DOI

Submissão: 10/09/2019 Aprovação: 10/09/2019 Publicação: 30/09/2019

 

by-nc-sa

Apresentação

 

Dossiê Interfaces da Filosofia Africana

Adilbênia Machado

Doutora em Educação–UFC

 

Luís Thiago Freire Dantas

Doutor em Filosofia–UFPR

 

Rogério Saucedo

Doutor em Filosofia-USP

Professor da UFPE

 

Renato Noguera

Doutor em Filosofia-UFRJ

Professor da UFRRJ

 

 

É com muita satisfação que apresentamos este dossiê: Interfaces da Filosofia Africana como edição especial da Voluntas: Revista Internacional de Filosofia. Antes de qualquer coisa, agradecemos ao editor principal, Vilmar Debona, que prontamente concordou em conceder esse número a uma tendência crescente nos estudos filosóficos brasileiros: a filosofia africana.

A leitora e/ou o leitor podem estranhar que tal dossiê esteja presente em uma revista que historicamente reservou-se a ser um espaço de discussão da filosofia do alemão Arthur Schopenhauer. Contudo no interior do percurso teórico desse filósofo sabemos que ele influenciou vários estudos que relacionaram Ocidente-Oriente a partir da filosofia vedanta. Uma influência iniciada no próprio Schopenhauer, pois fez do conhecimento dos Vedas base para os princípios de sua filosofia, a qual tinha o Nada como impulso da Vontade. Seguindo esse caminho, o primeiro dossiê em uma revista de filosofia reservada à filosofia africana ser justamente na Voluntas possui uma proximidade com esse aspecto biográfico da filosofia schopenhaueriana: um diálogo com outras filosofias.

Para uma melhor condução da leitura dividimos os artigos que compõem o dossiê em temáticas: Ancestralidade e corpo; Conversas filosóficas; Filosofia Política; e Filosofia Antiga. Com isso os 16 artigos apresentam as diferentes Interfaces que a filosofia africana possui e contribui para o pensamento filosófico. Assim abrindo o dossiê, na temática “Ancestralidade e corpo” encontramos os artigos: Odus: Filosofia Africana para uma metodologia afrorreferenciadade Adilbênia Machado; Filosofia da Macumba: a sacralização do corpo do negro na poética de Solano Trindade de Bas'Ilele Malomalo; “Só quem sabe onde é Luanda saberá lhe dar valor”: A tradição como herança ancestral de Julvan Moreira de Oliveira e de Kelly de Lima Farias e O que pode Elegbara? Filosofias do corpo e sabedorias de fresta de Luiz Rufino.

Na temática “Conversas Filosóficas” a gente lê os artigos: Ynari e a política da palabre na brincadeira das palavras de Luís Thiago Freire Dantas; Filosofar desde os arquipélagos: Filosofia afrodiaspórica como disputa de imaginários de Luís Carlos Santos e Eduardo David de Oliveira; Na travessia o negro se desfaz: vida, morte e memÓRÍa, possíveis leituras a partir de uma filosofia africana e afrodiaspórica de Eliseu Amaro Pessanha, Francisco Phielipe Cunha Paz e Luís Augusto Ferreira Saraiva; Filosofia Africana: um estudo sobre a conexão entre ética e estética deNaiara Paula; e Problemas de linguagem na filosofia africana de Rogério Saucedo Corrêa.

Na temática “Filosofia Política”, os artigos são: Racismo e democracia: uma leitura filosófica mbembeana de Renato Noguera, Rogério Luis Seixas e Brunior Francisco Alves; Políticas do Amor e Sociedades do Amanhã de Vinícius Silva e Wanderson Flor do Nascimento; Filosofia política moçambicana: por um novo projeto de democracia de Lorena Silva Oliveira; e  A legislação antirracista e a escola como lugar de confissão de Dirce Eleonora Nigro Solis e Fábio Borges do Rosário. E, por fim, compõe a temática “Filosofia Antiga” os artigos: Filosofia, ética e política de origem africana egípcia de Marcelo José Derzi Moraes; Cheikh Anta Diop e suas Linhas Extensivas: Pensamento e Crítica de Fernando Santos de Jesus; e Amenemope: Sobre o Uso do Tempo de Molefi Kete Asante com tradução de Aline do Carmo. Também encontramos nesse dossiê a resenha acerca do livro “Sambo, logo penso: afroperspectivas filosóficas para pensar o samba” feita por Nilton José Sávio com o título É possível pensar o samba por meio da filosofia?

Portanto, a riqueza de tais artigos abre mais uma porta para as pesquisas filosóficas no Brasil e permite que nosso olhar constitua muito mais em diálogos ao invés de interdições aos diversos modos da atividade filosófica.

 

Desejamos uma boa leitura!