, 2023

DOI: 10.5902/2179378685434

ISSN 2179-3786

Submissão: 17/10/2023 Aprovação: 15/01/2024 Publicação: 22/03/2024

1 DARWIN SOBRE A ORIGEM DAS ESPÉCIES*. 2

REFERÊNCIAS. 20

 

Traduções

Darwin sobre a Origem das Espécies, de Thomas Henry Huxley – Tradução do texto lido por Schopenhauer, no Jornal Times de dezembro de 1859

Antonio Alves Pereira JuniorIÍcone

Descrição gerada automaticamente

IUniversidade Estadual de Londrina, Londrina, PR, Brasil

RESUMO

O leitor tem em mãos, a tradução de um texto escrito por Thomas H. Huxley, publicado anonimamente no Jornal Times de 26 de novembro de 1859 – apenas dois dias após o lançamento oficial do livro Origem das espécies, a que ocupou 3 colunas e ½ de letrinhas miúdas daquela edição, e que, posteriormente fora lido por Schopenhauer, tal como ele mesmo menciona para o discípulo Adam von Doß, em uma carta de 01 de março de 1860, também o ano de morte do filósofo. É após a leitura deste texto que Schopenhauer (equivocadamente, a meu ver) acusa categoricamente para Doß, que a teoria de Darwin é um mero “empirismo raso”, uma “variação da teoria de Lamarck” (GBr, 2008, p. 1587). Embora tenha sido publicado anonimamente – um costume comum na época, especialmente quando autores queriam promover positivamente com resenhas a sua própria obra perante ao público –, sabemos que a autoria é de Huxley, pois ele próprio confessara isso para seu grande amigo Charles Darwin. Primeiro Darwin lhe questionou, apenas dois dias depois da publicação do Times (28 de dezembro de 1859): “Quem poderá ser? Sem dúvida, eu diria que só existe um homem na Inglaterra que poderia ter redigido esse Ensaio, e que era você esse homem. Mas presumo que eu esteja errado e que exista algum gênio oculto de grande quilate. Pois de que modo você poderia influenciar o Jupiter Olympus [como comumente era chamado o Jornal Times] e fazê-lo conceder 3 ½ colunas à ciência pura?” (Darwin, Correspondência de 28/12/1859, 2009, p. 279). Fora preservada uma segunda carta de Darwin para Huxley, datada de 01/01/1860 em que ele diz: “Várias pessoas me perguntaram quem escreveu aquele ‘artigo mais notável’ no Times [...] Escrevo apenas para dizer que guardarei o seu segredo” (Darwin Correspondence Project, carta 2633). A biógrafa Janet Browne (2011, p. 142) explica minuciosamente toda a história da produção do texto do Times dizendo que Hooker (outro famoso cientista amigo de Darwin) fizera um acordo com Samuel Lucas “resenhista regular do Times [...] combinando que Huxley escreveria a resenha”. Explicado todos esses detalhes históricos, acrescento apenas que todas as notas de rodapé, com exceção da que está anexada ao título (*), são da minha autoria.

1 DARWIN SOBRE A ORIGEM DAS ESPÉCIES*

Há uma imensidão crescente nas especulações da ciência, que, nos dias de hoje, nenhuma outra coisa ou pensamento humano é comparável. Além dos resultados que a ciência traz para nossas casas e colhe com segurança, existe uma força expansiva e extensa em seus esforços experimentais, que nos eleva para fora de nós mesmos e transfigura a nossa mortalidade. Podemos ter preferência pelos temas morais, tal como o sábio Homero, que muito viu e soube; —

“Cidade dos homens

Comportamentos, velhos companheiros, governos agitados

No entanto, devemos admitir que

Os caminhos ventosos dos homens

São apenas poeiras que se erguem

E que rapidamente se dissipam novamente”

 

Em comparação com o trabalho da natureza, ao qual a Ciência testemunha, mas que não possui limites de tempo ou espaço que a ciência possa delinear.

Há algo completamente fora do alcance da ciência; no entanto, o escopo da ciência é praticamente ilimitado. Consequentemente é por isso que, de tempos em tempos, nós ficamos surpresos e perplexos com teorias que não possuem paralelo no restrito mundo moral; assim as generalizações da ciência avançam em círculos cada vez mais amplos e por meio de voos mais ambiciosos através de uma criação ilimitada. Enquanto a astronomia, com seu telescópio, vai além das estrelas conhecidas e a fisiologia, com seu microscópio subdivide infinitas minúcias, podemos esperar que nossos séculos históricos serão considerados como numeradores inadequados na história do planeta em que estamos situados. Nós devemos esperar novas concepções da natureza e das relações de seus agentes na medida em que a ciência adquire novos materiais para fazer novas generalizações; não temos motivos para alarme se um conhecimento altamente avançado, como o do eminente Naturalista diante de nós, nos confrontar com uma hipótese tão vasta quanto nova. Essa hipótese pode ser ou não sustentável no futuro; pode dar lugar a outra coisa; e a ciência superior pode reverter o que a ciência aqui construiu com muita paciência e habilidade, mas a sua suficiência deve ser testada apenas pelas provas[A1] [A2]  da própria ciência, se quisermos manter a nossa posição como herdeiros de Bacon e absolvedores de Galileu. Devemos avaliar rigorosamente essa hipótese no contexto da controvérsia que está por vir, pelos únicos testes que são apropriados e por nenhum outro, seja qual for.

A hipótese à qual apontamos, e que a presente obra do Sr. Darwin é apenas o esboço preliminar, pode ser expressa em suas próprias palavras da seguinte forma: “As espécies tiveram origem por meio de seleção natural, ou através da preservação das raças favorecidas na luta pela vida”. Para assimilar essa tese de forma inteligível, é necessário interpretar esses termos. Em primeiro lugar, o que é uma espécie? A questão é simples, mas a resposta correta é difícil de se encontrar, mesmo que apelemos àqueles que deveriam saber muito sobre isso. São todos os animais ou plantas que descendem de um único par de progenitores; é o menor grupo distintamente definível de organismos vivos; é uma entidade eterna e imutável; é uma mera abstração do intelecto do ser humano sem existência na natureza. Tais são alguns dos significados atribuídos a essa simples palavra e que podem ser encontradas em fontes confiáveis; e se, deixando de lado os termos e sutilezas teóricas, voltarmos para os fatos e tentarmos reunir um significado, estudando as coisas às quais, na prática, o nome de espécie é aplicado, isso nos beneficiará pouco. Pois a prática varia tanto quanto a teoria. Deixe que um botânico ou um zoólogo examine e descreva as produções de um país e certamente um discordará do outro quanto ao número, limites e definições das espécies que agrupam as mesmas coisas. Nestas ilhas estamos acostumados a considerar a humanidade como uma espécie única, mas, uma viagem de duas semanas de navio à vapor nos levará a um país onde divinos e sábios, uma vez em acordo, competem entre si em ênfase de afirmação, se não na força da prova, de que os homens são de espécies diferentes; e mais especificamente, que a espécie negra é tão distinta da nossa que os Dez Mandamentos realmente não se referem a eles. Mesmo na calma região da entomologia, onde, se em algum lugar deste mundo pecaminoso, a paixão e o preconceito deveriam falhar em agitar a mente, um erudito coleopterologista preencherá dez atraentes volumes com descrições de espécies de besouros, dos quais nove décimos são imediatamente declarados por seus colegas aficionados por besouros como não sendo espécies de modo algum.

A verdade é que o número de criaturas vivas distinguíveis quase ultrapassa a imaginação. Pelo menos centenas de milhares de tipos de insetos foram descritos e podem ser identificados em coleções e o número de tipos separáveis de seres vivos é estimado em meio milhão. Visto que a maioria deles possuem suas variedades acidentais, e que muitas vezes eles se fundem em outros graus imperceptíveis, pode-se facilmente imaginar que a tarefa de distinguir entre o que é permanente e o que é passageiro, o que é uma espécie o que é uma mera variedade, é bastante formidável.

Mas não seria possível aplicar um teste pelo qual uma verdadeira espécie possa ser distinguida de uma mera variedade? Não há critério para definir as espécies? Grandes autoridades afirmam que há, que a união de membros de uma mesma espécie é sempre fértil, enquanto as de espécies distintas são ou estéreis ou sua prole, chamadas de híbridos, o são. É afirmado não apenas que isso é um fato experimental, mas também que é uma medida para a preservação e pureza das espécies. Um critério como este seria inestimável, no entanto, infelizmente, não apenas não é óbvio como ele seria aplicado na grande maioria dos casos em que sua ajuda é necessária, mas sua validade geral é firmemente negada. Hon e Rev. Sr. Herbert, uma autoridade muito confiável, não apenas afirma como resultado de suas próprias observações e experimentos que muitos híbridos são tão férteis como as espécies atuais, mas ele vai tão longe a ponto de afirmar que a específica planta Crinum-capense é muito mais fértil quando cruzada por uma espécie distinta do que quando fertilizada por seu próprio pólen! Por outro lado, o famoso Gaertner, embora tenha se esforçado ao máximo para cruzar a primrose1 e a cowslip2, teve sucesso apenas uma ou duas vezes em vários anos; e ainda é um fato bem estabelecido que a primrose e a cowslip são apenas variedades do mesmo tipo de planta. Além disso, casos como os seguintes são bem comprovados. A fêmea da espécie A, se cruzada com o macho da espécie B, é fértil, mas se a fêmea de B é cruzada com o macho de A, ela permanece estéril. Fatos desse tipo destroem o valor do suposto critério.

Se, cansado das intermináveis dificuldades envolvidas na determinação das espécies, o investigador, contentando-se com a distinção prática grosseira de tipos separáveis, se esforçar para estudá-los à medida que ocorrem na natureza — para averiguar suas relações com as condições que os cercam, suas harmonias e discordâncias mútuas de estrutura, o elo e união de suas partes e sua história passada, ele se encontrará, de acordo com as noções recebidas, em um labirinto imenso, e com, na maioria das vezes, apenas a mais vaga sugestão de um plano. Se ele começar com alguma convicção clara, é a de que cada parte de um ser vivo é habilmente adaptada a algum uso especial em sua vida. Não lhe foi mostrado por Paley, que o baço, aquele órgão aparentemente inútil, é maravilhosamente ajustado como uma espécie de preenchimento entre os outros órgãos? E ainda, no início de seus estudos, ele descobriu que nenhuma razão adaptativa pode ser dada para metade das peculiaridades da estrutura vegetal, ele também descobriu dentes rudimentares, que nunca são usados, nas gengivas de jovens bezerros e nos fetos das baleias; insetos que nunca mordem possuem mandíbulas rudimentares, e outros que nunca voam têm asas rudimentares; além disso, criaturas naturalmente cegas têm olhos rudimentares; os coxos, membros rudimentares. Então, novamente, se verá que nenhum animal ou planta assume sua forma perfeita de uma só vez, mas que todos têm que partir de um mesmo ponto, independentemente do curso variado que cada um tem que seguir. Não apenas homens, cavalos, gatos e cachorros, lagostas e besouros, caramujos e mexilhões, mas até mesmo as próprias esponjas e animálculos começam sua existência sob formas que são essencialmente indistinguíveis; e, isso é a verdade também para toda a infinita variedade de plantas. Na verdade, ainda mais, pois todos os seres vivos avançam lado a lado ao longo da grande estrada do desenvolvimento, e se separam na medida em que se tornam mais diferentes; como pessoas saindo da igreja que descem todas pelo corredor, mas que ao chegar às portas, algumas se transformam em outros personagens, algumas entram no salão paroquial, outras seguem pelo vilarejo e outras vão apenas até a próxima paróquia. Um homem, em seu desenvolvimento percorre por um breve período um caminho paralelo, embora nunca passando pela forma mais simples das minhocas, viaja por um tempo ao lado dos peixes, então depois segue sua longa jornada com o pássaro e com o réptil como seus companheiros de viagem; e apenas por fim, após uma breve companhia com os mais elevados quadrúpedes e tetrápodes do mundo, ele se eleva à dignidade da pura humanidade. Nenhum pensador competente dos dias presentes sonha em explicar esses fatos indubitáveis pela noção de existência de adaptações desconhecidas e inacessíveis a propósito. E nós poderíamos lembrar daqueles que, ignorantes dos fatos, muito influenciados pela autoridade, que ninguém tem afirmado com mais veemência e competência a doutrina das causas finais em sua aplicação à fisiologia e anatomia do que o nosso eminente anatomista, o Professor Owen, que falando de tais casos diz (On the Nature of Limps, pp. 39, 40); "Creio que será óbvio que o princípio das adaptações finais falha em satisfazer todas as condições do problema".

Mas, a doutrina das causas finais não nos ajudará a compreender as anomalias da estrutura da vida, o princípio de adaptação certamente nos levará a entender porque certos seres vivos são encontrados em certas regiões do mundo e em outras não. A palmeira, como sabemos, não crescerá em nosso clima, nem o carvalho da Groenlândia. O urso polar não pode viver onde o tigre prospera nem vice versû, e quanto mais são examinados os hábitos naturais das espécies animais e vegetais, mais nós vemos que, em geral, são limitados a províncias específicas. Porém, quando nós examinamos os fatos estabelecidos pelo estudo da distribuição geográfica dos animais e das plantas, parece completamente desesperador tentar entender as relações estranhas e aparentemente caprichosas que eles exibem. Seria conveniente supor, a priori, que cada país deve ser naturalmente povoado por animais que são mais aptos a prosperar nele. Contudo, com base nessa hipótese, podemos explicar a ausência de gado nos Pampas da América do Sul quando aquelas partes do Novo Mundo foram descobertas? Não é que eles não estavam adequados para o gado, pois milhões de gados vivem agora em estado selvagem por lá; e o mesmo vale para a Austrália e Nova Zelândia. É uma circunstância curiosa, na verdade, que animais e plantas do Hemisfério Norte não apenas são tão bem adaptados para viver no Hemisfério Sul quanto seus próprios habitantes nativos, mas, em muitos casos, são absolutamente mais bem adaptáveis a eles, e assim, superam e exterminam os aborígenes. Claramente, portanto, as espécies que habitam naturalmente um país não são necessariamente as mais bem adaptadas ao seu clima do que a outras condições. Os habitantes de ilhas frequentemente são distintos de qualquer outra espécie conhecida de animal ou planta (como testemunhamos em nossos recentes exemplos através do[A3]  trabalho do Sir Emerson Tennet, em Ceilão), e, no entanto, quase sempre eles possuem uma semelhança familiar geral com os animais e plantas do continente mais próximo. Por outro lado, quase não há espécies de peixes, conchas ou caranguejos comuns aos lados opostos do estreito istmo do Panamá. Onde quer que olhemos a natureza nos oferece enigmas de difícil solução, se supormos que o que vemos é tudo o que pode ser dela conhecido.

Mas o nosso conhecimento da vida não se limita ao mundo atual. Independentemente de suas menores diferenças, os geólogos concordam com a vasta espessura das camadas acumuladas que compõem a parte visível da nossa terra e com a inconcebível imensidão do tempo passado que elas atestam, e embora sejam imperfeitas, são as únicas testemunhas acessíveis. Ao longo da maior parte desta longa série de rochas estratificadas estão espalhadas, às vezes de forma bastante abundante, multidões de restos orgânicos, as exúvias fossilizadas de animais e plantas que viveram e morreram enquanto a lama das rochas que foram formadas ainda estava mole, úmida e capaz de recebê-los e sepultá-los. Nossos museus exibem conchas fósseis de uma antiguidade imensurável, tão perfeitas como o dia em que elas foram formadas, esqueletos inteiros sem um único membro problemático — melhor ainda, a carne modificada, os embriões em desenvolvimento e até mesmo as muitas pegadas de organismos primordiais. Então, o naturalista encontra no interior da terra espécies tão bem definidas e, em alguns grupos de animais, mais numerosos do que aquelas que respiram no ar superior. De forma singular, a maioria dessas espécies sepultadas é totalmente distinta daquelas que vivem atualmente. Mas nem essa falta de semelhança está sem sua regra e ordem. Pois o fato é que, quanto mais voltamos no tempo, menos as espécies enterradas se assemelham às formas existentes; e quanto mais distante os conjuntos de criaturas extintas estiverem entre si, menos se assemelham umas das outras. Em outras palavras, houve uma regular sucessão de seres vivos, sendo que cada conjunto mais jovem é de forma geral e ampla um pouco mais semelhante àqueles que vivem atualmente.

Foi suposto que essa sucessão havia sido resultado de vastas catástrofes sucessivas, destruições e recriações em massa; mas as catástrofes agora estão quase eliminadas da geologia, ou pelo menos das especulações paleontológicas; e é admitido por todos que as aparentes rupturas na cadeia do ser não são absolutas, mas apenas relativas ao nosso conhecimento; que espécies têm substituído espécies, não em conjuntos, mas uma por uma; e que, se fosse possível apresentar-nos todos os fenômenos do passado, as convenientes épocas e formações do geólogo, embora possuam uma certa nitidez, se fundiram entre si com limites tão indefiníveis quanto as cores distintas e ainda separáveis do espectro solar.

Este foi um breve resumo das principais verdades que foram estabelecidas sobre as espécies. São essas as verdades finais e fatos insolúveis[A4] [A5]  ou suas complexidades são meras expressões de uma lei superior?

Um grande número de pessoas presume que a posição anteriormente mencionada está correta. Elas creem que o escritor do Pentateuco foi autorizado e comissionado a nos ensinar a ciência, bem como outras verdades, a ponto de que os relatos que lá encontramos sobre a criação ou sobre os seres vivos seja simples e literalmente correta, e, além disso, que qualquer coisa que pareça contradizê-lo é, pela natureza dos casos, falsa. Mas todos os fenômenos que lá foram detalhados, a respeito disso, são produtos imediatos de um decreto criativo, e consequentemente estão fora da totalidade do domínio da ciência.

Se no fim das contas essa visão se provar verdadeira ou falsa, ela, de qualquer forma, não é atualmente apoiada pelo que é comumente considerado como prova lógica, mesmo que seja capaz de ser discutida pela razão; e, portanto, nos consideraremos livres para deixá-la de lado e nos voltarmos para aquelas visões que professam se basear apenas em fundamentos científicos, e, justamente por isso, permitindo que sejam argumentadas até suas consequências. E fazemos isso sem hesitação, já que acontece que as pessoas que estão familiarizadas com os fatos do caso (o que é claramente uma considerável vantagem), sempre consideram adequado se alinhar a está última categoria.

A maioria dessas pessoas competentes tem mantido até o presente momento, duas posições, a primeira, que toda espécie é, dentro de certos limites definidos e definíveis, fixa e incapaz de modificação; a segunda, que cada espécie foi originalmente produzida por um ato criativo distinto. A segunda posição é obviamente incapaz de ser provada ou refutada, pois as operações diretas do Criador não são assuntos da ciência; e, portanto, deve ser considerada como uma consequência da primeira, cuja verdade ou falsidade é uma questão de evidência. A maioria das pessoas imaginam que os argumentos a favor dessa posição são esmagadores; mas para algumas mentes, e essas, deve-se confessar, são intelectos de grande poder e compreensão de conhecimento, eles não[A6]  trazem essa convicção. Entre essas mentes, está a do famoso naturalista Lamarck3; que possuía um conhecimento imenso das formas de vida inferiores, maior do que qualquer outro homem de sua época, e não se exclui também Cuvier, que foi um bom botânico e ocupa um lugar proeminente.

Dois fatos parecem ter influenciado fortemente o curso do pensamento desse notável homem — o primeiro, é que tênues[A7]  ou fortes elos de afinidade conectam todos os seres vivos uns com os outros, e que assim as criaturas mais elevadas se graduaram por múltiplos passos das menos elevadas; o outro, é que um órgão pode ser desenvolvido em direções específicas ao se esforçar de maneiras particulares, e que modificações uma vez induzidas podem ser transmitidas e se tornarem hereditárias. Juntando esses fatos, Lamarck explicou o primeiro pela operação do segundo. Coloque um animal em novas circunstâncias, diz ele, e suas necessidades serão alteradas; as novas necessidades criarão novos desejos, e a tentativa de satisfazer tais desejos resultará em uma modificação apropriada dos órgãos envolvidos. Faça de um homem um ferreiro, e seus músculos braquiais irão se desenvolver de acordo com as demandas feitas a ele, e da mesma forma, diz Lamarck "os esforços de algumas aves de pescoço curto para pegarem peixes sem se molharem, com tempo e perseverança, deram origem a todas as nossos garças e aves de pernas longas".

A hipótese lamarckiana há muito tempo foi amplamente condenada, e é comum que todo novato se posicione contra ela, aproveitando-se da oportunidade para atacar o que restou do cadáver do leão morto. No entanto, nem sempre é sábio ou instrutivo tratar até mesmo os erros de um homem realmente grande como se fossem meramente ridículos, e neste caso, a forma lógica da doutrina está em uma posição muito diferente de sua substância.

Se as espécies realmente surgiram de uma operação de condições naturais, deveríamos ser capazes de encontrar essas condições atualmente em ação; haveríamos de ser capazes de descobrir, na natureza, algum poder adequado a modificar qualquer tipo específico de animal ou planta de tal maneira a dar origem a outro tipo, que seria assim, reconhecida pelos naturalistas como uma espécie distinta. Lamarck imaginou que tinha descoberto essa vera causa nos fatos admitidos de que alguns órgãos podem ser modificados pelo exercício; que as modificações, uma vez produzidas, são capazes de ser transmitidas hereditariamente. Não parece ter ocorrido a ele indagar se há alguma razão para acreditar que existem limites para a quantidade de modificações produzidas, ou perguntar por quanto tempo um animal provavelmente se esforçaria para satisfazer um desejo impossível. A ave, no nosso exemplo, poderia certamente desistir dos jantares de peixes, muito antes de ter produzido o menor efeito na perna ou no pescoço.

Desde os tempos de Lamarck, quase todos os naturalistas competentes deixaram as especulações sobre a origem das espécies para sonhadores como o autor de Vestiges4, cujos esforços bem-intencionados levaram a teoria lamarckiana a receber sua condenação final na mente de todos os pensadores sólidos. Apesar desse silêncio, no entanto, a teoria da transmutação, como tem sido chamada, foi um "esqueleto no armário" para muitos zoologistas e botânicos honestos que tinham uma alma acima do mero ato de nomear plantas secas e peles. Certamente, pensou um deles, a natureza é um todo poderoso e consistente, e a ordem providencial estabelecida no mundo da vida deve, se pudéssemos apenas vê-la corretamente, ser consistente com a que domina as múltiplas formas da matéria bruta. Mas o que é a história da astronomia, e todas as ramificações da física, da química, da medicina, senão uma narrativa dos passos pelos quais a mente humana foi compelida, muitas vezes dolorosamente contra sua vontade, a reconhecer a operação de causas secundárias em eventos onde a ignorância viu uma intervenção imediata de um poder superior? E quando sabemos que os seres vivos são formados pelos mesmos elementos do mundo inorgânico, que agem sobre e reagem a eles, ligados por mil laços de piedade natural; é provável, ou melhor, é possível, que eles, e apenas eles, não deveriam ter ordem em sua aparente desordem, nenhuma unidade em sua aparente multiplicidade, e assim, não deveriam ser passíveis de explicação, pela descoberta de alguma lei central e sublime de conexões mútuas?

Questões desse tipo certamente tem surgido com frequência, mas talvez levassem muito tempo para receberem um destaque tal que exigisse o respeito e a atenção do mundo científico não fosse o trabalho que motivou este artigo. Seu autor, o Sr. Darwin, herdeiro de um nome outrora celebrado5, ganhou seu lugar na ciência quando a maioria daqueles que hoje são renomados eram jovens, e há mais de 20 anos ocupa uma posição de destaque entre os filósofos britânicos. Após uma viagem de circum-navegação, empreendida apenas por amor à sua ciência, o Sr. Darwin publicou uma série de pesquisas que imediatamente chamaram a atenção de naturalistas e geólogos; suas generalizações desde então recebem ampla confirmação e agora gozam de um consenso universal6, e não se questiona que tiveram a mais importante influência no progresso da ciência. Mais recentemente, o Sr. Darwin, com uma versatilidade que está entre os presentes mais raros, voltou sua atenção para uma muito difícil questão de zoologia e minuciosa anatomia; e nenhum naturalista e anatomista vivo publicou uma monografia melhor do que aquela que resultou de seus esforços. Tal homem, em todo caso, não entrou no santuário sem lavar as mãos e quando ele apresenta diante de nós os resultados dos seus 20 anos de investigação e reflexão, devemos ouvir mesmo que estejamos inclinados a discordar. Ao lermos o seu trabalho, deve-se admitir que a atenção que inicialmente poderia ser prestada por respeito, logo se torna voluntária, dado que tão clara é a sua forma de pensar, tão franca suas convicções, tão honesta e justa é a cândida[A8] [A9]  expressão de suas dúvidas. Aqueles que desejam julgar o livro devem lê-lo; vamos apenas nos esforçar para tornar sua linha de argumentação e sua posição filosófica compreensíveis para o leitor comum, à nossa maneira.

O Bazar da Rua Baker acabou de exibir seu já conhecido espetáculo anual7. Animais de costas retas, patas pequenas e bois de barriga larga, tão diferentes de qualquer espécie que se possa imaginar, disputavam a atenção e os elogios com ovelhas de meia dúzia de raças distintas e também com porcos excepcionais, nada parecidos com javalis ou porcos comuns, assim como um vereador da cidade se diferencia de um orangotango. A exposição do gado ocorreu, e talvez possa ocorrer novamente, sucedida por uma exposição de aves, cujo cacarejo e cantar prodigiosos podem ser afirmados, com certeza, como muito diferentes do aborígene Phasianus Gallus. Se o curioso por anomalias animais não estiver satisfeito, uma volta ou duas na Seven Dials8 o convencerão de que as raças de pombos são igualmente extraordinárias e diferentes umas das outras e de sua linhagem progenitora, enquanto a Sociedade Horticultural lhe fornecerá uma série de aberrações vegetais correspondentes aos tipos da natureza. Ele aprenderá, não sem surpresa, também, que durante o curso de suas viagens, os proprietários e os produtores dessas anomalias animais e vegetais as consideram como espécies distintas, com uma crença firme, cuja força é exatamente proporcionada por sua ignorância da biologia científica, e que é ainda mais notável, pois eles todos orgulham-se de sua habilidade em originar tais "espécies".

Uma investigação cuidadosa descobrirá que todos esses, e os muitos outros cruzamentos de raças de animais e plantas, foram produzidos por um único método. O criador — deve ser alguém habilidoso, de muita sagacidade, com faculdades perceptivas naturais ou adquiridas — nota alguma leve diferença surgindo, ele não sabe como, em alguns indivíduos de seu estoque. Se ele desejar perpetuar essa diferença, formar uma raça com a peculiaridade formalmente marcada em questão, ele seleciona indivíduos do sexo masculino e feminino que exibam o caráter desejado e o reproduz a partir deles. Sua prole é então cuidadosamente examinada, e aqueles que exibem a peculiaridade de forma mais distinta são selecionados para reprodução, e essa operação é repetida até que a quantidade desejada de divergência em relação ao estoque original seja alcançada. Então é constatado que, ao continuar esse processo de seleção — sempre produzindo a partir de formas bem marcadas e não permitindo cruzamentos impuros para interferir, — uma raça pode ser reformada, cuja tendência a se reproduzir é extremamente forte; nem o limite para a quantidade de divergência que pode ser assim produzida é conhecido, mas uma coisa é certa, que, se certas raças de cães, ou de pombos, ou de cavalos fossem conhecidas apenas em estado de fóssil, nenhum naturalista hesitaria em considerá-la como espécies distintas.

Mas, em todos esses casos, temos interferência humana[A10] . Sem o criador, não haveria seleção, e sem a seleção, não haveria raça. Antes de admitir a possibilidade de espécies naturais terem se originado de maneira semelhante, deve ser provado que na natureza existe algum poder que assume o lugar do homem e realiza a seleção suû sponte9. O Sr. Darwin afirma ter descoberto a existência e o modus operandi dessa seleção, como ele a chama; e, se ele estiver certo, o processo é perfeitamente simples e compreensível, e dedutível de forma irresistível a partir de fatos muito familiares, mas frequentemente esquecidos.

Quem, por exemplo, já refletiu devidamente sobre todas as consequências da maravilhosa luta pela existência que está ocorrendo diariamente e a todo momento entre os seres vivos? Não apenas cada animal vive à custa de algum outro animal ou planta, mas até mesmo as próprias plantas estão em guerra. O solo está cheio de sementes que não conseguem crescer para se tornar mudas; as mudas roubam o ar, a luz e a água umas das outras e aquela que for a ladra mais forte nessa competição sai vitoriosa e elimina suas concorrentes. Ano após ano, os animais selvagens com os quais o homem nunca interfere estão, em média, nem mais nem menos numerosos do que eram; e ainda assim sabemos que a produção anual de cada par varia de um a talvez um milhão de filhotes, por isso é matematicamente certo que, em média, muitos são mortos por causas naturais, tal como muitos nascem a cada ano, mas somente aqueles que escapam conseguem ser um pouco mais aptos a resistir à destruição do que aqueles que morrem. Os indivíduos de uma espécie são como a tripulação de um navio naufragando e somente os bons nadadores tem a chance de chegar à terra.

Dado que essas são indiscutivelmente as condições necessárias nas quais as criaturas vivas existem, o Sr. Darwin descobre nelas o instrumento da seleção natural. Suponha que no meio dessa competição incessante alguns indivíduos de uma espécie (A) apresentem variações acidentais que acontecem um pouco melhor com as demandas da luta na qual estão envolvidos, nesse caso as chances são a favor não apenas desses indivíduos serem melhores nutridos do que os outros, mas de predominarem sobre seus companheiros de outras maneiras, e de terem uma melhor chance de deixar descendentes, o que irá ser a tendência do curso para reproduzir as particularidades de seus pais. Sua descendência irá, por uma paridade de razões, tender a predominar sobre seus contemporâneos, e considerando que (suponhamos) não haja espaço para mais de uma espécie como A, então, a variedade mais fraca será eventualmente destruída pela influência agora destrutiva que é lançada na balança, e a espécie mais forte ocupará o seu lugar. Mantendo-se as condições circundantes inalteradas, a nova variedade (que podemos chamar de B) — suposta, por uma questão de argumentação, ser a melhor adaptada a essas condições e que pôde ser obtida a partir do estoque original — permanecerá inalterada, com todas as variações acidentais em relação ao tipo imediatamente extinguido, pois são menos adequadas a sua posição do que a B em si. A tendência de B em persistir crescerá com a sua permanência ao longo de gerações sucessivas, e ela adquirirá todas as características de uma nova espécie.

Mas, por outro lado, se as condições de vida mudarem em qualquer grau, por mais leve que seja, B pode deixar de ser aquela forma que melhor se adapta a resistir à influência destrutiva e a ser a melhor em tirar proveito de sua influência de sustentação. Nesse caso, se isso der origem a uma variedade mais competente (C), esta ocupará o seu lugar e se tornará uma nova espécie; e assim, pela seleção natural, as espécies B e C serão sucessivamente derivadas de A.

Que esta hipótese muito engenhosa nos permite dar uma explicação para muitas anomalias aparentes na distribuição dos seres vivos no tempo e no espaço, e que ela não é contradita pelos principais fenômenos da vida e da organização, parece-nos inquestionável, e até certo ponto, deve-se admitir que ela possui uma imensa vantagem sobre qualquer uma de suas precursoras. Mas é completamente diferente afirmar absolutamente a verdade ou a falsidade das visões do Sr. Darwin na atual fase da investigação. Goethe possui um excelente aforismo que define aquele estado de espírito que ele chama de Tätige Skepsis — dúvida ativa10. É a dúvida que ama tanto a verdade que não se atreve a repousar na dúvida, nem se extingue por uma crença injustificada; e recomendamos este estado de espírito aos estudantes das espécies em relação à hipótese do Sr. Darwin ou de qualquer outra, quanto à sua origem. As investigações combinadas de mais outros 20 anos podem, talvez, permitir aos naturalistas afirmar se as causas de modificação e o poder seletivo que o Sr. Darwin demonstrou de forma satisfatória existirem na natureza, são competentes para produzir todos os efeitos que ele lhes atribui, ou se, por outro lado, ele foi levado a superestimar o valor de seu princípio de seleção natural, tanto quanto Lamarck superestimou sua vera causa de modificação pelo exercício.

Mas há, de qualquer forma, uma vantagem possuída pelo escritor mais recente sobre seu predecessor. O Sr. Darwin abomina a mera especulação, assim como a natureza abomina o vácuo. Ele é tão ávido por casos e precedentes quanto qualquer advogado constitucional, e todos os princípios que ele estabelece são passíveis de serem submetidos ao teste da observação e do experimento. O caminho que ele nos instiga a seguir professa não ser apenas um trilho fabricado de teias de aranha ideais, mas sim uma ponte sólida e ampla de fatos. Se for assim, nos conduzirá com segurança através de muitos obstáculos em nosso conhecimento e nos levará a uma região livre das artimanhas daquelas fascinantes, mas estéreis, Virgens, as Causas Finais, contra as quais uma alta autoridade justamente nos alertou. "Meus filhos, cavem o vinhedo", foram as últimas palavras do velho homem da fábula; e, embora os filhos não tenham encontrado tesouros, fizeram suas fortunas com as uvas11.

REFERÊNCIAS

BROWNE, Janet. Charles Darwin: o poder do lugar. Trad. Otacílio Nunes. São Paulo: Aracati: Editora Unesp, 2011.

DARWIN, Charles Robert. A origem das espécies: por meio da seleção natural ou preservação das raças favorecidas na luta pela vida. Trad. Carlos Duarte e Anna Duarte. São Paulo: Martin Claret, 2014.

DARWIN, Charles Robert. Origens: cartas seletas de Charles Darwin, 1822-1859. Editadas por Frederick Burkhardt. Prefácio de Stephen Jay Gould; Trad. Vera Ribeiro, Alzira Viera Allegro (Shrewbury, introdução e árvore genealógica). São Paulo: Editora UNESP, 2009.

DARWIN Correspondence Project, “Letter no. 2633,” accessed on 13 September 2023, https://www.darwinproject.ac.uk/letter/?docId=letters/DCP-LETT-2633.xml

LAMARCK, Jean-Baptiste. Filosofia zoológica. Trad. e apresentação por Celi Hirata, Janaina Namba, Ana Carolina Soliva. São Paulo: Editora UNESP, 2021.

SCHOPENHAUER, Arthur. Gesammelte Briefe. hrsg. von Arthur Hübscher. Bonn: Bouvier, 1978.

SCHOPENHAUER, Arthur. Sobre a visão e as cores. Trad. Erlon José Paschoal. Nova Alexandria, São Paulo, 2003.

Contribuição de autoria

1 – Antonio Alves Pereira Junior

Doutorando em Filosofia na Universidade Estadual de Londrina (UEL)

https://orcid.org/0000-0001-9284-0864 • antonio.alves.pereira@uel.br

Contribuição: Escrita e primeira redação.

Como citar este artigo

PEREIRA JUNIOR, A. A. Darwin sobre a Origem das Espécies, de Thomas Henry Huxley – Tradução do texto lido por Schopenhauer, no Jornal Times de dezembro de 1859.. Voluntas Revista Internacional de Filosofia, Santa Maria, v. 14, n. 1, e85434, 2023. DOI 10.5902/2179378685434. Disponível em: https://doi.org/10.5902/2179378685434. Acesso em: dia mês abreviado. ano.



1 Trata-se da espécie Primula vulgaris.

2 Trata-se da espécie Primula veris.

3 Embora nesse trecho Huxley coloque Lamarck como contrário as “operações diretas do Criador”, tal como também Darwin o faz logo no início de Origem das espécies (Cf. sexta edição, Esboço histórico, p. 18), não é muito difícil encontrar na Filosofia Zoológica [FZ] de Lamarck, menções bastante apaixonadas ao “Autor Supremo da natureza”. Confira, por exemplo, os seguintes trechos: FZ, III, p. 75; FZ I, Adendos, p. 263; FZ, II, Introdução, p. 270, etc.

4 Vestiges of the natural history of creation (1844), foi uma polêmica e anônima obra publicada na Inglaterra vitoriana. Ela ficou muito famosa por suas constantes reedições e por popularizar a tese da transmutação e da evolução gradual das espécies. O autor de Vestiges, foi bem mais tarde reconhecido como sendo o geólogo Robert Chambers.

5 Aqui, Huxley certamente se refere a fama científica do avô de Charles Darwin, isto é, Erasmus Darwin, este último, diga-se de passagem, é citado por Schopenhauer na Introdução de Sobre a visão e as cores (Cf. F, 2003, p. 19).

6 É preciso estar atento para este “consenso universal”. A teoria da seleção natural, à época deste texto, acabava de ser lançada. Aqui, portanto, trata-se provavelmente de uma referência que Huxley faz aos intelectuais da Linnean Society, donde poucos meses antes a teoria da seleção natural havia sido apresentada, em uma comunicação científica.

7 A título de curiosidade, a Rua Becker, em Londres, é a mesma onde o escritor Arthur Conan Doyle estabeleceu a moradia do seu famoso personagem Sherlock Holmes. É um famoso postal londrino e muito visitado pelos turistas até hoje. O bazar mencionado por Huxley, provavelmente tratava-se de uma espécie de feira científica, também comum à época.

8 Seven Dials: área histórica de Londres, conhecida pela sua peculiar configuração de vias, onde sete ruazinhas estreitas convergem com uma rotatória central. No século XIX, era um local comumente associado à pobreza e criminalidade.

9 “Espontaneamente”.

10 Na carta em que Darwin envia para Huxley dois dias após a publicação deste artigo no Times – e que o questiona sobre a autoria do texto, consta um pequeno trecho em que Darwin escreve, perscrutando e especulando o amigo sobre a autoria: “O autor é um literato e um germanófilo” (Darwin, 2009, p. 278). É provável que o adjetivo “germanófilo” tenha sido incluído tendo em vista a presente menção que o até então autor anônimo fizera de Goethe.

11 Essa frase, certamente faz referência a fábula de Esopo “O agricultor e seus filhos”, que conta a história de um lavrador que deixa um grande vinhedo de herança para seus dois filhos. Sem entender o que fazer com as terras, os dois começam a cavar por todos os lados buscando encontrar algum tesouro escondido, ocorre que, não havendo tesouro algum, ambos acabam melhorando a terra e a colheita das uvas. Portanto, a fala "Meus filhos, cavem o vinhedo" é uma lição sobre o valor do trabalho árduo e da ação que pode trazer resultados positivos mesmo que diferentes da frustrada expectativa inicial da existência de um tesouro.


 [A1]Apenas uma recomendação para evitar repetição.

 [A2]Ok.

 [A3]Apenas uma sugestão

 [A4]Sugestão apenas

 [A5]Bem melhor.

 [A6]Os argumentos

 [A7]O parecer aqui era: “No caso de um elo, no português, os adjetivos estreito e forte são sinônimos. Aqui o autor deseja, justamente, utilizar-se de contrários. Eu utilizaria a palavra “tênue” o lugar de “estreito”.

Eu troquei “estreitos” por “tênues”, como bem recomendado.

 [A8]Apenas uma sugestão pois “honesta” e “sincera” na mesma frase fica redundante.

 [A9]Ótimo.

 [A10]Itálico conforme texto original