Fotografias Digitais na Educação Básica: ensaios e experimentações na produção de visualidades

 

 

Digital Photography in Basic Education: essays and experiments in the

production of visualities

 

 

Fotografías Digitales en la Educación Básica: ensayos y experimentos en la producción de visualidades

 

 

Jean Oliver Linck[1]

Universidade Federal de Santa Maria

Paula Garcia Lima[2]

Universidade Federal de Pelotas

Valdirene de Assunção Pereira[3]

Universidade Federal de Pelotas

Silvia Regina dos Santos Meireles[4]

Universidade Federal de Pelotas

 

 

Resumo

Este estudo apresenta uma proposta educativa de experimentação e investigação do cotidiano de estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental, iniciada em 2021, visando estabelecer relações com as tecnologias móveis (Smartphones e Tablets) na produção de imagens digitais, através da linguagem da fotografia. Considerando relevante a preocupação em inserir as novas tecnologias na educação básica, propõe-se uma abordagem, onde o educando dialogue com a Arte, entre diferentes disciplinas de forma crítica, poética e reflexiva e com isso, produzir novos conhecimentos e aprendizagens. Ainda, busca-se desenvolver a autonomia dos envolvidos, numa postura de pesquisador e atuante em sua aprendizagem. Tendo como proposta dar visibilidade para que os alunos articulem práticas variadas, em um ideário pedagógico que parte de uma abordagem qualitativa e tece relações com uma pesquisa baseada em artes (PBA) e na perspectiva da Cultura Visual, verifica-se a possibilidade de se produzir registros na forma de visualidades e narrativas, incentivar a escrita, a leitura e a representação, colaborando na construção de exposição virtual chamada “Imagens no meu caminho’’ no Instagram, um repositório para compartilhamento da proposta e de culminar os resultados das produções.

Palavras-chave: Fotografias Digitais; Ensino da Arte; Autonomia e Protagonismo; TIC; Dispositivos móveis.

 

 

Abstract

This study presents an educational proposal for experimentation and investigation of the daily life of students in the 6th year of Elementary School, started in 2021, aiming to establish relationships with mobile technologies (Smartphones and Tablets) in the production of digital images, through the language of photography. Considering the concern to integrate new technologies into basic education as relevant, it is proposed an approach, where the student dialogues with Art, between different disciplines in a critical, poetic and reflective way and, with this, produce new knowledge and learning. Furthermore, we seek to develop the autonomy of those involved, in a researcher and active role in their learning. With the proposal to provide visibility for students to articulate varied practices, in a pedagogical ideology that starts from a qualitative approach and weaves relationships with arts-based research (PBA) and from the perspective of Visual Culture, there is the possibility of producing records in the form of visualities and narratives, encourage writing, reading and representation, collaborating in the construction of a virtual exhibition called “Imagens no meu path'' on Instagram, a repository as a way of sharing the proposal and culminating the results of the productions.

Keywords: Digital Photographs; Teaching of Art; Autonomy and Protagonism; ICT; Mobile devices.

 

 

Resumen

Este estudio presenta una propuesta educativa de experimentación e investigación de la vida cotidiana de los estudiantes de 6to año de Educación Primaria, iniciada en el año 2021, con el objetivo de establecer relaciones con las tecnologías móviles (Smartphones y Tablets) en la producción de imágenes digitales, a través del lenguaje. de fotografía. Considerando relevante la preocupación por insertar las nuevas tecnologías en la educación básica, se propone un enfoque, donde el estudiante dialoga con el Arte, entre diferentes disciplinas de manera crítica, poética y reflexiva y, con ello, produce nuevos conocimientos y aprendizajes. Además, buscamos desarrollar la autonomía de los implicados, en un papel investigador y activo en su aprendizaje. Con la propuesta de visibilizar a los estudiantes para articular prácticas variadas, en un ideario pedagógico que parte de un enfoque cualitativo y teje relaciones con la investigación basada en las artes (PBA) y desde la perspectiva de la Cultura Visual, existe la posibilidad de producir registros en la forma de visualidades y narrativas, incentivan la escritura, la lectura y la representación, colaborando en la construcción de una exposición virtual denominada “Imagens no meu path” en Instagram, un repositorio para compartir la propuesta y culminar los resultados de las producciones.

Palabras clave: Fotografías Digitales; Enseñanza del Arte; Autonomía y Protagonismo; TIC; Dispositivos móviles.

 

 

Introdução

 

A produção de fotografias está inserida em nosso cotidiano, principalmente com o intenso uso de diversas tecnologias digitais móveis. Esta sistemática de comportamento e produção de visualidades, torna a linguagem fotográfica uma produção acessível, pois podem ser realizadas diretamente com os próprios smartphones e tablets do usuário, o que, ao mesmo tempo, facilita seu compartilhamento via redes sociais.

Esta pesquisa visou apresentar e envolver os estudantes com os avanços tecnológicos nos procedimentos realizados nas escolas, tornando-os cidadãos capazes de entender e compreender as formas como as imagens são produzidas e representadas em seu cotidiano. Estimando explorar as relações entre as novas tecnologias de informação e comunicação (TIC), em conjunto com a linguagem da fotografia digital em meio a práticas educativas, leva-se em consideração que a produção de imagens – entre outras narrativas visuais e/ou digitais - Torna-se cada vez mais popular e faz parte de nossa cultura contemporânea, fato intensificado com o uso das redes sociais e do meio digital como uma forma de expressão, registro e disseminação de informações.

Com a preocupação em inserir tanto as novas tecnologias de informação e comunicação (TIC), quanto o uso destas na produção de fotografias digitais, torna-se possível uma proposta de abordagem metodológica que parta de uma pesquisa baseada em artes (PebA), onde os educandos dialoguem com a Arte, os temas transversais, às disciplinas curriculares e seu cotidiano, de forma a oportunizar a melhoria e a qualidade do ensino. Tal dinâmica, também propicia a da produção de novos conhecimentos e aprendizagens, além da explorar os repertórios culturais dos estudantes. Despertar atitudes ligadas à autonomia e ao protagonismo são elementos de destaque que validam esta pesquisa para o campo educacional, indo ao encontro do proposto na vigente Base Nacional Comum Curricular (BNCC, 2017).

Deste modo, visa-se considerar tanto o processo de pesquisa, quanto o resultado, pois na PebA vemos que o conhecimento também deriva da experiência, como uma forma genuína, onde a experiência artística se faz necessária para explicar a ação e a produção das imagens, enquanto proposta pedagógica.

            Nesta perspectiva, levando em consideração a aplicação metodológica da pesquisa qualitativa, Guerra (2014, p.11) nos fala que:

 

Na abordagem qualitativa, a cientista objetiva aprofundar-se na compreensão dos fenômenos que estuda – ações dos indivíduos, grupos ou organizações em seu ambiente ou contexto social –, interpretando-os segundo a perspectiva dos próprios sujeitos que participam da situação, sem se preocupar com representatividade numérica, generalizações estatísticas e relações lineares de causa e efeito.

 

 

Para tanto, este estudo trata do desenvolvimento de atividades que estimulem a experimentação e a produção de visualidades, explorando a visão do aluno em seu cotidiano de forma crítica, autônoma, poética e reflexiva. Com isto visa-se ampliar o aprendizado do aluno, relacionando a utilização das tecnologias móveis (celulares e smartphones) - estas ferramentas de fácil acesso - na produção de imagens digitais em práticas educativas, a partir da linguagem da fotografia.

Pensando em articular ações que priorizam o desenvolvimento da autonomia e do protagonismo, Freire (1996, p.26) indica que ações, como as propostas neste estudo, estariam instigando produções que desencadeariam uma aprendizagem mais efetiva, pois “os educandos vão se transformando em reais sujeitos da construção do saber ensinado, ao lado do educador, igualmente sujeito do processo”. Ao mesmo tempo, sua ação está vinculada como a de pesquisador ativo ligado ao seu processo formativo e de aprendizagem.

Com o objetivo de verificar as motivações e reflexões aqui expostas, as asserções deste estudo foram aplicadas em experiências em uma escola municipal da cidade de Santa Maria - RS, tendo a disciplina de Arte como fio condutor dialógico, formando uma proposta interdisciplinar que usará a linguagem fotográfica, no formato digital, para pensar, pesquisar e refletir sobre o cotidiano dos estudantes, fluindo por aprendizagens, problematizações, contextualizações e por possíveis ações transversais educativas, que serão compartilhadas em uma página virtual criada na rede social Instagram.

            Destaca-se que muitos estudantes demonstram dificuldades em relação à aprendizagem, muitas vezes não conseguindo ter a percepção necessária da significância do que está sendo por eles estudado, não percebendo a relevância desse aprendizado no seu cotidiano. Comportamentos que poderão ser minimizados, com propostas como a deste estudo, pois com o desenvolvimento de propostas educativas diferenciadas e que explorem a utilização das TIC, em especial dos dispositivos móveis, podem desafiar o estudante a participar mais ativamente de sua aprendizagem.

Ressalta-se o que em nossa sociedade estamos cada vez mais conectados digitalmente, com registros constantes de nossas rotinas, viagens, alimentação, roupas, gestos, selfies, os quais podem ser explorados como abordagem visual que pode ser aproveitada na educação. A proposta, então, satisfaz as necessidades contemporâneas de entrecruzar as práticas de ensino, com as práticas do cotidiano e o uso das TIC em sala de aula.

Levando em consideração a natureza da pesquisa realizada, este estudo foi estruturado em um aporte teórico que consta a seguir e visa compreender e atender as reflexões acerca das produções fotográficas digitais dos estudantes, a serem apresentadas no tópico: Produzindo e dialogando com imagens fotográficas: “Fotografias do Caminho".

 

A fotografia e o mundo das imagens

 

A humanidade transita em um mundo de visualidades, formando redes culturais e informativas, repletas de significados diversos e narrativos. Já na pré-história, nas paredes das cavernas, o homem utilizava a imagem como uma maneira de se comunicar e expressar suas ideias. Consoante a acordo com a narrativa da História ocidental, na idade Média, as imagens foram muito utilizadas como forma de catequizar os fiéis, pois como destaca Lima (2013, p.3), a “leitura da Bíblia e todo conhecimento religioso se dava através das pinturas e das esculturas nas igrejas”.

Vemos que a imagem é uma representação que pode ser lida e decifrada, refletindo diferentes ideias e conceitos, nos transmite informações e é capaz de carregar intenções. Paiva (2002, p.13), apresentando que “a imagem pode ser tudo e o seu contrário'' e que “a imagem não se esgota em si mesma […] há sempre muito mais a ser apreendido, além daquilo que é, nela, dado a ler ou a ver”. O autor ainda prossegue na sua reflexão dizendo que “a imagem não é o retrato de uma verdade, nem a representação fiel de eventos ou objetos, mas uma espécie de ponte entre a realidade retratada e outras realidades” (2002, p.19).

Na mesma linha de pensamento, Flusser (1985, p.10) aponta que o “caráter mágico das imagens é essencial para a compreensão das suas mensagens. Imagens são códigos que traduzem eventos em situações, processos em cenas”. E ainda, “imagens são mediações entre homem e mundo. O homem “existe”, isto é, o mundo não lhe é acessível imediatamente. Imagens têm o propósito de representar o mundo”.

Nossa relação com o mundo está pautada como fomos apresentados, desde o nascimento. Forma-se o mundo das imagens, as quais vão se constituindo códigos e signos, que fazem parte do processo comunicativo.  Características que envolvem também a arte, como forma de representação e registro da realidade.

Perspectiva que sofreu mudanças com a invenção da fotografia (1839), onde a imagem se libertou e “passou a ser usada pelo artista de maneira mais expressiva, criativa e original [...]seguiu seu caminho transpondo as barreiras do imaginário (LIMA, 2013, p.03). A partir desse ponto, a relação da humanidade com a linguagem da fotografia foi sendo construída, por meio de da apropriação de uma técnica que, através de reações químicas, permite registrar e reproduzir cenas e instantes que, sabe-se, são fugidios. De uma necessidade de buscar pelo verossímil, a fotografia possibilitou a criação de imagens por meio de exposição luminosa, fixando-as em uma superfície sensível.

Antes da invenção da fotografia propriamente dita, por volta do século XVI, com o uso de câmeras escuras com outras finalidades, nas quais foram acopladas lentes que permitiam que as imagens projetadas no seu interior ficassem nítidas, é que se pode dizer que os anseios pelo registro permanente de uma imagem mais próxima daquilo que vemos ficaram mais aguçados. Já no século XVIII, estas câmeras escuras passaram a ser utilizadas na realização de retratos da nobreza e imagens campestres (BUSNARDO, 2018).

Estes fatos demonstraram avanço temporal e tecnológico, mas um grande salto foi dado no século XIX, quando as imagens projetadas no interior das câmeras escuras puderam ser fixas por de fotografias, registros possíveis por meio de processos físicos e químicos e não mais por intervenção de desenho ou pintura. Em meados do século XX, as fotografias que até então eram em registros em preto e branco, tornaram-se possíveis também em cores.

Logo, com o avanço das comunicações e das tecnologias e, da evolução da fotografia, que deixou de ser nas caixas pretas mais simplificadas, para câmeras fotográficas profissionais, as quais, futuramente, se converteram no formato digital, como as majoritariamente utilizadas atualmente. Promovendo assim, registros históricos em tempos reais, registros do mundo, contando as histórias globais e retratando fatos importantes de nossa história.

Em Gomes (1996), compreendemos que o ato de fotografar é uma maneira de imortalizar uma situação, de forma expressiva e com poder de transmitir certo caráter subjetivo ao realismo virtual/digital que trazemos na contemporaneidade. Ao usar uma representação imagética, temos mediante a leituras da sua visualidade, a capacidade de interpretar, descrever e se expressar, o que está em complemento ao necessário processo de ensino e formação de cidadãos críticos, reflexivos, conscientes e engajados, que se fazem necessários em nossa sociedade.

Neste caminho Martins (2006), aponta que para viver em sociedade se faz necessária uma visão crítica e sentido de responsabilidade, pois as imagens possuem vida cultural e exercem influência psicológica e social sobre os indivíduos” (p.73) e estamos cada vez mais manipulados pela crescente oferta de visualidades, muitas vezes com aparência inofensiva, mas que circulam e invadem nosso cotidiano e acabam nos influenciando de diferentes formas.

A prática de fotografar pertence ao cotidiano. Pensando temporalmente, a imagem fotográfica é o passado presente, pois, segundo Mauad (1996, p.10) “do ponto de vista temporal, a imagem fotográfica permite a presentificação do passado, como uma mensagem que se processa através do tempo […]”.

Ao identificar-se a importância do uso das fotografias digitais no contexto da sala de aula, verifica-se como esse recurso visual pode contribuir na construção do conhecimento e percebe-se que o uso da fotografia pode estabelecer conexões entre a questão memorial, o contexto histórico e as relações sociais, políticas e culturais inscritas em um determinado período, proporcionando percepções fundamentais sobre a permanência e sobre as mudanças que ocorrem ao longo do tempo.

Nesse sentido, a educação contemporânea pode incorporar a presença da fotografia nos espaços-tempos de ensino, fazendo mais uso desse recurso no planejamento escolar, pois interliga as ações vividas dos jovens aos conteúdos escolares, dialogando com variadas áreas do conhecimento e disciplinas curriculares. No tópico a seguir propomos, justamente, uma reflexão mais ampliada nas relações e possibilidades do uso da fotografia digital como importante recurso no campo educacional.

 

Fotografias Digitais na Educação

 

O atual cenário educacional evidencia o avanço na rede das inovações tecnológicas, por sua vez, do uso constante por parte dos estudantes de aparelhos digitais na sala de aula. A fotografia como recurso didático em sala de aula (seja através da proposição de registros fotográficos ou do exercício de leituras de fotografias), possibilita um espaço muito amplo de visão ao aluno. A arte de fotografar no processo de ensino e aprendizagem estimula novas percepções sobre a realidade vivenciada e com isso, uma construção crítica construtiva sobre o mundo. 

O cenário cultural contemporâneo impõe aos profissionais da educação uma atualização frente às novas tecnologias, sendo que a fotografia, nesse espaço, configura-se como uma nova ferramenta didática para os professores usarem no processo de ensino e aprendizagem. De acordo com Miguel (2011, p.01),

 

A fotografia é uma linguagem artística e um conteúdo de Arte que possibilita a ampliação do olhar crítico e problematizador do/a aluno/a sobre a sua realidade, o mundo, o seu existir. Ela não é simplesmente um registro do objeto ou de um momento, mas um recorte e uma representação do real intermediada pelo/a fotógrafo/a. No ato de fotografar, ele/a expõe suas intenções, suas escolhas e suas interpretações. 

 

            Recorrer ao uso de fotografias na educação pode ser um recurso didático de sensibilização e exploração das práticas do olhar. Compreende-se que a fotografia não é apenas escolher uma paisagem ou um objeto aleatório e “tirar uma foto”, a imagem fotografada pode trazer significados subjetivos e diferentes, pois cada indivíduo interpreta e faz uma releitura da imagem de forma diferente. Importante destacar que no ato de fotografar está intrínseco o ato de selecionar, onde inevitavelmente estão presentes - de forma explícita ou implícita - as subjetividades e motivações presentes daquele que fotografa. O ato de fotografar está ligado a uma vontade de guardar a imagem para o futuro, algo que, virará passado no ato do clique, carregando com isso uma vontade memorial ligada a realidade, pois a imagem

 

é memória e com ela se confunde. Entendida desta forma, cabe ressaltar que sua interpretação depende do diálogo estabelecido entre o fotógrafo, a fotografia e o observador. O sistema óptico da câmara não dá conta de revelar a realidade interior do que foi fotografado. Este não dito da fotografia, o que está para além do imediatamente revelado, é material que pode ser imaginado, reconstituído e narrado por cada observador/leitor (KOSSOY, 2002 apud Lopes, 2016, p. 3).

 

Seguindo este entendimento, o uso da câmera pode atuar como uma ferramenta para investigar a percepção do observador por trás da tela, uma vez que permite questionar o porquê captou uma imagem, objeto ou determinada pessoa, uma percepção única do que atrai sua atenção. Frente a este pensamento, nota-se que quando os alunos produziram fotografias, estas relações podem ser literalmente reveladas em um texto diferente do que se possa imaginar, pois são reais e não apenas pensamentos e de acordo com Wachowicz (2015, p. 44): “[...] a finalidade de sua expressão está na imaginação do fotógrafo [...]”.

A proposta de trabalhar com fotografias a partir das aulas de artes, vinculadas à exploração das TICs, vem ao encontro da necessidade de aproximar o sujeito de uma visão crítica de sua realidade. Tendo em vista que comumente os estudantes levam para a sala de aula seus aparelhos móveis (celulares, tablets, smartphones), para jogar, acessar internet, pesquisar, se comunicar etc.; ações que muitas vezes se distanciam das práticas de ensino, desafiam os professores a envolver essas ferramentas nas suas propostas didáticas, como importantes recursos metodológicos.

A partir disso e com os aportes metodológicos da perspectiva da Cultura Visual, é possível instigar a proposta pedagógica onde há movimentos que apontam para o rompimento de padrões relacionados e idealizados pelos estudantes, sobre o que é arte ou que pode ser arte e sua possível vinculação também ao cotidiano. 

A cultura visual nesta perspectiva oportuniza movimentos individuais a partir das visualidades. Nesse sentido, ao capturar/produzir/reproduzir/consumir determinadas imagens, vemos que elas evocam sentidos culturalmente construídos por aquele sujeito. Com isso, a experiência de reflexão sobre a prática pedagógica pode ser considerada uma autoavaliação em exercício de uma pedagogia da criticidade, em busca de um rompimento com padrões culturalmente estabelecidos em uma sociedade colonizada, também no campo da visualidade.

 

Esta perspectiva auto-reflexiva favorece também o compromisso com o objetivo mais amplo dos estudos críticos, nos quais o que se persegue não é uma análise da cultura visual dentro da sala de aula, mas oportunizar aos aprendizes uma reflexão sobre maneira como as manifestações da cultura visual refletem as relações de poder, contribuindo-se em termos de suas vidas e também com a dos educadores nas dimensões emocional, política, social e material (HERNÁNDEZ, 2000, p.70).

 

Nesse sentido, a fotografia como recurso didático em sala de aula, apresenta um espaço amplo de exploração de visão de mundo do estudante, relacionando a linguagem da fotografia ao processo de ensino e aprendizagem. Enquanto, também, possibilita a criação de dinâmicas e criação de narrativas, estas entendidas a partir de Galvão (2005) como o estudo das diferentes maneiras como os seres humanos experienciam o mundo, e como a forma que organizamos nossas experiências diárias e de acontecimentos.

Produzir registros fotográficos aponta a novos conceitos sobre a representação que a imagem propõe e possibilita relações críticas ao analisar o mundo a partir da perspectiva da fotografia e com um olhar estrangeiro. Compreende-se que “[...] a realidade cotidiana é percebida por cada um de nós de um modo muito particular, damos sentido às situações por meio do nosso universo de crenças, elaborado a partir das vivências, valores e papéis culturais inerentes ao grupo social a que pertencemos” (GALVÃO, 2005, p. 32).

A cultura visual pode estar presente, no sentido em que a linguagem fotográfica pode ser o dispositivo produtor de visualidades, onde, ao aprender e interpretar, o sujeito materializa a experiência social e usa o aparelho móvel como um recurso de ensino. Ao produzir imagens fotográficas, editá-las e compartilhá-las, articula com o acesso a diferentes aplicativos. Neste sentido, Alves (2008, p. 9), aponta que as fotografias

 

tem o valor intrínseco de favorecer o reconhecimento da realidade e ampliar a consciência humana para os problemas que existem no mundo por nós compartilhados. As imagens e a linguagem fotográfica são poderosos instrumentos para estimular e aprimorar a percepção dos sujeitos. 

 

 

O envolvimento e desenvolvimento de ações com a fotografia digital tornou-se algo viável e de fácil uso na educação, tendo em vista que as tecnologias digitais estão cada vez mais presentes em todos os setores sociais. A fotografia digital deve ser usada não apenas como elemento para registros, mas de forma a despertar nos jovens interesses também voltados à sua própria aprendizagem, reflexão e práticas de pesquisa.

 

Produzindo e dialogando com imagens fotográficas: “Imagens do Caminho”

 

No ano letivo de 2021, trabalhando em um sistema remoto e posteriormente híbrido, as atividades foram desenvolvidas em uma Escola da cidade de Santa Maria - RS, escola pertencente à Rede Pública Municipal, consolidada e em diálogo com o trabalho já desenvolvido nas aulas de Arte na escola, em função da imagem na sociedade e no percurso de sensibilizador que já estávamos percorrendo, da importância das representações visuais na história da sociedade.

A proposta educativa apresentada à turma de estudantes do 6º ano, visou explorar e investigar seus cotidianos, a partir do questionamento: O que vejo em meu caminho? A proposta visou que fossem fotografados pontos importantes de sua cidade, bairro, rua, residência, de modo a explorar seu cotidiano, instigando que observassem e investigassem o seu caminho, o qual muitas vezes não é olhado com base em uma perspectiva poética e sensível. Fotografias de seu dia a dia, de seus percursos. Coisas e situações importantes, como: lugares que chamam a atenção por onde passa e despertam algum sentimento e emoção. Poderiam ser lugares que necessitam de suporte e atenção, como: lugares poluídos, com lixo, abandonados.

Segundo afirma Praia, Cachapuze Gil-Perez:

 

A observação é assim entendida como um processo selectivo, estando a pertinência duma observação ligada ao contexto do próprio estudo, tornando-se necessário ter já alguma ideia à partida (expectativas) do que se espera observar (PRAIA, CACHAPUZ e GIL-PÉREZ, 2002, p.136).

 

Estes registros e produções visuais trazidos e produzidos pelos alunos, foram e estão sendo postados no Instagram, construindo séries de narrativas particulares, que partem do mundo particular de cada estudante, enquanto fazem parte do imaginário coletivo, do social, do particular, do histórico e cultural. Neste intuito, foi gerada a página denominada: "Imagens no meu cotidiano", onde o produto das pesquisas fotográficas, fruto das atividades e registros dos alunos, foram sendo inseridas e compartilhadas. O Instagram se apresenta como uma galeria virtual, onde são expostos os trabalhos dos alunos.

O encontro das experiências de produção fotográfica no perfil no Instagram tornou-se importante, pois nos deparamos com a solicitação dos alunos, na necessidade de trocar experiências, interagir, expor suas produções. Assim, temos o compartilhamento da prática, onde o material foi divulgado e associado a outros perfis, assuntos ou discussões na rede social, indexando-se a visualidades na mesma temática, a partir de hashtags como: #nomeucaminho, #mobgrafias, #meucotidiano, #minhalocalidade, #meubairro.

Na sequência pedagógica, as imagens trazidas pelos alunos, foram sendo postadas remotamente em uma atividade criada no Classroom[5] na disciplina de Arte. Este ambiente de ensino e aprendizagem é disponibilizado pela Rede Municipal de Ensino de Santa Maria, envolvendo as práticas docentes nesta sistemática híbrida em que estamos trabalhando e, por fim, auxiliou na proposta com a organização das participações dos estudantes, com a seleção dos materiais e com as produções textuais descritivas. Como ao exemplo da imagem 1 e imagem 2, onde temos a produção fotográfica do aluno Roberty (6º ano, 2021) e seu comentário descritivo, narrativo e reflexivo, apresentando características e as necessidades do local registrado:

 

Figuras 1 e 2 - Fotografias e Descrição da Imagem

 

 

 

 

Fonte: Arquivo da Pesquisa

 

Como observamos acima, as produções visuais, na linguagem da fotografia, tornam-se” muito mais do que a simples perpetuação de uma cena, a fotografia é um testemunho, um depoimento silencioso que, assim como a pintura, a escultura ou outras linguagens, carrega a identidade de seu autor (MARTINS, 2010, p. 16). E, essas produções fotográficas, transpostas para práticas de leitura visual, tanto em sua unidade (observando cada imagem), como em suas combinações em trios (Figura 3), oportunizadas pelo próprio layout do Instagram, vemos que “podemos passar a chamar de leitor não apenas aquele que lê livros, mas também o que lê imagens”, conforme Santaella (2012, p. 9).

 

Figura 3 - Imagens do perfil “Imagens no meu caminho”

 

 

Fonte: Arquivo da Pesquisa

 

Estas ações ficaram mais problematizadoras e dialógicas quando colocadas em uma apresentação no formato de conjuntos de 3 ou mais fotografias diferentes juntas (como na Figura 3). Neste formato, também é possível ressignificar o conjunto fotográfico de forma a interpretar os elementos das imagens com base na cultura de cada um, suas referências, criatividade e imaginação, criando informações. Propõem-se procedimentos que visam não apenas ver as imagens, mas mostrar a necessidade do exercício de observar, onde

 

O diálogo e a problematização não adormecem a ninguém. Conscientizam. Na dialogicidade, na problematização, educador-educando e educando-educador vão ambos desenvolvendo uma postura crítica da qual resulta a percepção de que este conjunto de saber se encontra em interação [...] (FREIRE, 1983, p.37).

 

A leitura de imagens torna-se uma proposta metodológica interessante e importante em sala de aula, onde poderá notar-se algumas novas inserções e combinações, bem como uma poderosa exploração de linha, cor e espaço. Bueno (2011, p.151), mostra que:

 

[…] a leitura que se faz do mundo vem por meio dos nossos sentidos, da percepção, da imaginação, da intuição e do intelecto. Portanto, não somos passíveis às informações que nos chegam, apenas selecionamos o que nos sensibiliza e então é feito um recorte da realidade, através do modo como olhamos e encaramos o mundo.

 

A ligação da fotografia digital na educação, como nesta proposta, mostra que o envolvimento das TICs na educação apresenta possibilidades amplas, apontando capacidades de olhar cotidiano, explorando o espaço geográfico, o que leva o aluno a investigar o cotidiano para além da sala de aula. Nisso, a fotografia se mostra como ferramenta flexível de análise, registro e como um elemento auxiliar na construção do pensamento crítico. Masetto (2006), complementa apresentando que

 

As tecnologias devem ser utilizadas para valorizar a aprendizagem, incentivar a formação permanente, a pesquisa de informação básica e novas informações, o debate, a discussão, o diálogo, o registro e documentos, a elaboração de trabalhos, a construção da reflexão pessoal, a construção de artigos e textos (MASETTO, 2006, p.153).

 

Esta dimensão pedagógica se completa com atividades de produção escrita, propostas a partir da apreciação e leitura das produções fotográficas mediante de criação de histórias, de narrativas e de relatos. Em meio a sequências didáticas, articular ações em relação à leitura e à escrita, são importantes e validam as realizações de produções fotográficas digitais. Produções, como ao exemplo do trecho da narrativa da estudante Bruna (6º ano, 2021):

 

As árvores se moviam como o vento forte, os barulhos da própria natureza. Os dois garotos caminhavam sobre folhas mortas e alguns galhos junto que haviam caído sobre á terra pouco úmida [...] Os dois meninos caminhavam rápido, porém diminuíram os passos após avistarem uma casa totalmente antiquada e acabada, partes das paredes desgastadas, a pintura branca estava "suja" de poeira, as janelas quebradas [...] foram interrompidos por um cheiro terrível num lixo cheio de objetos [...] O cheiro ficava cada vez mais forte, eles taparam o nariz com as mãos, seus olhos se arregalaram ao ver um líquido vermelho saindo dos lixos e antes que pudessem dizer algo, seus olhos se fecharam e seus corpos caíram no chão.

 

Com a apresentação das fotografias digitais produzidas, unimos a exposição digital no Instagram, de forma que aprecia as imagens, trazem elementos registrados para o debate, socialização, apreciação e criação. Assim, os diálogos com os estudantes se deram a fim de reverberar e ressignificar os afetos envolvidos. Com a percepção visual das imagens, torna-se possível, procedimentos como: ler, significar, decodificar e ressignificar os registros fotográficos.

Segundo Menezes (1996, p. 85):

 

Quando vemos a fotografia de um lugar, partimos do pressuposto imediato de que se olhamos para a imagem de uma paisagem, de uma cidade ou de uma casa, isso só pode ocorrer em virtude de que aquele lugar existe, ou existiu, e somente por essa razão pôde se colocar como objeto de fotografia, pôde ser fotografado para que agora nossos olhos ali o vislumbrem e o reconheçam.

 

O aluno que fotografou seu cotidiano, seu percurso, suas impressões visuais do mundo, pode alavancar questionamentos importantes da sua localidade. Histórias, estórias e contos da sua comunidade, falando da imagem, não somente dos elementos visuais de forma icônica de seus signos, mas em uma leitura perceptiva pulsante, comunicativa e ativa de significados. Ao mesmo tempo que produz textualmente, é estimulado na importância da leitura e da criação de histórias, entres práticas na disciplina de Arte, bem como das relações estabelecidas ao apreciar-se uma ou mais imagens fotográficas, compreendendo as vivências dos participantes envolvidos.

 

Figura 4 - Imagens do perfil “Imagens no meu caminho”

 

 

Fonte: Arquivo da Pesquisa

 

 

Conforme Ferraz e Fusari (1992, p. 71), para desenvolver ações relacionadas a um Arte, se faz necessário também,

 

Descobrir quais são os interesses, vivências, linguagens, modos de conhecimento de arte e prática de vida de seus alunos. Conhecer os estudantes na sua relação com a própria região, com o Brasil e com o mundo, é um ponto de partida imprescindível para um trabalho de educação escolar em Arte que realmente mobilize uma assimilação e uma apreensão de informações na área artística. O professor pode organizar um mapeamento cultural da área em que atua, bem como das demais, próximas e distantes. É nessa relação com o mundo que os estudantes desenvolvem as suas experiências estéticas e artísticas, tato com as referências de cada um dos assuntos abordados no programa de Arte, quanto com as áreas da linguagem desenvolvida pelo professor.

 

Intervenções que envolvam relações entre o uso das TICs em sala de aula, incluindo a de produções digitais, redes digitais, indicam que ensaios e experimentações na produção de visualidades em Arte, como essas, apresentam uma seleção de objetivos a serem explorados. Com a prática fotográfica e observação do cotidiano, ao mesmo tempo que o evidencia, pode auxiliar na melhoria do olhar individual e coletivo, expondo e registrando fatos curiosos e importantes de sua localidade, que muitas vezes escapam durante o itinerário diário. É uma outra forma necessária de memória que precisa de intencionalidade e planejamento por parte de quem a utiliza, revelando os interesses e o protagonismo dos atores envolvidos no processo de aprendizagem.

 

Considerações Finais

 

Este artigo dedicou-se à implantação de uma proposta de produção de fotografias digitais, considerando a realidade do educando e seu contexto educacional. A fotografia torna-se um produto a ser desenvolvido, a partir do uso das novas tecnologias digitais como um recurso didático. Tal intento fornece subsídios para valorizar as peculiaridades e as vivências de cada indivíduo e o seu contexto, por meio de registros fotográficos.  Neste sentido compreendemos que:

 

O saber, a identidade e a racionalidade sobre como as pessoas constroem o conhecimento do mundo ao seu redor, a compreensão de si mesmas e a interlocução com as outras pessoas (ALMEIDA e VALENTE, 2012, p.63).

 

Com as produções fotográficas, torna-se importante deixar que o aluno desenvolva a sua criatividade e conte a história representada na imagem do seu jeito, de sua ótica e o que se complementa com o registro visual de seu cotidiano. A ação de registro fotográfico, como o proposto, torna-se um instrumento do professor e do aluno, pois é um recurso para revelar aprendizagens e indicar caminhos que trazem dimensões do cotidiano, para a ampliar a visão de mundo. Freire (2011) relata, conforme apontado no tópico “Produzindo e dialogando com imagens fotográficas: “Imagens no meu caminho”, que nesta perspectiva de trabalho, temos condições de verdadeira aprendizagem, onde os educandos vão se transformando em reais sujeitos da construção do saber ensinado, ao lado do educador, igualmente sujeito do processo.

Os estudantes, como protagonistas e autores de suas produções fotográficas e textuais, mostravam-se orgulhosos dos resultados, divulgavam o perfil do Instagram e destacavam as possibilidades que a proposta teve em relação à sua percepção em apreender sobre a realidade em que vivem, seus cotidianos, meioambiente etc. Desta forma, o estudante utiliza seu olhar e imaginação para desenvolver ações para tentar mudar a realidade que foi registrada. Ainda, na utilização da capacidade criadora de informar em imagens fenômenos, cenas e lugares, que muitas vezes, não poderiam ser conhecidos destacados em sua importância.

Compreende-se que a utilização de diferentes recursos tecnológicos, como o aparelho celular, também para a educação, torna-se de grande importância, incluindo o contexto digital, tão presente na vida contemporânea, no cotidiano escolar, dandouma outra função para este dispositivo. Desta forma,a tecnologiaatua como um recurso de ensino e aprendizagem, um instrumento, onde o estudante pode ser atuante em sua aprendizagem e produtor de seu conhecimento, enquanto explora seu próprio cotidiano.

Freire (2011, p. 47), referindo-se ao conhecimento, deixa claro que um professor precisa “[…] saber que ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”. As produções de fotografias digitais, publicadas no Instagram, tornam-se uma exposição, constroem narrativas, dialogam e perpassam a vida. Enquanto acontece a pesquisa, há efetiva participação e desenvolvimento da autonomia desses estudantes envolvidos. Nesse ponto, percebe-se que os estudantes atuaram como agentes e protagonistas no processo de construção do saber, dando vazão à sensibilidade de maneira mais plena, contando com o professor como mediador/orientador deste processo de aprendizado.

Destacamos que está proposta viabilizou a cientificação de que o ensino da Arte para a turma, que passou a não ser mais vista como um momento de relaxamento, desenho e pintura. Mas, possibilitou o entendimento da disciplina como uma área mais ampla, que dialoga com diferentes linguagens artísticas. Nesse sentido, pensar a prática de produção de fotografia digital, mostra uma linguagem que vai ao encontro do comportamento expositivo recorrente nas redes sociais e ao encontro de inúmeros tipos de visualidades. A fotografia atuando como instrumento produtor de (res)significados sociais plurais.

Um dos maiores desafios dos professores é acompanhar as novidades tecnológicas, e isso pode influenciar diretamente no interesse dos alunos. O Instagram mostra-se como um exemplo do valor que as imagens têm para os internautas e para a sociedade de forma ampla, pois o sucesso desta rede social é um reflexo da importância da fotografia na vida das pessoas.

Práticas educativas como as apresentadas nesse estudo, conversam com o “momento pandêmico” que vivenciamos, pois, com os momentos síncronos e assíncronos de desenvolvimento, foram possíveis em meio às práticas híbridas ofertadas pela rede de ensino e não impedindo os estudantes de participarem e produzirem. Apesar dos desafios encontrados frente ao distanciamento, lançamo-nos uma experiência de produzir imagens, relatar e narrar, destacar e criar histórias, onde nossos aparelhos móveis viraram aliados e as fotografias digitais nossos resultados visuais.

A pesquisa e proposta pedagógica apresenta pontos passíveis de serem explorados, apresentando a fotografia como importante recurso didático, capaz de promover novas leituras e visões sobre o cotidiano, bem como estimular novas expressões e manifestações sociais e culturais. Nesse sentido, foi possível a ampliação em às competências e habilidades que incentivaram novas formas de analisar o mundo do ponto de vista social, histórico e econômico a partir de práticas relacionadas à Arte e à tecnologia. Trata-me de elementos-chave, que identificam os potenciais desta proposta e seu imbricamento em abordagens educativas e artísticas.

 

REFERÊNCIAS

 

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[1]Doutorando em Artes Visuais, linha de pesquisa: Arte e Tecnologia, pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Mestre Tecnologias Educacionais em Rede - Desenvolvimento de Tecnologias Educacionais (UFSM). Especialista em Artes, pela Universidade Federal de Pelotas (UFpel) e Especialista em Tecnologias da Informação e Comunicação aplicadas à Educação - TIC (UFSM). Graduado em Artes Visuais Licenciatura Plena em Desenho e Plástica (UFSM). Atua como Professor de Arte nos Municípios de Agudo e Santa Maria. E-mail: jeanoliverlinck@hotmail.com

 

[2]Mestra e Doutora em Memória Social e Patrimônio Cultural (UFPel). Especialista em Mídias na Educação pelo IF Sul-Rio-Grandense (2010). Possui graduação em Artes Visuais - Habilitação em Design Gráfico (UFPel) e Graduação em Licenciatura Plena em Design (IF Sul-Rio-Grandense). Atua como professora Adjunta da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). E-mail: paulaglima@gmail.com

 

[3]Especialista em Artes pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) e Especialista em Aperfeiçoamento em Formação Docente para Educação a Distância, Instituto Federal do Espírito Santo (IFES). Licenciada em Geografia pela Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA). Tecnóloga em Processos Gerenciais (UNINTER). E-mail: val_assun@yahoo.com.br.

 

[4]Especialista em Artes pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), licenciada em Geografia pela Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Bacharel em Administração Pública pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). E-mail: essymeirelles@gmail.com

[5] Plataforma central de ensino e aprendizagem oferecida pela Google, que oferece uma ferramenta para gerenciar, medir e enriquecer a experiência de aprendizagem. Mais informações em: https://edu.google.com.