Habitar a escola no Ensino de Artes Visuais: Reflexões a partir da memória

Inhabiting the school in Visual Arts Teaching: Reflections from memory

 

Valéria de Oliveira Freitas [1]

Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brasil

Flávia Maria de Brito Pedrosa Vasconcelos [2]

Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, Brasil

 

Resumo

A pesquisa aborda os conceitos e contextos de habitar a escola no Ensino de Artes Visuais, por meio das práticas pedagógicas no cenário escolar. A autora, com base em narrativas (auto)biográficas, explora experiências vivenciadas durante os Estágios Curriculares Obrigatórios de Graduação e a participação no Programa Residência Pedagógica, realizados entre 2022 e 2024 na Escola de Ensino Fundamental Padre Nóbrega, na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul. A problemática central gira em torno da possibilidade de a disciplina de Artes habitar a escola. O objetivo principal do trabalho é problematizar a falta de espaço para as Artes Visuais na escola, relembrando as diversas formas de ocupação desses espaços e promovendo uma reflexão crítica. A pesquisa utiliza registros do Diário Visual da autora, bem como fotografias capturadas durante esse período. Autores(as) como Loponte e Mossi contribuíram para a discussão sobre o habitar a escola, enquanto Tedesco trouxe insights relevantes ao considerar a memória como um disparador metodológico. Conclui-se que as inseguranças enfrentadas no cotidiano escolar e durante a pesquisa fazem parte do crescimento pessoal e profissional. A reflexão sobre experiências passadas proporcionou uma compreensão mais serena das frustrações anteriores. Embora os desafios persistam, é essencial abordá-los com calma e buscar soluções alternativas, sem deixar de advogar por mudanças.

Palavras-chave: Artes Visuais; Ensino; Escola; Experiências; Habitar.

 

Abstract

The research addresses the concepts and contexts of inhabiting the school in Visual Arts Teaching, through pedagogical practices in the school setting. The author, based on (auto)biographical narratives, explores experiences she had during the Compulsory Undergraduate Curricular Internships and participation in the Pedagogical Residency Program, which took place between 2022 and 2024 at the Padre Nóbrega Elementary School, in the city of Santa Maria, Rio Grande do Sul. The central problem revolves around the possibility of the Arts discipline inhabiting the school. The main objective of the work is to problematize the lack of space for the Visual Arts at school, recalling the various ways in which these spaces have been occupied and promoting critical reflection. The research uses records from the author's Visual Diary, as well as photographs taken during this period. Authors such as Loponte and Mossi contributed to the discussion on inhabiting the school, while Tedesco brought relevant insights by considering memory as a methodological trigger. The conclusion is that the insecurities faced in everyday school life and during the research are part of personal and professional growth. Reflecting on past experiences provided a more serene understanding of previous frustrations. Although challenges persist, it is essential to approach them calmly and look for alternative solutions, without ceasing to advocate change.

Keywords: Visual Arts; Teaching; School; Experiences; Inhabiting.

 

Introdução

Dentro do ambiente escolar possuímos alguns locais de uso comum, como o pátio, a quadra/ginásio, o refeitório, a pracinha e as salas de aula. Esses são os ambientes escolares comuns e compartilhados entre todos na escola. Contudo, como poderíamos habitar esses lugares que já tem suas funções pré-estabelecidas? Será que podemos atribuir novos significados a esses espaços? Como a disciplina de Artes pode habitar a escola? Como pensar no espaço de habitação de maneira mais propositiva?

A partir dessa problemática, busquei enfocar nessas questões para pensar e repensar, se a escola realmente tinha estruturas para contemplar alguns conhecimentos básicos das matérias curriculares do ensino formal -centrada nas habilidades e competências exigidas através da Base Nacional Comum Curricular- e as não-formais - acontecimentos e fruições que surgem no dia a dia escolar e fogem do nosso ato de controle – que devem ser ministradas em aula.

O presente trabalho teve como objetivo refletir sobre minhas práticas pedagógicas no contexto escolar do ensino da educação básica, com foco na experiência da Licenciatura em Artes Visuais, durante os Estágios Curriculares Obrigatórios de Graduação entre os anos de 2022 a 2023 e a participação no Programa Residência Pedagógica da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), entre os anos 2022 a 2024. Para tal, busquei reviver alguns momentos significativos e revisitar as memórias que me levaram a refletir sobre meus incômodos e inseguranças ao atuar na escola. O principal foco da pesquisa foi pensar no espaço escolar e os meios de habitar a escola em Artes Visuais.

Utilizei como metodologia a narrativa (auto)biográfica e escrita em primeira pessoa, conforme Luiz Carlos Pinheiro Ferreira (2017). Trazendo como procedimento principal a descrição de experiências a partir de imagens e uma reavaliação do meu Diário Visual produzido durante as disciplinas de estágio do curso.


 

Memória e Habitar

O uso da memória foi fundamental na construção da pesquisa. Através dessas memórias, busco trazer as experiências vivenciadas para a pesquisa. Foi um desafio pensar minha própria jornada docente, olhar para trás com outros olhos, dar de encontro com minhas próprias vivências e sentimentos, não deixar as inquietações de lado.

A memória está ligada à nossa identidade, tanto pessoal como coletiva, entendo que através da memória moldamos a nossa compreensão do passado, influenciando, consequentemente, em escolhas futuras. Tedesco (2014) em seu livro “Nas cercanias da memória: temporalidades, experiência e narração” aborda a complexidade da memória e a sua relação com a experiência. Entende-se por memória, de maneira geral, a possibilidade que temos de conservar certos aspectos de experiências vividas no passado, e de alguma maneira ter acesso à elas através da nossa lembrança. A memória não é apenas um simples exercício intelectual, ela está amplamente ligada ao ato de experienciar passado que ressoa no presente. Trabalhar com as memórias permitiram que eu pudesse explorar minhas próprias narrativas, possibilitando analisar e reavaliar os contextos, emoções e os aprendizados adquiridos com a vivência. Essas memórias ao longo do tempo vão mudando conforme a nossa formação.

Por intermédio de alguns autores, como Larrosa (2018), busco pensar e entender o que é a escola. Como destaco neste pequeno trecho do autor, que entendemos a escola, a materialidade da escola por: “certa forma de reunir sujeitos, saberes, corpos, procedimentos, linguagens e materialidades em um tempo e um espaço separados, que vão - com diferentes modalidades - desde a educação infantil até a universidade” (Larrosa, 2018, p.26). Interpreto que a escola é um ambiente que desde muito cedo está presente na vida das pessoas. Tenho por ‘escola’, um espaço de convívio, trocas de experiências, desenvolvimento, lugar de afetos e mudanças.

As preocupações que assolam os educadores que convivem nesse meio são por medo de não conseguir garantir um acesso às experiências artísticas de um modo adequado e de qualidade.

 

Por que pensar no espaço?

O/a professor(a), ao reconhecer a escola como seu espaço de atuação, deve pensar em como torná-lo mais propício à boas trocas de aprendizagem, o desejo é de garantir uma educação de qualidade e de fácil acesso, que fuja do objetivo de apenas formar indivíduos centrada na ideia de habilidades e competências, pois é importante que a educação também vise a qualidade das trocas de experiências e afetos, que se deixe ser afetado pelo ambiente e as “proposições não propositais” que surgem nesse caminho.

“SALAS DE ARTE: Espaço de formação estética e sensível na escola” é um artigo que apresenta uma pesquisa realizada acerca das salas de arte em uma escola da rede pública de Itajaí (Santa Catarina - Brasil), onde as autoras acreditam que:

 

Torna-se necessário compreender o espaço escolar como uma possibilidade de educação dos sentidos e que um espaço apropriado para a arte interfere no processo ensino-aprendizagem e, também, na construção de um sujeito mais humanizado (CARVALHO; FREITAS; NEITZEL, 2014, p. 67).

 

            Elas provocam a pensar a escola como um lugar onde celebram-se os sentidos, um espaço formal que contribui para o desenvolvimento humano e cidadão. “Entende-se que, nela, aconteça o contacto com o universo artístico e suas linguagens, possibilitando, aos/às estudantes, a formação estética, artística e cultural” (Carvalho; Freitas; Neitzel, 2014, p. 69). Torna-se necessário reconhecer este aspecto para valorizar o Ensino da Arte.

O Ensino da Arte está ligado a uma definição muito mais ampla do que apenas a de conhecimento, a arte é essencial para o desenvolvimento de crianças e jovens porque as fazem desenvolver suas capacidades de expressão, também na ampliação das suas interações além das habilidades de percepção visual, auditiva e sensitiva, auxiliando amplamente no pensamento crítico e sensível.

 

Habitar a escola com o ensino de Artes Visuais

O que quero dizer com o termo “habitar”? Qual o sentido de habitar a escola? Existem várias formas de estar em um local. A escola é diariamente ocupada por todos os indivíduos presentes nela, todos ali presentes estão no ato de ocupar, e independente da intencionalidade ou motivo, todos estão ali ocupando aquele espaço. “Ocupar um lugar seria permanecer nele de forma passiva, fazendo apenas o que nos foi proposto, sem questionar o que está ali presente” (ALVES et al., 2020, p.1).

Contudo, Deborah Vier Fischer e Luciana Gruppelli Loponte em seu artigo: “Modos de habitar a escola: o que somos capazes de inventar” nos faz pensar a escola de outros modos, no sentido de buscar o que pulsa, o que dá vida, entre o que é possível inventar e criar dentro desse espaço. Pensar a escola como esses outros meios de interação e valorização por intermédio do habitar, se fazer presente para além da presença física.

De acordo com Gaston Bachelard (1998, p. 62), “O espaço habitado transcende o espaço geométrico”. Sugere que a experiência de um lugar vai muito além das dimensões físicas e das formas matemáticas, o espaço geométrico refere-se às dimensões de um ambiente, largura, comprimento e altura. Um local não é apenas uma configuração de medidas, é também um espaço carregado de significados, histórias e sensações.

Fischer e Loponte também nos mostram a ideia de habitar a escola em ‘modos menores’ : “Modos menores, portanto, como instantes de invenção, flashes de criação. Quem sabe, modos inventivos de estar e de viver a/ na/com a escola”. O intuito da pesquisa delas foi de trazer mais visibilidade e potência do que é considerado mínimo, insignificante e que passam desapercebido:

 

Como foco de atenção buscou colocar luz nessas pequenas situações escolares, sem torná-las instituídas, o que tiraria sua força de invenção e criação, para justamente com elas, pensar em outros modos – mais abertos e menos previsíveis – de habitar a escola, esse espaço composto essencialmente de vida, de gente (FISCHER; LOPONTE, 2020, p. 15).

 

Ao trazer esse trecho podemos entender que as autoras querem percorrer os pequenos detalhes de habitação que acontecem no ambiente escolar, o que ocorre sem que possamos controlar ou desfazer, o que ocorre no ato das vivências, que só são possíveis no ato de habitar.

Voltando ao termo “proposições não propositais”, quero dizer daquelas situações inesperadas que surgem no cotidiano escolar. Valorizar esses aspectos que são imprevisíveis e humanos é essencial na relação escola/aluno/professor. Na imagem 1 trago um exemplo de um ‘trabalho’ não proposital, de quando recebi um pequeno presente de uma das minhas alunas da turma do estágio 3.

 

Imagem 1 - Registro do Diário Visual

Fonte: Arquivo pessoal da autora

 

Este pequeno gesto simbólico, foi parar diretamente no meu Diário, é um dos exemplos de um objeto que foi criado sem nenhum tipo de proposição dentro da escola. Enxergar a potencialidade nessas singularidades tão singelas do cotidiano fazem parte do compartilhamento de vivências. Em resumo, pensar na melhoria dos espaços de aula vai para além da infraestrutura física e dos espaços. Envolve também, a valorização das relações estabelecidas no ambiente escolar e a habitação presente nesses contextos. O que não torna, de maneira alguma, menos significativo pensar na questão do espaço estrutural.

O espaço de habitação que trago em discussão tem a ver com a importância da nossa disciplina dentro do círculo escolar, tanto pela equipe da gestão como pelo grupo de professores(as), funcionários(as) e alunos(as). O tempo disponível para abordar todas as matérias programadas no planejamento escolar já é, por si só, escasso. E a disciplina de Artes enfrenta maiores desafios. De acordo com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), no ensino Fundamental, a matéria de Artes abrange diversas linguagens, incluindo as Artes Visuais, a Música, o Teatro e a Dança. Porém, nem todos os/as professores(as) têm formação específica nessas áreas. A falta de espaço e de tempo para as nossas aulas é uma preocupação constante.

Ademais, com todos os problemas enfrentados devido a falta de espaço, ainda precisamos nos preocupar com questões relacionadas à percepção da disciplina de Artes dentro do grupo escolar. Nem sempre a importância da nossa área é realmente reconhecida devidamente. É importante e fundamental que a escola e a comunidade possam reconhecer a relevância da Disciplina de Artes na formação dos estudantes. Essa construção é social, participativa e deve começar a ser modificada de dentro para fora, ou seja, da própria escola para que a comunidade escolar possa reconhecer. Para isso, nós professores(as), precisamos ser pontuais no sentido de não ficarmos quietos ou acomodados, para que não sejamos sempre negligenciados.

 

Os diários visuais como disparadores: de que maneira as vivências e imagens ecoam?

Os diários visuais são diários produzidos pelos discentes semanalmente, a fim de compartilhar suas vivências e experiências do estágio junto à turma. Essa é uma prática recorrente nas disciplinas de estágio da Licenciatura em Artes Visuais na UFSM. A ideia dos diários visuais é trabalhar a escrita juntamente com as imagens, de forma que nenhuma se sobressaia à outra:

 

(...) o diário poderia ser um espaço narrativo dos pensamentos, expressando em versões textuais e/ou visuais as impressões que havíamos tido das intervenções, tanto no trabalho realizado na escola como também nos encontros de estudo na universidade. Este ambiente narrativo poderia permitir que pensássemos nas atividades, ampliando discussões e produzindo outras ressonâncias a partir dos encontros com a docência (CARDONETTI; OLIVEIRA, 2020, p. 53).

 

Ou seja, o uso dos diários serve para pensar nossas práticas educativas e suas interligações com os temas abordados nas aulas do estágio, de forma a perceber nossas ações e modos de abordagens metodológicos, ligando a teoria das leituras com a prática escolar vivenciada, podendo sempre voltar aos nossos registros para reavaliá-los.

            Os diários ampliaram a percepção da minha própria vivência, me auxiliando a encontrar questões e dúvidas referente a minha jornada docente. Em especial, o meu diário (imagem 2):


 

Imagem 2 - Registro do Diário Visual

Fonte: Arquivo pessoal da autora

 

            Ele inicialmente era um pedaço de tecido, de aproximadamente 1 metro de comprimento por 1 metro e 42 centímetros de largura, totalmente em branco, que serviria como um espaço de intervenção, ao qual eu não me preocuparia com a materialidade que seria utilizada nele. Comecei tentando me desafiar a aprender algo novo; quis aprender um pouco sobre bordado, pois sempre tive muito interesse e nunca havia sequer experimentado. Fui à uma loja e comprei algumas linhas e agulhas, sentei em casa e procurei um vídeo no Youtube.

 

            Minha primeira manifestação através do diário foi esta (imagem 3):

Imagem 3 - Registro do Diário Visual

Fonte: Arquivo pessoal da autora

 

            As palavras iniciais foram ‘medo’ e ‘insegurança’. Eu me sentia enrolada, assim como o espiral que eu bordei em minha primeira tentativa de bordado. A confusão e insegurança eram constantes, e muitas vezes eu carregava esse sentimento de incapacidade. Por isso, a primeira palavra que me veio à mente foi ‘insegurança’. No entanto, dentro do meu espiral de confusões, também havia coragem. Essa coragem me impulsionava a seguir em frente, sem desistir. Assim, marcou-se o início do meu Estágio 3[i].

Hoje compreendo essa minha insegurança como um tipo de medo. Sentia que, pelo fato de ser a professora, a ‘autoridade’ presente na sala, precisava dar conta de tudo. Ficava presa na hora dos planejamentos, imaginando que o que eu estava criando não seria interessante o suficiente. Contudo, essa insegurança também era medo de não dar conta dos prazos, das expectativas geradas por mim e pelos(as) alunos(as), de travar a qualquer momento sem saber o que fazer. Vejo que tudo isso foi um pequeno monstro criado pela minha própria cabeça, e esse monstro foi criando cada vez mais vida, foi crescendo. Na imagem 4, me utilizo de um trecho da música ‘Lado de Lá’ da cantora Pitty. O trecho me remeteu à pressa que eu sentia em ver as coisas acontecerem, à ansiedade que constantemente me acompanhava. Um dia, enquanto ouvia a canção da Pitty, me questionei: Por que tanta pressa?

 

Imagem 4 - Registro do Diário Visual

Fonte: Arquivo pessoal da autora

 

Este trecho foi escolhido por fazer parte de uma dinâmica em sala que se iniciou a partir de uma proposta coletiva pensada por todos os residentes, a Anaconda Musical, uma proposta que teve como referência a Anaconda Participativa da 13ª Bienal do Mercosul[ii]. Ao longo do semestre, explorei o conceito de Diários Visuais/Livros de Artista na turma que escolhi para o Estágio 3. Como a escola ficou totalmente envolvida com a proposta da Anaconda Musical, decidi que a primeira página dos nossos diários poderia ser dedicada às músicas. Essa escolha explica um pouco o motivo de eu ter incluído o trecho de ‘Lado de Lá’ no meu diário. Várias coisas nos acompanham durante nossos processos na vida, e a música é uma delas.

Apesar de todas as angústias, a docência sempre me fez bem, eu gosto muito de todo o envolvimento com as questões escolares. Ser professora sempre foi meu sonho de infância, das memórias de quando eu brincava com meus livros, cadernos, quadro e giz. Estar na escola também sempre foi meu lugar preferido, eu ficava, por vezes, apenas admirando as minhas professoras enquanto elas falavam, mesmo que eu nem prestasse atenção no assunto. Essas são memórias doces que me acompanham até hoje, e quando eu me vejo no lugar em que sempre quis estar, me sinto realizada. Porém, há uma dualidade de sentimentos, entre a realização e a impotência. Trago um recorte do diário que ilustra isso (imagem 5):

 

Imagem 5 - Registro do Diário Visual

Fonte: Arquivo pessoal da autora

 

            O sentimento de impotência me acompanhava durante diversos momentos, apesar de sempre preparar os planos de aula com antecedência, quando eu colocava meus pés em sala, sentia que eu não estava preparada o suficiente. Hoje noto que tinha medo de que as coisas saíssem fora do planejado, que não desse certo ou que os(as) alunos(as) não gostassem de algo.

 

Como a falta de espaço físico nas escolas pode afetar o ensino de artes e o processo de aprendizagem dos alunos(as)

Pensar sobre o espaço escolar é fundamental para o desenvolvimento educacional e socioemocional dos estudantes. Todavia, percebo um comodismo de quem já atua como professor e perdeu as esperanças, de quem já atua e talvez nunca tenha pensado em discutir sobre essas questões, por mais que sejam acometidos pela falta de espaço qualificado. Devemos pensar se a escola realmente possui estruturas básicas para contemplar todas as disciplinas escolares da matriz curricular, ressaltando aqui a disciplina de Artes, que vem enfrentando um descaso maior, tanto na questão de espaço dentro do currículo quanto nos espaços físicos e de habitação.

 

Sabemos das dificuldades que a arte enfrenta para ter o seu lugar de destaque dentro da educação. Pois, temos um modelo educacional que só privilegia o conhecimento prático e utilitarista. A arte, por não se enquadrar nesses critérios, acaba ficando de fora ou presente mas, necessariamente, não sendo devidamente valorizada. (RABELO, 2018, p. 19)

 

Contudo, seria utópico pensar em locais totalmente estruturados e adequados ao ensino, pois a escola pública demanda de verba para conseguir realizar todas as suas reformas e mudanças, algo que torna o processo bem mais difícil e demorado. Esta acaba se tornando uma grande e significativa implicação negativa. Saliento, então, que o meu interesse não é de construir novos ambientes, mas ressignificar e dar mais importância pra nossa disciplina e do que ela precisa dentro da escola.

O que de fato me levou a pensar nisso foi no Estágio 2, depois de ter proposto, a partir da ideia dos mantos do artista brasileiro Bispo do Rosário, que toda a turma customizasse alguma peça de roupa. Os(as) alunos(as) se envolveram com a proposta e finalizaram todas as suas peças. Pensei, então, que seria interessante que expuséssemos os trabalhos, mas a direção escolar determinou que não deveriam ser expostos trabalhos no corredor principal. Confesso que hoje posso entender melhor a questão, levando em consideração os riscos de se colocar um varal em um lugar de acesso contínuo e corriqueiro, mas na época fiquei bem chateada com o impasse.

Por fim, conseguimos expor na parede do corredor à frente da sala de aula deles, como na imagem acima, um corredor das salas dos fundos, que tinha pouco acesso aos demais. Os trabalhos tiveram sua visibilidade, só que de forma mais restrita. Eu poderia ter desistido de expor os trabalhos, mas se tivesse desistido, não estaria valorizando o tempo destinado dos(as) alunos(as) que se dedicaram à proposta. Trago também, outra experiência a ser compartilhada (imagem 6). Tal situação também acabou me afetando e talvez até deixando desmotivada.

 

Imagem 6 - Registro fotográfico - Exposição de trabalhos/ Varal de roupas

Fonte: Arquivo pessoal da autora

 

Com certa frequência, as aulas precisam ser interrompidas antes do horário para que possamos arrumar a “bagunça” e deixar a sala de aula organizada antes da chegada do próximo professor para a troca de período. No entanto, essa interrupção pode atrapalhar o processo criativo dos(as) alunos(as).

Imagine a cena: os estudantes estão concentrados em uma atividade, totalmente imersos, quando de repente o sinal toca. Eles interrompem sua produção e precisam guardar seus trabalhos para continuar em uma próxima aula. Essa é apenas a primeira questão, porém, surge a segunda, que é crucial: mas em que local estes trabalhos podem ficar armazenados sem que atrapalhem a movimentação e andamento das outras aulas?

Essa situação em específico já ocorreu comigo, enquanto ministrava uma aula de Artes, trabalhando com escultura para uma turma de 9° ano do ensino fundamental, turma que fiz regência durante o Estágio 3 da faculdade. Uma boa parte da turma estava concentrada e muito engajada com a atividade. Experimentaram a textura da argila, produziram diversos formatos e desenvolveram algumas técnicas para auxiliar no processo. Observá-los(as) e ajudá-los(as) era um processo muito satisfatório, em que eu também aprendia muitas coisas e trocava muitos diálogos, fazia parte da minha experiência docente.

 

Imagem 7- Registro fotográfico - Mesa forrada com jornal e aluno manuseando argila

Fonte: Arquivo pessoal da autora

 

Chega o momento do horário aproximado de ter que guardar tudo, limpar a sala e deixar os trabalhos de lado para que dessem continuidade na próxima aula. Ao final da aula, terminamos de limpar e organizar a “sujeira”, e os trabalhos ficaram secando nessa mesma sala, em uma classe bem no fundo. Infelizmente, pela falta de armazenamento adequado, alguns trabalhos sofreram alguns “ataques” por parte da turma que utilizava a mesma sala no contraturno. Este fato ocorrido me deixou bem desanimada, mas não poderíamos deixar que isso nos afetasse no momento. Apesar de tudo, continuamos com a proposta e a finalizamos.

A escola pública frequentemente enfrenta essas restrições orçamentárias. Construir novos ambientes ou reformar espaços já existentes pode ser difícil devido à essa falta de recursos. Em busca de talvez superar essas dificuldades, o ideal seria o envolvimento ativo de toda a gestão escolar, buscando encontrar melhores soluções priorizando a valorização da disciplina de Artes. Remanejar salas de aula ou encontrar maneiras de expor os trabalhos dos(as) alunos(as) requer bastante apoio e interesse do grupo da administração escolar. Em suma, essa falta de espaço adequado para a exposição dos trabalhos dos(as) alunos(as) e as limitações são desafios que precisam ser enfrentados para valorizar plenamente a disciplina de Artes dentro do ambiente escolar.

Para pensar também, uso o termo “experiência” e o ato de experienciar em sala de aula. Essa experiência está intrinsecamente ligada à vivência e ao aproveitamento dos momentos, sejam eles significativos ou não. Larrosa afirma que “O acontecimento nos é dado na forma de choque, estímulo e sensação pura, manifestando-se como vivências instantâneas, pontuais e fragmentadas (Larrosa, 2014, p. 18)”.

No entanto, sinto que essas experiências eram frequentemente interrompidas no sistema escolar, devido aos problemas relacionados à tempo e espaço. No tempo que nos é dado, muitas vezes eu sentia que estava “podando” o desenvolvimento criativo dos(as) alunos(as), tendo que interrompê-los antes do horário que deveria, e isso acabava me prejudicando também, pois eu sempre tentava extrair o máximo que podia deles em pouco tempo, o que acabava parecendo que eu colocava pressão para que eles concluíssem logo.

            Essa sensação de não perder nem sequer um segundo de produção pode ser prejudicial, principalmente pelo fato de que se focarmos somente na quantidade de produção, podemos comprometer a qualidade daquilo que estamos fazendo. A dedicação exige tempo, e esse tempo, para cada indivíduo, é relativo.

            Um dos exemplos do experienciar vivenciada na escola foi quando em conjunto com os demais residentes pensamos em um trabalho coletivo, que envolvesse todas as turmas. O tema a ser relacionado seria a arte urbana, a partir disso (e sabendo que não poderíamos interferir diretamente nas paredes da escola), cada residente montou um planejamento diferente com suas respectivas turmas. Cada residente trabalhou de sua forma.

Forramos uma das paredes da escola com papel kraft para que os/as alunos(as) colassem suas intervenções urbanas nele, pois dessa maneira, poderiam ser feitas as colagens de forma a não “estragar” a parede. Tive a oportunidade de ter mais dois residentes comigo em sala de aula para me auxiliar na parte teórica, eles me ajudaram nesse processo, compartilhamos das nossas ideias para montar um plano de aula em conjunto. Isso fez parte da relação de construir em conjunto um trabalho a ser pensado especificamente para aquela turma em questão.

Como proposta, solicitamos que os/as alunos(as) fizessem uma arte digital, que seria impressa e utilizada para a colagem do lambe-lambe. Todos pareceram bem entusiasmados e envolvidos com a realização da proposta, ao final, e não menos importante, fomos todos juntos ao pátio para realizar as colagens dos lambe-lambes (imagem 8).

 

Imagem 8 - Registro fotográfico - Projeto de Lambe-lambe

           

Fonte: Arquivo pessoal da autora

 

Esta proposta foi importante para que os/as alunos(as) se sentissem parte da escola, do senso de pertencimento, de expor suas ideias e sentimentos, de dar vida ao ambiente pálido das paredes vazias. Também permite que os/as alunos(as) possam compartilhar seus conhecimentos com os demais membros escolares, que não apenas os colegas da própria turma, ampliando a percepção dos seus trabalhos, não como somente seus, mas como parte de um projeto maior.

A escola é muito mais do que apenas produzir e produzir em quantidade, é promover as condições para valorizar e enriquecer as relações escolares, visando a integração e a ideia de pertencimento. Pensar em propostas que fujam do comum, e pensar ideias alternativas para a solução dos problemas enfrentados foram um dos grandes marcos de todo o meu processo docente. Acho que a ideia de habitar a escola também faz parte disso, de encontrar caminhos, para que aos poucos possamos ir conquistando e construindo mais.

Outra proposta interessante que levei para movimentar a turma, foi a proposta do Light Painting[iii], que aprendi durante uma disciplina de Pintura Expandida na graduação. Em casa, montei uma aula expositiva com alguns dos exemplos dos meus trabalhos e de outros artistas, para dar margem de repertório às ideias e separei alguns materiais que seriam necessários para a proposição.

Ao chegar em sala analisamos o material expositivo que eu havia montado em forma de slide e fomos direto para a parte prática, para que não perdêssemos muito tempo e eles pudessem aproveitar ao máximo a realização da atividade, explorando as diversas possibilidades que o trabalho abrangia. Fechei todas as cortinas e cobri todos os pontos de luz que existiam na sala, quanto mais escura ela estivesse melhor seria. Para facilitar a tarefa, deixei que realizassem a atividade em duplas, sendo assim, uma capturava e a outra ficava responsável pela luz.

O uso do celular era livre nesta aula, era importante que tivessem acesso as lanternas do aparelho. Para a captura, indiquei um aplicativo, o Wow! Stuff Light Painting, todos os/as alunos(as) tinham acesso à rede wi-fi da escola, portanto não tiveram problemas quanto à instalação do aplicativo. Todos(as) os/as alunos(as) se espalharam pela sala, realizando diversas experimentações e explorando todos as possibilidades que lhes vinham à cabeça no momento, tentaram realizar escritas, formas e até mesmo um trabalho em conjunto da turma. Eu não poderia perder a oportunidade de capturar algumas cenas, e assim o fiz, participando daquela aula como se eu fosse apenas uma das colegas deles.

 

Imagem 9 - Registros fotográficos - Mosaico

Fonte: Arquivo pessoal da autora.

 

            Me entreguei a esta atividade como se eu não fosse a professora que estava em sala naquele momento, me deixei fluir junto daquele misto de feixes de luz presentes. Aquela não era uma experimentação somente dos(as) alunos(as), era também a minha. Eles amaram aquela aula, e eu também. O mais importante nem foram os trabalhos finais, e sim o compartilhamento daquele momento, momento em que muitos se ajudaram, deram risada, se esforçaram e simplesmente viveram. Talvez o habitar também seja isso, encontrar possibilidades no comum, como a simples e mesma sala de todos os dias, apenas de um modo diferente, no escuro.

 

Considerações Finais

Diante do exposto e, percebendo as implicações das experiências relatadas, analiso que ficam evidentes os desafios enfrentados por muitos(as) professores(as) da área das Artes Visuais ao estar se tratando da rede pública de ensino. A falta de espaços de qualidade torna a prática docente um ato difícil, no qual parece que precisamos sempre estar nos esforçando ao máximo para conseguir atrair os/as alunos(as), já que os ambientes não são tão propícios à atração.

As limitações referentes à falta de espaço, falta de sala adequada e falta de entendimento sobre a importância da disciplina de Artes nas escolas continua existindo, e acredito que virá a ser um tema muito abordado ainda, o que reforça a ideia de seguir falando e cobrando sobre melhores condições de Ensino para as Artes Visuais. A partir do meu processo investigativo, pude notar que apesar de todas as angústias que me assolavam, foi possível realizar muitas movimentações na escola. O ato de propor novos direcionamentos e contextualizar novas potencialidades a serem exploradas foram remanejando novas capacidades de compreensão, que foi, aos poucos, conquistando novos espaços, em alguns diálogos com a equipe diretiva escolar.

Apesar de continuar enfrentando o problema da falta de espaços, foi possível perceber que não deixamos de habitar a escola por isso, só torna essa prática um pouco mais difícil, mas não a exclui. O ato de habitá-la em Artes Visuais é se tornar mais presente e preocupado com o ambiente, de forma a tensionar mais movimentações com as nossas aulas, tornando a Arte uma parte do ambiente escolar, conquistando os espaços que antes não eram alcançados. Enxergar os pontos de pequenas habitações presentes também faz parte, a partir da percepção dos ‘gestos menores’. Essa prática constante de se reinventar e sempre precisar dar o máximo de si para conseguir fazer propostas legais com o espaço que nos é destinado se torna cansativa, por isso a necessidade de pensar em espaços que facilitem no processo da construção de aula, sabendo que teremos o apoio necessário para as proposições.

A disciplina de arte ainda é muito subestimada em algumas escolas, de acordo com alguns sistemas educacionais. Isso pode acabar afetando a motivação dos(as) professores(as), gerando cada vez mais a falta de profissionais nessa área de atuação. A falta desses profissionais acaba impactando negativamente em todo o sistema educacional, já que se entende que quando não há procura, não há interesse. Isso acaba fazendo com que ela seja menos valorizada ainda e seja substituída facilmente por outros conhecimentos. Portanto, torna-se necessário que tais assuntos não deixem de ser pautados e não sejam esquecidos, pois para que possamos ter mais conquistas, precisamos de mais lutas.

 

REFERÊNCIAS

ALVES, Sallua. et al. Habitar a escola por meio da arte: Alguns movimentos conceituais. Anais da Semana de Formação Acadêmica e Científica e Cultural e Humanística e... (FACCHU-IFC Campus Brusque)-e-ISSN 2763-8286, v. 2, n. 1, 2020. Disponível em: <https://publicacoes.ifc.edu.br/index.php/facchu/article/view/2195/1643>. Acesso em: 20 abr. 2024.

 

BACHELARD, Gaston. A poética do espaço. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

 

BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018. Disponível em: <http://basenacionalcomum.mec.gov.br/>. Acesso em: 12 mai. 2024.

 

CAPES. Programa de Residência Pedagógica. Governo Federal, s.d. Disponível em: <https://www.gov.br/capes/pt-br/acesso-a-informacao/acoes-e-programas/educacao-basica/programa-residencia-pedagogica.> Acesso em: 12 mai. 2024.

 

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Notas



[1] Licenciada em Artes Visuais pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM. É membro do grupo de Pesquisa Artes Visuais e Criatividade - AVEC - pelo Centro de Artes e Letras - CAL coordenado pela professora Flávia Maria de Brito Pedrosa Vasconcelos. Foi bolsista CAPES pelo Programa de Iniciação à Docência - PIBID e pelo Residência Pedagógica - RP. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-1825-0097. E-mail: valeria.freitas@acad.ufsm.br

[2] Docente do Departamento de Artes Visuais e do Programa de Pós-graduação em Artes Visuais - PPGART, Centro de Artes e Letras - CAL da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM. Líder do Grupo de Pesquisa Artes Visuais e Criatividade - AVEC - CNPQ/UFSM e coordenadora do Laboratório de Criatividade e Inovação - LACRIA. Doutora em Educação Artística pela Universidade do Porto - Portugal, bolsista CAPES Doutorado Pleno no Exterior. Diplomação reconhecida no Doutorado em Arte e Cultura Visual da Universidade Federal de Goiás - UFG. Mestra em Artes Visuais - UFPB/UFPE, linha: Ensino das Artes Visuais no Brasil, com pós Lato sensu em Arte-Educação e Língua Portuguesa pela Universidade Regional do Cariri - URCA e em Educação Artística pela UPORTO, graduada em Artes Plásticas com habilitação para o ensino de Arte pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará - IFCE. Orcid: https://orcid.org/0000-0001-9853-5588. E-mail: flavia.p.vasconcelos@ufsm.br



[i] No Estágio 3 passamos a utilizar os Diários Visuais como forma de relato de experiências, ou seja, como chamamos: DPP (Diário da Prática Pedagógica).

[ii] Criada em 1996, a Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul é uma instituição de direito privado, sem fins lucrativos, que tem como missão desenvolver projetos culturais e educacionais na área de artes visuais, adotando as melhores práticas de gestão e favorecendo o diálogo entre as propostas artísticas contemporâneas e a comunidade. Reconhecido como o maior conjunto de eventos dedicados à arte contemporânea latino-americana no mundo, oportunizando o acesso à cultura e à arte a milhares de pessoas, de forma gratuita. Acesso em: https://www.bienalmercosul.art.br/historico.

[iii] O light painting é uma técnica fotográfica em que uma fotografia é “pintada com luz”.