Submissão: 26/08/2019 Aprovação: 26/08/2019 Publicação: 31/08/2019
Sabedoria Oriental
Sobre a religião universal em Vivekananda
On the universal religion in Vivekananda
Diana Chao Decock
Doutoranda em Filosofia pela Universidade de São Paulo.
Professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
decock.diana@gmail.com
Resumo: Este artigo analisa o conceito de religião universal em Vivekananda. No Parlamento Mundial das Religiões, o pensador indiano apresenta o hinduísmo e uma fonte teórica para embasar o pluralismo religioso. Ao percorrer suas principais palestras nos Estados Unidos e na Europa, demonstrar-se-á como Vivekananda concebe a religião universal sob a óptica da filosofia Vedānta.
Palavras-chave: Vivekananda; Religião universal; Filosofia indiana.
Abstract: This article analyzes Vivekananda’s concept of universal religion. In the World’s Parliament of Religions, the Indian thinker presents Hinduism and a theoretical source to support religious pluralism. Throughout his keynote speeches in the United States and Europe, we will demonstrate how Vivekananda conceives universal religion from the perspective of the Vedānta philosophy.
Keywords: Vivekananda; Universal religion; Indian philosophy.
Com seus célebres discursos no Parlamento Mundial das Religiões, nos Estados Unidos, Vivekananda torna-se, em 1893, uma das principais vozes do hinduísmo no Ocidente. O discípulo do místico Ramakrishna Paramahamsa é aplaudido em pé ao propor a harmonia inter-religiosa[1]. Unir todas as religiões contra toda irreligião e garantir o serviço a Deus e aos homens era o desafio proposto pelos organizadores do Parlamento.[2] Ao defender o pluralismo religioso, Vivekananda apresenta aspectos centrais do hinduísmo e aponta para um novo olhar sobre a religião. Neste artigo, percorreremos as principais palestras proferias pelo pensador indiano a fim de apresentar uma concepção de religião universal cujos parâmetros teóricos escapam do arcabouço filosófico ocidental e baseiam-se em outra matriz filosófica. Afinal, sua tarefa é, em suas palavras, “representar a filosofia da Índia, esta chamada de filosofia Vedānta.”[3]
Foram seis as palestras proferidas por Vivekananda durante os dezessete dias do Parlamento das Religiões, quais sejam: Resposta às boas-vindas (11 de setembro), Por que nós discordamos? (15 de setembro), Sobre o hinduísmo (19 de setembro), Religião não é a mais imperiosa necessidade da Índia (20 de setembro), Budismo, a concretização do hinduísmo (26 de setembro) e Discurso na sessão final (27 de setembro). Nelas, Vivekananda almejava não somente colocar o hinduísmo em uma posição de igualdade em relação às demais religiões, mas apresentar uma fonte teórica para embasar o pluralismo religioso.[4] Segundo Stroud, o monge hindu faz uso de uma série de estratégias retóricas para conquistar um público majoritariamente cristão, cujas impressões em relação ao hinduísmo baseavam-se em práticas consideradas “não civilizadas”. Sua visão de monismo foi capaz de incluir todas as religiões no seu próprio sistema, tornando-o assim, segundo o autor, uma das grandes personalidades da história da retórica.[5]
Ao lançarmos um olhar panorâmico sobre os discursos de Vivekananda no Parlamento, percebemos o enaltecimento do hinduísmo e a inclusão das demais religiões em sua perspectiva teórica. Em seu primeiro discurso, ele ressalta o orgulho de pertencer “à mãe de todas as religiões”, esta “que ensinou ao mundo tanto a tolerância quanto a aceitação universal.” [6] É possível encontrar no hinduísmo, aos olhos do pensador indiano, o embasamento teórico necessário para erradicar toda e qualquer forma de intolerância religiosa, uma vez que este concebe “todas as religiões como verdadeiras.”[7] Para justificar sua perspectiva, Vivekananda faz uso de dois textos sagrados: Ṛg Veda e Bhagavad Gītā. Do primeiro, ele proclama: “Como os rios que tem suas fontes em diferentes lugares e desaguam no mar, então, ó Senhor, os diferentes caminhos que os homens tomam devido a diferentes tendências, mesmo parecendo alguns tortuosos ou retos, todos levam a Vós.”[8] Do segundo, faz uso da seguinte passagem: “Quem quer que venha a mim, por quaisquer formas, eu o alcanço. Todos os homens lutam por caminhos que no fim levam a mim.”[9] Tais passagens ilustram a tese central do seu pluralismo religioso: a de que todas as religiões são caminhos para o mesmo fim. Sob esta perspectiva, as religiões se igualam pela meta e é esta que as tornam verdadeiras. Mas, se é a meta aquilo que as iguala, esse seria também o critério que as define? E as religiões que não visam o mesmo fim, estariam excluídas desta categoria? Vivekananda não elucida claramente as respostas para tais perguntas em seus discursos no Parlamento. Porém, torna-se claro que aquilo que iguala as religiões, ou seja, a meta, repousa em última instância no hinduísmo, ou, como alguns preferem destacar, no hinduísmo de Vivekananda.
Wilhelm Halbfass, aos passos de Paul Hacker, assume Vivekananda como um dos precursores do neo-hinduísmo. Tal nomenclatura refere-se à reinterpretação do hinduísmo tradicional, na qual elementos ocidentais norteiam a leitura dos textos sagrados indianos. Categorias e termos não encontrados originariamente nestes escritos tornam-se lentes de compreensão dos mesmos, como, por exemplo, o termo religião, cuja origem latina não encontra em sânscrito um termo correspondente.[10] Sem se atentar aos termos, ou fazer um exame minucioso sobre as escrituras, pois essa não era sua proposta ou “missão”, Vivekananda apresenta uma concepção de religião, sob a óptica do hinduísmo, considerado por ele, a religião dos Vedas[11].
Em sua terceira palestra, Sobre o hinduísmo, ainda no Parlamento das Religiões, encontramos alguns indícios da compreensão de Vivekananda de religião. O pensador indiano apresenta, em um primeiro momento, a religião dos hindus. Segundo ele, “todo objeto do seu sistema é a constante luta em tornar-se perfeito, tornar-se divino, alcançar e ver Deus.”[12] Logo em seguida, ele atribui a mesma meta a todas as religiões, de forma que esta deixa de ser uma característica exclusiva da religião dos hindus e torna-se a própria concepção de religião para os hindus, como demonstram as seguintes passagens:
Para o hindu, o homem não está viajando do erro para a verdade, mas da verdade para a verdade, da mais baixa para a mais elevada. Para ele todas as religiões, do mais baixo fetichismo para o mais alto absolutismo, significam as diversas tentativas da alma humana para alcançar e perceber o infinito[13].
Para o hindu, assim, o mundo inteiro das religiões é somente uma jornada, um vir a ser, de diferentes homens e mulheres, por meio de diferentes condições e circunstâncias, para o mesmo fim. Toda religião é somente a transformação do homem material em deus[14].
Nessas passagens, percebemos que, para Vivekananda, “alcançar e perceber o infinito” ou “tornar-se deus” não é uma exclusividade do hinduísmo, mas a característica essencial da religião. Se, por um lado, tal interpretação iguala todas as religiões, por outro, pode produzir um critério de exclusão, de forma que seria válido não considerar religiões aquelas que não visam o mesmo fim. A saída encontrada para incluir todas as religiões em sua própria perspectiva foi, em certa medida, apresentar o fim último como uma verdade cuja legitimidade assenta-se em uma “evidência demonstrativa”, para além de qualquer escritura ou instituição. Segundo ele, “o homem se torna divino, percebendo o divino. Ídolos, templos, igrejas ou livros são meros suportes, instrumentos de sua infância espiritual, que, no entanto, necessita progredir.”[15] Vivekananda estabelece que “tornar-se Deus” independe de qualquer dogma e, portanto, de qualquer teoria. Diferentes práticas visam a mesma experiência e mesmo que esta seja expressa de forma plural, no coração de tudo, segundo ele, “reina a mesma verdade”.[16]
Por mais que essa verdade possa ser comunicada de maneiras diferentes, Vivekananda a interpreta sob a luz do hinduísmo e constantemente, em seus discursos no Parlamento, prevalece uma valorização do hinduísmo e a tentativa de ler as outras religiões a partir de suas próprias lentes, como, por exemplo, na seguinte passagem: “Os budistas ou jainistas não dependem de Deus, mas toda força de sua religião é direcionada à grande verdade central de toda religião, transformar o homem em Deus. Eles não viram o pai, mas viram o filho. Mas quem vê o filho também viu o pai”[17]. Ou ainda, quando ele propõe em seu discurso Budismo, a concretização do hinduísmo que “Buda não foi compreendido adequadamente pelos seus discípulos”[18], como se houvesse de fato uma compreensão mais apropriada do que outra, demonstrando que a “evidência demonstrativa” pode ser melhor explicada por uma teoria, porém, a explicação não desconsideraria ou deslegitimaria a “percepção”.
A teoria pela qual Vivekananda se norteia é a da filosofia Vedānta, cuja origem assenta-se, assim como o hinduísmo, “na antiga literatura ariana conhecida como Vedas”[19]. No Parlamento, Vivekananda se apresenta como monge e representante do hinduísmo, mas em suas palestras e cursos proferidos ao longo de sua estadia nos Estados Unidos e na Europa, considera-se como porta voz da filosofia Vedānta, ou, para ser mais precisa, da filosofia Advaita,[20] vista por ele como “a mais bela flor da filosofia e da religião que qualquer país e em qualquer tempo já produziu.”[21] É a partir desta que ele estabelece os parâmetros interpretativos de sua concepção de religião, apresentada embrionariamente no parlamento pelo nome de religião universal.
Em 1896, Vivekananda, na cidade de Nova York, profere uma palestra intitulada O ideal de uma religião universal. Nesta, a preocupação em defender o hinduísmo cede espaço a uma grande apologia à religião universal. Sem tomá-la como hipótese, tal como fez no Parlamento,[22] Vivekananda afirma estar convencido de que “esta forma universal de religião já existe.”[23] Esclarece, no entanto, que esta não pode ser compreendida como um conjunto de doutrinas que deve ser acreditado por toda a humanidade. A existência da religião universal repousaria naquilo que universaliza todas as religiões:
Pela filosofia elevada ou rasa, pela mitologia mais sublime ou pela mais grosseira, pelo ritualismo mais refinado ou pelo completo fetichismo, toda seita, toda alma, toda nação, toda religião, de forma consciente e inconsciente, luta para elevar-se em direção a Deus.[24]
Nesta palestra, Vivekananda apresenta aspectos fundamentais para compreendermos a sua concepção de religião: os elementos que a constituem (mito, rito e filosofia) e a sua finalidade (elevar-se em direção a Deus), sendo esta não uma finalidade exclusiva da religião (toda alma, toda nação). Sobre os elementos, toda religião (ou pelo menos “as grandes religiões”, consideradas, por ele, como cristianismo, judaísmo, hinduísmo, islamismo, budismo, zoroastrismo) estabelece de forma abstrata, pela filosofia, os seus princípios básicos que, por sua vez, são ilustrados miticamente, pelas vidas concretas ou imaginárias de homens e seres sobrenaturais, e que acabam por justificar os atos sagrados do rito. São esses elementos que ressoam a diferença entre as religiões, uma vez que seus mitos, ritos e filosofias não são e nem devem ser universalizáveis.
Em uma Palestra no ano de 1900, na Califórnia, intitulada O caminho para a realização de uma religião universal, o pensador indiano não só afirma a importância de diferentes religiões, como prega que as seitas “devem se multiplicar de modo que no final haverá tantas seitas quanto há seres humanos e cada uma terá o seu próprio método, seu método individual de pensamento.”[25] Ressalta que todas as religiões são verdadeiras, pois todas bebem da mesma fonte, cada uma delas “pega uma parte da grande verdade universal e gasta a sua toda sua força para corporificar e tipificar aquela parte da grande verdade.”[26] Metaforicamente, a verdade seria como o sol que pode ser captado por diversas lentes, ou como a água do rio que pode ser bebida por diferentes instrumentos. As lentes e as vasilhas são diferentes meios de acessar a mesma verdade. Pois, como ele afirma em Sobre Alma, Deus e Religião, “o fim de todas as religiões é a percepção de Deus na alma. Essa é a única religião universal. Se houver uma verdade universal em todas as religiões, eu a coloco aqui - em perceber Deus”[27].
Constantemente, Vivekananda faz uso dos termos meta (goal) e fim (end) para explicar e, consequentemente, conceituar a referida religião universal. No entanto, é necessário frisar que “perceber Deus” não é unicamente a meta/fim, mas também a fonte originária da religião. Pois, como ele afirma em Unidade, a meta da religião, “uma linha reta projetada infinitamente torna-se um círculo, ela retorna ao ponto de partida. Deve-se terminar onde se começa, e se começou em Deus, deve-se retornar a Deus.”[28] Sob esta perspectiva, o começo e o fim da religião seriam os mesmos. Ou, em outras palavras, a religião consistiria em perceber que o começo e o fim são a mesma coisa, pois não há nada que não seja Deus. Afinal, “a ideia central da filosofia Vedānta é a unicidade (oneness).”[29] E a teoria monista repousa, em última instância, na tese de que “só o um existe, e que este um é tanto fenômeno quanto noumenon”[30]. Perceber esta unidade é se tornar esta unidade, não havendo, assim, qualquer distinção entre “perceber Deus” e “tornar-se Deus”. A percepção desta unidade[31] é a própria realização e aquilo que configura a religião universal.[32]
A partir do que expomos, podemos considerar que a religião universal não seria um sistema que envolve filosofia, mito e rito, mas aquilo que subjaz em todos os sistemas religiosos. Os diferentes sistemas ou instituições seriam diferentes manifestações da mesma essência, do encontro com Deus, cuja percepção do todo conduz a uma transformação do ser. Todas as religiões são verdadeiras pois tiveram sua origem na mesma experiência, da qual surgiram os diferentes conjuntos de regras e dogmas. Destaca-se, no entanto, que embora as religiões sejam baseadas em experiências universais, muitas vezes, elas acabam por valorizar a crença em detrimento da experiência, dificultando ou até mesmo impedindo a percepção:
O cristão pede para você acreditar em sua religião, para acreditar em Cristo como encarnação de Deus, para acreditar em um Deus, em uma alma e em um melhor estado da alma. Se eu perguntar por uma razão, ele diz que acredita neles. Mas se você for à nascente do Cristianismo, verá que ele é baseado na experiência. Cristo disse que viu Deus, os discípulos disseram que sentiram Deus, e assim por diante. Similarmente, no Budismo, é a experiência de Buda. Ele experimentou certas verdades, viu-as, entrou em contato com elas, e as pregou ao mundo. Assim com os hindus. Em seus livros os autores, chamados Ṛṣis, ou sábios, declaram ter tido experiência em certas verdades, e essas verdades pregam[33].
A experiência originária, da qual todas as religiões nasceram, cedeu lugar à crença em palavras e em rituais muitas vezes incapazes de conduzir à mesma experiência. Como se esta fosse um privilégio concedido aos fundadores das religiões, que muitas vezes levam seu nome e que jamais pode ser alcançada por um outro indivíduo ou por toda humanidade. A religião, segundo Vivekananda, não deveria, no entanto, ser baseada na experiência dos velhos tempos, pois, como já diziam os antigos sábios da Índia, “humano algum pode ser religioso enquanto não tiver por si mesmo as mesmas percepções.”[34]
A partir desta perspectiva, é necessário destacar que a tese de que todas as religiões são verdadeiras por conduzirem ao mesmo fim angaria sua legitimidade na experiência direta do seu fundador e não necessariamente no conteúdo teórico e prático que dela surgiu. O cristianismo e o budismo, tal como ele aponta, seriam legítimos porque Cristo e Buda transformaram os seus seres a partir da experiência com Deus. O conjunto de regras e crenças derivadas dessa experiência originária deveria conduzir à mesma experiência. Sem a efetividade prática, os diferentes sistemas religiosos seriam reflexos de uma verdade já alcançada, mas que requereria ser individualmente trilhada. Afinal, religião, nas palavras de Vivekananda, “é realização - e não conversa, doutrinas ou teorias, não importando quão lindas elas forem. É ser e tornar-se - e não ouvir ou reconhecer. É a alma toda mudando naquilo que ela acredita. Isso é religião.”[35]
Referências
BURKE, Marie Louise. Swami Vivekananda in the West: New Discoveries. vol. 1, Advaita
Ashram, 2000.
HALBFASS, Wilhelm. India and Europe. Motilal Banarsidass Publishers PVT. LTD. Delhi, 1990.
HALBFASS, Wilhelm. Philology and Confrontation: Paul Hacker on traditional and Modern Vedanta. Albany, NY: State University of New York Press, 1995.
NAICKER, Suren, Analysis of water-related metaphors within the theme of religious harmony in Swami Vivekananda’s Complete Works. In. HTS Teologiese Studies/Theological Studies, 2016.
SEN, Amiya P. Swami Vivekananda. Oxford University Press, 2000
STROUD, Scott R. The Pluralistic Style and the Demands of Intercultural
Rhetoric: Swami Vivekananda at the World’s Parliament of Religions, In. Advances in the History of Rhetoric, Vol 21, n 3, 2018.
ROLLAND, Romain. The life of Vivekananda and the universal Gospel, 2nd edn, Hollywood: Vedanta Press & Bookshop, 1953.
VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda. Volumes 1-9. Estados Unidos: Zhingoora Books, 2012.
[1] Sobre a vida de Vivekananda e seu encontro com Ramakrishna Paramahamsa, conferir a obra The life of Vivekananda and the universal Gospel de Romain Rolland.
[2] No artigo The Pluralistic Style and the Demands of Intercultural Rhetoric: Swami Vivekananda at the World’s Parliament of Religions, Scott R. Stroud apresenta o objetivo e a estrutura do Parlamento, organizado por Charles Carroll Bonney and John Henry Barrows.
[3] VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 1/Lectures And Discourses/The Spirit And Influence Of Vedanta, p.382.
[4] Stroud, S. “The Pluralistic Style and the Demands of Intercultural Rhetoric: Swami Vivekananda at the World’s Parliament of Religions, p. 258.
[5] Stroud, S. “The Pluralistic Style and the Demands of Intercultural Rhetoric: Swami Vivekananda at the World’s Parliament of Religions, p. 258.
[6] VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 1/Adresses at The Parliament of Religions/Response to Welcome, p.14, trad. nossa.
[7] VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 1/Adresses at The Parliament of Religions/Response to Welcome, p.14, trad. nossa.
[8] VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 1/Adresses at The Parliament of Religions/Response to Welcome, p.15, trad. nossa.
[9] VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 1/Adresses at The Parliament of Religions/Response to Welcome, p.15, trad. nossa.
[10] A utilização de termos ocidentais para compreender os ensinamentos dos Vedas, no entanto, não deslegitima a sua interpretação dos mesmos, mas anuncia novos desdobramentos teóricos inevitáveis diante do encontro do “ocidente” como o “oriente”.
[11] Vivekananda faz questão de frisar no Parlamento das Religiões que os Vedas não se resumem aos textos sagrados, mas a leis espirituais descobertas por diferentes pessoas em diferentes períodos. Essas leis existiriam independente da apreensão racional e cada ser humano poderia captá-las para além de qualquer escritura. A escritura seria unicamente a ilustração dessas leis, mas a legitimidade das mesmas exige uma “evidência demonstrativa” interna, não necessariamente autenticada por uma instituição.
[12] VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 1/Adresses at The Parliament of Religions/Paper on Hinduism, p.25, trad. nossa.
[13] VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 1/Adresses at The Parliament of Religions/Paper on Hinduism, p.28, trad. nossa.
[14] VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 1/Adresses at The Parliament of Religions/Paper on Hinduism, p.29, trad. nossa.
[15] VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 1/Adresses at The Parliament of Religions/Paper on Hinduism, p.28, trad. nossa.
[16] VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 1/Adresses at The Parliament of Religions/Paper on Hinduism, p.28, trad. nossa.
[17] VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 1/Adresses at The Parliament of Religions/Paper on Hinduism, p.30, trad. nossa.
[18] VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 1/Adresses at The Parliament of Religions/Buddhism, the fulfilment of hinduism, p.33, trad. nossa.
[19] VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 1/Lectures And Discourses/The Spirit And Influence Of Vedanta, p.382.
[20] Segundo Vivekananda, a filosofia Vedānta, possui 3 fases distintas, expressas por 3 escolas filosóficas: a escola dualista, a não-dualista qualificada e a não-dualista, a advaita. A escola dualista, representa a vasta massa do povo da Índia, e assemelha-se às grandes religiões da Europa e da Ásia Ocidental. Para os dualistas, o Deus é um ser perfeito, pessoal. Porém, segundo ele, a verdadeira filosofia Vedānta começa com os não dualistas qualificados, esta que apresenta um Deus ainda pessoal, mas que interpenetra tudo no universo. Já a escola advaita concebe um Deus impessoal, causa material e eficiente do universo, sendo este não só criador, mas também o criado. Segundo ele: “Esses são os três passos que o pensamento religioso hindu tomou em relação a Deus. Vimos que ele começou com um Deus pessoal, o Deus extra-cósmico. Foi do externo ao interno corpo cósmico, o Deus imanente na natureza, e terminou identificando a própria alma com aquele Deus, fazendo, assim, uma única alma, a unidade de todas essas diferentes manifestações no universo. Essa é a última palavra dos Vedas. Começa com o dualismo, passa pelo monismo qualificado e termina no perfeito monismo”. VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 2/Jnana-Yoga/ The Atman, p.235.
[21] VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 2/Jnana-Yoga/ The Atman, p.230.
[22] Ao final de seu discurso Sobre o hinduísmo, Vivekananda questiona a possibilidade de uma religião universal que “ se algum dia existir uma religião universal, deve ser uma que não tenha local no tempo e no espaço,” indicando que o hinduísmo não abarcaria tal característica, embora, curiosamente, ele descreva tal religião como aquela “na qual não haverá lugar para perseguição ou intolerância em seu regime, que reconhecerá divindade em todo homem e toda mulher e cujo âmbito todo, cuja força toda estará centrada em ajudar a humanidade a perceber a sua própria natureza divina e verdadeira”. VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 1/Adresses at The Parliament of Religions/Paper on Hinduism, p.30, trad. nossa.
[23] VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 2/ Practical Vedanta and other lectures/The Ideal of a Universal Religion, p.350, trad. nossa.
[24] VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 2/ Practical Vedanta and other lectures/The Ideal of a Universal Religion, p.353, trad. nossa.
[25] VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 2/ Practical Vedanta and other lectures/ The Way to the Realisation of a Universal Religion, p.335, trad. nossa.
[26] VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 2/ Practical Vedanta and other lectures/ The Way to the Realisation of a Universal Religion, p.337, trad. nossa.
[27] VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 1/Lectures And Discourses/ Soul, God And Religion, p.324, trad. nossa.
[28] VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 3/Lectures and Discourses/Unity, the Goal of Religion, p.10, trad nossa.
[29] VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 2/ Practical Vedanta and other lectures/ Pratical Vedanta Part 1, p.274, trad. nossa.
[30] VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 2/ Practical Vedanta and other lectures/ Pratical Vedanta Part III, p.306, trad. nossa.
[31] Nos discursos após o Parlamento, Vivekananda apresenta um outro termo, de origem sânscrita, cujo significado reside também nesta percepção/realização da unidade, ou de Deus. Em O ideal de uma religião universal, ao afirmar que “a religião deve ser capaz de mostrar como perceber o conhecimento que ensina que esse mundo é único, que há apenas uma existência no Universo”, Vivekananda anuncia o seu ideal de religião, baseado no ideal de um homem perfeito. Segundo ele, as mentes humanas devem possuir de forma equivalente os seguintes elementos: filosofia, misticismo, emoção e trabalho, de forma que seu “ideal de religião é tornar-se equilibrado de forma harmoniosa em todas essas quatro direções. Esse ideal é atingido pelo que nós na Índia chamamos de yoga – união.” Essa união pode ocorrer de quatro formas distintas: “Para o trabalhador, é a união entre ele e toda humanidade; para o místico, a união entre o seu Self inferior e seu Self superior; para o amante, a união entre ele mesmo e o Deus do amor, e para o filósofo, a união com toda a existência. Isso é o que queremos dizer por yoga. Esse é um termo sânscrito e essas quatro divisões do yoga tem, em sânscrito, nomes diferentes. O homem que busca esse tipo de união é o yogi. O trabalhador é chamado karma-yogi. Aquele que busca união pelo amor é chamado de bhakti-yogi. Aquele que busca pelo misticismo é o rāja-yogi. E aquele que busca pela filosofia é o jñāna-yogi. Então, essa palavra yogi compreende todos eles.” O yoga é exaustivamente trabalhado em seus discursos e cursos posteriores, que foram reunidos e transformados em diferentes obras, cujas seleções e titulações baseiam-se em diferentes modos de yoga: “Karma-yoga”, “Jñāna -yoga”, “Bhakti-yoga” e “Rāja-yoga.” VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 2/ Practical Vedanta and other lectures/The Ideal of a Universal Religion, p.357, trad. nossa.
[32] A percepção da unidade faz com que haja uma mudança no próprio ser, por isso, a percepção é a realização, e o termo em inglês utilizado por Vivekananda, realize, apresenta ambas conotações.
[33] VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 1/Raja-Yoga/ Chapter 1, p.126, trad. nossa
[34] VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 1/Raja-Yoga/ Chapter 1, p.127.
[35] VIVEKANANDA, The Complete Works of Swami Vivekananda/Volume 2/ Practical Vedanta and other lectures/The Ideal of a Universal Religion, p.364, trad. nossa.