Universidade Federal de Santa Maria

Voluntas, Santa Maria, v.12, n.2, p. 01-22, mai./ago., 2021

DOI: 10.5902/2179378665085

ISSN 2179-3786

Recebido: 03/04/2021 Aceito: 21/10/2021 Publicado: 26/01/2022

 

O pensamento de Wittgenstein

Comportamento em Wittgenstein, Behaviorismo Metodológico e Comportamentalismo: semelhanças e diferenças

Behavior in Wittgenstein, Methodological Behaviorism and Radical Behaviorism: similarities and differences

Luiz Guilherme Nunes Cicotte I

Mirian Donat II

I Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Universidade Estadual de Londrina, Departamento de Filosofia (PPGFIL-UEL), Londrina, PR, Brasil.

e-mail: luizcicotte@gmail.com – ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3600-3353

II Docente do Programa de Pós-Graduação em Filosofia, Universidade Estadual de Londrina, Departamento de Filosofia (PPGFIL-UEL), Londrina, PR, Brasil.

e-mail: donat@uel.br – ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5154-2959

RESUMO

A noção de comportamento se faz importante em Wittgenstein, principalmente relacionada a argumentação da linguagem privada e o seguir regras. O Behaviorismo propõe, justamente, o comportamento, que é desenvolvido posteriormente, como objeto de estudo em uma espécie de revolução da ciência psicológica para que esta ganhasse o estatuto de ciência. Partindo de noções de comportamento distintas em Wittgenstein, no behaviorismo metodológico e no comportamentalismo, o presente ensaio tem quatro objetivos: 1) apresentar uma noção de comportamento em Wittgenstein; 2) apresentar a noção de comportamento para o behaviorismo metodológico; 3) apresentar a noção de comportamento para o comportamentalismo; 4) se a noção de comportamento do comportamentalismo estaria ou não sujeita às críticas de Wittgenstein. Para tanto, inicialmente, apresentaremos brevemente o que ficou conhecido como o Argumento da Linguagem privada nas IF e em seguida serão apresentadas as concepções de comportamento.

Palavras-chave: Wittgenstein; Argumento da linguagem privada; Comportamentalismo; Behaviorismo; Comportamento; Skinner.

ABSTRACT

The notion of behavior is important in Wittgenstein, mainly related to the argumentation of private language and following rules. Behaviorism proposes, precisely, behavior, which is developed later, as an object of study in a kind of psychological science revolution so that it could gain the status of science. Starting from different notions of behavior in Wittgenstein, in methodological behaviorism and in behaviorism, the present essay has four objectives: 1) to present a notion of behavior in Wittgenstein; 2) to present the notion of behavior to methodological behaviorism; 3) present the notion of behavior for behaviorism; 4) whether or not the notion of behavioral behavior is subject to Wittgenstein's criticism. To do so, initially, we will briefly present what became known as the Private Language Argument in FI and then we will present the conceptions of behavior.

Keywords: Wittgenstein; Private language argument; Radical Behaviorism; Behaviorism; Behavior; Skinner

INTRODUÇÃO

Conforme apresentado por Glock[1] no Dicionário Wittgenstein, há, na filosofia moderna, um domínio da querela externo x interno. Do lado do externo há o mundo físico, a matéria, os objetos tangíveis, os corpos humanos. No extremo oposto, do lado interno há o mundo privado dos fenômenos mentais. Ainda segundo Glock[2], o behaviorismo surge no século XX como uma reação a essa querela.

Wittgenstein (1889-1951), filósofo austríaco, também pode ser tomado como uma resposta a essa dicotomia. Segundo Hacker[3], Wittgenstein subverte não apenas a tradição cartesiana, como também as tradições empiristas e behavioristas. No lugar de uma res cogitans, o ser humano seria entendido como uma espécie de criatura viva inserida no fluxo do Lebenswelt. Em oposição das concepções modernas sobre a consciência e a privacidade que entendiam o mental como parte de uma experiência subjetiva, interna e privada, Wittgenstein desloca o mental para o espaço do socialmente manifesto, no comportamento humano. A partir dessa constatação é que se poderia vincular o pensamento de Wittgenstein e dos behavioristas[4].

No famoso parágrafo 307 do livro Investigações Filosóficas (IF), Wittgenstein é interpelado por seu interlocutor da seguinte maneira: “Não será você um behaviorista disfarçado? Você por acaso não diz que, no fundo, tudo isto é ficção a não ser o comportamento humano?”[5] Eis a resposta de Wittgenstein à essa interpelação: “Quando falo de uma ficção, falo de uma ficção gramatical[6].

Tal questionamento feito pelo interlocutor de Wittgenstein ressoou em vários autores. De acordo com Holborow[7], Hacker[8], Glock[9], e Kenny[10], Wittgenstein não poderia ser considerado um behaviorista. Entretanto, segundo Mundle[11], Wittgensgein poderia sim ser considerado um behaviorista, apesar de haver inconsistências em seu tipo de behaviorismo.

Um ponto importante a ser destacado é que já nas discussões realizadas por Wittgenstein não havia apenas um tipo de behaviorismo. Segundo Glock[12] o behaviorismo[13] se manifesta em três formas: 1) o behaviorismo metafísico, onde a existência dos fenômenos mentais é negada; 2) o behaviorismo metodológico, no qual há a ideia de que a psicologia não deveria evocar os fenômenos mentais na explicação do comportamento por não serem acessíveis intersubjetivamente; 3) o behaviorismo lógico, no qual as proposições acerca do mental seriam semanticamente equivalentes as proposições acerca de disposições comportamentais.

Apesar de toda discussão a respeito da relação entre Wittgenstein e o behaviorismo, contemporaneamente algumas considerações poderiam ser feitas: 1) sabe-se que o behaviorismo tratado por Wittgenstein, principalmente no tocante a noção de comportamento, era o behaviorismo watsoniano, também conhecido como Behaviorismo Metodológico[14]-[15], entretanto, a perspectiva Behaviorista Radical, também chamada de Comportamentalismo ou Comportamentalista[16]-[17]-[18], que é utilizada atualmente, com o perdão do trocadilho, é radicalmente diferente do behaviorismo com o qual Wittgenstein se ocupou; 2) desde a audaciosa proposta behaviorista para uma psicologia com estatuto de ciência, a noção de comportamento tornou-se central para esta psicologia. Sabe-se que Wittgenstein se utiliza de uma noção de comportamento nas suas discussões sobre o behaviorismo, entretanto, comportamento para o behaviorismo metodológico difere da concepção de comportamento no comportamentalismo, sendo assim é possível afirmar que a noção de comportamento com a qual Wittgenstein trabalhou a respeito do behaviorismo é diferente da noção de comportamento, e seus pressupostos, de hoje em dia.

Tendo em vista os pontos destacados até aqui, o presente ensaio tem quatro objetivos: 1) apresentar uma noção de comportamento em Wittgenstein; 2) apresentar a noção de comportamento para o behaviorismo metodológico; 3) apresentar a noção de comportamento para o comportamentalismo; 4) se a noção de comportamento do comportamentalismo estaria ou não sujeita às críticas de Wittgenstein. Para tanto, inicialmente, apresentaremos brevemente o que ficou conhecido como o Argumento da Linguagem privada nas IF e em seguida serão apresentadas as concepções de comportamento.

O argumento da linguagem privada

As passagens que vão desde o §243 ao §315, nas IF de Wittgenstein, tradicionalmente ficaram conhecidas como “o argumento da linguagem privada”. Nesta passagem Wittgenstein desenvolve uma análise do jogo de linguagem psicológico, com o que demonstra os equívocos dos pressupostos mentalistas e privatistas desta linguagem, que tem no cartesianismo sua expressão maior.

Entretanto, segundo Araújo[19], há algumas controvérsias em relação a essa visão tradicional. Conforme apontado pelo autor, pode-se dizer que há dois grandes eixos em relação a interpretação dessa discussão, o primeiro deles, e o mais clássico, representado por Anscombe, Wright, Rhees, Glock e Hacker, aceitam que o argumento se inicia, de fato, no §243, parágrafo de sua definição, e termina na observação do §315. Por sua vez, o segundo eixo, representado por Fogelin e Kripke, acredita que a argumentação tem início no §202, quando Wittgenstein se pergunta sobre a possibilidade de seguir uma regra privadamente[20].

Tal controvérsia foi salientada uma vez que, no presente trabalho, a noção de seguir regras para Wittgenstein também é entendida como importante para a compreensão do argumento da linguagem privada, com relação ao destaque do papel do comportamento na significação da linguagem psicológica. Isto porque, para Wittgenstein, o que está em questão é o significado dos conceitos psicológicos[21] e, como qualquer outra linguagem, o jogo de linguagem psicológico depende das regras que estabelecem o significado das palavras que são nele usadas. Sendo assim, o que nos diz Wittgenstein com essa argumentação?

Ainda de acordo com Araújo[22], os comentadores de Wittgenstein, em ao menos um ponto, estão de acordo acerca do argumento da linguagem privada. Tal ponto diz respeito a definição do que Wittgenstein entende por linguagem privada. Essa definição se encontra no §243 das IF. Vejamos o que o autor diz a respeito

Um homem pode encorajar-se a si próprio, dar-se ordens, obedecer-se, consolar-se, castigar-se, colocar-se uma questão e respondê-la. Poder-se-ia, pois, imaginar homens que falassem apenas por monólogos. Que acompanhassem suas atividades com monólogos. – Um pesquisador que os observasse e captasse suas falas, talvez conseguisse traduzir sua linguagem para a nossa. (Estaria, com isto, em condição de predizer corretamente as ações dessas pessoas, pois ele as ouviu também manifestar intenções e tirar conclusões). Mas seria também pensável uma linguagem na qual alguém pudesse, para uso próprio, anotar ou exprimir suas vivências interiores – seus sentimentos, seus estados de espírito? – Acho que não. As palavras dessa linguagem devem referir-se àquilo que apenas o falante pode saber; às suas sensações imediatas, privadas. Um outro, pois, não pode compreender esta linguagem[23].

No início dessa observação, Wittgenstein explicita aquilo que não poderia ser tomado como uma linguagem privada[24]. É apenas no trecho destacado da citação que, de fato, se encontra o que Wittgenstein está entendendo por uma linguagem privada. De antemão, segundo Araújo[25], do modo como Wittgenstein elabora o argumento é difícil não concordar com a sua resposta negativa a possibilidade de uma linguagem privada. Entretanto, o autor sugere que existem algumas particularidades na argumentação de Wittgenstein que tornam dúbias se levadas às últimas consequências. Um dos problemas que surgem ao longo do argumento é o de estabelecer uma relação entre o “seguir regras” e a não possibilidade de uma linguagem privada[26].

Conforme apontado por Fatturi[27], Wittgenstein alega a existência da prática de seguir regras não se baseando na interpretação da regra, mas sim, na própria ação de seguir regras. Assim, haveria uma relação entre a prática de seguir regras e a correção das ações que buscam seguir uma regra. Porém, essa relação não é estabelecida pela interpretação da regra, mas sim, pela própria ação de seguir a regra. Fatturi[28] chama essa relação de relação interna, uma vez que ela implica que aprender a seguir regras é conhecer, saber o que é necessário fazer para seguir determinada regra. Nas palavras de Wittgenstein

Nosso paradoxo era: uma regra não poderia determinar um modo de agir, pois cada modo de agir deveria estar em conformidade com a regra. A resposta era: se cada modo de agir deve estar em conformidade com a regra, pode também contradizê-la. Disto resultaria não haver aqui nem conformidade nem contradições. Vê-se que isto é um mal-entendido já no fato de que nesta argumentação colocamos uma interpretação após a outra; como se cada uma delas nos acalmasse, pelo menos por um momento, até pensarmos uma interpretação novamente posterior a ela. Com isto mostramos que existe uma concepção de uma regra que não é uma interpretação e que se manifesta, em cada caso de seu emprego, naquilo que chamamos de “seguir a regra” e “ir com ela”. Eis porque há uma tendência para afirmar: todo agir segundo uma regra é uma interpretação. Mas deveríamos chamar de “interpretação” apenas a substituição de uma expressão da regra por outra[29].

A partir disso, podemos colocar a seguinte questão: qual o critério que determina o seguir uma regra? Para nos ajudar a responder essa questão, a observação §248 de Wittgenstein é bastante interessante. Nela, o autor diz que: “a frase: ‘sensações são privadas’ é comparável a: ‘paciência se joga sozinho’”[30]. Pensar essa observação relacionada ao critério de seguir regras nos sugere que, mesmo pensando que o jogo paciência é jogado sozinho, muitas vezes esquecemos que as regras que utilizamos para jogá-lo são construídas publicamente, objetivamente e qualquer pessoa que domine essas regras poderá jogar paciência[31]. Nesse sentido, podemos dizer que o critério que determina o seguir uma regra é público e objetivo, construído socialmente a partir de seu uso e sua significação.

Dada a discussão até aqui, fica evidente que, para Wittgenstein, a noção de seguir uma regra está associada a uma prática. Não seria possível, portanto, estabelecer relações de significado por um ato mental privado, ou seja, não é possível estabelecer, conferir objetividade ao que é privado. Nesse sentido, “uma prática privada estaria impossibilitada de atender os requisitos de normatividade no que concerne seguir uma regra”[32]. E é precisamente nesse ponto, visto o destaque do presente trabalho em relação a noção de comportamento, que se torna evidente a relação entre o seguir regras e o argumento da linguagem privada.

Retomando o argumento da linguagem privada, Araújo[33] aponta que o argumento da linguagem privada sustenta algumas considerações behavioristas, ao menos no sentido fraco do termo.

Sabemos que no argumento ocorre um ataque à privacidade de estados mentais sendo, portanto, impossível que exista uma linguagem que se refira apenas a objetos particulares, isto é, uma linguagem sobre sensações que só poderiam ser compreendidas por uma única pessoa, a saber, o portador destas sensações[34].

Apesar de em um primeiro momento poderem parecer semelhantes, a posição behaviorista do uso da linguagem privada não é compartilhada por Wittgenstein, pois, para este, o uso público e regrado da regra não depende necessariamente de uma comunidade de falantes. Pode-se pensar, em termos lógicos, que um sujeito isolado pode desenvolver uma linguagem, desde que o critério de significação não seja privado.

Na observação §244 das IF, Wittgenstein faz alusão a essa questão. Vejamos:

Como as palavras se referem a sensações? Nisto não parece haver nenhum problema; pois não falamos diariamente de sensações e não as denominamos? Mas como é estabelecida a ligação entre o nome e o denominado? A questão é a mesma que: como um homem aprende o significado dos nomes de sensações? Por exemplo, da palavra “dor”. Esta é uma possibilidade: palavras são ligadas à expressão originária e natural da sensação, e colocadas no lugar dela. Uma criança se machucou e grita; então os adultos falam com ela e lhe ensinam exclamações e, posteriormente, frases. Ensinam à criança um novo comportamento perante a dor. Assim, pois, você diz que a palavra “dor” significa, na verdade, o gritar? – Ao contrário; a expressão verbal da dor substitui o gritar e não o descreve[35].

Aqui, a ideia de comportamento parece tornar-se, cada vez mais, um componente essencial para o argumento da linguagem privada, principalmente no tocante a expressão das sensações. Araújo[36] argumenta que se o uso das palavras para sensação pode se conectar com a manifestação natural dessas mesmas sensações, ou seja, o comportamento, então não é possível haver uma linguagem privada.

Pode uma pessoa que tenha aprendido a falar da maneira que nós comumente falamos diariamente se referir a experiências privadas? Nossa intuição diz que sim, e uma resposta afirmativa refutaria qualquer pretensão de behaviorismo linguístico na qual expressões para sensações teriam que vir acompanhadas de algum tipo de comportamento. Seguindo o próprio raciocínio de que só podemos falar do interno por meio de critérios externos, uma vez que aprendemos a gramática das sensações estamos habilitados a falarmos destas com sentido, sem incorrer numa linguagem privada aos moldes como fora definido por Wittgenstein[37].

A partir do exposto até aqui em relação ao argumento da linguagem privada, seguir regras e de uma possível importância da noção de comportamento nesta argumentação, agora, faz-se necessário expor, ao menos de uma maneira incipiente, as noções de comportamento destacadas no início deste ensaio. Vejamos a seguir.

Uma possível noção de comportamento em Wittgenstein

Com o argumento da linguagem privada Wittgenstein mostra que não é possível pensar a linguagem psicológica, assim como qualquer outra, desligada das práticas humanas no mundo. Sendo assim, o comportamento humano é um dos elementos fundamentais para a compreensão de qualquer linguagem e, especificamente, para a compreensão do jogo de linguagem da psicologia.

Na passagem citada do § 244 das IF Wittgenstein enfatiza que as palavras para sensação estão relacionadas com a “expressão originária e natural da sensação”, ou seja, o comportamento humano é naturalmente expressivo e isto é condição para a significação das palavras que usamos em substituição a este comportamento natural. É neste sentido que o comportamento surge como elemento fundamental da significação dos conceitos psicológicos, pois se não houvesse essa expressividade natural do mental, não haveria a possibilidade do desenvolvimento de uma linguagem psicológica, pois não teríamos um critério público e objetivo que pudesse servir como a instância independente para justificar o uso, correto ou não, de tais palavras.

De acordo com Wittgenstein, o equívoco do cartesianismo[38] foi não ter percebido as diferentes funções que as palavras ocupam em diferentes jogos de linguagem e, a partir disso, ter generalizado a concepção referencialista de significação, criando dificuldades intransponíveis em relação à compreensão do mental e de seu papel na vida humana. Com a descoberta da função expressiva da linguagem psicológica Wittgenstein mostra que as palavras desta linguagem não referem supostos objetos ou processos internos, acessíveis apenas ao próprio sujeito, mas que elas têm seu uso, portanto sua significação, relacionada às práticas em que são manifestas as experiências subjetivas.

Entretanto, isto não significa dizer que Wittgenstein elimina o mental e defenda que apenas o que importa para a significação é o comportamento externo observável. Na linguagem psicológica há uma ligação interna entre o interno e o externo, tal como a relação interna entre a regra e o seu seguimento, o que significa que faz parte da significação das palavras para sensação, por exemplo, a possibilidade de que elas possam ser expressas no comportamento. É neste sentido que os conceitos psicológicos estão ligados com as práticas humanas no mundo, pois expressar é uma forma de agir, com todas as consequências que essa ação possa desencadear.

Para Wittgenstein, na função expressiva da linguagem não é possível eliminar a perspectiva da primeira pessoa da linguagem psicológica. Esta perspectiva se revela nos usos em primeira pessoa para a expressão da experiência subjetiva tal como “Eu tenho dor”. Com este uso, o sujeito não descreve o que se passa internamente, mas efetivamente expressa a sua dor. Entretanto, tentar eliminar tal perspectiva, focando em proposições descritivas do comportamento, em terceira pessoa, como propõe o behaviorismo, eliminaria parte fundamental da compreensão do comportamento humano, pois, como acentua Hacker[39], o comportamento humano não pode ser reduzido a movimentos do tipo mecânico-corporal, pois ele está impregnado de significação, pensamento, paixão e vontade. Desta perspectiva, as expressões em primeira pessoa fazem parte do sentido do comportamento humano, que não se esgota em proposições descritivas do comportamento, em terceira pessoa.

Disso decorre encontramos outro elemento para a compreensão do comportamento humano da perspectiva de Wittgenstein, a distinção entre causas e razões. Para Wittgenstein, as proposições em primeira pessoa fazem parte das razões que constituem o sentido do comportamento e estas não podem ser reduzidas a explicações de tipo causal. O estabelecimento das causas dos fenômenos é realizado por meio de observações e descrições em terceira pessoa, com o intuito de estabelecer as leis gerais que as explicam. Entretanto, a compreensão do comportamento humano não se esgota em generalizações do tipo causal, pois envolvem elementos tais como crenças, motivos e desejos, que tem nas proposições em primeira pessoa uma das suas formas de expressão. Sendo proposições em primeira pessoa, não podem ser generalizadas, pois envolvem sempre o sujeito e o modo como estabelece o sentido de sua própria ação, sendo sempre crenças, motivos e desejos deste sujeito particular.

O comportamento humano, dessa perspectiva, deve ser compreendido na complexidade e pluralidade de manifestações de uma forma de vida, não podendo ser reduzida a aspectos isolados. Segundo Glock[40], quando o filósofo austríaco fala a respeito das manifestações comportamentais da dimensão do mental, na compreensão de comportamento não é incluído apenas expressões faciais e gestos (movimentos mecânicos), mas também o que as pessoas fazem e dizem e as ocasiões nas quais isso acontece. Ou seja, o comportamento humano tem de ser compreendido de acordo com o seu significado no todo da vida humana.

A noção de comportamento no behaviorismo metodológico

O behaviorismo metodológico, ou behaviorismo watsoniano, pode ser considerado um marco na história da psicologia científica. Antes de passarmos a noção propriamente dita de comportamento nessa forma de behaviorismo, cabe algumas considerações a respeito desse empreendimento.

De acordo com Goodwin[41], Willian James (1842-1910), filósofo e psicólogo norte americano, não fundou nenhuma escola de psicologia propriamente dita, entretanto é inegável sua participação para o desenvolvimento da psicologia moderna norte-americana. Dentre suas contribuições para o empreendimento científico da psicologia pode-se destacar a publicação do Principles of Psychology (1890). Nele, James define o que seria a psicologia, não se utiliza de uma metodologia específica, entretanto, lança mão de diversas abordagens metodológicas que contribuíssem para a explicação sobre o fenômeno que a psicologia deveria estudar[42]. Já na abertura de seu livro, James deixa claro que na sua opinião a psicologia ainda tinha uma longa estrada antes de alcançar o status de ciência.

É apenas com Watson (1878-1958) que o comportamento passa a ser objeto de estudo da psicologia. Em 1913, Watson publicou seu “Manifesto Behaviorista”, onde ele inclui a psicologia nas ciências naturais. Nesse manifesto Watson deixa bem claro qual seria o objeto de estudo dessa nova psicologia científica e critica o método introspectivo que era usado até aquele momento, devido a sua falta de rigor científico e a subjetividade do método[43]. Ele pensava que todo o comportamento humano poderia ser compreendido através da relação estímulo-resposta e, também, afirmava que seu novo paradigma poderia ser aplicado na prática, diferente de como vinha sendo tratada a psicologia na época. Watson conclui dizendo que a psicologia deveria passar por uma reforma no seu objeto de estudo, deixando de lado a consciência e focando no comportamento observável. Ele também pensava que seu novo paradigma poderia unir os psicólogos novamente, desunião causada pelas controvérsias do método introspectivo.

Conforme apresentado por Abib[44], Watson entende comportamento como ajustamento, hábito ou ato. Para ele, a forma como a psicologia de sua época analisava o hábito era mentalista. Decompostos em reflexo, os hábitos passavam a ser explicados a partir de uma relação estímulo-resposta, diferindo, portanto, do mentalismo. Assim, o conceito de comportamento passa a ter uma referência mais ampla, sendo assim resposta ou hábito[45].

Ainda de acordo com Abib, a partir dessa teoria do comportamento, Watson legou a posterioridade um organismo parcelado, cheio de reflexos. Entretanto, visto seus objetivos, defender uma explicação fisiológica em termos de estímulos e respostas, Watson alcançou seus objetivos e elaborou uma teoria molecular do comportamento.

O hábito, comportamento complexo, era analisado ou decomposto em unidades mais simples: os reflexos - que, ao fim e ao cabo, eram explicados em termos fisiológicos. Uma teoria reducionista do comportamento no melhor figurino cartesiano: a análise por decomposição de fenômenos complexos. Nesse sentido, a teoria reflexa é uma teoria fisiológica do comportamento: o comportamento é explicado por relações estímulo-resposta fisiológicas. Trata-se de um reducionismo fisiológico - ou fisicalista, na exata medida em que fenômenos fisiológicos são fenômenos físicos. O que equivale a dizer que a realidade é física. O comportamento expressa a ocorrência de fenômenos físicos ou deriva da realidade física. Qual é a definição de comportamento na teoria reflexa de Watson? Brevemente pode-se dizer que comportamento é ajustamento reflexo-fisiológico do organismo ao ambiente, explicável, em última análise, na linguagem do reducionismo e do fisicalismo[46].

A noção de comportamento no comportamentalismo

Segundo Abib[47], o Comportamentalismo tem seu início apenas com o Comportamentalismo Radical, em que o termo “radical” designa o estudo dos fenômenos psicológicos sem ferir o campo do comportamento; olhando para a relação entre o ser humano e o mundo é possível explicar os fenômenos psicológicos[48]. Dando a palavra a Abib

De uma perspectiva filosófica, somente o comportamentalismo radical define o comportamentalismo. Mas, então, o termo “radical” realizou seu desígnio e não tem mais razão de ser: comportamentalismo radical e comportamentalismo significam a mesma coisa. À pergunta: “o que é comportamentalismo?” Responde-se: é comportamentalismo radical. Não se está dizendo que o comportamentalismo radical é uma versão do comportamentalismo (essa é a tese tradicional), mas, isto sim, que comportamentalismo é somente comportamentalismo radical[49].

A partir disso podemos perguntar quais são os pressupostos comportamentalistas. De uma maneira bastante resumida podemos dizer que é a partir de uma ontologia não essencialista e relacional, e de uma epistemologia pragmatista-selecionista que as explicações sobre o fenômeno comportamental serão abordadas[50]

Assumir uma ontologia não essencialista e relacional implica em dizer que no Comportamentalismo Radical nada há nada de imutável nas relações comportamentais, não há uma essência no ou do ser humano, no comportamento. A noção de relação é a propriedade relevante para o comportamentalismo[51]-[52]-[53]. Em relação a epistemologia pragmatista-selecionista, assumir tal postura permite uma visão pluralista de mundo, não mecanicista, destacando a importância das consequências em tal modelo. A faceta selecionista aproxima o modelo explicativo skinneriano ao modelo explicativo darwiniano[54].

Se faz oportuno agora explicar o modelo selecionista do comportamentalismo; o modelo de seleção pelas consequências[55]. Resumidamente, o modelo explicativo skinneriano descreve o processo de seleção em três níveis: 1) a filogênese (que diz respeito a história da espécie); 2) a ontogênese (diz respeito a história do indivíduo); 3) a cultura (diz respeito a história da cultura)[56]-[57]-[58]-[59]. Tal modelo explicativo é uma analogia ao modelo de seleção darwinista, principalmente no tocante aos processos de variação e seleção para explicar o comportamento[60]. Nesse sentido, o comportamento é entendido como um produto da relação entre o organismo e das condições ambientais que selecionam suas variações.

As noções de comportamento em relação a crítica wittgensteiniana

Embora Wittgenstein não desenvolveu um conceito propriamente dito de comportamento, não podemos negar o papel dessa noção para a compreensão do argumento da linguagem privada. O comportamento humano é naturalmente expressivo e isto é condição para a significação das palavras que usamos em substituição a este comportamento natural. Nas palavras de Fatturi[61], “o comportamento assume o papel de um critério para a compreensão do que é dito, isto é, saber usar a linguagem de maneira significativa é também saber o que fazer com as palavras diante das situações de emprego das mesmas”. O comportamento fornece os critérios lógicos para entendermos o que é chamado de vida mental[62]. Conforme salientado por Glock,

os fenômenos mentais não são redutíveis a suas expressões corporais e comportamentais, e tampouco são completamente dissociados destas. A relação entre os fenômenos mentais e suas manifestações comportamentais não é algo de natureza causal a ser descoberto empiricamente, por meio da teoria e da indução; trata-se antes de uma relação criterial: faz parte dos conceitos de fenômenos mentais particulares possuírem uma manifestação característica no comportamento[63].

Cabe agora fazermos duas questões: 1) as críticas wittgensteinianas ao behaviorismo metodológico seriam sanadas pelo comportamentalismo? 2) a noção de comportamento no comportamentalismo estraria sujeita as críticas de Wittgenstein? A partir das discussões realizadas até aqui, há elementos suficientes para buscar uma resposta a essas questões.

É importante ressaltar que na compreensão watsoniana de comportamento, assim como em Wittgenstein, não há uma negação dos fenômenos ditos mentais. O que há, é uma recusa por parte desta corrente de estudá-los, visto que não há como acessá-los. O fenômeno dito “mental” não é, sequer, um problema para o behaviorismo watsoniano, uma vez que seu objeto de estudo seria o comportamento observável[64]. Já no comportamentalismo skinneriano, uma interpretação do que corriqueiramente chamamos de “mental”, seria possível, uma vez que, como vimos, o termo “radical” designa o estudo dos fenômenos psicológicos sem ferir o campo do comportamento.

Talvez o primeiro aspecto para elaborarmos uma resposta as questões colocadas é, conforme salientado por Fatturi[65], que a problemática de Wittgenstein diz respeito ao uso de certas palavras de nosso vocabulário, de nosso dia a dia, e que, uma de suas consequências, é a formação de um vocabulário psicológico que visa tratar, especificamente, de nosso mundo interior. “A investigação, deste modo, é gramatical, e, de maneira alguma, científica ou epistemológica”[66]. Entretanto, é importante ressaltar que para Wittgenstein o não reconhecimento das questões por ele colocadas acerca da gramática dos termos psicológicos faz com que a ciência do comportamento não possa avançar, pois o entende de forma equivocada.

Pode-se dizer que o behaviorismo metodológico delimitava categoricamente qual seria o objeto de estudo da psicologia científica, cristalizando tal disciplina como ciência[67]-[68]. Já a respeito do comportamentalismo skinneriano, em certa medida, pode-se dizer que, além das investigações epistemológicas e científicas, também se preocuparia com investigações éticas, morais, políticas etc.[69] Assim sendo, conforme a crítica wittgensteiniana colocada, o não reconhecimento dela por parte do behaviorismo e do comportamentalismo, impediria que seu projeto se realizasse. 

Neste momento, um ponto interessante para dar continuidade as respostas das perguntas, está colocada em uma dicotomia de funcionalidade x causalidade. Já em Science and Human Behavior, Skinner, influenciado por Ernest Mach[70], alega a passagem de uma causalidade, ou seja, relação causa e efeito, para uma funcionalidade, ou seja, relação funcional, para a sua ciência do comportamento. Nas palavras do próprio Skinner,

a antiga “relação de causa e efeito” transforma-se em uma “relação funcional”. Os novos termos não sugerem como uma causa produz o seu efeito, meramente afirmam que eventos diferentes tendem a ocorrer ao mesmo tempo, em uma certa ordem. Isto é importante, mas não é decisivo. Não há especial perigo no uso de “causa” e “efeito” em uma discussão informal se estivermos sempre prontos a substituí-los por suas contrapartidas mais exatas[71].

Apesar de Skinner descartar a busca de uma relação de causa e efeito para a explicação do comportamento, e partir para um viés funcional, pode-se dizer que essa defesa funcionalista de uma explicação do comportamento é, ainda, uma busca por relações de causa e efeito. Dizer isso não é delimitar ou tachar o comportamentalismo skinneriano de determinista[72], é apenas dizer que seus experimentos, interpretação do comportamento humano ainda está pautado na velha identificação de variáveis, descrição previsão e controle do comportamento.

Para elucidar este ponto, faz-se importante retornar a questão das razões e das causas para Wittgenstein. Como vimos, para o filósofo austríaco as proposições em primeira pessoa fazem parte das razões que constituem o sentido do comportamento e estas não podem ser reduzidas a explicações de tipo causal. O estabelecimento das causas dos fenômenos é realizado por meio de observações e descrições em terceira pessoa, com o intuito de estabelecer as leis gerais que as explicam. Entretanto, a compreensão do comportamento humano não se esgota em generalizações do tipo causal, pois envolvem elementos tais como crenças, motivos e desejos, que tem nas proposições em primeira pessoa uma das suas formas de expressão. Nesse sentido, de acordo com Wittgenstein, ambas as perspectivas comportamentais, tanto a behaviorista watsoniana como a comportamentalista skinneriana, proporiam uma explicação causal, ou seja, os fenômenos explicados através da observação e da descrição em terceira pessoa.

Vemos aqui então, como também já discutimos anteriormente, que há um problema factual versus um problema normativo. As ciências de uma maneira geral, aqui incluso a psicologia científica, estariam preocupadas com essas explicações causais, de terceiro pessoal. Dito de outra forma, segundo a crítica wittgensteiniana, o behaviorismo metodológico e o comportamentalismo skinneriano estariam preocupados com questões factuais, como os fenômenos acontecem e podem ser observados, descritos e generalizados. Por sua vez, o problema de Wittgenstein seria um problema normativo, ou seja, do uso da linguagem, um problema gramatical.

Respondendo às perguntas propostas então, se as críticas wittgensteinianas ao behaviorismo metodológico seriam sanadas pelo comportamentalismo e se a noção de comportamento no comportamentalismo estraria sujeita as críticas de Wittgenstein, teríamos uma resposta negativa para a primeira pergunta e uma resposta positiva para a segunda.

As críticas de Wittgenstein ao behaviorismo metodológico não seriam sanadas pelo comportamentalismo, uma vez que as questões colocadas pela crítica wittgensteiniana não foram sanadas, e a noção de comportamento estaria sujeita sim a crítica de Wittgenstein justamente por conta do tipo de problema, factual, que o comportamentalismo lida e das suas explicações causais sobre o comportamento, mesmo com a alegação skinneriana de que sua ciência do comportamento deixaria de lado essas explicações causais e buscaria os aspectos funcionais[73]. Ora, essa funcionalidade parece ser apenas uma causalidade travestida de funcionalidade, uma vez que seus objetivos, previsão, descrição, controle, generalização continuam os mesmos.

Referências

ABIB, J. A. D. O que é comportamentalismo? In: BRANDÃO, M. Z. S. et al. (orgs.) Sobre Comportamento e Cognição, vol. 13, Santo André: ESETec, 2004, pp. 52-61.

ARAUJO, J. P. M. de. Linguagem privada em Wittgenstein: Sensação, comportamento e outras mentes. 2014. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Pernambuco.

CARRARA, K. Behaviorismo radical: Crítica e metacrítica. SciELO-Editora UNESP, 2005.

CHIESA, M. Behaviorismo radical: a filosofia e a ciência. Brasília: Editora Celeiro, 2006.

FATTURI, A. Mundo Interior e Expressão. A Filosofia da Psicologia de Ludwig Wittgenstein, 2009, pg. 179, Tese (Doutorado em Filosofia), Universidade Federal de São Carlos; São Carlos, SP, Brasil

FATTURI, A. Wittgenstein e as experiências psicológicas. Revista Dissertatio de Filosofia, v. 35, p. 209-226, 2012. Disponível em: http://www2.ufpel.edu.br/isp/dissertatio/revistas/35/11.pdf. Acesso em: 03 nov. 2020.

GLOCK, H. Dicionário Wittgenstein. Zahar, 1997.

GOODWIN, C. História da psicologia moderna. Editora Cultrix, 2015.

HACKER, P. M. S. Wittgenstein: meaning and mind. An analytical commentary on the Philosophical Investigations. Vol. 3. Basil Blackwell, oxford. 1990. Disponível em: https://muse.jhu.edu/article/637523/pdf. Acesso em: 27 mar. 2021

HACKER, P. M. S. Wittgenstein: sobre a natureza humana. UNESP, 1999.

HOLBOROW, L. C. Wittgenstein's Kind of Behaviourism? The Philosophical Quarterly, Vol. 17, No. 69 (Oct., 1967), p. 345-357. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/2217456?refreqid=excelsior%3A0e9969ec8662e5713d070db8b6bc3dff&seq=1. Acesso em: 22 mar. 2021

KENNY, A. Wittgenstein. Oxford: Blackwell Publishing, 2006.

LAURENTI, C. Determinismo, indeterminismo e behaviorismo radical. 414f. Tese (Doutorado). Programa de Pós-Graduação em Filosofia. Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, 2009.

LEÃO, M. de F. F. C.; LAURENTI, C.; HAYDU, V. B. Darwinism, radical behaviorism, and the role of variation in Skinnerian explaining behavior. Behavior Analysis: Research and Practice, v. 16, n. 1, p. 1, 2016. Disponível em: https://psycnet.apa.org/fulltext/2016-04491-001.html. Acesso em: 15 nov. 2020

LOPES, C. E.; LAURENTI, C. Comportamentalismo. In: ARAUJO, S. de F. et al. (Org.). Fundamentos filosóficos da psicologia contemporânea. 1ed. Juiz de Fora: Editora da UFJF, 2014, v., p. 87-130.

LOPES, C. E.; LAURENTI, C.; ABIB, J. A. D. Conversas pragmatistas sobre comportamentalismo radical (segunda edição revisada e ampliada). 2. ed. Curitiba: CRV, 2018. v. 1. 156p.

MELO, C. M.; CASTRO, M. S. L. B. . O conceito de sobrevivência das culturas e suas implicações para uma ética skinneriana. In: LAURENTI, C.; LOPES, C. E. (Org.). Cultura, democracia e ética: reflexões comportamentalistas. 1ed. Maringá: Eduem, 2015, v. 1, p. 43-73.

MUNDLE, C. W. K. “Private Language” and Wittgenstein’s kind of behaviorism. The Philosophical Quarterly, Vol. 16, No. 62 (Jan., 1966), p. 35-46. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/2217879?refreqid=excelsior%3Ac49828fa0b97a810ed63fde4347a3930&seq=1. Acesso em: 27 mar. 2021

REIS, C. S.; LAURENTI, C. Uma interpretação relacional da noção de atividade no comportamentalismo radical. Acta Comportamentalia, v. 27, n. 1, p. 91-107, 2019. Disponível em: http://www.revistas.unam.mx/index.php/acom/article/view/68757. Acesso em: 10 nov. 2020

SKINNER, B. F. Science and human behavior. Macmillan., 1953. 

SKINNER, B. F. Beyond freedom and dignity. Knopf/Random House, 1971. 

SKINNER, B. F. About behaviorism. Alfred A. Knopf, 1974.

SKINNER, Burrhus F. Selection by consequences. Science, v. 213, n. 4507, p. 501-504, 1981.

SKINNER, B. F. Upon further reflection. Englewood Cliffs, Prentice-Hall, 1987.

SKINNER, B. F. Recent issues in the analysis of behavior. Prentice Hall, 1989.

WATSON, J. B. Psychology as the behaviorist views it. Psychological review, v. 20, n. 2, p. 158, 1913.

WITTGENSTEIN, L.; Investigações Filosóficas. Tradução José Carlos Bruni. São Paulo: Editora Nova Cultural, p. 201, 1999.

Contribuições de autoria

1 – Autor: Luiz Guilherme Nunes Cicotte

Contribuição: Idealização, discussão, elaboração, escrita, correção e revisão do artigo.

2 – Autor: Mirian Donat

Contribuição: Discussão, elaboração, escrita, correção e revisão do artigo.



[1] GLOCK, Dicionário Wittgenstein, 87

[2] GLOCK, Dicionário Wittgenstein, 87

[3] HACKER, Wittgensgein: On human nature, 4

[4] HACKER, Wittgenstein: on human nature, 4-5

[5] WITTGENSTEIN, Investigações filosóficas, §307

[6] WITTGENSTEIN, Investigações filosóficas, §307

[7] HOLBOROW, Wittgenstein's Kind of Behaviourism? 345

[8] HACKER, Wittgenstein: meaning and mind. An analytical commentary on the Philosophical Investigations, 242

[9] GLOCK, Dicionário Wittgenstein, 56

[10] KENNY, Wittgenstein, 145-146

[11] MUNDLE, Private Language” and Wittgenstein’s kind of behaviorism,45

[12] GLOCK, Dicionário Wittgenstein, 87

[13] Em um certo sentido, podemos dizer que o behaviorismo tratado por Wittgenstein se manifesta nessas três formas em sua época.

[14] GOODWIN, História da psicologia moderna, 369

[15] CARRARA, Behaviorismo Radical: crítica e metacrítica, 29-74

[16] ABIB, O que é comportamentalismo? 60

[17] LOPES; LAURENTI, Comportamentalismo, 93

[18] LOPES; LAURENTI; ABIB, Conversas pragmatistas sobre comportamentalismo radical, 11

[19] ARAUJO, Linguagem privada em Wittgenstein: Sensação, comportamento e outras mentes, 7-8

[20] ARAUJO, Linguagem privada em Wittgenstein: Sensação, comportamento e outras mentes, 7-8

[21] A abordagem de Wittgenstein em relação à psicologia diz respeito apenas ao esclarecimento do funcionamento deste particular jogo de linguagem, não implicando em nenhuma tese acerca dos fenômenos psicológicos, pois: “é como se devêssemos desvendar os fenômenos; nossa investigação, no entanto, dirige-se não aos fenômenos, mas, como poderíamos dizer, às possibilidades dos fenômenos... Nossa consideração é, por isso, gramatical” (IF, § 90)

[22] ARAUJO, Linguagem privada em Wittgenstein: Sensação, comportamento e outras mentes, 6

[23] WITTGENSTEIN, Investigações filosóficas, §243

[24] ARAUJO, Linguagem privada em Wittgenstein: Sensação, comportamento e outras mentes, 8

[25] ARAUJO, Linguagem privada em Wittgenstein: Sensação, comportamento e outras mentes, 9

[26] ARAUJO, Linguagem privada em Wittgenstein: Sensação, comportamento e outras mentes, 8

[27] FATTURI, Mundo Interior e Expressão. A Filosofia da Psicologia de Ludwig Wittgenstein, 12

[28] FATTURI, Mundo Interior e Expressão. A Filosofia da Psicologia de Ludwig Wittgenstein, 12

[29] WITTGENSTEIN, Investigações filosóficas, § 201

[30] WITTGENSTEIN, Investigações filosóficas, §248

[31] ARAUJO, Linguagem privada em Wittgenstein: Sensação, comportamento e outras mentes, 16

[32] ARAUJO, Linguagem privada em Wittgenstein: Sensação, comportamento e outras mentes, 8

[33] ARAUJO, Linguagem privada em Wittgenstein: Sensação, comportamento e outras mentes, 48

[34] ARAUJO, Linguagem privada em Wittgenstein: Sensação, comportamento e outras mentes, 48

[35] WITTGENSTEIN, Investigações filosóficas, §244

[36] ARAUJO, Linguagem privada em Wittgenstein: Sensação, comportamento e outras mentes, 54

[37] ARAUJO, Linguagem privada em Wittgenstein: Sensação, comportamento e outras mentes, 54

[38] Segundo Wittgenstein, os equívocos do cartesianismo não foram evitados pelo behaviorismo, uma vez que continuava preso à mesma concepção referencialista de significação.

[39] HACKER, Wittgenstein: on human nature, 4-5

[40] GLOCK, Dicionário Wittgenstein, 89

[41] GOODWIN, História da psicologia moderna, 334-354

[42] GOODWIN, História da psicologia moderna, 352

[43] GOODWIN, História da psicologia moderna, 353

[44] ABIB, O que é comportamentalismo? 53

[45] ABIB, O que é comportamentalismo? 53

[46] ABIB, O que é comportamentalismo? 53-54

[47] ABIB, O que é comportamentalismo? 60

[48] LOPES; LAURENTI, Comportamentalismo, 91

[49] ABIB, O que é comportamentalismo? 60

[50] LOPES; LAURENTI, Comportamentalismo, 87-126

[51] ABIB, O que é comportamentalismo? 57

[52] LOPES; LAURENTI, Comportamentalismo, 94-99

[53] REIS; LAURENTI, Uma interpretação relacional da noção de atividade no comportamentalismo radical, 91-105

[54] LOPES; LAURENTI, Comportamentalismo, 99-107

[55] SKINNER, Selection by consequences, 501-504

[56] SKINNER, Selection by consequences, 501-504

[57] CHIESA, Behaviorismo Radical: a filosofia e a ciência, 189

[58] LAURENTI, Determinismo, Indeterminismo e Behaviorismo Radical, 361-362

[59] MELO; CASTRO, O conceito de sobrevivência das culturas e suas implicações para uma ética skinneriana, 87-130

[60] LEÃO; LAURENTI; HAYDU, Darwinism, radical behaviorism, and the role of variation in Skinnerian explaining behavior, 7

[61] FATTURI, Wittgenstein e as experiências psicológicas, 46

[62] HACKER, Wittgenstein: on human nature, 38

[63] GLOCK, Dicionário Wittgenstein, 90

[64] WATSON, Psychology as the behaviorist views it, 158

[65] FATTURI, Mundo Interior e Expressão. A Filosofia da Psicologia de Ludwig Wittgenstein, 88

[66] FATTURI, Mundo Interior e Expressão. A Filosofia da Psicologia de Ludwig Wittgenstein, 88

[67] WATSON, Psychology as the behaviorist views it, 158

[68] GOODWIN, História da psicologia moderna, 352

[69] Cf. a respeito SKINNER, Science and Human Behavior; SKINNER, Beyond freedom and dignity; SKINNER, About behaviorismo; SKINNER, Selection by consequences; SKINNER, Upon further reflection; SKINNER, Recent issues in the behavior analysis.

[70] CHIESA, Behaviorismo Radical: a filosofia e a ciência, 111

[71] SKINNER, Science and human behavior, 23

[72] Em Laurenti (2009) pode-se observar as discussões a respeito da causalidade e da relação determinismo/indeterminismo e a defesa de uma ciência do comportamento skinneriana indeterminista.

[73] SKINNER, Science and human behavior, 26