Arte Wixárika nos museus do mundo

 

Wixárika art in the world's museums

 

 

María José Sánchez Usón 1

Universidade Autónoma de Zacatecas, Francisco García Salinas, México

 

 

Resumo

O conceito de internacionalização, que tem suas origens na estrutura das relações político-econômicas, comerciais e de mercado dos países, agora transcendeu para outras esferas sociais, como para as minorias étnicas. O México aderiu a essa tendência crescente e impulsionou a deslocalização e a circulação internacional de bens de consumo e mercadorias, bem como marcas identitárias. É aqui que os povos indígenas adquiriram, nos últimos anos, uma considerável visibilidade e destaque nunca alcançados. Este artigo tem como objetivo demonstrar que o povo Huichol não permaneceu à margem dessa inclinação, mas que, ao contrário, por meio de seu artesanato e arte, atuam como embaixadores do México no exterior. Para comprovar essa afirmação, foram encontradas marcas da arte Huichol nos principais museus do mundo, confirmando sua importância, riqueza e beleza.

Palavras-chave: Povo Huichol; Internacionalização; Arte; Museus.

 

 

Abstract

The concept of internationalization, which originated in the framework of countries' political-economic, business and market relations, has now transcended into other social spheres, such as, for example, ethnic minorities. Mexico has joined this growing trend, and has promoted the offshoring and international circulation of consumer goods and merchandise as well as signs of identity. It is at this point where indigenous peoples have acquired, in recent years, a consideration, visibility and prominence never before achieved. This paper aims to demonstrate that the Huichol people have not remained on the sidelines of this trend, but, on the contrary, through their crafts and art they serve as ambassadors of Mexico abroad. To prove this assertion, traces of Huichol art have been traced in the main museums of the world, confirming its importance, richness and beauty.

Keywords: Huichol people; Internationalization; Art; Museums.

 

 

Os Huichol são um povo nativo mexicano que vive em um território de aproximadamente 4.000 km², localizado entre os estados de Jalisco, Nayarit, Durango e Zacatecas. Eles se autodenominam Wixaritari (singular Wixárika), que significa “agricultores de milho” (Diguet, 1992, p. 121); Huicholes (singular Huichol) é um nome dado a eles externamente pela população Taiware, ou não Huichol.

Sua visão do mundo gira em torno do ‘el costumbre’, ou tradição, e de sua religião. Eles são principalmente politeístas animistas, embora também pratiquem um sincretismo indígena e católico complexo. Ligados às suas crenças religiosas, eles celebram muitos festivais rituais, envolvendo cerimônias de sacrifício presididas por um mara'akame ou xamã, nas quais é comum comer peiote, ou cacto sagrado.

Eles também são camponeses que cultivam milho, migrantes em busca de várias fontes de emprego e artesãos que fazem objetos bonitos e coloridos, principalmente de chaquira. Seus artesanatos, enigmáticos e simbólicos, são verdadeiras obras de arte e incorporam suas viagens cósmicas produzidas pelo consumo de peiote, o elo entre a terra e a dimensão cosmogônica de sua cultura. Foram essas produções que deram aos Huicholes uma dimensão internacional, tornando-os visíveis em todo o mundo. Hoje, a arte Huichol é reconhecida e valorizada na América, Ásia e Europa, embora seja obviamente no México que sua presença é mais forte, expressa em exposições permanentes e temporárias.

Na Cidade do México, o Museu Nacional de Antropologia abriga, no Salão Gran Nayar, muitas de suas manifestações, incluindo ‘La visión de Tatutsi Xuweri Timaiweme’ (‘A visão de Tatutsi Xuweri Timaiweme’), um mural de José Benítez Sánchez, um artista Huichol do estado de Nayarit. O valor dessa obra como fonte etnográfica é incalculável, pois inclui referências a aproximadamente 13 divindades, 9 mitos cosmogônicos e 9 símbolos representativos do pensamento imaginativo e criativo dos Huicholes. As narrativas mitológicas desse grupo indígena estão entrelaçadas e incorporadas nela.

 

Imagem 1 Mural ‘La visión de Tatutsi Xuweri Timaiweme’ (‘A visão de Tatutsi Xuweri Timaiweme’). José Benítez Sánchez.

 

La visión de "Tatutsi Xuweri Timaiweme", un acercamiento a la cosmovisión  huichol

Fonte: Museo Nacional de Antropología, Ciudad de México.

Ao lado do Museu Nacional de Antropologia, o Museu de Zacatecas, localizado na cidade de Zacatecas, deve ser mencionado. Esse museu é composto por diferentes salas, dedicadas principalmente à arte religiosa e popular, que informam sobre a identidade do povo de Zacatecas. Entre elas, vale a pena mencionar a Sala de Arte Huichol, que reúne numerosas e variadas peças, como, por exemplo, o conjunto de tapeçarias reunidas pelo médico belga Enrique F. Mertens, o arquivo fotográfico dos pesquisadores Colette e John Lilly e a coleção etnográfica do especialista em mundos indígenas Leobardo Villegas Mariscal. Uma menção especial deve ser feita ao magnífico mural ‘Visión de um mundo místico’ (‘Visão de um mundo místico’), do renomado artista Wixárica Santos de la Torre Santiago.

Imagem 2 – ‘Visión de um mundo místico’ (‘Visão de um mundo místico’).

Santos de la Torre Santiago.

 

[object Object]

Fonte: Museo Zacatecano, Zacatecas.

 

Muitos outros museus do México protegem o patrimônio da arte Huichol, por exemplo: Museu Etnográfico Huichol Wixárika, Guadalajara, Museu dos Cinco Povoados, Tepic, Museu Regional de Puebla, Puebla, Museu da Arte Popular, Cidade do México, Museu das Culturas Populares e Museu da Arqueologia Ganot-Peschard, ambos em Durango, Centro Cultural Real de Catorce, localizado na Antigua Casa de Moneda, Real de Catorce etc. Em todos eles, bem como em outras instalações, são incluídas coleções permanentes ou são inauguradas exposições temporárias todos os anos que aproximam a criação Huichol do público, estabelecendo uma comparação entre o mundo Wixarica e as diferentes culturas indígenas de cada estado da República.

A divulgação realizada por esses museus e suas exposições nacionais permitem que a arte e os artistas Huicholes sejam conhecidos e valorizados internacionalmente. Esse é o caso dos artistas já mencionados José Benítez Sánchez e Santos de la Torre Santiago. As obras desse último estão expostas em Zacatecas ‘Visión de un mundo místico’ (‘Visão de um mundo místico’), em Nayarit ‘Diosa Madre del Caballo, Xotori K’kiari’ (‘Deusa Mãe do Cavalo, Xotori K’kiari’), e em Chicago ‘El nuevo amanhecer’ (‘O novo amanhecer’), e são conhecidas em Paris, Berlim, Londres e Nova York.

Como mencionado acima, na capital francesa é possível admirar o mural ‘Pensamiento y alma Huichol’ (‘Pensamento e alma Huichol’), que o governo mexicano doou à França em 1997 para comemorar o trigésimo aniversário da construção do metrô da Cidade do México com apoio e tecnologia franceses. Essa obra está localizada do lado de fora da estação Palais Royal-Musée du Louvre, uma das entradas do famoso museu francês. Embora não esteja em uma galeria oficial, a França contribuiu para a expansão da arte Wixárika com essa criação. Assim como as de Santos de la Torre, as produções de José Benítez, além das do Museu de Antropologia da Cidade do México, são exibidas na maioria dos locais de cultura e criação indígena e popular dos Estados Unidos e chegaram ao Canadá, à maioria dos países europeus e ao Japão.

 

Imagem 3  Mural ‘Pensamiento y alma huichol’ (‘Pensamento e alma Huichol’).

Santos de la Torre Santiago.

 

Una sala de estar

Descripción generada automáticamente con confianza baja

Fonte: Palais Royal-Musée du Louvre, Paris.

 

Essa experiência deu origem a outros projetos semelhantes, como ‘México en Gran Bretaña’ (‘México na Grã-Bretanha’), ‘México en Italia y el Vaticano’ (‘México na Itália e no Vaticano’), ‘México en España’ (‘México na Espanha’), ‘México en Alemania y Austria’ (‘México na Alemanha e na Áustria’) e ‘México em Europa’ (‘México na Europa’), cujo objetivo era tornar a cultura do povo Huichol conhecida no continente europeu, juntamente com a de outros grupos indígenas do México, e gerar laços de geminação e cooperação entre o México e os países europeus participantes, propagando assim o conceito de internacionalização cultural. Com base em abordagens semelhantes, existem atualmente várias instituições museológicas internacionais em todo o mundo que exibem obras de arte Huichol. Entre elas estão as seguintes: 

American Museum of Natural History, Nova York. Esse museu, um dos mais antigos e importantes dos Estados Unidos (1869), tem aproximadamente 1.400 peças relacionadas ao México e à América Central, além de mais de 5.500 objetos arqueológicos e etnográficos. Esses objetos incluem exemplos notáveis da cultura Huichol (utensílios de barro, roupas, trajes, tapeçarias, ‘olhos de deus’, bules, cachimbos de catlinita, arcos, jícaras, flechas rituais, instrumentos musicais e até mesmo restos de espigas e sementes de milho). Essa seção inclui material das coleções particulares da fotógrafa britânica Elsie McDougall, do psicólogo social canadense Otto Klineberg e, acima de tudo, do etnógrafo norueguês Carl Lumholtz. Mais de 1.700 fotografias das viagens de Lumholtz ao México, datadas de 1890 a 1899, foram preservadas.

Imagem 4 Cintos Huicholes.

Imagen que contiene Texto

Descripción generada automáticamente

Fonte: American Museum of Natural History, NovaYork.

 

National Museum of Mexican Art, Chicago. Fundado em 1982, sua coleção permanente inclui duas peças excepcionais da arte Wixárika: ‘Caminante silencioso’ (Caminhante silencioso) de José Benítez, e o mural chaquira de Santos de la Torre ‘El Nuevo amanecer’ (O novo amanhecer), que pertence à seção de Arte Popular.

Imagem 5 – Mural ‘El nuevo amanecer’ (‘O novo amanhecer’). Santos de la Torre Santiago.

National Museum of Mexican Art Chicago

Fonte: National Museum of Mexican Art, Chicago.

 

Deve-se observar também que esse museu se caracteriza pelo número e pela qualidade das atividades (exposições temporárias, oficinas de têxteis e pintura etc.) que fornece em torno da disseminação da cultura Huichol. Um evento digno de nota, devido à importância de seu conteúdo e alcance, foi a exposição itinerante ‘La nación huichol, Del mar al desierto’ (‘A nação Huichol. Do mar ao deserto’), inaugurada em 2011 na galeria principal desse local.

A exposição, organizada em colaboração com a associação Conservação humana A.C. e com curadoria de Humberto Fernández, Regina Lira, Collette Lilly e Cesáreo Moreno, foi posteriormente transferida para o Centro Cultural Real de Catorce, localizado na Antigua Casa da Moeda, na cidade de Real de Catorce, no estado de San Luis Potosí.

Imagem 6 – Exposição ‘La nación huichol, Del mar al desierto’

(A nação Huichol. Do mar ao deserto’).

Imagen que contiene interior, cuarto, verde, tabla

Descripción generada automáticamente

Fonte: National Museum of Mexican Art, Chicago. Fot. Michael Tropea.

 

A exposição reuniu obras de mais de trinta criadores e colecionadores de todo o mundo, como o artista Huichol Benito de la Cruz Carrillo e o fotógrafo americano John Lilly, além de contribuições do Art Institute e do Field Museum of Natural History em Chicago, do Smithsonian's National Museum of the American Indian, em Washington e Nova York, do Smithsonian's National Anthropological Archives em Suitland, Maryland, e da coleção etnográfica de Leobardo Villegas Mariscal, alojada no Museo Zacatecano, na cidade de Zacatecas.

The Field Museum of Natural History, Chicago. Foi inaugurado em 1893, por ocasião da World's Columbian Exposition, recebendo o nome de Columbian Museum of Chicago. Em 1905, passou a se chamar Field Museum em homenagem ao empresário e filantropo americano Marshall Field. Além de sua grande compilação de história natural, guarda objetos de procedência antropológica e etnológica, 177 dos quais são de arte e cultura Huichol para consulta restrita.

Imagem 7Chapéu de mara'akame.

Una caricatura de una persona

Descripción generada automáticamente con confianza baja

Fonte: The Field Museum of Natural History, Chicago. Doação Joaquín M. Preciado.

 

 

Smithsonian National Museum of the American Indian, Washington e Nova York. Dois dos dezenove museus do Smithsonian Research Institute estão localizados em Washington e Nova York. Entre eles, há uma importante coleção de 1084 ferramentas materiais e 59 arquivos fotográficos, além de documentários sobre a cultura Huichol. Vale ressaltar que foi a sede de Washington que recebeu o famoso ‘Vochol’ em 2012, com o objetivo de fazer parte da exposição ‘Vochol: Huichol Art on Wheel’ (‘Vochol’: Arte Huichol sobre rodas). A partir daí, a peça percorreria os Estados Unidos, antes de ser levada para Berlim, Wolfsburg, Frankfurt, Bruxelas e Paris. Foi na capital francesa que el ‘Vochol’ encerraria sua ‘viagem’, para ser exibida no Musée du Quai Branly (Imagem 32).

Imagem 8 violino e arco.

Image 1 for Violin and bow

Fonte: Smithsonian National Museum of the American Indian. Nova York.

Doação David Williams Yeaman, Alice Banks Yeaman y John Pannill Yeaman.

 

Imagem 9 – Cadeira shaman.

Image 1 for Shaman's chair

Fonte: Smithsonian National Museum of the American Indian, Nova York.

Coleção Donald Bush Cordry.

 

 

Fine Arts Museum, São Francisco. Esse museu tem dois locais: o De Young Museum e o Legion of Honor, nos quais estão abrigados objetos de arte europeus, pré-colombianos e africanos. As manifestações da cultura Huichol catalogadas nessas instalações não estão em exibição no momento.

Imagem 10 – ‘The Life Force of Peyote’ (‘A força vital do peiote’). Ramon Medina Silva.

Un dibujo animado

Descripción generada automáticamente con confianza baja

Fonte: Fine Arts Museum. Legion of Honor, San Francisco. Doação Peter F. Young.

 

Fowler Museum da Universidade da Califórnia (UCLA), Los Angeles. Localizado no campus de Westwood da UCLA, foi inaugurado em 1992 e recebeu seu nome em homenagem ao colecionador Francis E. Fowler Jr., de cuja fundação privada recebeu um apoio significativo. Entre outras coleções de cultura material americana, exibe obras dos artistas Huicholes Ramon Medina Silva e José Benítez Sánchez.

Imagem 11 Placa de fios. Ramón Medina Silva.

Un dibujo de una persona

Descripción generada automáticamente con confianza baja

Fonte:  Fowler Museum, Los Ángeles. Coleção Peter T. Furst.

 

 

 

Imagem 12 Placa de fios. José Benítez Sánchez.

 

Fonte: Fowler Museum, Los Ángeles. Doação Ronald Landi.

 

Los Angeles County Museum of Art, Los Angeles. O LACMA, construído em 1961, é um museu de grande alcance e conteúdo, exibindo obras de diversos gêneros artísticos que datam do mundo antigo até os dias atuais. A arte Huichol também está representada aqui.

Imagem 13 – Violino Huichol.

Imagen que contiene exterior, agua, parado, grande

El contenido generado por IA puede ser incorrecto.

Fonte: Archivo Manuel Álvarez Bravo. Los Angeles County Museum of Art, Los Ángeles. Doação Walter Matzner.

 

Mingei International Museum, San Diego. Fundado em 1974 pela professora e criadora Martha W. Longenecker, esse museu recebeu seu nome em homenagem ao movimento japonês de artes e artesanato conhecido como mingei, pois foi no Japão que a fundadora estudou cerâmica. O museu exibe, entre outras peças de povos nativos, obras de artesãos e artistas Huicholes, como Benito de la Cruz Carrillo.

Imagem 14 – Placa de fios ‘Ceremony of the Hun’t (‘Cerimônia de A Caça’). Benito de la Cruz.

 

Imagen que contiene foto, decorado, colorido, tabla

El contenido generado por IA puede ser incorrecto.

Fonte: Mingei International Museum, San Diego.

 

Museu de Arte e Bloco Histórico, Tucson. Esse museu, localizado no Arizona e parte da American Alliance of Museums, foi inaugurado em 1975. Como seu nome sugere, ocupa um quarteirão inteiro no centro histórico da cidade, expandindo suas instalações nos últimos anos para acomodar uma grande coleção de obras que abrangem 3.000 anos de história. Entre elas estão as coleções etnográficas da América Latina e de artes indígenas, cujo catálogo inclui 22 objetos de arte Huichol.

Imagem 15 – Placa de fios “Men Making Offering to the Sun and the Earth”

(‘Homens fazendo oferendas ao Sol e à Terra’).

Una caricatura de una persona

Descripción generada automáticamente con confianza media

Fonte:  Museum of Art and Historic Block, Tucson. Doação Will y Pat Daniel.

 

Museum of Indian Arts and Culture, Santa Fé, Novo México. A seção de Antropologia do Museum of Indian Arts and Culture possui uma coleção de arte Huichol da coleção etnográfica do antropólogo americano Robert Mowry Zingg (1900-1957), principalmente do trabalho de campo que ele realizou na década de 1930 na cidade de Tuxpan de Bolaños, Jalisco. Em 2010, o museu exibiu parte dessa coleção em uma exposição intitulada Huichol Art and Culture: Balancing the World (Arte e Cultura Huichol: Equilibrando o Mundo), composta por tecidos Huichol, flechas, jícaras, cadeiras, penas, roupas bordadas e ornamentos que, como o museu descreveu, “[…] attest to a time and a culture where art objects were made for everyday and ceremonial use, not tourist consumption.” (Huichol Art and Culture, 2010).[1]

Imagem 16 Jicara votiva.                                                           Imagem 17 Placas de lã.

Cuenco de calabaza Vovite                                       Sacred yarn boards

 

Fonte:  Museum of Indian Arts and Culture,              Fonte: Museum of Indian Arts and Culture,

        Santa Fe. Coleção Robert M. Zingg.                          Santa Fe. Coleção Robert M. Zingg.

                         Fot. Blair Clark.                                                            Fot. Blair Clark.   

 

                                         

Museum of the Red River, Idabel, Oklahoma. Por iniciativa do empresário Quintus Herron e sua esposa Mary, esse museu foi fundado em 1974 com o objetivo de preservar e apresentar os materiais recuperados de escavações arqueológicas locais. Em 1980, ele foi ampliado para incluir peças de arte e arqueológicas de todas as Américas, inclusive amostras da cultura Huichol.

 

Imagem 18 – Placa de fios. Apolonio de la Cruz.

Yarn-Painting

Fonte: Museum of the Red River, Idabel, (Oklahoma). Doação Fred Fagan.

 

 

The Penn Museum, Filadélfia. É um museu de antropologia e arqueologia pertencente à Universidade da Pensilvânia. Ele abriga uma grande coleção composta por mais de 471 objetos diversos da arte Huichol (jícaras e flechas rituais, mochilas, faixas, máscaras, cintos, pinturas com fios etc.). Dessa coleção, destacam-se 30 obras do artista José Benítez Sánchez. A maioria dessas peças foi feita no final dos anos 1980 e início dos anos 1990.

Imagem 19 – Placa de fios ‘Peregrinos al desierto’. (‘Peregrinos para o deserto’).

José Benítez Sánchez.

 

113440

Fonte: The Penn Museum, Filadelfia. Fot. Blair Clark. Mark D. Lang.

 

 

 

Imagem 20 – Verso da imagem 19 com uma explicação da obra por seu autor.

 

110940

 

 

Ethnologisches Museum, Berlim. A exposição de arte Huichol do museu é baseada na pesquisa de Konrad Theodor Preuss (1869-1938), antropólogo alemão que se dedicou a estudar as comunidades indígenas estabelecidas no território conhecido como Gran Nayar, incluindo os Huicholes. Entre 1905 e 1907, Preuss fez várias viagens ao território e retornou à Alemanha com cerca de 2.300 objetos e mais de 5.000 páginas de anotações e testemunhos de seus informantes locais.

A coleção etnográfica permaneceu lá até a Segunda Guerra Mundial. Durante a guerra, as anotações de Preuss e a maioria dos materiais étnicos coletados foram reduzidos a cinzas. Em 2019, soube-se que a parte da coleção que foi salva consistia em ferramentas, roupas, tecidos, utensílios domésticos e objetos votivos, todos eles únicos e muito valiosos por sua antiguidade. Em 2005, uma comissão mexicana de especialistas, incluindo dois especialistas Huichol, viajou para Berlim, na Alemanha, para visitar e catalogar essa parte da coleção.

 

 

Imagem 21 Estatueta de águia representando uma divindade Huichol.

 

Imagen que contiene oso, oso de peluche, relleno, pequeño

Descripción generada automáticamente

Fonte: Ethnologisches Museum, Berlim. Coleção Konrad Theodor Preuss.

 

 

Ethnografiska Museerna, Estocolmo. Parte dos Museus Nacionais de Cultura Mundial da Suécia, esse museu, localizado no distrito de Gärdet, exibe coleções etnográficas e antropológicas de todo o mundo, principalmente dos séculos XIX e XX. Entre elas está uma coleção de mais de 300 objetos diversos da cultura material Huichol de lugares como Real de Catorce, Tuxpan de Bolaños, San Blas e San Andrés Cohamiata. Também tem uma interessante coleção de fotografias do povo Wixárika, tiradas pela etnóloga dinamarquesa Bodil Christensen durante suas viagens ao México na década de 1930.

 

 

 

 

Imagem 22 Setas votivas.

Fonte: Etnografiska Museerna, Estocolmo. Doação John Hedberg.

 

 

Imagem 23 Grupo de Huicholes.

bild

Fonte: Etnografiska Museerna, Estocolmo. Fot. Bodil Christensen.

 

Världskulturmuseet, Gotemburgo. Esse novo museu, inaugurado em 2004, oferece uma interpretação disciplinar da arte material da cultura mundial. Ele abriga 273 fotografias do explorador e etnógrafo norueguês Carl Lumholtz, bem como objetos da coleção do etnólogo alemão Konrad Theodor Preuss e da colecionadora sueca Nelly Gerda Wäsström-Sjölander, incluindo peças de arte Huichol.

 

 

Imagem 24 – Placa de fios.

bild

Fonte:  Världskulturmuseet, Gothenburg. Coleção Nelly Gerda Wäsström-Sjölander.

 

Kulturhistorisk museum ved Universitetet i Oslo, Oslo. Ele foi fundado em 1999 com o objetivo de reunir várias coleções em um grande conjunto. Vale ressaltar que uma parte significativa do material fotográfico e fonográfico que o viajante norueguês Carl Lumholtz coletou durante suas viagens pelo território Huichol na Sierra Madre Occidental do México no final do século XIX está preservada aqui.

Imagem 25 – Tatewari (deus do fogo), ‘cercado por flechas cerimoniais presas a cadeiras cerimoniais, e alguns dos oficiais do templo’.

 

Bildet kan inneholde: mennesker, stamme, tilpasning.

Fonte: Kulturhistorisk museum ved Universitetet i Oslo, Oslo. Fot. y texto Carl Lumholtz.

 

British Museum, Londres. Além de abrigar peças arqueológicas e artísticas da maioria das culturas que existiram na história, esse grande museu tem uma seção específica dedicada ao México, na qual estão expostos objetos maias, huastecas, olmecas, zapotecas, astecas e mixtecas. Esses conjuntos mesoamericanos são complementados por uma coleção maravilhosa e muito bem preservada de 198 peças de arte Huichol, entre as quais podemos distinguir flechas e copos votivos, ferramentas, vestidos, chapéus, cintos, mochilas, chaquira, cadeiras mara'akame e a importante muwieris ou bastões de penas, que os xamãs Huicholes usam em suas curas e festas rituais.

Imagem 26 – Seta ritual.                                          Imagem 27 – Cinto com coxiures.

Imagen que contiene vistiendo, oscuro, sostener, hombre

El contenido generado por IA puede ser incorrecto.                                  belt; bag | British Museum

                                                               

Fonte: British Museum, Londres.                               Fonte : British Museum, Londres.

 

 

Pitt Rivers Museum, Universidade de Oxford. Este museu, fundado em 1884 pelo oficial do exército, etnólogo e arqueólogo Augustus Pitt Rivers, guarda um grande repositório de arte etnográfica e arqueológica, principalmente das coleções da Universidade de Oxford organizadas de acordo com critérios temáticos. Ele possui seis registros de objetos da cultura material Huichol, alguns dos quais foram doados pela antropóloga britânica Beatrice Blackbox (1889-1975). Outra doadora notável foi a etnóloga e colecionadora Elsie Consell McDougall (1883-1961), que em 1946 entregou ao museu grande parte de sua coleção etnográfica.

 

Imagem 28 Salão principal do Pitt Rivers Museum.

Un tren en una biblioteca

Descripción generada automáticamente con confianza media

Fonte: Pitt Rivers Museum, Oxford.

 

 

Imagem 29 – Morrales Huicholes (canto superior direito da vitrine).

Sitio web

Descripción generada automáticamente con confianza baja

Fonte:  Pitt Rivers Museum, Oxford. Coleção Elsie MacDougall.

 

 

 

Musée de l’Homme, Paris. Ele preserva a coleção de peças artesanais e artísticas que o explorador, naturalista e antropólogo francês Léon Diguet coletou em suas viagens pelo território dos Huicholes no final do século XIX.

Imagem 30 Grupo Huichol.

 

Foto en blanco y negro de un grupo de personas

Descripción generada automáticamente

Fonte:  Fototeca Musée de l’Homme, Paris. Coleção Léon Diguet. Fot. Jean Meyer).

 

Musée du Quai Branly ‘Jacques Chirac’, Paris. Inaugurado em 2006 pelo então presidente da França, Jacques Chirac, o museu inclui coleções de diferentes culturas do mundo, entre elas uma de arte Huichol, com aproximadamente 724 objetos etnográficos. É importante mencionar que, em 2012, esta instalação museológica abrigou temporariamente a famosa obra ‘Vochol’, procedente do Museu de Arte Popular da Cidade do México, como destino de sua exposição por diferentes cidades da Europa.

Imagem 31 – Morral.

Imagen que contiene sostener, viendo, oscuro, parado

Descripción generada automáticamente

Fonte: Musée du Quai Branly, Paris.

 

Imagem 32 – ‘Vochol’.

File:Art populaire mexicain au musée du quai Branly ...

Fonte: Musée du Quai Branly, Paris.

 

Museo de América, Madri. Fundado em 1941, esse acervo registra em seu catálogo 26 objetos de distintas manifestações de arte Huichol. Destaca-se, entre suas peças, um traje masculino completo (camisa, calça, chapéu, bolsa e adornos de chaquira), proveniente da Serra de Jalisco ou de Nayarit, de data anterior a 1993.

 

Imagem 33 Chapéu de mara'akame.

foto grande

Fonte: Museo de América, Madrid. Fot. Joaquín Otero Úbeda.

 

Imagem 34 Traje masculino Huichol.

Traje Huichol

Fonte: Museo de América, Madrid.

 

 

 

A esta lista não exaustiva, mas representativa do nível de internacionalização da arte Wixárika, merece-se também adicionar uma série de exposições mundiais que demonstram o conhecimento e a valorização da cultura Huichol na maior parte do mundo. Nos últimos anos, basta citar a organizada em 2009 pela embaixada do México e o Museu de Artes Decorativas Franz Mayer no Japão, intitulada ‘Huicholes: Un pueblo que camina en búsqueda del amanecer’ (‘Huicholes. Um povo que caminha para o amanhecer’), na qual foram expostas 192 obras Wixaritari no Kampo Museum de Quioto. Segundo a curadora e escritora mexicana Gabriela Olmos, organizadora do evento, foi o primeiro encontro Huichol-zen realizado até o momento, conjugando "[…] el delirio estético y el derroche de color de los indígenas mexicanos con la armonía y el equilibrio de los japoneses”. (Olmos, 2010, s. p.).[2]

Da mesma forma, em 2014, foram relevantes as exposições ‘L'art sacré des huichols’ (‘A arte sagrado dos huicholes’), apresentada no Instituto Cultural do México em Paris, e ‘Visions huichol’ (‘Visões dos Huicholes’), inaugurada no Musée d'Arts Africains, Océaniens et Amérindiens na cidade francesa de Marselha.

Posteriormente, em abril de 2017, por ocasião da celebração do 150º aniversário da Confederação Canadense, a arte Huichol viajou ao Textile Museum of Canada (Museu Textil do Canadá), em Toronto, para se apresentar na mostra ‘Huicholes: Un pueblo que camina en búsqueda del amanecer’ (‘Huicholes: um povo que caminha em busca do amanhecer’). A exposição, organizada conjuntamente pelo MTC e o Consulado Geral do México em Toronto, exibiu 71 criações do renomado artista José Benítez Sánchez, peças diversas que demonstravam a abrangência da cultura material Wixárika.

Por fim, um grande evento expositivo ocorreu na sede da Embaixada do México em Berlim, em junho de 2023. Organizado pelo Instituto Cultural do México na Alemanha e pela Associação Arte Yawí, o evento, intitulado ‘Entre el mito y la costumbre’ (Entre o mito e a costume’), exibiu 28 obras de artistas Huicholes, entre os quais se destacaram Santos de la Torre e Gregório Barrio Montoya. Este último também apresentou seu trabalho na Fundação Cartier, instituição parisiense que promove a arte contemporânea tanto francesa como estrangeira.

As referências acima não são as únicas, são apenas um exemplo. Poderíamos listar infinitamente os momentos em que a cultura Huichol foi exibida em museus e centros culturais de diferentes países do mundo, compartilhando assim a magia de sua cosmovisão e de seu modo de vida. O último encontro com a arte do povo Huichol está programado para a Bienal de Chicago, que será realizada em maio deste ano de 2025, como uma continuação das bienais que foram efetivadas na Cidade do México a partir de 2018.

Um fator essencial para a sobrevivência da tradição Wixarika, o que os Huicholes chamam de ‘el costumbre’, tem sido sua constante abertura, que hoje, como vimos, transcendeu a geografia nacional para se estender à esfera internacional, chegando até mesmo, graças à sua riqueza cultural e à beleza de suas produções artísticas, a ser o meio das relações diplomáticas do México com outros países. Isso prova que os Huicholes não são um grupo indígena isolado, exótico e parado no tempo; são, sim, um povo moderno, dono de seu presente e de seu destino. Como bem explica o antropólogo Johannes Neurath:

La pluralidad de mundos y la habilidad de los huicholes de funcionar exitosamente en más de uno, no pueden entenderse sino como uno de los rasgos de la modernidad de este grupo. La afinidad entre ideas, mentalidades o estéticas amerindias y modernistas no es ningún Descubrimiento. (Neurath, 2013, p. 127).[3]

 

REFERÊNCIAS

 

DIGUET, León (1992). Por tierras occidentales. Entre sierras y barrancas. 1 ed. México: INI.497p.

 

Huichol Art and Culture: Balancing the World, The Museum of Indian Arts & Culture, Santa Fe, 2010. Disponível em: https://www.indianartsandculture.org/past-exhibitions&eventID=497. Acesso: 2 may. 2023.

NEURATH, Johannes (2013). La vida de las imágenes. Arte Huichol, Artes de México. 1 ed. México: CONACULTA. 152p.

OLMOS, Gabriela (2010). Llega a Japón ‘delirio’ huichol, El Vigía. Disponível em: https://www.elvigia.net/suplementos/2010/1/9/llega-japn-delirio-huichol-1029.html. Acesso: 30 nov. 2022.

 

 



[1] “[...] atestam uma época e uma cultura em que os objetos de arte eram feitos para uso cotidiano e cerimonial, não para consumo turístico.” (Tradução própria).

 

 

[2] “[...] o delírio estético e a profusão de cores dos índios mexicanos com a harmonia e o equilíbrio dos japoneses.” (Tradução própria).

[3] A pluralidade de mundos e a capacidade dos Huicholes de funcionar com sucesso em mais de um só podem ser entendidas como uma das características da modernidade desse grupo. A afinidade entre as ideias, mentalidades ou estéticas ameríndias e modernistas não é uma descoberta. (Tradução própria).