Arte/Corpo/Cidade: itinerâncias imersivas em Arte e Educação nos centros urbanos

 

Art/body/city: immersive itinerancies in Art and Education in urban centers

 

Arte/Cuerpo/Ciudad: itinerarios inmersivos en Arte y Educación en centros urbanos

 

 

Margarete Sacht Góes[1]

Universidade Federal do Espírito Santo

 

 

Resumo

Problematizar como os deslocamentos pelos centros urbanos podem ser utilizados como dispositivos de sensibilização do olhar e ativação dos ambientes de aprendizagens em arte é o objetivo deste texto. Metodologicamente, sustenta-se na pesquisa qualitativa exploratória e artográfica, por meio de dispositivos de narrativas, em que estudantes de graduação do curso de licenciatura em Pedagogia, ao participarem do projeto de pesquisa internacional “Arte na Pedagogia: Formação docente com e em Artes/Culturas”, experienciam a proposição Arte/Corpo/Cidade, na qual narram suas experiências imersivas em Arte e Educação ao andar pelos centros urbanos e equipamentos culturais da cidade de Vitória/ES. Teoricamente, fundamenta-se em Larossa (2002), Jacques (2005), Bellidson e Irwin (2013), Careri (2017), Góes (2021), Martins (2021) e Barbosa (2023). Finaliza inferindo sobre a premência de que, na formação inicial de professoras/es, a arte seja potencializada por deslocamentos pelos centros urbanos, pois as visualidades que compõem os repertórios artístico-culturais são constituídas nos mais diferentes e diversos locais de aprendizagem quando os corpos se sensibilizam para seu entorno e, ao se moverem, compreendem suas memórias, histórias e identidades culturais e reconhecem seu lugar na educação e no mundo.

 

Palavras-chave: Corpo; Cidade; Errâncias; Deslocamento; Formação de Professoras/es.

 

 

Abstract

Questioning how displacements through urban centers can be used as devices to raise awareness and activate learning environments in art is the objective of this text. Methodologically, it is based on exploratory and artographic qualitative research, through narrative devices, in which undergraduate students of the degree course in Pedagogy, when participating in the international research project “Art in Pedagogy: Teacher training with and in Arts/Cultures” , experience the Art/Body/City proposition, in which they narrate their immersive experiences in Art and Education when walking through the urban centers and cultural facilities of the city of Vitória-ES. Theoretically, it is based on Larossa (2002), Jacques (2005), Bellidson e Irwin (2013), Careri (2017), Góes (2021), Martins (2021) and Barbosa (2023). It ends by inferring about the urgency that in the initial training of teachers/es, art is enhanced by displacements through urban centers, since the visualities that make up the artistic-cultural repertoires are constituted in the most different and diverse places of learning when the bodies are sensitized to their surroundings and, as they move, they understand their memories, histories and cultural identities and recognize their place in education and in the world.

 

Keywords: Body; City; Wanderings; Displacement; Teacher Training.

 

 

Resumen

Discutir cómo los movimientos a través de los centros urbanos pueden ser utilizados como dispositivos para crear conciencia y activar entornos de aprendizaje artístico es el objetivo de este texto. Metodológicamente, se basa en una investigación cualitativa exploratoria y artográfica, a través de dispositivos narrativos, en la que estudiantes de pregrado de la carrera de Pedagogía, al participar del proyecto de investigación internacional “Arte en Pedagogía: Formación docente con y en las Artes/Culturas”, experimentan la propuesta Arte/Cuerpo/Ciudad, en la que narran sus experiencias inmersivas en Arte y Educación al caminar por centros urbanos y equipamientos culturales de la ciudad de Vitória/ES. Teóricamente se basa en Larossa (2002), Jacques (2005), Bellidson e Irwin (2013), Careri (2017), Góes (2021), Martins (2021) y Barbosa (2023). Se termina infiriendo la urgencia de que, en la formación inicial de los docentes, el arte sea potenciado por los desplazamientos por los centros urbanos, en la medida que las visualidades que integran los repertorios artístico-culturales se constituyen en los más diferentes y diversos lugares de aprendizaje cuando los cuerpos son ellos. toman conciencia de su entorno y, cuando se mueven, comprenden sus memorias, historias e identidades culturales y reconocen su lugar en la educación y en el mundo.

 

Palabras clave: Cuerpo; Ciudad; Andanzas; Desplazamiento; Formación de Profesores.

 

 

 

Deslocamentos, Derivas e Errâncias

Movimento, deslocamento... corpos que deambulam pelas cidades sem ver! Corpos insensíveis às visualidades que importam e, muitas vezes, atentos a outras que não importam, mas que formam e conformam o olhar! Corpos que percorrem as cidades de forma aligeirada, confusa! Seguem o fluxo, outros corpos, outros movimentos, sons! Corpos à deriva! Trajetos, caminhos fixos! Corpos anestesiados, decididos a chegar, mas sem ver, ouvir e sentir o que as cidades oferecem!

Mas o que elas oferecem? Para Jacques (2005), as cidades contemporâneas se constituem como “cidade-espetáculo”. Ela faz uma crítica à espetacularização das cidades propondo, como antídoto, “[...] uma apologia das errâncias urbanas, da experiência participativa das cidades”. Segundo a autora, essa espetacularização “[...] está diretamente relacionado a uma diminuição da participação popular, mas também da própria ‘experiência física urbana enquanto prática cotidiana, estética ou artística’”, (JACQUES, 2005, p.16, grifo nosso).

Ao colocarmos o acento na “experiência física urbana enquanto prática cotidiana, estética ou artística”, é por compreendermos que o nosso olhar, nosso repertório visual, é constituído no dia a dia, e essas possibilidades de experiência estética, esses atravessamentos fazem parte de nossa formação, da nossa bagagem ou repertório artístico-cultural. Formação essa que é um grande desafio enfrentado pelas/os estudantes nos cursos de licenciatura em Pedagogia[2].

A formação estética de professoras e professores, é, ou deveria ser, um direito fundamental, imprescindível, em que o acesso aos bens culturais integrasse os currículos e as formações de maneira contundente, com o intuito de tornar os sujeitos mais críticos e criativos. Nesse contexto, referendamos Barbosa (2023, p. 117) ao ressaltar que:

A arte é um instrumento imprescindível para a identificação cultural e o desenvolvimento criador individual. Através da arte, é possível desenvolver a percepção e a imaginação para apreender o que acontece com o meio ambiente, aprimorar a capacidade crítica, permitindo analisar a realidade percebida e incrementar a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi analisada.

 

É fato que, para saber analisar e mudar a realidade, é preciso ter posicionamento crítico e saber fazer uma leitura sensível da objetividade concreta das coisas que nos cercam, ou melhor, do mundo. Compreendemos que cada andança pelas ruas das cidades e pelos equipamentos culturais, quando realizados com intencionalidade de ver, olhar, observar, perceber, com uma escuta atenta e sensível, suscita perguntas, estranhamentos, sensações, desejos, pois são dispositivos para nos fazer sentir com todos os sentidos.

Entretanto, temos vivenciado um cenário no qual as experiências corporais se (des)locam, se perdem, se esvaem diante de políticas públicas voltadas para “[...] a mercantilização espetacular das cidades” (JACQUES, 2005, p. 17), ou seja, os projetos urbanos não se preocupam mais com o habitante local, mas sim, em se ajustar ao modelo internacional de cidade. Modelo padronizado, que mimetiza um aspecto singular de cidade, com identidade cultural, com memória e história, mas que verdadeiramente é homogeneizador, pasteurizado, em que moradoras e moradores locais não se sentem pertencentes por não conhecerem, não se apropriarem e não participarem efetivamente da preservação da própria história. Para Jacques (2005, p. 18) “[...] O turista, ao contrário do habitante, não se apropria do espaço, ele simplesmente passa por ele”.

Tensionamos ainda mais esses aspectos ao refletirmos sobre a formação inicial de professoras/es, pois deambular pelas cidades parece-nos, então, uma metodologia interessante para compor os currículos dos cursos de Pedagogia, haja vista que esse olhar sensível a que nos referíamos colabora na constituição de sujeitos críticos e criativos, que sabem ler para além do que está posto, que está atento ao que o seu entorno oferece e ao que seu corpo pode se apropriar dele. “Se o corpo é o motor da obra” (MORAIS, 1970), ele pode e precisa ativar os dispositivos de mediação encontrados pelos caminhos que vamos traçando e ocupando como sujeitos que estão no mundo e com o mundo. De acordo com Góes (2021, p. 185):

 

[...] é o público quem ativa a obra, e essa obra não necessariamente precisa estar dentro de um aparelho cultural socialmente referendado para expor “obras de arte”, e ao compreendermos a arte como “campo ampliado”, passamos a perceber que a produção artística não cabe mais nesses espaços canônicos, que ela se expande e vai se democratizando ao fazer uma aproximação com os diferentes sujeitos e espaços.

 

Buscamos, nesse contexto, desenhar um caminho rizomático que circunscreva a formação de professoras e professores com a produção artística que se expande, tangencia e aproxima os diferentes sujeitos e espaços da cidade – ou seja, dos lugares culturais a que pertencemos, no qual o aspecto relacional seja compreendido por meio da dialogia, da polifonia, da ausculta e do olhar exotópico (BAKHTIN, 2003).

Hernandez (2007) nos ajuda a pensar nas problemáticas educativas que surgem no dia a dia e que colocam a escola em conflito com a educação fora da escola, pois:

No caso da educação, trata-se de se aproximar destes "lugares" culturais, onde meninos e meninas, sobretudo os jovens, encontram hoje em muitas de suas referências para construir suas experiências de subjetividade. Umas referências que não costumam ser levadas em conta pelos docentes, entre outras razões, porque as consideram pouco relevantes, a partir de um enfoque do ensino centrado em alguns conteúdos disciplinares e em uma visão da Escola de cunho objetivista e descontextualizado (HERNANDEZ, 2007, p. 37).

 

Se o sistema educacional ainda se encontra atrelado a um ensino modelar, e o ensino da Arte subsumido, pulverizado e a serviço de outras disciplinas escolares, como sensibilizar o olhar e ampliar o repertório artístico-cultural das/dos futuras/os pedagogas/os, que, fundamentalmente terão que pensar os currículos escolares, as crianças/estudantes e, particularmente o diálogo com professoras/es licenciados em Arte? Faz-se necessário então, criar possibilidades de formação estética desses profissionais para atuar na educação, estabelecendo um diálogo entre a arte e a vida.

Ressaltamos então a premência das/os estudantes de Pedagogia se nutrirem esteticamente por meio de conhecimentos relativos ao universo da arte, ou melhor, alimentarem-se de arte, indo a museus, visitando exposições, assistindo a concertos e espetáculos musicais e de dança, enfim, faz-se necessário vivenciar e experienciar arte. Para Iavelberg (2003, p. 12):

 

É necessário que o professor seja um “estudante” fascinado por Arte, pois só assim terá entusiasmo para ensinar e transmitir a seus alunos a vontade de aprender. Nesse sentido, um professor mobilizado para a aprendizagem contínua, em sua vida pessoal e profissional, saberá ensinar essa postura a seus estudantes.

 

Mas como e onde o corpo entra nesse contexto? E as cidades? E as identidades culturais? Que ou quais diálogos são possíveis? Propomos então um percurso pela cidade intitulado Arte/Corpo/Cidade,[3] com um grupo de quinze estudantes[4] do curso de licenciatura em Pedagogia, com o objetivo de problematizar como os deslocamentos pelos centros urbanos podem ser utilizados como dispositivos de sensibilização do olhar e ativação dos ambientes de aprendizagens em arte, verificando os modos de ver/observar/fruir/narrar a cidade por meio de uma escrita a/r/tográfica[5] (BELLIDSON; IRWIN, 2013) das próprias estudantes, bem como de apropriação da produção artístico-cultural local como meio de preservação da memória e história.

 

Escolhas para caminhar...

Somente a experiência física, que passa pelo

corpo, a experiência sensorial, coletiva ou

individual não se deixa espetacularizar.

 (JACQUES, 2012)

 

Como ver, sentir, conhecer e se apropriar do que está em nosso entorno? Como criar conexões entre caminhar, habitar, viver, educar e se educar? Somente o corpo físico em deslocamento torna isso possível, entretanto, esse deslocar-se não pode ser solitário. Compreendemos que esse deslocamento, assim como a experiência, (DEWEY, 2010) é singular, único para cada sujeito, entretanto, não podemos percorrê-lo solitariamente. Transitar pela cidade nos impõe estar juntos, conectados, em relação, assim como a arte e a educação pressupõem um interlocutor (inter)ativo, responsivo e responsável.

Nesse contexto, torna-se premente pensar a formação inicial de professoras/es constituídas a partir de dispositivos de mediação entre a arte, o corpo e o mundo em um diálogo profícuo com o lugar em que habitam. Para Giddens (1991 apud CANTON, 2009, p. 15), “lugar” “[...] se refere a uma noção específica do espaço: trata-se de um espaço particular, familiar responsável pela construção de nossas raízes e nossas referências no mundo”, ou seja, o lugar afetivo, do qual acessamos nossas memórias, histórias e identidades. Mas será que percorrer caminhos, andar pela cidade, observar, ver, sentir, escutar... contribui para a sensibilização do olhar estético-cultural e da conexão do corpo com nosso lugar na educação e no mundo? Propusemos então uma caminhada (Imagem 1)! Mas não qualquer caminhada!

 

Imagem 1intervenção na escadaria do Museu Casa Porto das Artes Plásticas

 

 

 

 

 

 

 


Fonte: Estudantes dos Grupos 1, 2 e 3

 

Propusemos uma caminhada aguçadora de olhares, de sensações, de diálogos profícuos, narrativas e de ausculta! Uma caminhada pela cidade que possibilitasse artistar, criar, intervir, habitar... com a qual as estudantes pudessem estabelecer uma “[...] relação inevitável entre o corpo físico e o corpo da cidade que se dá através do andar, através da própria experiência física – corporal, sensorial – do espaço urbano, algo tão simples, porém imprescindível, para todos os amantes de cidades” (JACQUES, 2005, p. 24) e, complementamos, da arte e da educação.

Em que pese essa intencionalidade, inicialmente formamos três grupos com cinco estudantes cada. Assim, algumas orientações para o grupo de estudantes se tornaram imprescindíveis para esse deslocamento: a primeira ação era caminhar pelas ruas do centro da cidade e que todas elas fotografassem o que considerassem arte, ressaltando que as imagens são dispositivos para a ação e reflexão pedagógica.

Ao deambular pela cidade, era preciso registrar imagens e objetos que causassem estranhamentos, sentimentos bons, repulsa, alegria, reflexão... os mais variados sentimentos e sensações. Era preciso também registrar os sons que provocassem, irritassem, acalmassem, que trouxessem à tona as memórias afetivas... Ou seja, seria necessário ser uma caminhante que virasse “De ponta-cabeça” para “[...] descobrir percepções sensíveis pelos olhos de aspirantes a professores” (MARTINS, 2021, p.226). Esse seria o grande desafio do grupo: lançar-se na experiência de ser um flâneur, pois faz-se necessário “[...] Ao revelar sensíveis olhos-pensantes, de ponta-cabeça, vibro [vibrar] com as descobertas que fizeram e vão continuar a fazer, na crença de que permitam que a arte e a cultura penetrem em suas vidas” (MARTINS, 2021. p. 249, acréscimo nosso).

Nessa perspectiva, definimos que uma integrante do grupo se responsabilizaria por realizar os registros a partir de uma cartografia afetiva (Imagens 2, 3 e 4), da proposição “Arte/Corpo/Cidade”, mapeando, desenhando e escrevendo os caminhos percorridos pelo grupo ao caminhar pelas ruas.

 

Imagens 2, 3 e 4Cartografias afetivas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Fonte: Estudantes dos Grupos 2 e 3

 

O percurso poderia ter continuidade em espaços fechados, caso o grupo optasse por adentrar um museu, galeria ou centro cultural (Imagens 5, 6 e 7). Entretanto, nosso percurso seria de ida e volta, ou seja, sairíamos do nosso ponto de encontro, que foi a Casa Porto das Artes Plásticas (que somente uma estudante conhecia), iríamos até o Palácio Anchieta e retornaríamos para o ponto de encontro. Importante destacar que os registros a/r/tográficos do trajeto até o Palácio Anchieta poderiam ser feitos de diferentes modos e que os grupos tinham autonomia para escolher o caminho a seguir, ou seja, os itinerários seriam acordados no interior dos próprios grupos. Entretanto, as integrantes poderiam deambular livremente retornando sempre ao seu grupo de origem.

 

Imagem 5Registros a/r/tográficos do Grupo 1        Imagem 6Registros a/r/tográficos do Grupo 2

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Estudantes do Grupo 1                                  Fonte: Estudantes do Grupo 2

 

Imagem 7Registros a/r/tográficos do Grupo 3

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


                                           Fonte: Estudantes do Grupo 2

 

Cartografando, escrevendo, desenhando, pesquisando, artistando...

Uma das perguntas mais efetivas durante o deslocamento foi: Isto é Arte? Esse tipo de pergunta (Imagens 8, 9 e 10) nos incita a pensar sobre como os objetos, as imagens da arte e da cultura visual nos transpassam cotidianamente, mas que, efetivamente, não constituem solidamente nossas bagagens artísticas e culturais. A recorrência da pergunta estava exatamente em pôr o acento no discurso hegemônico de quem efetivamente, supostamente, era “formada no assunto”, ou seja, a professora/pesquisadora que acompanhava o grupo. Entretanto, a resposta era sempre devolvida e endereçada ao próprio grupo perguntador: vocês acham que isso é arte?

Imagens 8, 9 e 10Isto é Arte?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Fonte: Estudantes dos Grupos 1, 2 e 3

 

Narrando, auscultando, refletindo, dialogando, mediando, ensinando e aprendendo...

Ao problematizar como os deslocamentos pelos centros urbanos podem ser utilizados como dispositivos de sensibilização do olhar e ativação dos ambientes de aprendizagens em arte, a proposição “Arte/Corpo/Cidade” potencializou as narrativas e o movimento de ausculta das estudantes de Pedagogia que vivenciaram a caminhada. Nesse sentido, após as itinerâncias realizadas no centro da cidade, o próximo movimento ocorreu na universidade, com o compartilhamento das cartografias afetivas, das imagens e sons[6] capturados nos percursos.

Com o objetivo de rememorar as experiências vividas, propomos algumas reflexões a partir de perguntas disparadoras como dispositivos para se pensar a arte, os corpos e a cidade. A primeira pergunta realizada para os três grupos[7] foi sobre “a forma como percebiam que os espaços urbanos estão sendo ocupados”. Nessa perspectiva, a crítica social inicialmente reverberou em grande parte do diálogo, pois enfatizaram falas como:

 

Existe um descaso com a população pobre. Os espaços foram abandonados pelos órgãos públicos.

Os espaços foram ocupados desorganizadamente quando a população rica saiu de lá. Existem muitos prédios abandonados e as pessoas estão morando na rua.

 

Ao refletirem sobre a pergunta, concluíram que “não compreendíamos que por detrás das intervenções artísticas havia uma crítica social, um ativismo” e, ainda, que “só enxergamos se estivermos sensibilizadas”. Destarte, o olhar sensível do grupo de estudantes para a arte urbana e das/os artistas foi outro ponto alto, quando enunciaram que:

Os espaços estão sendo ocupados por artistas urbanos.

Existe um olhar de resistência e protesto dos artistas.

Percebemos uma reocupação/revitalização do centro da cidade.

 

Essa discussão perpassou pelo fato de que começaram a perceber que nos grafittis, pixos, lambes, stickers, dentre outras manifestações e linguagens artísticas, havia acidez, denúncia, crítica e, ao mesmo tempo, beleza, cuidado, sutileza, sensibilidade e afeto das artistas, coletivos e pessoas que (re)conhecem o valor, a importância das histórias das cidades, dos monumentos e das pessoas que ali habitam e habitaram. Esse tema circunscreve a intervenção urbana de quatro artistas da geração de 90, analisada por Canton (2009, p. 25), que infere:

 

Os problemas que envolvem a metrópole não podem ser articulados pela criação de obras plásticas; a densidade de suas questões sociais não pode ser resolvida na criação artística. O espaço ocupado por uma escultura pode substituir o espaço de uma barraca de camelô, mas essa troca não dialoga com o excesso populacional, com a pobreza, com o sucateamento das vias públicas, com a poluição ambiental, visual, sonora, com a violência. Só o afeto é capaz de criar um canal de comunicação verdadeiro com as pessoas que habitam esse panorama.

 

Compreendemos que esse afeto, esse ato responsável e ético de nos relacionarmos com as pessoas e com o ambiente só pode ser experienciado se estivermos sensíveis a eles e, segundo as estudantes, elas percebiam essa sensibilidade nas intervenções urbanas que viram no centro da cidade – às vezes, em minúsculos lambes colados nas latas de lixo.

Nessa direção, outra pergunta feita ao grupo foi “como as pessoas se relacionam com as imagens/objetos/sons disponíveis nesses espaços?”. As respostas foram impactantes no sentido de que elas mesmas se viram diante de um olhar anestesiado, indiferente do que viam cotidianamente ao passar por esses lugares. O que vemos? Como vemos? (Imagens 11, 12 e 13)

 

Imagens 11, 12 e 13O que vemos? Como vemos?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Fonte: Estudantes dos Grupos 1, 2 e 3

 

Segundo as estudantes, esse olhar desatento está embaçado impregnado de uma enxurrada de informações, sons e imagens que provocam a “naturalização do olhar”, ou seja, “não sabemos ver, porque é exatamente pelo fato de que tem muita coisa para ver e ouvir”. De acordo com Careri (2017, p. 126):

 

Para conseguir ver esses espaços não basta inverter olhar, é preciso colocar-se na condição graças à qual aquela paisagem possa desvelar-se, fazer mais um esforço contra o nosso corpo: é preciso ir lá, caminhar nela, mergulhar nela sem preconceitos culturais, fazer dessa paisagem uma experiência direta. Há um belíssimo verbo em alemão que explica isso tudo: spazieren, caminhar, passear, mas acima de tudo eu diria “espaciar”, “produzir espaço caminhando”.

 

Essa reflexão sobre o deslocamento não somente dos corpos, mas também do olhar, nos remete a Dewey (2010) ao tratar da experiência como algo singular, pessoal, transformador, e nos incita a dialogar também com Larrosa (2002, p. 21) quando infere que “A cada dia se passam muitas coisas, porém, ao mesmo tempo, quase nada nos acontece. Dir-se-ia que tudo o que se passa está organizado para que nada nos aconteça”. Essa afirmação do autor vai ao encontro do posicionamento das estudantes quando narram que:

 

Só prestamos atenção porque estávamos envolvidas na ação, se não estivéssemos não veríamos nada. Nesse envolvimento conseguimos ver pequenos recados e com o olhar cuidadoso, tivemos uma percepção aguçada para a arte.

A partir de agora em cada ponto de ônibus vamos parar para ver o que tem!

 

Para Larossa (2002, p. 21), esse excesso de informação “[...] não é experiência. E mais, a informação não deixa lugar para a experiência, ela é quase o contrário da experiência, quase uma antiexperiência”. Todo esse movimento transpassou as estudantes intensamente e, nesse ínterim, outra narrativa importante foi o fato de como as pessoas que as observavam começaram a se envolver na ação:

 

Muita gente parou para ver o que estávamos fazendo.

As pessoas que estavam na rua não tinham interesse pelas imagens e intervenções artísticas, elas começaram a olhar quando nós começamos a parar e fazer contatos visuais.

Nada chama atenção para as pessoas que estão na rua caminhando, existe uma invisibilidade... as pessoas não entenderam porque estávamos fazendo foto da escadaria.

 

Esses enunciados deflagraram um outro ponto importante, pois assim como as pessoas que circulavam pelas ruas do centro da cidade não percebiam ou paravam para observar o próprio entorno, elas também não conheciam os equipamentos culturais que estavam abertos gratuitamente e nem a própria história que constitui as diferentes identidades culturais do povo capixaba. Esses fatos vieram à tona devido a duas questões importantes. A primeira se deve ao fato de que, quando iniciamos o nosso encontro, estávamos em frente ao museu de Arte Casa Porto das Artes Plásticas, espaço totalmente desconhecido pelo grupo, mas que fez e é parte importante história da arte e cultura capixaba.

Conversamos sobre a história dessa antiga construção e como ela atualmente faz parte do cenário capixaba que movimenta a arte contemporânea. Ao adentrarmos o espaço, a primeira movimentação “dos corpos” foi assinar a lista de presença... e fizeram fila! Mesmo sem terem nenhuma orientação, ninguém acessou a primeira sala sem antes assinar a lista (Imagens 14 e 15).

Imagens 14 e 15 – A lista de presença

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


Fonte: Estudantes dos Grupos 1, 2 e 3

 

Refletimos então que esse engessamento dos corpos demonstra um processo de escolarização vivido no ambiente escolar, que forma e deforma os nossos modos de ser e estar no mundo, haja vista que, na sequência da assinatura da lista de presença, a primeira observação pontuada ao entrarem no espaço expositivo foi: “Prof., museu não paga nada, mas está vazio!”.

Esse tipo de informação nos remeteu às aulas em que refletimos bastante sobre a importância da escola no processo de democratização da arte e da cultura, ou seja, do acúmulo histórico-cultural produzido pela humanidade, pois é por meio dela que, majoritariamente, temos acesso a esses bens artísticos e culturais. Se a escola não se propõe a fazer esse movimento, dificilmente partirá da própria família, pois, conforme inferiram, “as pessoas não vão porque acreditam que esses lugares não sejam para elas irem!”.

Assim, reiterando as discussões, levantamos questões sobre os espaços hegemonicamente definidos, institucionalizados para definir o que é ou não arte. Nesse sentido, a resposta veio de imediato: “Creio que seja pela sensibilização da disciplina. Se eu estivesse ido ao centro sozinha, jamais teria visto as coisas que eu vi”.

O segundo ponto importante a ser destacado em relação aos corpos e à ativação deles com/nos espaços – sejam eles institucionalizados pelos sistemas da arte ou ao nosso dispor nas ruas da cidade – se revelou na figura de quem é ou faz a mediação. Durante a visita à exposição “Habitar o contra espaço”, no museu Casa Porto das Artes Plásticas, o grupo não acessou o mediador nenhuma vez. Elas passavam ao seu lado, mas não dialogavam com ele. Ao final, ele foi apresentado como sendo um estudante de artes visuais e abrimos espaço para que elas fizessem perguntas, o que ocorreu de modo tímido e aligeirado. Após a saída dos grupos desse espaço, cada um começou o percurso de forma diferente.

Importante destacar que o centro da cidade é um lugar que possui muitos bares e, a fala de uma estudante nos chama atenção quando diz: “às vezes tenho vontade de vir aqui, mas tem muitos bares, muitos homens!”. Fato esse que, justamente no bar, em um boteco simples que um determinado grupo compreendeu o papel da/o mediador/a: “Enquanto no museu ficamos com medo do mediador, o cara do bar foi nosso mediador na rua!”.

Para além do fato de compreenderem esse importante papel – tanto nos espaços não formais como nos espaços formais de educação –, o grupo se apropriou da história local, pois “o cara do bar”[8] se revelou um conhecedor profundo da história da arquitetura do centro da cidade. E foi assim que elas ouviram a história da própria história delas, reconhecendo, naquele instante como é fundamental apropriar-se do passado, para reconhecer-se no presente e assim, projetar o futuro.

Nosso “mediador”, foi acessando o repertório das estudantes, indagando sobre o que elas estavam fazendo, por que estavam fotografando, se iriam revitalizar a escadaria abandonada e, assim, começa a narrar histórias locais: 

 

Isso se trata de um casarão muito antigo onde o primeiro fotógrafo, na época chamado Francisco Quintas, ele fazia mapeamento aéreo. Só que na época não tinha foto shop, não tinha whatsapp... tinha que pegar um teco-teco, abrir a porta e sair fotografando aquela área, onde foi planejada a CST, Tubarão... esse cara é um expoente. E a casa hoje está em ruina, é isso aí... e essa Igreja do Rosário, outrora, que essa é a mais antiga aqui, cada dia que passa diminui o número de adeptos a São Benedito...  com a procissão de Benedito isso aqui fechava, fechava... era um acontecimento. Hoje não tem meia dúzia, né? O santo não... como é que é que vocês falam no facebook... não tem muita... “seguidor!!” (completa a estudante) ... isso seguidor!!!! (risadas no boteco) aqueles que tem tão indo na onda, aquela coisa toda... Tinha banda da policia militar, era um acontecimento dentro da cidade de Vitória. Aí São Benedito fazia o cortejo pela cidade de Vitória, hoje não... hoje passa a Guarda Municipal, quatro, cinco ou seis senhorinhas... (TRANSCRIÇÃO DA GRAVAÇÃO DO GRUPO 2, EM 05/11/2022).

 

Esse entrecruzamento do que as estudantes sabiam, ou o pouco que sabiam, com o adensamento das informações trazidas pelo “mediador local”, demonstrava, de chofre, que suas narrativas continham a identidade cultural; ele sabia de onde vinha, quais suas raízes, reconhecia-se nelas e lutava para mantê-las vivas por meio de seus enunciados, pois é exatamente o reconhecimento dessa identidade cultural o lugar em que acessamos nossas memórias e histórias.

Dialogamos, então, com Fiorin e Vasconcelos (2022, p. 206), quando, ao analisarem a deriva proposta por Francesco Careri, relatam que:

 

[...] Careri propõe que nos deixemos transformar pelo território que percorremos. Um trânsito ininterrupto que seja capaz de nos distanciar do entorno mais cotidiano e, assim, possa alterar nossa percepção, dissolvendo barreiras, em um vir a ser e estar no espaço. Pelo meio do caminho, um encontro inesperado e, nos tornamos algo que já não éramos antes [...] Saber caminhar, mas, também, saber a hora de parar, especialmente, quando encontramos com o Outro.

 

A ação de encontrar o outro que se apresenta e abrir espaço para ouvir suas narrativas foi, então, outra grande aprendizagem e sensibilização do grupo. Assim, a conclusão que as estudantes chegaram é de que os centros urbanos são extremamente potentes e que podem, sim, ser utilizados como dispositivos de sensibilização do olhar e ativação dos ambientes de aprendizagens em arte e cultura.

A terceira pergunta feita para as reflexões da proposição “Arte/Corpo/Cidade” foi sobre “como percebiam a relação entre a arte e a cultura visual. Como compreendê-las/apreendê-las/acessá-las/lê-las?”.

Inicialmente, as estudantes pontuaram que percebiam que faziam algumas conexões com tudo que estava sendo visto, ouvido e sentido a partir de suas experiências pessoais. Entretanto, grande parte das informações foram acessadas ou tangenciadas no deslocamento pelo centro da cidade a partir de momentos anteriores, vivenciadas na disciplina de Arte e Educação, o que ampliou consideravelmente seus repertórios para compreenderem:

 

Arte como protesto.

As imagens da cultura visual que circulam nas cidades com olhar crítico.

A arte é algo individual, cada um tem uma interpretação.

Existe uma poluição visual por isso muitas pessoas acham que arte urbana não é arte.

A cultura visual é uma questão de alfabetização. Nós estamos sendo alfabetizadas/sensibilizadas a ver e a compreender.

 

 Por fim, a última pergunta se referia diretamente às aproximações e distanciamentos percebidos dos lugares que potencialmente possibilitam uma mediação em arte e educação: “se visitaram algum museu/galeria de arte, arte urbana, monumentos... quais aproximações e quais distanciamentos perceberam? qual a (im)potência de cada espaço? você já tinha andarilhado pela cidade deste modo?”.

O grupo de estudantes do curso de licenciatura em Pedagogia, da disciplina de Arte e Educação, traz, então, a partir de suas experiências corporais, sinestésicas, estéticas e estésicas, um outro olhar para a cidade à qual pertencem. Não é qualquer cidade, é a cidade delas! E isso amplia o olhar ao considerarem a própria formação artístico-cultural. De certo modo, esse processo ocorreu no momento em que elas começam a se questionar, a se interrogar e interrogar também suas histórias de vida e os lugares a que pertencem, tensionando assim as próprias convicções. E nesse sentido, começam a compreender que a cultura nos faz pertencer a um lugar comum, um lugar coletivo.

Trazemos então, as narrativas do que para elas foi potência e o que efetivamente consideraram como (im)potência ao deambular pelo centro da cidade. Como potência destacaram:

 

Falta de mediação em alguns espaços expositivos. Na Casa Porto tinha plaquinha e o mediador, no MAES[9] e na GHM[10] não tinha;

Antes de cursarmos a disciplina não procuraríamos o mediador para conversar. Não temos cultura de ir nesses espaços, não fomos criadas pra isso. É uma ruptura que temos que fazer. Tipo... pode perguntar? Que tipo de pergunta eu faço?

Como não valorizamos o que é gratuito: Tudo de graça vazio e no Van Gogh[11] pago, está cheio!

Precisamos valorizar as artistas e os artistas locais (seja na rua ou nos museus).

 

Como (im)potência, suas narrativas se entrecruzam com uma postura crítica ao afirmarem que:

A divulgação das exposições acontece em uma bolha. Fica restrito a um público específico.

Museus e galerias é pra gente rica!

Os espaços tem muita potência, mas a impotência é essa falsa aparência de que é um ambiente inacessível.

 

De todas as narrativas, compreendemos que uma das mais delicadas seja a falsa ideia de que os espaços expositivos não são para todas as pessoas. Aliado a isso, essas mesmas pessoas não reconhecem, por exemplo, a potência da arte urbana e das/os artistas que se apropriam da rua para realizarem suas intervenções artísticas, críticas, ativistas, afetivas e também de potencialização da história e memória do povo. Por fim, ao finalizarmos a análise da cartografia afetiva de cada grupo, as estudantes registraram, por meio de palavras, as experiências estéticas e estéticas propiciadas pela caminhada no centro da cidade (Imagem 16).

 

Imagem 16 – Nuvem de palavras

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Fonte: Estudantes dos Grupos 1, 2 e 3

 

Deslocando corpos, olhares e pensamentos...

O corpo como sensível exemplar é um campo de experiência, de estesia e

do movimento em que o olhar habita. Ao mover-se o corpo se desdobra

em traços, descrições e expressividade (NÓBREGA, 2015, p. 92)

 

Com a interlocução entre arte, corpo e cidade, se torna possível compreender que a realidade objetiva é constituída por múltiplas perspectivas, na qual os sujeitos são híbridos, indeterminados, inconclusos, desterritorializados, em que estão presentificadas as mais diferentes identidades e as mais diversas culturas. Isso implica em um novo gosto pela variedade, pela complexidade, pela experiência, pela cultura e pela estética do cotidiano, da arte que acontece nas ruas, em nossos deslocamentos, errâncias e derivas, e que a descentralização do conhecimento se dá em paralelo à descentralização do sujeito – este, sim, consumidor e produtor de cultura.

Inferimos, então, que problematizar como os deslocamentos pelos centros urbanos podem ser utilizados como dispositivos de sensibilização do olhar e ativação dos ambientes de aprendizagens em arte nos cursos de licenciatura em Pedagogia torna-se premente, afinal, a modalidade peripatética não é tão nova assim! Entretanto, esquecemos que “o caminho se faz ao caminhar” (ANTONIO MACHADO), e é nesse caminhar que seguimos aprendendo sempre!

A interface da proposição Arte/Corpo/Cidade se articula, se conecta, tangencia e fricciona tanto a Arte como a Educação e, assim, elas são potencializadas nos itinerários imersivos, nas errâncias e derivas pelos centros urbanos, pois as visualidades que compõem os repertórios artístico-culturais são constituídas nos mais diferentes e diversos locais de aprendizagem, quando os corpos se sensibilizam para seu entorno e, ao se moverem, compreendem suas memórias, histórias e identidades culturais e reconhecem seu lugar na educação, na vida e no mundo.

 

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Ana Mae; FONSECA, Annelise Nani da. (Orgs.). Criatividade coletiva: arte e educação no século XXI. 1. ed. - São Paulo: Perspectiva, 2023.

BAKHTIN, Mikhail Mikhailovith. Estética da criação verbal. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

CARIERI, Francesco. Caminhar e parar. São Paulo: Gustavo Gili, 2017, p. 126.

FIORIN, Evandro; VASCONCELOS, Heber Macel Tenório. Caminhar e parar com Francesco Careri: uma pedagogia nômade. PIXO. Revista de arquitetura, cidade e contemporaneidade. v. 5 n. 16 (2021): EDUCAÇÃO EM ARQUITETURA II (verão). Disponível em: <https://revistas.ufpel.edu.br/index.php/pixo/article/view/2817>. Acesso em: 26 fev. 2023.

DEWEY, John. Arte como experiência. [Organização Jo Ann Boydston; editora de texto Harriet Furt Simon; introdução Abraham Kaplan; tradução Vera Ribeiro]. – São Paulo: Martins Fontes - selo Martins, 2010. – (Coleção Todas as Artes).

DIAS, Belidson e IRWIN, Rita (Orgs.). Pesquisa Educacional Baseada em Arte: A/r/tografia. Santa Maria: Editora da UFSM, 2013.

GÓES, Margarete Sacht.; FRADE, I.; MESQUITA, M.; MARTINS, M. C.; SOUZA, R. Dos corpos dóceis aos interatores? Como ensinar arte na educação infantil quando a perda do enquadramento faz com que a arte se misture à vida?. In: Margarete Sacht Góes; Isabela Frade; Monica Mesquita; Mirian Celeste Martins; Rubens de Souza. (Org.). Utopia, Distopia, Heterotopia: paisagens culturais e políticas de formação. 1ed.Vitória: Ufes Digital PROEX, 2021, v. 1, p. 184-192.

GÓES, Margarete Sacht et al. Repositório de Artes Visuais UFES: arte e cidade. 2ª Edição, 2021. Disponível em: <https://repositorioartesvisuais.ufes.br/material-arte-e-cidade>.  Acesso em: 07 out. 2022.

HERNANDEZ, Fernando. Catadores da Cultura Visual: proposta para uma nova narrativa educacional. Porto Alegre: Mediação, 2007. Porto Alegre: Artmed, 2003.

IAVELBERG, Rosa. Para gostar de aprender Arte: sala de aula e formação de professores. Porto Alegre: Artmed, 2003

IRWIN, Rita. A/r/tografia: uma mestiçagem metonímica. in: BARBOSA, Ana Mae e AMARAL, Lilian. Interritorialidade: mídias, contextos e educação. São Paulo: Editora Senac São Paulo; Edições SESC SP, 2008, p. 87-104.

JACQUES, Paola Berenstein. Errâncias Urbanas: a arte de andar pela cidade. Arqtexto 7, 2005, p. 16-25.

LARROSA, Jorge. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Revista Brasileira de Educação, n. 19, p. 20-28, abr. 2002. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/rbedu/a/Ycc5QDzZKcYVspCNspZVDxC/?format=pdf&lang=pt>. Acesso em: 19 mar. 2016.

MARTINS, Mirian Celeste. De ponta-cabeça: descobrir percepções sensíveis pelos olhos de aspirantes a professores. Revista GEARTE, [S. l.], v. 8, n. 2, 2021. DOI: 10.22456/2357-9854.117500. Disponível em: <https://seer.ufrgs.br/index.php/gearte/article/view/117500>. Acesso em: 30 maio 2023.

MORAIS, Frederico. Contra a arte afluente: o corpo é o motor da “obra”. 1970. Disponível em: <https://icaa.mfah.org/s/en/item/1110685#?c=&m=&s=&cv=&xywh=-970%2C554%2C3639%2C2037>. Acesso em: 27 nov. 2020.

 

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[1] Doutorado em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo - Ufes, Brasil (2014). Professor Adjunto da Universidade Federal do Espírito Santo, Brasil. E-mail: margarete.goes@ufes.br

[2] Com o objetivo de produzir um mapeamento internacional da bagagem artística/cultural de estudantes do curso de Pedagogia (ou similar) e traçar possíveis linhas de atuação para ampliação da potência da arte como disparadora de uma adequada formação docente frente ao mundo contemporâneo, está sendo desenvolvida pelo Grupo Pesquisador, desde 2021, a pesquisa internacional “Formação docente com e em artes/culturas” coordenado pela Profª Mirian Celeste Martins. Essa pesquisa coletiva é constituída por 18 universidades nacionais e 2 internacionais.

[3] Essa proposição, elaborada pela autora, faz parte de um grupo de cinco protocolos selecionados pelo Grupo Pesquisador (2021) para realizar com estudantes do curso de licenciatura em Pedagogia.

[4] As quinze estudantes do curso de Licenciatura em Pedagogia que participaram da pesquisa eram todas mulheres.

[5] O método a/r/tográfico constitui-se como um diálogo entre texto e imagem, produzindo sentido a partir do outro e do próprio sujeito que o realiza, em que se coloca no papel de artista/pesquisador/professor.

[6] Nos limites deste texto não abordaremos os sons capturados no deslocamento.

[7] As perguntas foram discutidas por elas nos pequenos grupos e, posteriormente, socializadas como sendo uma percepção do grupo e não individual, portanto, não definiremos a autora das narrativas.

[8] O “cara do bar”, o “mediador” é um morador antigo do centro de Vitória/ES.

[9] Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo – MAES. Nesse museu, estavam em cartaz duas exposições: “Imagem e Palavra” do acervo permanente, e “Sete Caminhos: do Maes ao Quintal Bantu”, dos artistas Wellington Santos, Renan Bono e Rafael Segatto.

[10] Galeria Homero Massena – GHM. Nessa galeria, estava em cartaz a exposição de Felipe Lacerda, “Quando bifurco a minha língua”.

[11] “Van Gogh, uma experiência imersiva” estava em exposição em um dos shoppings da cidade e, segundo as estudantes, era muito cara a entrada.