Esquizodrama das máquinas políticas: klínica, estética e formação
Political machines schizodrama: klinic, aesthetics and formation
Domenico Uhng Hur[1]
Universidade Federal de Goiás
Margarete Aparecida Amorim[2]
Instituto Gregório Baremblitt
Rogério Felipe Santos Teixeira[3]
Centro Universitário de Belo Horizonte
Resumo
Desde o início da pandemia da COVID-19, o Instituto Gregorio Baremblitt ministra sua Formação de esquizodramatistas no formato on-line. A apresentação da esquizoanálise e do esquizodrama se dá pelas vias das práticas teórica e vivencial, havendo a experimentação de diversos dispositivos klínicos. O objetivo deste artigo é conhecer os discursos e afetos dos participantes da klínica das máquinas políticas, para discutir quais efeitos são eliciados pelos dispositivos que utilizam procedimentos estéticos no processo vivencial e formativo, nesses tempos de pandemia e fundamentalismos. Como método, os cento e vinte participantes experimentaram o supracitado dispositivo e enunciaram posteriormente as afecções vividas, bem como imagens e representações emergentes. Foram performatizadas quatro máquinas políticas por meio de utilização de músicas: 1º a máquina estatal, 2º a máquina capitalista, 3º a máquina neofascista e 4º a máquina do devir-guerreira. Constatamos que houve uma grande intensidade na dramatização das músicas articuladas a cada máquina política, que catalisou o processo klínico de forma muito mais contundente que os dispositivos de grupo meramente verbais. A máquina neofascista foi a primeiro a ressoar, trazendo sensações de apatia e paralisia. Já a máquina do devir-guerreira atualizou forças de transmutação e ancestrais, propiciando possíveis linhas de fuga e um agenciamento de forças distinto.
Palavras-chave: Esquizoanálise; Drama; Psicologia; Educação; Clínica.
Abstract
Since the beginning of the COVID-19 pandemic, the Gregorio Baremblitt Institute has provided its schizodramatists formation in an online format. The presentation of schizoanalysis and schizodrama takes place through theoretical and experiential practices, with the experimentation of various klinical dispositives. The objective of this article is to let us know the discourses and affects of those who attended the political machines klinic, to discuss which effects are elicited by dispositives that use aesthetical procedures in the experiential and formative process in these times of pandemic and fundamentalism. As a method, one hundred and twenty participants experienced the aforementioned dispositive and later stated the affections experienced, as well as images and emergent representations. Four political machines were performed through the use of music: 1st the state machine, 2nd the capitalist machine, 3rd the neo-fascist machine and 4th the becoming-warrior machine. We found that there was a great intensity in the dramatization of these songs that were articulated to each machine, which catalyzed the klinical process in a much more forceful way than the purely verbal group dispositives. The neo-fascist machine was the first to resonate, bringing apathy and paralysis sensations. On the other hand, the becoming-warrior machine has actualized transmutation and ancestral forces, providing lines of flight and a distinct assemblage of forces.
Keywords: Schizoanalysis; Drama; Psychology; Education; Clinic.
O Instituto Gregorio Baremblitt (Belo Horizonte/MG) ministra, em um fim de semana por semestre, na modalidade de imersão, a sua Formação de esquizodramatistas. Conta com a participação de um público heterogêneo de profissionais e estudantes, sendo psicólogas/os, artistas, educadoras/es, filósofas/os, militantes etc. A apresentação da esquizoanálise e do esquizodrama nesta formação se dá pelas vias das práticas teórica e vivencial, pois consideramos que esses campos não são apreendidos apenas no âmbito racional, consciencial e verbal, mas principalmente via afecções. São saberes e forças que ressoam via intensidades, assim utilizamos diversos dispositivos e experimentações que atuam diretamente no corpo.
Grosso modo, o esquizodrama pode ser visto como um desenvolvimento rizomático da esquizoanálise no território latino-americano, agenciado e composto pelo ‘argentino-mineiro’ Gregorio Baremblitt (1936-2021[4]). Pois, se para Deleuze e Guattari (1991) a Filosofia é a arte de criar conceitos, para Baremblitt (2019) o esquizodrama é a arte de criar dispositivos que dramatizam os conceitos da esquizoanálise. Entretanto, a partir dos processos de experimentação e maquinação dos distintos dispositivos, Baremblitt também criou novos conceitos e cosmologias (1998; 2004; BAREMBLITT; AMORIM; HUR, 2020). Isto é, o esquizodrama não pode ser reduzido a uma mera aplicação da esquizoanálise, pois é um modo singular de proliferação inventiva que está produzindo novas práticas e outros saberes. O inventor do esquizodrama criou inúmeros dispositivos de intervenção que operam com variadas referências, seja da política, de psicoterapias corporais, experimentações tecnológicas e principalmente da arte. Os dispositivos artísticos assumem um papel central, pois se bem manejados, eliciam processos expressivos e estéticos para a produção de novas subjetivações. Esses dispositivos de intervenção ético-político-estéticos são denominados de klínicas. Klínica com ‘k’ para diferenciar-se das tradicionais acepções da clínica, que etimologicamente refere-se ao movimento do especialista de inclinar-se sobre o leito do enfermo, muitas vezes com uma ação disciplinarizadora. Já a klínica com ‘k’ deriva-se da discussão dos filósofos gregos atomistas sobre o clinamen. Em síntese, explicavam o surgimento de uma nova realidade a partir do desvio e encontro dos átomos (clinamen) que saíam de suas trajetórias retilíneas. A klínica com ‘k’, então, remete ao encontro que sempre produz diferenças, atualiza novas realidades, e nunca padronização, normalização ou adaptação.
Nesse sentido, as imersões em esquizodrama utilizam dispositivos klínicos com intervenções verbais, que podem se assemelhar a uma aula mais expositiva ou participativa – mas que traz em sua montagem a exploração de sua potência expressiva, semiótica e metamorfoseadora -, assim como dispositivos klínicos de intervenção que oferecem uma experimentação mais dramática, corporal, afetiva, teatral (no sentido de um teatro mais disruptivo e desconstrutivo) e estética aos participantes, catalisando seus processos de afecções e consequentemente do próprio aprendizado dos conteúdos trabalhados. Portanto, os dispositivos klínicos proporcionam uma outra modalidade formativa, que não passa apenas pelo significante, mas principalmente pelas materialidades assignificantes. A essa montagem pedagógica denominamos pedagogia klínica – ou o esquizodrama na educação (AMORIM, 2008).
Desde 2020, com a problemática da pandemia de COVID-19, tivemos que realizar a formação de esquizodramatistas, que antes ocorria na modalidade presencial, no modo on-line, através do uso da plataforma Zoom. Quando se tratava do momento mais expositivo, o novo enquadramento on-line não foi um grande desafio. Mas surgiu a questão de como realizar as experimentações esquizodramáticas on-line, de forma remota, apesar de que já apostávamos na potência dos encontros esquizodramáticos, que mesmo à distância, seriam capazes de transformar as vivências na plataforma em uma usina de plataforças. Esse novo enquadramento mobiliza outra espacialidade e temporalidade, ao invés dos participantes viajarem para Belo Horizonte, disporem de seu tempo extensivo (e intensivo) para fazer a formação, cada um continuou em sua própria cidade, muitas vezes com uma dedicação parcial à imersão, pois se mantinham assoberbados pelo cotidiano em suas casas.
Evidentemente em um único artigo não é possível realizar uma análise das quatro edições da formação de esquizodramatistas na modalidade on-line. Analisamos, nesse texto, os efeitos de um único dispositivo esquizodramático realizado na Imersão de inverno de 2020, a primeira concretizada no formato on-line. Dentre as diversas atividades dessa edição, houve um eixo denominado “Esquizodrama e decolonialidade”. Os autores desse artigo tiveram como responsabilidade preparar o tema “Capitalismo, Estado, micro e macrofascismos e esquizodrama”. Realizamos uma apresentação conceitual dos principais movimentos da axiomática do capital (DELEUZE; GUATTARI, 1972[5]), do aparelho de captura (DELEUZE; GUATTARI, 1980c) e dos microfascismos (GUATTARI, 1974). Imbuídos pela inspiração baremblittiana, obviamente, não ficamos apenas na descrição teórica de como funcionam essas máquinas. Propusemos, após esse “aquecimento” de introdução teórica sobre o tema, esquizodramatizá-lo no âmbito klínico, para investigar que efeitos produziriam. O dispositivo que criamos se denominou a “Klínica das máquinas políticas”.
Atualmente, vivemos num enclave entre diferentes configurações de forças que se atualizam em distintos movimentos, temporalidades e afecções, enfim, produzem diversos circuitos desejantes, que denominamos como máquinas políticas. Vale destacar que na esquizoanálise a máquina não é mecânica, nem técnica, diz respeito ao agenciamento de vetores de forças, de investimentos desejantes, por isso toda máquina é desejante, articulação de fluxos de desejo. Nesse sentido, tais investimentos desejantes podem circular e serem capturados, modulados nas distintas máquinas constituídas, como as da burocracia, do Estado e do fascismo (DELEUZE; GUATTARI, 1975). A máquina estatal é a que tem os circuitos desejantes estruturados tal como o diagrama de soberania, organizado pela hierarquia e lógica da negatividade; a máquina capitalista funciona pela axiomática do capital (DELEUZE; GUATTARI, 1972), gestionando os fluxos desejantes numa perpétua aceleração para a hiperprodução; a máquina neofascista pelas forças reativas do niilismo e da destruição das diferenças. Já a máquina esquizodramática é aquela que atualiza o potencial insurgente de investimentos de desejo criativo, disruptor e nômade. Essas máquinas políticas foram teorizadas e descritas em outro trabalho (HUR, 2020), por isso não nos estendemos sobre elas aqui.
O objetivo deste artigo é conhecer os discursos e afetos das/os participantes da klínica das máquinas políticas, para discutir quais efeitos são eliciados pelos dispositivos que utilizam procedimentos estéticos no processo vivencial e formativo nesses tempos de pandemia e fundamentalismos.
Consideramos que a relevância desse estudo se dá por articular klínica, processos estéticos e formação. Também ressaltamos que há uma certa lacuna em relação ao registro da literatura esquizodramática. Pois mesmo com a criação do esquizodrama, desde 1973 (na ocasião com o nome de Fluxograma), ainda há poucos textos acadêmicos publicados sobre esse campo. Caso comparemos com o elevado volume de práticas esquizodramáticas que vêm sendo desenvolvidas por profissionais de diversas áreas, como saúde, educação, artes etc., constatamos o baixo número de artigos, livros e capítulos publicados sobre a temática. Então, esse artigo também é um intento de sistematização sobre algumas experiências klínicas que acumulamos durante nossas trajetórias.
Método/técnica: a klínica das máquinas políticas
A proposta do esquizodrama das máquinas políticas é investigar e intervir como o corpo, a consciência, os fluxos desejantes e temporalidades de cada participante estão conectados e ressoam com os distintos diagramas políticos nesses tempos de crise política e social. Nessa experimentação, buscamos intensificar os afetos das/os participantes para que autoanalisem como são afetadas/os pelos diferentes diagramas político-desejantes em coexistência e que possíveis linhas de fuga podem ser esboçadas para reconfigurar esse cenário.
Nessa klínica, performatizamos cada um dos quatro diagramas supracitados, por meio da utilização de músicas: 1º a máquina estatal, em que sua configuração de forças remete diretamente ao diagrama da formação soberana e ao regime jurídico instituído; 2º a máquina capitalista, que se refere ao diagrama da axiomática do capital (DELEUZE; GUATTARI, 1972); 3º a máquina neofascista, que se remete a configurações de forças vigentes, verticais e autoritárias; e 4º a máquina do devir-guerreira, que se relaciona a um diagrama por vir, à configuração de forças de uma utopia ativa (DELEUZE; GUATTARI, 1980a), da ecosofia (GUATTARI, 1989).
Para dramatizar, performatizar, as máquinas políticas, selecionamos uma música (ou mais) que consideramos expressar sonoramente cada diagrama. A proposta da utilização de músicas visa com que as/os participantes não focalizem apenas seus processos conscienciais, significantes, os pensamentos, mas que também possam se ater aos processos assignificantes, à ritmicidade, às cadências sonoras, aos movimentos e afetos que possam advir dessa outra conexão. É trabalhar como processos artísticos catalisam a produção de novas vivências e subjetivações, bem como do aprendizado do conteúdo ministrado. Evidentemente a temática música e esquizodrama deve ser mais discutida, como por exemplo as experimentações intituladas “esquizomúsica” (BERMÚDEZ, 2009) e a própria bricolagem com a produção teórica-técnica da musicoterapia. A relação entre música e processos corporais na esquizoanálise é um fascinante tema de investigação que merece ser mais explorado, mas que por limitações de espaço não nos atemos aqui nesse artigo.
Para uma primeira desterritorialização de nossas identidades fixas, como aquecimento para a esquizodramatização, colocamos a música “Fluid” de Yosi Horikawa, em que realizamos um leve alongamento para distensionar a musculatura. Para a máquina estatal selecionamos duas músicas: “Semper Paratus” de Francis Saltus Van Boskerck e “Pra Frente Brasil” interpretada pela Banda Folia Brasileira. Para a máquina capitalista, escolhemos a música “Glaze” de Container. Para a máquina neofascista, colocamos “Endzone” de Fatima Al Qadiri e a “Cavalgada das Valquírias” de Richard Wagner. Para a máquina da devir-guerreira, selecionamos “Bella Ciao” de The Red Army Choir, “Buura” de Shu-de e “Ogó” de Metá Metá. Essa playlist está disponível no Spotify com o título “Klínica das máquinas políticas”[6].
Solicitamos que as/os participantes, cada um/a em sua residência, organizassem um espaço confortável, amplo e privado, que lhes desse liberdade de movimentos para, por exemplo, deitar, dançar, alongar-se. Ao escutar/sentir as músicas, as/os participantes tinham que intensificar o que emergisse no corpo, ou nos pensamentos, principalmente aquilo que remetesse ao emergente mais estranho, paradoxal, ambíguo, indiscriminado. A seguir transcrevemos a consigna completa:
1º- Dramatizaremos, cada um como quiser em seu espaço, as distintas máquinas políticas: estatal, capitalista, neofascista e do devir-guerreira. Elas serão acompanhadas por músicas, para catalisar o processo.
Vamos tentar atualizar o circuito desejante que cada máquina forma com nosso próprio corpo, cartografar como ele conduz cada modalidade de fluxo desejante, buscando assim tatear o que ressoa, o que bloqueia, o que circula, o que goza, em cada sistema, em nós próprios.
Dessa afecção e circulação desejante, vamos intensificar a experiência, buscando a sensação mais estranha, a mais bizarra, aquela que não tem uma significação clara.
Após a experimentação emitimos uma outra consigna:
2º- Queremos escutar sobre os fluxos e circuitos desejantes que passaram por vocês. Como experienciaram essa conexão com as diversas máquinas? Que momentos atualizaram sensações de estranhamento e de intensidades para vocês? Como que foi?
Os participantes da klínica das máquinas políticas foram as/os alunas/os que se inscreveram na “Formação de esquizodramatistas” do Instituto Gregório Baremblitt (IGB), realizada em agosto de 2020. Devido à convergência e à similaridade dos conteúdos emergentes também adicionamos algumas falas de um segundo grupo, em que utilizamos essa mesma klínica: as/os alunas/os do curso “Grupalidades” do Instituto Pichon-Rivière (IPR), de Porto Alegre/RS, em outubro de 2020[7]. Ambos grupos foram formados por pessoas de todo o país, e em grande parte são psicólogas/os. O grupo do IGB tinha um número maior de participantes, com cerca de 120 pessoas, contabilizando o extenso corpo docente. A participação foi muito intensa, com diversas coreografias, um vertiginoso volume de falas verbalizadas e um alto número de mensagens escritas no chat sobre o processo experienciado. Consideramos que pelo fato de ser uma imersão de um fim de semana inteiro, o grupo já estava bastante mobilizado, pois vivenciou outros dispositivos nos períodos anteriores. No grupo do IPR houve a participação de 25 pessoas e o esquizodrama foi coordenado por apenas um dos autores deste artigo. Esse grupo foi menos intenso, e consideramos que questões contextuais influenciaram nesse aspecto. O curso, também on-line, tinha a frequência de um encontro por semana, no período noturno, e vivenciou apenas este dispositivo, sendo um curso mais teórico. Em ambos momentos o dispositivo foi realizado pelo aplicativo Zoom.
Outro fato que nos chamou a atenção é que o elevado número de participantes do grupo do IGB intensificou ainda mais sua mobilização e vontade de participação. Essa participação intensa também ocorre nos esquizodramas presenciais, mesmo em grupos grandes, com mais de cem pessoas[8]. Tal quadro já é diferente em sessões de grupos apenas verbais, geralmente psicanalíticos, que contêm mais de trinta participantes, que devido ao elevado número de pessoas, costumam ficar um pouco mais inibidos e, consequentemente, menos participativos.
O material analisado refere-se apenas às falas emitidas pelas participantes, seja pela via oral, ou pela via escrita no chat após a experimentação. Não analisamos a produção corporal e coreográfica que ocorreu durante a transmissão das músicas e das consignas de intensificação dos processos, pois foram inúmeras expressões ricas e heterogêneas. Trabalhamos sobre os conteúdos emergentes das falas que se referem a uma autoanálise do processo e dos afetos emergentes da experimentação. Selecionamos as falas que apresentaram maior intensidade em suas expressões (HUR, 2021).
Música, dramatização, afetos
A utilização de músicas referentes às distintas máquinas políticas incitou e catalisou diferentes afetos e experiências, assumindo um potencial intensivo para a emergência dos mais díspares processos. Evidentemente também houve experiências individuais bastante heterogêneas. Aqui selecionamos apenas algumas falas, pelo critério da intensidade, que consideramos bastante expressivas e elucidativas.
A primeira fala do grupo remete a uma síntese dos afetos vivenciados no dispositivo. B1[9] associou: “Sufoco prisão punição opressão descarrego fluxo soltura”. Tal conteúdo gerou uma ressonância no grupo a tal ponto que as falas decorrentes se associaram às sensações de captura e paralisia, que nesse momento foram as mais prevalentes, tais como a de B2: “limitado, amarrado”, e B3: “estou com um nó na garganta tremendo”.
Nessa ressonância da captura, referente ao contexto social que vivemos atualmente, a máquina política do neofascismo foi a que gerou os primeiros emergentes discursivos em ambos grupos, como P1 disse: “Algo espacial, super-homem, corpo que tenta voar, mas que está caindo. Reverso”. B4: “Senti muito tédio e paralisia na máquina neofascista”. B3: “Na neofascista só consegui ficar sentada sem fazer nada...estática, paralisada”. B5: “limitação e fechamento”. P2: “Na máquina neofascista senti sono. Saí da máquina capitalista exausta. No neofascismo a música deu um efeito, se eu continuasse a ouvir, iria dormir. Sono, letargia, causou um estranhamento…”. B6: “Neofascismo foi paralisia e receio total de fazer qualquer movimento”.
Dessa forma, ao invés de afetos de hostilidade ao outro, como é prevalente nos neofascismos (HUR; SABUCEDO, 2020), constatamos uma maior presença de falas relacionadas à estática, paralisia, letargia, como se o tempo tivesse parado. Os participantes associavam forças de impotência e estagnação que esse diagrama social ressoava em si. Então, ao invés de atualizar as forças destrutivas e do ressentimento, nesses grupos a máquina neofascista contemporânea trouxe uma tristeza aos corpos das/os participantes, que levou a uma diminuição do seu grau de potência, à despotencialização do corpo e do seu potencial do agir, conforme Espinosa nos ensina (DELEUZE, 1981a). Por isso que o filósofo holandês afirma que o tirano visa nos entristecer para nos dominar. Afetos tristes que despotencializam a vida e paralisam o potencial de ação. Atualização da tristeza que tem como correlato corporal a paralisia e a estagnação.
Não apenas no início dos grupos, mas sempre que se aludia à máquina neofascista havia o relato de medo, letargia, sufoco e inação. B7: “sobre o nó na garganta, na parte do neofascismo, senti nós nas gargantas do corpo inteiro, senti vontade de chorar e gritar, mas os nós em todas as esquinas do corpo, bloqueavam”. Nesse fragmento, a paralisia é decorrente da atualização dos bloqueios políticos nas instâncias corporais, nas interrupções das linhas. ‘Nós’ que impediam inclusive a expressão de uma lamentação, de uma descarga energética relacionada ao grito e ao choro.
Por outro lado, a máquina neofascista não atualizou apenas esse lugar de vítima, mas também, em poucos casos, uma identificação com o lugar do agente, seja do conservador, ou de quem vigia. B8: “Na máquina neofascista me senti vigilante, me senti má, vigiando vocês, colocando medo em vocês”. Emergiu o traço de captura e da governamentalidade pelo medo, muito característicos dos governos autoritários. Também houve referência à guerra, extermínio, genocídio, à indiferença e à insensibilidade. Foram atualizados tantos sentimentos de impotência e dessensibilização que B9 falou: “na máquina neofacista, precisei tocar meu corpo, como para saber se ainda existia alguém ali”. Num segundo momento, quando um participante citou que sentiu cinismo na máquina neofascista, houve a emergência de uma espécie de dobra, pois começou a haver associações mais bem-humoradas, satíricas, articulando o caráter burlesco das máquinas estatal e neofascista. Por exemplo, B10 disse: “Na música pra frente Brasil me veio a imagem de Regina Duarte, aquele cinismo terrível”. B11: “Pra frente Brasil me lembrou da dancinha da Regina Duarte no castelo de Caras (risos)”.
A Máquina estatal, tal como a máquina neofascista, também trouxe sensações de mal-estar. As primeiras associações remetem ao que B12 coloca como: “arrepio, ânsia de vômito”, bem como B13: “na máquina estatal deu uma vontade de não estar aqui como se fosse num 7 de setembro, eu fiquei enjoado”. Entretanto, além da paralisia e do enjoo, as sensações prevalentes foram uma espécie de formatação, de regulação, de canalização dos fluxos desejantes. Emergiram muitas falas relativas a “Repetição, enrijecimento” (B14); “peso, engessamento” (B15); “é como se fosse moldada, movimentos mais enrijecidos” (B16).
Dessa forma, foram enunciadas sensações relativas ao diagrama de soberania, de sofrer uma formatação a partir das regras e leis do Estado, uma espécie de sujeição social à hierarquia vertical, à Lei, a todos esses processos de fixação e estratificação. B17: “Na máquina estatal me senti um soldadinho de chumbo, alienado”. B18: “Na estatal foi a cabeça ficou num sim sim sim compulsória aqui”. B19: “Na máquina estatal comecei a fazer exercícios ... flexão, abdominal”. Desse modo, a canalização dos fluxos desejantes em moldes formatados não gerou tanto mal-estar como o diagrama da máquina neofascista, mas sim uma espécie de sujeição social e encouraçamento. A seguinte fala expressa bem a diferenciação entre as duas máquinas. B20: “Na máquina estatal me senti robótica, como um militar. Na máquina fascista paralisada...”.
Consideramos que a máquina estatal não implicou apenas em interdição, mas principalmente numa canalização dos fluxos desejantes na lógica da ordem e da hierarquia. Assim houveram associações que remeteram até a glória e orgulho do Estado. B21: “me impeliu ao sentimento de glória, de adesão ao fluxo de um tipo de exército de corpos eretos e rijos”. B22: “sinto um pouco como você também, B21, na máquina estatal. E um conforto muito estranho, que me incomodou”. P3 associou a máquina estatal ao poder e afirmou que, conjuntamente à neofascista, foi a que mais o atravessou, mesmo sendo um crítico dessas duas formações sociais. Por outro lado, essa experiência também gerou dobras, que, de uma linha de segmentaridade rígida, pode-se traçar algumas curvas, desvios B23: “Na máquina Estatal, comecei a marchar em linha reta. Quando percebi, meu quadril se moveu de forma circular, lentamente, soltando a bacia... Como se tivesse começado a sambar na cara do Estado...”. Será o samba, a dança, o movimento pélvico, linhas de fuga frente às rígidas normas estatais?
A Máquina capitalista foi majoritariamente associada em várias falas com a aceleração, a produtividade, a uma temporalidade com um ritmo frenético, automatizada. Na fala de B6: “capitalismo foi aceleração e fritação total”. B24 sentiu uma estimulação à ação: “Na máquina do capitalismo senti muito uma necessidade de ação, de produção desenfreada que reprimia o relaxamento e o eu interno que tentava brotar quando o som acalmava”. B25 afirmou que: “Na máquina capitalista senti o incômodo mesmo que sinto quando olho o mar de carros incessante pela sacada do meu apartamento, parece um fluxo sem fim de uma correria desesperada por motivo nenhum”. Enfim, tais falas remetem à maximização da produtividade do objeto qualquer que o diagrama neoliberal fomenta (DELEUZE, 1979), seja realizada de forma consciente, ou não. Essa máquina incita os fluxos desejantes a amplificar sua rotação, sempre em direção à maior produtividade.
Essa máquina política também
gerou sentimentos de satisfação e não apenas desprazerosos. Como, por exemplo,
em P4, que afirmou ter tido uma experiência prazerosa. B25 também associou as
músicas dessa máquina às experiências de lazer: “Na máquina capitalista,
comecei a dançar, pensando nas festas noturnas. Comecei a mexer nos meus
vestidos. Me imaginei em um monte de figurinos, festas e cerveja...”
Consideramos que como a axiomática do capital gestiona os fluxos
desejantes não pela canalização e interdição, tal como o Estado e o diagrama
disciplinar (HUR, 2018), senão pela sua aceleração e vazão, há uma incitação
para que os fluxos desejantes circulem, busquem conexões, por mais que seja por
sua aceleração. Por isso, podemos vislumbrar que tal máquina é tão eficaz na
governamentalidade atual, se a comparamos com a máquina estatal, o diagrama de
soberania, ou mesmo o diagrama disciplinar (FOUCAULT, 1975). Há uma incitação
perpétua do desejo à produção, e não à sua interdição por regras e normas. B26
expressou muito bem os sintomas que essa máquina provoca na gestão desejante:
“Na capitalista senti uma fome insaciável e um movimento de trabalho inacabado,
apesar do cansaço”. B26 sentiu um imperativo dessa movimentação, tal como uma
fome, algo em que operava no âmago de suas engrenagens, em que tinha que concretizar
as tarefas. Entretanto, ao lado dessa ‘dívida’ em finalizar o trabalho,
experienciava um ‘cansaço’. Constata-se assim que sua fala sintetiza os
principais enunciados proferidos por Deleuze e Guattari (1972), Maurizio
Lazzarato (2013) e Byung-Chul Han (2012) acerca das vicissitudes do diagrama
capitalista: aceleração, dívida e esgotamento, numa aceleração sem fim de uma
temporalidade direcionada apenas ao trabalho, e não à fruição da vida.
A máquina do devir-guerreira provocou associação a outras experiências, muito diversas das máquinas anteriores. As falas relatam um certo giro, uma espécie de dobra que se deu em relação às outras máquinas. Muitos expressaram que diferente das dramatizações das músicas anteriores, em que se sentiu uma espécie de inação e múltiplos sofrimentos, houve uma incitação de movimentos, de forças. P5 sintetiza essa sensação: “deu vontade de me movimentar, me mobilizou para sentir meu corpo. Alegria. Vontade de movimento”. B5 aludiu à “força, potência, fluidez e ar”. B12 à: “liberdade, abertura, potência”. P6 viu essa transmutação de humores, inicialmente com uma sombra: “descobri uma sombra; essa sombra crescia como um guerreiro potente, bailarina”. Manchas que podem vir a desmanchar os estratos, o consolidado e o estabelecido: o figural de um movimento (DELEUZE, 1981b). Um processo que elicia, tal como B21 proferiu: “movimentos corporais sinuosos, não retos e nem precisos, molejo brincante”. Linhas flexíveis que abrem sendas para novos processos. Uma maleabilidade que pode produzir a figura icônica e transgressora aludida por P7: “Macunaíma”.
Portanto, houve associações relacionadas a outro movimento, não mais a forças reativas (DELEUZE, 1962) que levam à paralisia, ao mal-estar, ou forças de aceleração para a produção. Mas um movimento que direciona a possíveis linhas inventivas de outros possíveis. Perder o chão, tentar soltar, procurar deixar de ser. Uma vontade de se movimentar, dançar livremente, de uma translocação e de uma outreidade. Sair da temporalidade estriada de Cronos, ascendendo a um espaço liso e temporalidade de Aion (DELEUZE, 1969), o fluxo da duração (DELEUZE, 1966). Também se expressaram falas de conexão com a terra, de preparação para uma luta e de gestação de um novo mundo. Uma maternagem de possíveis que nos mostra que a revolução devirá feminina.
Nesse movimento e devir, também se associaram forças de vida relacionadas à sensualidade, que se articulam à potência e à vida. B14 afirmou: “na máquina guerreira senti-me sensual, alegre, potente, destemida”. B27: “Identifiquei muito isso da sensualidade também. Em nenhum momento precisei forçar meu corpo a agir, a música me levava àqueles lugares”. B16: “no devir guerreiro senti uma sensualidade, uma força e uma força de alívio”. B28: “guerreira sedutora; toureira; dançarina; sensualidade feminino”. Com essa sensualidade emerge uma sensação de vazão e fluidez do corpo, ou mesmo uma autoapropriação do corpo. Um corpo que deseja e que luta, que transpira vida. B24: “Quando chegou a máquina guerreira ficou uma sensação de primeiro opor violentamente ao neofascismo, ao Estado que aparece como máquina opressora, com o tempo se transmutou em dança, em sensualidade, um guerreiro de saber que liberta”. Mas é uma luta desejante que não é pacífica, ou simples, de uma bela alma (DELEUZE, 1968). É uma luta desafiadora contra as capturas, contra os inúmeros bloqueios e opressões do cotidiano, que remetem ao contato com o sofrimento, que mobiliza um choro sufocado. B29: “Com a de guerra ressoa a sensualidade que vocês falam, uma bixa louca, mas em um momento veio um choro preso também”. A possibilidade da expressão e afirmação dos investimentos desejantes e identitários singulares, mas que também remete ao sofrimento sufocado no peito devido às opressões cotidianas.
Nessa sensualidade guerreira, B2 criou um interessante neologismo: “devir guerreiro me veio a amorocidade”. Amorocidade pode ser vista como uma articulação significante do personagem do guerreiro como aquele que conjuga amor e ferocidade. Para produzir o amor em tempos tão difíceis temos que mobilizar também uma potência agressiva, primal, feroz. Estabelecer sentimentos de ligação, de afetos, de conexão, mas com a ferocidade de um ser que luta, que ruge. Pois no amar não há nada de passividade, senão uma atividade de luta, de produção de novas composições. Além disso, amorocidade não é apenas a ferocidade do amor, mas também amar a cidade, amar o coletivo, a comunidade que nos vem sendo subtraída, ou então amar a mocidade desse devir-criança que sempre se reinventa, experimenta, desbrava. De modo geral, foram relatadas muitas experiências intensivas, com descargas energéticas, choros, delírios, situações paradoxais e até experiências de transe. Nelas relacionou-se a muitas experiências de ligação com as ancestralidades. Sejam as ancestralidades indígenas, os “povos árabes” (B30), “egípcios, povos originários, xamãs, povos africanos...” (B31), os “devires amazônicos” (B32). Será que podemos pensar essa ligação com as ancestralidades como um ‘novo’ modelo subjetivo de luta contra os neofascismos? Novas inspirações para a nossa esquizoanálise e esquizodrama latino-americanos?
Considerações finais
A klínica das máquinas políticas, realizada de forma on-line, demonstrou-se de grande valia para a atualização das problemáticas sócio-políticas que estamos enfrentando no âmbito coletivo, do corpo e dos afetos. Seguramente potencializou o aprendizado e absorção das questões que foram apresentadas verbalmente, mostrando como um dispositivo klínico, corporal, estético, afeta as/os participantes em outros registros, que não só o consciencial. Proporcionou uma formação mais potente, com uma maior incorporação dos conteúdos e possíveis linhas de reinvenção.
Então, mesmo sendo on-line, com as participantes não compartilhando a presença física imediata umas com as outras, houve a constituição de um campo comum que transpassou as distâncias espaciais e que as articulou num mesmo fluxo temporal, que variava de acordo com os diferentes ritmos, ou compassos, de cada máquina. Houve uma ressonância entre os corpos que produziu uma experimentação intensiva, tal como pudemos acompanhar pelas falas e expressões corporais.
Constatamos que houve uma grande intensidade na dramatização das músicas articuladas a cada máquina política, que catalisou o processo klínico de forma muito mais contundente que os dispositivos de grupo meramente verbais. Mesmo sendo a terceira a ser dramatizada, a máquina neofascista foi a primeira a ser associada no discurso pelas participantes, evidentemente pela vivência difícil que muitas estão tendo atualmente. Entretanto, não foi o ódio dos extremismos e da polarização que foram atualizados, senão a paralisia, o mal-estar, com o atual estado de coisas, que expressa a governamentalidade de despotencialização dos afetos que é empregada pelos regimes autoritários: as paixões tristes enunciadas por Espinosa (DELEUZE, 1981a). As máquinas estatal e capitalista não foram associadas somente com afetos desprazerosos, mas também com características “positivas” que corroboram com a própria estruturação do Eu na sociedade atual, numa servidão maquínica (DELEUZE; GUATTARI, 1980c), em que ambas agenciam os fluxos desejantes de formas distintas e fabricam modalidades subjetivas. Já a máquina do devir-guerreira atualizou as forças de transmutação e ancestrais, propiciando possíveis linhas de fuga e um agenciamento de forças distinto.
Contudo ressalta-se que esse dispositivo não se refere apenas a um movimentar-se, a dançar, pois a consigna deve destacar a importância de trabalhar os aspectos assignificantes, o estranho, no sentido que provoque processos de raspagem e desterritorialização. Fissuras que possibilitem uma nova circulação aos fluxos desejantes, incitando os processos de produção estética e subjetivação. Para tanto, a performatização não deve se restringir à aparência, ao visibilizado, ao representado, mas ao quantum de intensidades eliciados, que leve a uma molecularização dos processos, e quem sabe, a um descentramento do Eu, numa fulgurante produção de um corpo sem órgãos (DELEUZE; GUATTARI, 1980b). B10 trouxe uma fala que expressa esse movimento de molecularização: “Aqui comigo funcionou primeiro como uma dramatização e depois como uma possessão”. Uma incorporação na qual B10 emprestou seu corpo como um veículo, “cavalo”, para as forças de cada máquina política, para a produção de passagens e migrações.
Também devemos tomar cuidado com o perigo de uma psicologização, ou individualização da experiência, ou seja, de não cair nas forças centrípetas do buraco negro do Eu. Assim, adotar a prudência para que a sensualidade e as forças de Eros eliciadas não sejam vividas apenas no âmbito de uma intimidade individual, ou edipiana, que podem despotencializar a produção e subversão coletiva. Nesse sentido, os dispositivos do esquizodrama sempre devem fomentar os princípios enunciados por Baremblitt (1984), de desterritorialização e reinvenção; raspagem e produção. Para finalizar, podemos utilizar como uma das expressões dessa experiência a síntese realizada por B2: “se fosse pintar em cores as máquinas, diria: 1. estatal: cinza. 2. capitalista: cores que se alternam, mas não se incorporam. 3. fascista: amarelo. 4. devir guerreiro: lembrou o livro de Ziraldo que trata de uma cor: flicts”.
REFERÊNCIAS
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[1] Psicólogo, mestre e doutor. Professor associado de graduação e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Goiás. Membro do Instituto Gregorio Baremblitt. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-6766-7024. E-mail: domenicohur@hotmail.com
[2] Atuou como professora em vários cursos de pós graduação (PUC Minas, Ista, Cepemg, Faculdade de |Ciências Médicas/Feluma/Instituto Félix Guattari/Fundação Gregorio Baremblitt). Pesquiadora Colaboradora do Laboratório de Grupos, Instituições e Redes Sociais - L@gir/UFMG. Orcid: https://orcid.org/0000-0003-3637-4322. E-mail: margareteaamorim@gmail.com
Psicólogo e mestre.Trabalha com os balizamentos conceituais da Análise Institucional, Construcionismo Social e da Esquizoanálise. Realiza palestras, intervenções em organizações e pequenos grupos nas áreas de Educação, Trabalho, Artes, Cinema, entre outras atividades. Orcid: https://orcid.org/0000-0003-0367-3545 E-mail: rogeriofsteixeira@gmail.com
[4] Para conhecer a trajetória de Baremblitt sugerimos os artigos de Amorim et. al (2021), Hur (2014) e o posfácio do próprio Gregorio (BAREMBLITT, 2021).
[5] Ao longo do texto utilizamos o ano da publicação original dos livros de Deleuze e Guattari.
[6] Playlist “Klínica das máquinas políticas” disponível em: https://open.spotify.com/playlist/0YXMUjmehenv7wr1xGHGVr?si=f915dd6e39c44c5f . Acesso em 20 mar., 2022.
[7] Também realizamos esse dispositivo com outros públicos, mas não inserimos suas falas aqui, devido a contextos muito diferentes. Por exemplo, os conteúdos emergentes com alunas/os de graduação em psicologia da Universidade Federal de Goiás foram bem mais tímidos por variadas razões: conflitos institucionais, receio de exposição de si, pouca afinidade ou desconhecimento da teoria e prática etc.
[8] A questão do número de participantes em sessões de diferentes dispositivos de grupos é bastante interessante e também merece maior atenção em futuros trabalhos. Por exemplo, no grupo operativo de Enrique Pichon-Rivière (1983) geralmente se estabelece como vinte o número máximo de participantes; já na Groupanalysis de S. H. Foulkes (1967) o número doze. No esquizodrama não se estipula um número máximo, nem mínimo, de participantes.
[9] Para citar as/os participantes não utilizamos os seus nomes, mas B1, B2, B3 etc. para os da Formação de esquizodramatistas do Instituto Gregorio Baremblitt e P1, P2, P3 etc. para os do curso “Grupalidades” do Instituto Pichon-Rivière.