Corpo, Cidade e Imagem: pensando práticas educativas no campo das artes
Body, City and Image: thinking about educational practices in the field of arts
Cuerpo, Ciudad e Imagen: pensando en las prácticas educativas en el campo de las artes
Pedro Simon Gonçalves Araújo[1]
Universidade Federal do Amapá
Resumo
O presente artigo apresenta reflexões de uma experiência pedagógico-afetiva realizada durante minha pesquisa de doutorado, realizada entre os anos de 2018 e 2022. A partir da articulação entre os conceitos de memória, imagem, corpo e cidade realizo com alunos do curso de licenciatura em dança do Instituto Federal de Goiás uma investigação de cunho qualitativo, que encontra na abordagem narrativa (auto)biográfica bases para o seu desenvolvimento. Ancorado nos princípios da educação da cultura visual, teço uma escrita que estabelece relações dialógicas com imagens e saberes estético-afetivos vinculados à dança, colocando em perspectiva subjetividades e potências do corpo em espaços de ensino. Discuto modos como o corpo pode ser afetado por imagens da cidade, buscando compreender de que maneira esses atravessamentos impactam a formação de indivíduos e geram aprendizados por meio do movimento e da performance, intensificando as percepções de si e apropriações pedagógicas de espaços dentro e fora das escolas. Os resultados do estudo revelam uma composição de saberes sensíveis dos indivíduos sobre si mesmos a partir do corpo em movimento e de conexões com memórias e episódios de suas histórias de vida. Demonstram, ainda, a possibilidade do uso de imagens na relação entre corpos e cidades através da performance/dança, projetando potencialidades de apropriação e uso do espaço público.
Palavras-chave: Corpo; Cidade; Imagem; Dança; Educação.
Abstract
This article presents reflections of a pedagogical-affective experience carried out during my doctoral research, between the years 2018 and 2022. From the articulation between the concepts of memory, image, body and city, a qualitative investigation was held with students of a Dance Degree course at the Federal Institute of Goiás, which finds in the (auto)biographical narrative approach bases for its development. Anchored in the principles of visual culture education, I weave a writing that establishes dialogic relationships with imagens and dance aesthetic-affective knowledge, body’s subjectivities and its potentials in teaching spaces. I discuss ways in which the body can be affected by city images, seeking to understand how these crossings impact the formation of individuals and generate learning through movement and performance, intensifying self-perceptions and pedagogical appropriations of spaces inside and outside schools. The results of the study reveal a construction of sensitive knowledge for the individuals themselves, from their body movement in connection with memories and aspects/episodes of their life stories. They demonstrate yet, the possibility of the use of images with cities through dance and performance, projecting potentialities of use an appropriation of public spaces.
Keywords: Body; City; Image; Dance; Education.
Resumen
Este artículo presenta reflexiones sobre una experiencia pedagógico-afectiva realizada durante mi investigación doctoral, realizada entre 2018 y 2022. A partir de la articulación entre los conceptos de memoria, imagen, cuerpo y ciudad, la realicé con estudiantes de la carrera de pregrado en danza en el Instituto Federal de Goiás una investigación cualitativa, que encuentra las bases para su desarrollo en el enfoque narrativo (auto)biográfico. Anclado en los principios de la educación en cultura visual, tejo un escrito que establece relaciones dialógicas con imágenes y saberes estético-afectivos vinculados a la danza, poniendo en perspectiva subjetividades y poderes del cuerpo en espacios de enseñanza. Discuto formas en que el cuerpo puede ser afectado por imágenes de la ciudad, buscando comprender cómo estos cruces impactan la formación de los individuos y generan aprendizaje a través del movimiento y la performance, intensificando las percepciones de uno mismo y las apropiaciones pedagógicas de los espacios dentro y fuera de las escuelas. Los resultados del estudio revelan una composición del conocimiento sensible de los individuos sobre sí mismos a partir del cuerpo en movimiento y de conexiones con recuerdos y episodios de sus historias de vida. También demuestran la posibilidad de utilizar imágenes en la relación entre cuerpos y ciudades a través de la performance/danza, proyectando potencial para la apropiación y uso del espacio público.
Palabras claves: Cuerpo; Ciudad; Imagen; Danza; Educación.
O despertar para a construção de novos olhares sobre a cidade e seus espaços se deu em 2014. Neste ano, durante uma investigação de mestrado sobre o processo criativo da coreógrafa e bailarina Pina Bausch, percorri o espaço urbano de Wuppertal (Alemanha), cidade personagem de muitas de suas criações. Esta experiência me propiciou o encontro com uma cidade que, simbolicamente, representa um espaço de trocas e afetos, para além de ruas, muros, vielas, esquinas e praças. A partir dessa vivência surgiram as inquietações propostas nesta investigação diante de uma tomada de consciência da potência dos espaços e suas reconfigurações como interface de percepções do corpo enquanto constructo bio-sociocultural.
A atenção para o corpo já acompanha minha trajetória pessoal e profissional há um tempo, enquanto ator e performer. No entanto, ao adentrar o campo multidisciplinar da cultura visual passo a enxergá-lo como elemento crucial para se pensar a relação dos indivíduos com as imagens e a construção de práticas educativas e de processos de mediação em artes. Surgem assim, as seguintes questões iniciais: Como integrar afetações em corpos por imagens e cidades a metodologias de ensino? De que maneira incluir corpos e espaços aos processos educativos? Qual a influência do corpo para a perspectiva crítica do ensino de artes? Destaco, nessas inquietações, a relação entre corpos, imagem, memória e cidade, tendo como pano de fundo processos educativos discutidos a partir de uma abordagem crítica.
Começo a mapear esta investigação mediante um relato narrativo-autobiográfico com recortes de aspectos, momentos e episódios da minha trajetória de vida por meio de experiências nas cidades de Goiânia e do Rio de Janeiro, lugares que me ajudaram a desenhar rotas de aprendizagens e saberes do corpo. Reminiscências de ruas, casas, bairros, instituições, corpos e seus contextos me auxiliaram a construir pontes entre as memórias e experiências artístico-educacionais que contam sobre a minha formação até o mestrado, espaço-tempo em que me encontrei envolvido pela cultura visual e sua transdisciplinaridade.
Sigo meu percurso investigativo em parceria com estudantes do curso de Licenciatura em Dança do Instituto Federal de Goiás – Campus Aparecida. Os encontros semanais realizados durante um período de quatro meses se revelaram um espaço de acolhimento para a realização de experiências individuais e em grupo cujo objetivo era ajudar a compreender como memórias pessoais e suas relações com a cidade se inscrevem e impactam o corpo. Exercícios de gesto e movimento, bem como narrativas visuais e textuais produzidas pelos sujeitos da pesquisa, criaram trânsitos, possibilidades de rememorar situações, momentos e episódios vividos no decorrer de suas trajetórias de vida, revisitando, mesmo que parcialmente e momentaneamente, percepções sobre as relações cidade-corpo. O trabalho de campo teve como desfecho a realização de performances individuais e coletivas nas cidades de Goiânia e Aparecida de Goiânia.
A abordagem narrativa (auto)biográfica escolhida para realizar esta investigação advém do meu interesse em compreender inquietações que entrecruzaram meu processo de formação deixando marcas e pegadas que impactaram de várias maneiras minha trajetória. Retomar ou revisitar experiências vividas é algo desafiador. Olhar de maneira crítica o próprio itinerário, momentos e passagens do percurso de formação, é o equivalente a montar um quebra-cabeças complexo. Hernández (2017, p. 53) nos convida a refletir sobre a pesquisa narrativa (auto)biográfica ao afirmar que “[...] não é apenas o conhecimento que gera [sentido], mas a capacidade do pesquisador para dar conta de maneira minuciosa e exigente, daquilo que fundamenta as decisões que vai tomando e das relações que estabelece no processo de escritura”.
Enquanto professor, artista e pesquisador, e em decorrência do meu interesse por ouvir e contar histórias, olho para a cidade como espaço de aprendizagem e ensino, lugar habitado por corpos. Corpos que constroem narrativas imbricadas por identidades, subjetividades e afetos. O geógrafo Yi Fu Tuan (1983, p. 198) apresenta uma perspectiva afetiva sobre lugar, enquanto fragmento de espaço, ou seja, “um mundo de significado organizado” onde se desenvolvem afetos pela experiência dos sujeitos. O autor explica que “lugar é uma mistura singular de vistas, sons e cheiros, uma harmonia ímpar de ritmos naturais e artificiais (...) Sentir um lugar é registrar pelos nossos músculos e ossos” (ibidem, p. 203), pelos nossos corpos.
Entendo que abordar e vivenciar a cidade, suas imagens, espaços e lugares, provocação proposta pela coreógrafa Pina Bausch, é uma maneira de integrar o corpo ao cotidiano urbano que nos atravessa, de desenvolver uma visão crítica em relação aos ambientes que nos rodeiam. É, também, uma maneira de analisar suas diversas manifestações, o que possibilita no campo da educação aguçar o olhar de estudantes para questões/problemas que podem contribuir para a formação docente no contexto de uma sociedade na qual as relações sejam mais igualitárias e as práticas pedagógicas mais inclusivas.
A pesquisa, foco desta empreitada, explorou conexões entre corpo(s) e cidades, percorreu relações que cruzam esquinas das memórias, passam por vielas construídas por imagens da cultura visual e por ruas e alamedas que evocam a educação em artes. Abri-me ao desconhecido, para experiências que não seria capaz de “pre-ver nem pre-dizer” (BONDÍA, 2002, p. 28).
Memórias e Corpo: percebendo as cidades em mim
Através do artifício da memória, iniciei timidamente, o perscrutar de uma caminhada impregnada por narrativas, cidades, corpos e espaços de ensino. Inicio mapeando a cidade de Goiânia a partir de lugares que marcaram minha trajetória de vida. A maternidade onde nasço, a primeira casa, as primeiras ruas por onde caminho, locais que apesar de não nitidamente presentes na memória, foram sendo reconstruídos pelas imagens que me conectaram à minha história e muitas outras que me foram narradas. Bosi (1994, p. 55), afirma que “lembrar não é reviver, mas repensar, com imagens e ideias de hoje, as experiências do passado.” Acrescenta que “a lembrança é uma imagem construída pelos materiais que estão agora à nossa disposição no conjunto de representações que povoam nossa consciência atual" (idem). Segui assim, resgatando experiências formadoras em diferentes fases de vida, construindo uma cartografia preenchida por vivências escolares desde a pré-alfabetização, lembranças de ruas, praças e esquinas por onde cresci e experimentei a cidade, colocando-me a todo momento em negociação com o ambiente e sendo contaminado por ele. Tenho lembranças do carro que passava na rua vendendo leite. Um senhor chegava em uma caminhonete trazendo na carroceria vários tonéis de plástico azul cheios de leite vindo direto da fazenda. Com a ajuda de uma leiteira despejava nas garrafas pet os litros de leite comprados.
A relação que estabeleci com a cidade de Goiânia durante a infância e adolescência, revelam aspectos sensoriais e afetivos que trago inscritos no meu corpo, aspectos que, de acordo com Saito (2010, p. 56), apresentamos “quando construímos algo no mundo [e] o mundo também nos constrói”. Somos fruto das várias influências e “inúmeros fatos que modificam nosso entendimento dele e, em cada movimento, promove-se um novo ajeitamento. O mundo se constrói em um processo incessante e interativo sem uma pre-determinação” (idem). Agrada-me a maneira como Gil (2004) percebe os ajeitamentos e acordos que vão sendo produzidos entre corpos e espaços. Para o autor, o corpo
compõe-se de uma matéria especial que tem a propriedade de ser no espaço e de devir espaço, quer dizer, de se combinar tão estreitamente com o espaço exterior que daí lhe advêm texturas variadas: o corpo pode tornar-se um espaço interior-exterior produzindo então múltiplas formas de espaço. (GIL, 2004, p. 56).
Lugares, assim como ideias, recordações e afinidades nos conectam a outros espaços, territórios e pessoas. Consciente ou inconscientemente elas atravessam o corpo inscrevendo sensações, imagens, emoções e lembranças que configuram, mesmo que provisoriamente, aspectos da nossa identidade. Configuramos os espaços e somos configurados por eles.
Durante a infância, surgiu o meu primeiro encantamento com o mundo das artes através do teatro. Aos oito anos, participei de uma excursão da escola ao Teatro Goiânia. Assisti a uma peça inspirada na obra de Ziraldo, “O Planeta Lilás”. Lembro que fiquei maravilhado ao ver aquele cenário que, alguns anos mais tarde, me atrairia a esses novos espaços. Pela perspectiva de Souza (2004, p. 162), as narrativas podem ser definidas como experiências formadoras, “porque aproximam o ator de si através do ato de lembrar-narrar, remetendo-os às recordações-referências em suas dimensões simbólicas, concretas, emocionais, valorativas”.
Outras experiências com as artes pontuaram a minha trajetória ao longo do ensino básico e fundamental e me despertaram a atenção para a ausência do corpo no espaço da escola. Nesse período, lembro-me que as aulas de arte tinham como foco as práticas manuais. Nas aulas de desenho experimentei diferentes graus de dificuldade ao trabalhar as noções de espacialidade, proporção, luz e sombra, reproduzindo objetos e explorando cores. Realizei trabalhos artesanais com jornal e papéis de vários tipos para construir objetos como cestas, vasos, quadros, além de trabalhos com massa de modelar e até mesmo barro. Com frequência usávamos tintas ou explorávamos elementos do próprio desenho em baixo relevo, utilizando palitos, entre outras experimentações possíveis, mas que não acionavam diretamente o movimento ou práticas corporais.
Em relação às aulas de Educação Artística, não recordo qualquer atividade envolvendo o corpo, o teatro ou a dança. As professoras exploravam esse tipo de trabalho manual e outras práticas similares. Hoje percebo a necessidade de encontrar “uma outra posição interpretativa para o campo” da educação, “que dê conta da diversidade que trazem consigo os dispositivos do afeto, daquilo que está além do conceito, que diz respeito muito mais ao sensível do que ao racional” (SAITO, 2010, p. 33). No campo da educação lidamos com as singularidades de corpos em formação que dependem de olhares sensíveis e críticos para o seu desenvolvimento, assim como de compreensões que abracem a corporalidade, uma vez que “a mente não é simplesmente ‘encarnada’, nem separável do corpo e, sim, uma propriedade emergente, inseparável do corpo e em interação com o ambiente” (ibidem, p. 57).
A cada reencontro com momentos e episódios da minha trajetória de formação ficavam mais nítidas inquietações que me ajudaram a pensar possibilidades de integrar o corpo aos espaços de ensino, uma vez que começo a explorar minha corporalidade, pela primeira vez, apenas em espaços de ensino não formal. Estudei durante alguns anos na Escola de Teatro Zabriskie, onde recordo que minhas percepções em relação ao corpo estavam sendo testadas e ampliadas. O trabalho com improvisação, por meio de jogos teatrais e da dança, funcionava como um processo de libertação do corpo ao mesmo tempo em que apresentava desafios em forma de experimentação.
A relação corpo-ensino segue se desenvolvendo na cidade do Rio de Janeiro, lugar para onde me desloco para realizar uma formação em teatro. No espaço de três anos tive dois, às vezes três encontros semanais de cerca de 2 horas cursando disciplinas que tinham como foco a prática corporal e o estudo do movimento. Um dos primeiros ensinamentos foi uma readequação do conceito de corpo, por muito tempo considerado um depositário da razão, um instrumento da mente. A partir das ideias de Merleau-Ponty (1908-1961) esse conceito foi sendo desconstruído, descontinuado. Para o filósofo, estamos integrados ao mundo através do corpo e do pensamento, o corpo é a própria consciência encarnada. Ghiraldelli (2007, p. 92) chama atenção para a observação de Nietzsche de “que o corpo age como um tipo de razão”, associado antigamente à paixão, “ao assumir funções de comando”. Nietzsche considera o corpo como “grande razão”, uma razão “maior ainda que a da mente, a verdadeira razão” (idem).
A importância de observar as variantes conceituais de corpo e pensar a integração de práticas artísticas no campo da educação está em compreender que os estímulos artísticos dados ao corpo, seja por meio da performance, dança, teatro permitem a percepção do corpo em ação. O que significa pensá-lo enquanto “[...] função estética, catártica, questionadora, transformadora, política e social” (ARCOVERDE, 2008, p. 608) e como autoexpressão do homem e de seus sentimentos. É uma maneira de abrir espaço para o autoconhecimento, para percepções da realidade e influências que nos atravessam diariamente. Olivier (1995, p. 60) compreende que “a corporeidade implica, portanto, na inserção de um corpo em um mundo significativo, na relação dialética do corpo consigo mesmo, com outros corpos expansivos e com os objetos do seu mundo”.
As instituições, escolas, ou, dizendo melhor, os ambientes de aprendizagem corporal por onde passei, trouxeram experiências e ensinamentos valiosos que propiciaram vivências, encontros e afetos que marcaram a minha trajetória. O corpo em contato com esses ambientes absorve ao mesmo tempo em que se relaciona com movimentos, gestos e expressões. Esses ambientes, em alguma medida priorizaram “a relação corporal, dando possibilidade aos estudantes de expressarem suas emoções, medos, dificuldades”, apontaram caminhos para “uma abordagem que priorize a totalidade do ser humano incluindo a motricidade, o afetivo, o emocional e o social, implícitos na corporeidade” (RIOS; MOREIRA, 2015, p. 51).
Olhando novamente para os aspectos referentes ao corpo em contato com a cidade, durante três anos vivi experiências que perturbaram as configurações de um corpo em constante processo de contaminação. Saí de uma cidade com quase um milhão e meio de habitantes (Goiânia) e me mudei para outra com mais de 6 milhões de pessoas (Rio de Janeiro). As cidades têm suas peculiaridades. Os hábitos, a cultura, o povo, seus costumes perpassam ruas, esquinas, calçadas. A experiência de morar em outra cidade é transformadora. Hissa e Nogueira (2013, p. 56) apontam que a vida urbana é “feita das relações corpo-cidade, espaço-movimento, afeto-ação. A cidade-terreno é a cidade no nível da rua, produzida por corpos e movimentos, do que está sendo feito da vida urbana. O corpo experimenta a cidade”.
Harvey (2014, p. 134) ao discorrer sobre a cidade, descreve aspectos de “comunalidade”, ou seja, da vida urbana. Explica que a “cidade é o lugar onde pessoas de todos os tipos e classes se misturam, ainda que relutante e conflituosamente, para produzir uma vida em comum, embora perpetuamente mutável e transitória”. Múltiplas derivas diárias permitem talhar uma espécie de bem cultural, constituído por espaços compartilhados, pela língua criada, por práticas sociais estabelecidas, “modos de sociabilidade que definem nossas relações e assim por diante” (ibidem, p. 143). Em consonância com esses novos espaços e experiências, me surpreendi ao me dar conta de outras representações de mim mesmo, permeadas por interferências no meu comportamento corporal e afetivo.
Cada uma dessas experiências motivaram minha pesquisa de doutorado. Geraram questionamentos e reflexões sobre a relação entre corpos e espaços urbanos, como os corpos interagem com tais espaços e de que maneira suas identidades refletem o contato com os espaços que habitam. Esta investigação teve como foco identificar estímulos e trabalhos corporais que contribuam para práticas pedagógicas em espaços educativos reforçando o lugar do afeto na formação de indivíduos, formação que se constrói por meio da relação com o outro, da elaboração de emoções e sentimentos, da compreensão do mundo à volta, seus aspectos reflexivos e sensíveis. Práticas que pensem corpo e imagens como potência na formação de sujeitos. Corpos carregados de memórias, sentimentos e experiências, mas, que estão à deriva pelos espaços das cidades. Pensar a relação entre corpo e espaço é uma forma de investigar os espaços urbanos que os corpos ocupam, onde e como espaços e lugares se fazem presentes nos corpos.
Imagens, cidades e memórias: desvendando narrativas
Presente no IFG em 2019 como colaborador do Projeto de Incubadora Artística (PIA) no curso de Licenciatura em Dança, abri-me a uma experiência estimulada por encontros e reverberações dos espaços nos corpos, um processo afetivo e dialógico que incorpora cidades, memórias e histórias de vida. O projeto “Corpo, Memória e Cidade: construindo narrativas na relação com o urbano” embasou-se em vivências pessoais anteriores, em grupos e escolas de teatro, cursos e workshops de dança, no encontro com a arte de Pina Bausch e, especialmente, seu processo de criação.
As experiências dos alunos foram privilegiadas desde o primeiro encontro do grupo, havendo oportunidade para uma partilha e escuta atentas enquanto pilares desta investigação coletiva permeada por histórias de vida, relatos e inquietações pelos lugares e visualidades. Conexões entre corpos, espaços e imagens, fundamentaram-se na relação estabelecida entre os alunos e as cidades de Goiânia e Aparecida de Goiânia, dois locais que se tornaram múltiplos a partir dos diferentes olhares e apreensões dos ambientes e conhecimentos construídos pelas experiências vividas.
O projeto teve por objetivo estudar, analisar e discutir experiências estéticas em espaços educativos formais ou não formais, estimulando a investigação de práticas culturais a partir da imagem, do corpo e da dança na relação com espaços urbanos. Com a participação de estudantes do curso de licenciatura em Dança do IFG o projeto se propôs a discutir questões referentes ao corpo: Como o entorno afeta a construção de imagens através do corpo? De que forma o espaço urbano afeta a construção de um corpo em movimento? Como as imagens da cidade impactam o corpo? Como as memórias da cidade interferem ou não na formação dos indivíduos? Essas perguntas configuraram os temas discutidos no decorrer da pesquisa que foram acrescidos por imagens criadas através de corpos performativos a partir de referências imagéticas pertinentes à construção teórica e prática do projeto.
Considero a corpografia um conceito chave na construção desta pesquisa sobre o corpo performativo atravessado por diferentes vivências e experiências em confronto com a cidade, com o espaço urbano onde nasce, se descobre e se forma, espaço repleto de memórias e afetos. Como pontua Ferreira (2013, p. 30-31) “o espaço urbano não é um lugar aguardando que algo aconteça, ele é o acontecimento com seus emaranhados, deslocamentos e estranhamentos resultantes da ação dos corpos com o ambiente”. Nascimento (2016, p. 02) acrescenta que para além dos novos olhares para a relação corpo-cidade, “a corpografia se traduz num modo diferenciado de sentir a cidade por meio de intervenções e performances estéticas e artísticas que provocam, rechaçam, questionam a espetacularização das metrópoles contemporâneas”. Adiciona ainda que “a corpografia pretende construir uma outra perspectiva sobre as cidades a partir de uma postura política na qual o corpo intervém no espaço urbano por meio de ações artístico-político-culturais, performances e danças” (idem) que de alguma forma questionem as estruturas sedimentadas dos espaços públicos, como avenidas, ruas, praças etc.
Busquei desvendar caminhos para pensar como somos moldados pelos lugares por onde passamos. Como pessoas, contextos e histórias passam por nós deixando marcas no nosso corpo. O conceito de corpografia, trabalhado com os estudantes de dança que participaram da pesquisa de campo, põe em discussão os modos como o corpo ocupa o espaço urbano, experimenta a cidade e seus cenários, se apropria deles por meio de experiências afetivas e efetivas, já que “a experiência física da velocidade – como o deslocamento através de automóveis, trens, metrôs – tornou o espaço urbano um mero lugar de passagem, desconectando-o do corpo” como acredita Strey (2019, p. 38). Sennett (2020, p. 16) reafirma esta compreensão ao destacar que “em alta velocidade, é difícil prestar atenção na paisagem”.
A pesquisa teve como ênfase imagens do corpo e suas visualidades como “regimes de enunciação visual ou os modos como passamos a ver, pensar, dizer e fazer de determinada maneira e não de outra” (NASCIMENTO, 2011, p. 215), colocando em discussão a relação entre imagens vistas, percebidas e sentidas e, também, imagens criadas a partir de suportes como fotografias, vídeos, pinturas etc. Berté (2016, p. 80) afirma que a dança não é representativa, mas performativa, uma vez que não representa imagens, “mas as (trans)forma, as (per)forma – as realiza de outras formas”. Os estudantes de dança participantes desta investigação, foram incitados a se apropriarem da performatividade do corpo como abordagem que é ao mesmo tempo artística, estética e política.
Inicialmente, a partir do início do primeiro semestre de 2019, foram realizados encontros que tiveram como objetivo familiarizar os participantes com autores e conceitos envolvendo questões relacionadas ao Corpo, a Cidade, incluindo discussões sobre Memória e Imagem.
No segundo momento do trabalho de campo os colaboradores foram convidados a percorrer, através da memória e do corpo, espaços, locais e lugares da cidade que considerassem importantes na sua trajetória/formação enquanto indivíduos. Espaços que, de algum modo ou, por alguma razão, considerassem significativos em relação à maneira como se percebiam enquanto habitantes da cidade, locais e lugares que tenham deixado marcas no corpo. Foram estimulados a registrarem vivências e experiências com a cidade no corpo e por meio de diários visuais, narrativas escritas, fotográficas e em desenho.
Com os registros do segundo momento concluídos, os colaboradores apresentaram para o grupo os locais, lugares e trajetos registrados. Em rodas de conversa, cada estudante revelou, identificou e detalhou para o grupo os lugares escolhidos, revisitando imagens, vivências e sentimentos, compartilhando reminiscências afetivas e experiências vividas pelo corpo e com o corpo nos espaços da cidade. Realizaram também um refinamento da pesquisa de movimento iniciada nas etapas anteriores. Esse estágio culminou com a construção de células coreográficas que, posteriormente, foram apresentadas pelos participantes em lugares escolhidos por eles. Os estudantes tiveram liberdade para traduzir, por meio de movimentos corporais, percepções, sentimentos e afetos vividos ao percorrerem e/ou revisitarem os espaços/percursos urbanos escolhidos.
No quarto momento do trabalho de campo os estudantes foram convidados a confrontar ou, aproximar as partituras corporais, narrativas escritas e cartografias desenhadas no espaço urbano, ou seja, no local que haviam escolhido para elaborar o percurso proposto na quarta etapa e que motivou a elaboração delas. O intuito dessa atividade foi despertar a atenção de pedestres e transeuntes para a realização das partituras corporais sendo executadas no espaço urbano que lhes deu origem. Foi, também, uma maneira de suscitar o interesse, a curiosidade e, talvez, até mesmo alguma reflexão daqueles que foram surpreendidos com a dança/performance. Uma maneira de ressaltar que os espaços urbanos importam porque são parte da experiência vivida dos habitantes da cidade e, em alguma medida e de diferentes modos, moldam a experiência dos indivíduos. Nesse sentido e contexto, dança e performance caminham juntas porque podem ressignificar espaços urbanos, propiciar uma reapropriação de locais, lugares da cidade caros aos seus moradores. Foram realizadas seis performances individuais, cinco em Aparecida de Goiânia e uma em Goiânia. Uma performance coletiva foi realizada na cidade de Goiânia (Imagem 1).
Imagem 1 - Performance em grupo na Av. Goiás, em 28/06/2019.
Fonte: Acervo pessoal
Diversos foram os impactos vividos pelos alunos durante a pesquisa de campo. A partir das relações e experimentações construídas com elementos imagéticos, imaginários e físicos das cidades, novos corpos e questionamentos foram acionados. Ao se abrirem a um encontro consigo mesmos, a partir de suas histórias, memórias e cidades, os alunos construíram rotas para a investigação e experimentação de seus caminhos de formação como artistas e educadores. Fizeram nascer diversas corporalidades através de uma síntese “dos processos vividos pelo corpo na cidade, que se expressa numa espécie de cartografia de experiências produzida pelo e no próprio corpo, como resultante das suas interações com e na cidade” (BRITTO, 2013, p. 37).
Convergências entre Corpo, Imagens, Memórias, Cidade e Práticas Pedagógicas
A partir do material produzido na pesquisa de campo, três categorias de análise emergiram: Memórias e Histórias de Vida; Corpo, Educação e Dança; e Cidades (In)visíveis, que serão expostas brevemente em seguida.
A primeira categoria - Memórias e Histórias de Vida – tornou evidente a força das experiências e dos relatos individuais no espaço pedagógico como uma senda que sinaliza possibilidades para a construção de “caminhos metodológicos”. Essas experiências e relatos se assemelham a escavações de saberes sensíveis que nos chegam por meio dos sentidos, do corpo em movimento, acionando memórias e significados como elementos formativos de identidades, de subjetividades, ou seja, modos de existir.
O corpo em movimento é capaz de gerar mobilidades, deslocamentos, imagens que funcionam como inscrições que compõem os sujeitos e se tornam memórias ao serem (re)criadas, (re)formuladas e (re)significadas. O interior do corpo revela-se por meio da dança propiciando concepções do indivíduo sobre si mesmo e sua ancestralidade.
A segunda categoria - Corpo, Educação e Dança – ecoou as reverberações do corpo no campo da educação. Os relatos destacaram a permanência de práticas pedagógicas que oprimem os corpos no ensino, mais especificamente, no ensino de dança. Uma revisão crítica dos princípios pedagógicos que orientam o ensino de dança revelou pudores, preconceitos e rigidez que, embora camuflados, ainda continuam presentes no repertório didático de educadores. Foram poucas as referências à existência de um ensino de dança que encoraja uma concepção de corpo e movimento em sintonia com uma visão de educação humanizada e humanizante. Uma perspectiva de ensino aberta às complexidades do ser humano na contemporaneidade, aproximando o indivíduo de sua corporalidade, de movimentos que materializem a subjetividade no e pelo corpo, ou seja, uma perspectiva humanista e libertadora de educação.
Minhas aprendizagens ou, minhas experiências de formação, em espaços formais e não formais de ensino, me ajudaram a compreender que o corpo está implicado em quaisquer processos educativos. Ao afastarmos o corpo dos processos educativos o afastamos, também, da gestão dos processos que movem a vida, renunciamos a saberes sensíveis e suas subjetividades, ignorando ou omitindo o empirismo que acontece na ação, no gesto, no movimento. O corpo, liberado da função de instrumento, torna-se um potente agente na luta contra as estruturas de poder que enunciam a disciplina e a doutrinação dos corpos como paradigmas educacionais históricos que esbarram na realidade das escolas, no fazer docente, e no cotidiano das salas de aula.
A terceira categoria - Cidades (In)visíveis – materializou encontros entre corpos e cidades. As cidades, para os alunos, representavam espaço de transformação, de sentimentos, espaço de alegria, solidão, casa e existência. Representavam, também, multiplicidade, lugar de um povo, de liberdade, de expressão. Noções sobre “o que é e representa a cidade” abrigavam o modo como se sentiam e eram afetados por ela, a interação de cada um com seus espaços e lugares. Para Oliveira (2016, p. 106), “os lugares interessam menos por eles mesmos e mais por sua interação com quem os pratica e os encontros advindos dessa prática”. Entretanto, um ponto destacado por vários alunos era a ausência de registros atuais da cidade, bem como registros de uma memória mais vívida da cidade do período da infância, algo recorrente nas rodas de conversa e nas entrevistas.
A ausência de afetos construídos na relação com a cidade durante a vida adulta gerava ruídos, uma percepção truncada, travada em relação a esse espaço no presente. Havia um distanciamento, um estranhamento, uma espécie de crise da noção de cidade. Essas percepções eram atribuídas à rotina corrida do dia a dia e às dificuldades e problemas que a compõem, ideia sustentada por Sennett (2020, p. 16-17) ao afirmar que “a condição física do corpo em deslocamento reforça essa sensação de desconexão com o espaço”. A rotina, a correria e as apreensões tornam difícil observar os trajetos, perceber os espaços, ou seja, se observar e se perceber na cidade.
A partir dos elementos trazidos para discussão, foi possível estabelecer uma ligação entre o distanciamento presente na realidade dos alunos e outros dois elementos: a expansão radical do processo urbano, pontuado por Harvey (2014), e o processo de espetacularização urbana. Ambos estão relacionados a transformação das cidades e suas relações com os indivíduos, gerando, segundo Jacques (2005, p. 16), “uma diminuição da participação popular, mas também da própria experiência física urbana enquanto prática cotidiana, estética ou artística”.
A forma como se deu o processo de constituição das cidades contribuiu para o processo de fragmentação dos indivíduos e dos espaços. Tendo como prioridade o capital, a industrialização e os interesses de poucos, gradativamente diminuiu os espaços públicos comuns e o direito à cidade, situação que para Pilon (2018) passa a ser uma questão fundamental na atualidade. Ao problematizar a ausência de acesso aos espaços públicos tocamos em temáticas políticas, ambientais, sociais e culturais que estão conectadas e se retroalimentam a cada movimento.
O processo de ativação e reencontro dos corpos com seus espaços de direito se deu de maneira paulatina e as imagens tiveram um papel relevante para que aos poucos os alunos pudessem se reconectar às suas cidades porque as “imagens acionam um processo de mediação entre percepção, pensamento e realidade externa” (MARTINS, 2009, p. 3722). Foram diversos os registros realizados pelos alunos, não apenas através de dispositivos ópticos, câmeras, celulares, mas, também, de dispositivos da memória e dos sentidos - olfativo, auditivo, tátil. Os registros visuais (Imagem 2) foram importantes para ajudá-los a apreender aspectos da realidade, a fazer aproximações com suas “cidades”, registros carregados de múltiplos sentidos, memórias e narrativas acionados a partir das perspectivas e vivências de cada um com aqueles espaços.
Imagem 2 – Registros feitos pelos participantes da pesquisa, s/d.
Fonte: Acervo pessoal
Segundo Jacques (2005, p. 24), imagens e construções narrativas são registros de uma “relação inevitável entre o corpo físico e o corpo da cidade, que se dá através do andar, através da própria experiência física – corporal, sensorial – do espaço urbano”. O contato com a cidade, a possibilidade de perceber e sentir as marcas que ela havia deixado em cada um, os despertou para um olhar mais sensível. Aos poucos, ao longo dos encontros, os alunos participantes da pesquisa conseguiam cruzar lugares da memória com lugares do presente, lugares de afetos construídos ou com os afetos a construir.
A pesquisa de campo ajudou os alunos a olhar a cidade não apenas como cidadãos, mas, também, como artistas e provocadores de novas percepções como uma maneira de explorar espaços e lugares a partir de caminhadas, danças e performances, ou seja, uma abertura para novos encontros e atrevessares. Assim, a cidade trouxe algo que vai além das definições e conceitos que encontramos nos livros. Trouxe outras perspectivas sobre o que de fato acontece quando a cidade não está sendo observada. Espaços e lugares foram retomados através de visitas individuais e em grupo, numa tentativa de estabelecer novas apropriações por meio da performance, da dança, do corpo.
As imagens tiveram papel determinante na reaproximação dos participantes da pesquisa e suas “cidades”. Revelaram marcas permanentes instauradas na relação corpo-cidade, encavadas na forma de trocas físicas e sensoriais com o espaço urbano, seus contextos e realidades. Ao dançarem aspectos/momentos de suas histórias os participantes reencontraram, revisitaram suas cidades desvendando a potência de seus corpos como moderadores de reminiscências, percepções e apropriações de lugares, pessoas e afetos. Ampliaram as possibilidades pedagógicas de uso do espaço público construindo novas paisagens com seus corpos.
Compreendo enfim que, os corpos, nos processos educativos, podem contribuir para a construção de uma perspectiva crítica do ensino de artes ao integrar imagens, memórias e cidades como abordagem metodológica. Nesse sentido, artistas, professores e estudantes devem refletir sobre como construir e intensificar espaços de troca, relações dialógicas, sobre como tratar pedagogicamente experiências dinâmicas com e no corpo, de modo que essas práticas possam gerar discussões e subsídios que fundamentem elaborações teóricas profundas e sensíveis.
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[1] Doutor e Mestre em Arte e Cultura Visual pela Universidade Federal de Goiás (2022 – 2015). Professor Substituto no curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Federal do Amapá. E-mail: araujops3@gmail.com.