DOI

Publicação: 18/12/2019

 

by-nc-sa

 

Editorial

 

Editorial

 

Vilmar Debona

Doutor em Filosofia pela Universidade de São Paulo. Professor da Universidade Federal de Santa Maria. Editor-chefe da Voluntas: Revista Internacional de Filosofia.

debonavilmar@gmail.com

 

A Voluntas: Revista Internacional de Filosofia publica a sua vigésima segunda edição (Vol. 10, N. 3), referente ao quadrimestre de setembro a dezembro de 2019. Trata-se do terceiro número organizado sob as novas políticas editoriais do periódico, que a partir deste ano, além de eventuais edições especiais, passou a publicar três edições regulares anuais, cada uma dividida em um Dossiê temático e em uma Seção de Fluxo Contínuo intitulada Estudos Schopenhauerianos.

Nesse sentido, gostaria de frisar o que já havia mencionado nos dois últimos Editoriais: embora a Voluntas tenha dinamizado o seu perfil a partir do ingresso como atividade do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFSM, ela continua sendo uma revista temática especializada nos estudos sobre Schopenhauer. O fato de não ser mais exclusivamente “schopenhaueriana” não representa qualquer prejuízo para a continuidade da efetivação dos intentos que moveram a sua criação e perfilaram os números dos seus primeiros nove anos. Aliás, se excetuarmos o centenário Schopenhauer-Jahrbuch, publicado na Alemanha desde 1912 como anuário da Schopenhauer-Gesellschaft, a Revista Voluntas é a mais destacada sobre essa temática no cenário internacional e, de alguma forma, a mais “dinâmica”, se considerarmos que, além dela, há apenas mais duas revistas no mundo com o mesmo propósito: uma japonesa, que publica exclusivamente em japonês, e uma espanhola, criada recentemente. Ora, o caráter temático da revista não entra em conflito, mas, ao contrário, se harmoniza e se enriquece com o novo procedimento editorial de compor os números também com dossiês sobre assuntos variados, das diversas áreas da Filosofia. O caso do presente número é particularmente ilustrativo para revelar essa ideia, pois veicula, de uma parte, um dossiê em que predominam abordagens da área de epistemologia ou de filosofia analítica contemporânea; e, de outra parte, artigos sobre Schopenhauer centrados em temas de ética e estética.

O Dossiê “Filosofias da memória” é organizado pelos Profs. Drs. César Schirmer dos Santos e Tiegue Vieira Rodrigues (UFSM), pesquisadores da linha de “Linguagem, realidade e conhecimento” do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFSM, grandes especialistas no assunto do dossiê. Aproveito, então, para registrar os meus agradecimentos cordiais aos dois professores pelo esmero e pela competência investidos na revista durante todo o processo de edição, o que significa dizer: desde o momento em que propuseram um dossiê sobre o tema, passando pela divulgação da chamada, pelo processo de seleção, pelos contatos com os(as) autores(as), até as últimas revisões.

                A Seção Fluxo Contínuo dá continuidade, então, ao perfil originário do periódico mediante a publicação de quatro artigos sobre o “filósofo da vontade”, de cuja obra capital - O mundo como vontade e representação - celebramos 200 anos em 2019:

                Jarlee Oliveira Silva Salviano, em Complacência estética e satisfação do querer na Metafísica do belo de Schopenhauer, parte da descrição aparentemente ambígua da noção de gênio em O mundo para analisar o conceito schopenhaueriano de complacência ou satisfação estética (Wohlgefallen) e seu enraizamento na filosofia de Kant.

                Danilo Bilate de Carvalho, em O charlatanismo como problema estético-filosófico em Schopenhauer, apresenta e debate as questões filosóficas implicadas na acusação schopenhaueriana de charlatanismo contra seus adversários, indicando em que medida o charlatanismo pode ser compreendido como um problema filosófico, ao invés de mero xingamento.

Aguinaldo Pavão, em Liberdade, responsabilidade moral e justiça eterna em Schopenhauer, parte de premissas sobre as noções de liberdade e responsabilidade moral, assim como sobre a noção de justiça eterna da filosofia schopenhaueriana, em vista de mostrar um possível insucesso de Schopenhauer quanto à tentativa de elucidar juízos de responsabilidade moral.

                Por fim, Saulo Krieger, em Animalidade e apostasia da vontade: Nietzsche vê Schopenhauer, intenta mostrar de que modo o “caráter de Janus” da filosofia de Schopenhauer pautou a relação que com ela entabulou a filosofia de Nietzsche, aspecto este que, segundo o autor, pode ser visto como parcialmente relegado pela pesquisa Nietzsche, supostamente pelo fato de esta assumir a relação entre ambos como reduzida a binômios.

Agradeço a todas e a todos as(os) autores, pareceristas e colaboradores em geral, especialmente as(os) da Central de Periódicos da UFSM, sem as(os) quais a publicação deste número não seria viabilizada. Registro, em especial, um agradecimento a Matheus Diesel Werberich, pela dedicação e competência aplicadas nos processos de edição e diagramação.

 

Boa leitura!