Proposi��es art�stico-pedag�gicas:
uma pr�tica colaborativa no contexto da pandemia
Artistic pedagogical propositions:
a collaborative practice in the context of the pandemic
Aionara Preis Gabriel [1]
Universidade do Estado de Santa Catarina
Jonathan Taveira Braga [2]
Instituto Federal de Santa Catarina
Elaina Schmidlin [3]
Universidade do Estado de Santa Catarina
Resumo
O texto apresenta os movimentos e refer�ncias de um exerc�cio coletivo realizado durante um semin�rio no ano de 2021, que foi oferecido na P�s-Gradua��o em Artes Visuais da Universidade do Estado de Santa Catarina (PPGAV/UDESC). Tal proposta se propunha a experimentar o espa�o-tempo da aula virtual, ao qual a pandemia da COVID-19 nos condicionou naquele momento. Em atravessamentos pelas camadas da vida docente, criou-se um v�deo coletivo utilizando desenhos, colagens, performances e cenas do cotidiano, tentando esgotar, em gestos e imagens, as multiplicidades dos modos de existir na contemporaneidade. Esta proposi��o colaborativa buscou sintetizar as dire��es, planos e linhas sens�veis de um ambiente de encontro em transforma��o, atravessando dimens�es �ticas, est�ticas e pol�ticas dos territ�rios existenciais em jogo, entre elas, a filosofia da diferen�a, a arte e suas pr�ticas art�sticas e pedag�gicas.
Palavras-chave
Pr�ticas art�sticas e pedag�gicas; Filosofia da diferen�a; P�s-Gradua��o em Artes Visuais; Modos de existir.
Abstract
This article presents the movements and references of a collective exercise carried out during a seminar in 2021, which was offered at the Postgraduate Course in Visual Arts at the Universidade do Estado de Santa Catarina � UDESC. This proposal aimed to experience the space-time of the virtual class, to which the COVID-19 pandemic conditioned us at that moment. Crossing the layers of teaching life, a collective video was created using drawings, collages, performances, and everyday scenes, trying to exhaust, in gestures and images, the multiplicities of the ways of existing in contemporary times. This collaborative proposition sought to synthesize the directions, plans, and sensitive lines of a changing meeting environment, crossing ethical, aesthetic, and political dimensions of the existential territories at stake, among them, the philosophy of difference, and the art and its artistic and pedagogical practices.
Keywords
Artistic and pedagogical practices; Philosophy of difference; Postgraduate Course in Visual Arts; Ways to exist.
Lapoujade (2017), a partir do fil�sofo franc�s �tienne Souriau (1892-1979), diz que poder�amos supor que a variedade dos modos de existir encontraria seu modelo na pluralidade das artes, por�m seria o inverso: �[...] s�o as artes que tiram sua pluralidade das diversas maneiras de fazer existir um ser, de promover uma exist�ncia, ou de torn�-la real� (p. 16). Desse modo, ao procurar novas maneiras de existir neste mundo que integrem o corpo, o psiquismo, o reflexo em um espelho, a ideia ou a lembran�a do esp�rito de outro, � poss�vel encontrar na arte as pluralidades da maneira de ser. O indiv�duo pode participar de v�rios planos de exist�ncia, como ele nos diz, e s�o essas pluralidades que possibilitam o surgimento de uma arte de existir.
Na complexidade dessa rela��o, formas e for�as se interceptam constantemente e provocam novas maneiras de ser e estar no mundo. Por esse motivo, n�o existem formas fixas e imut�veis, pois as for�as, externas e internas do indiv�duo, modificam a estrutura��o das formas. Lapoujade (2017) enaltece esse aspecto ao afirmar que:
Se a filosofia de Souriau � uma filosofia da arte, n�o � por se interessar pelas formas, mas sim pelo princ�pio formal que organiza as formas. Neste ponto, ainda � preciso introduzir uma distin��o e n�o confundir a forma e o formal (assim como n�o confundimos formar e formalizar). A forma � insepar�vel de uma mat�ria que ela informa, cujos contornos ela desenha ou cujo devir ela regula como sendo seu fim ou sua entel�quia, mas o formal � aquilo que organiza as formas, que estrutura arquitetonicamente suas rela��es (p. 15-16, grifos no original).
Esses movimentos atravessam m�ltiplas dire��es, modificando e intensificando as formas e suas mat�rias em uma variedade de modos de exist�ncia. Tais varia��es tornaram-se percept�veis quando, durante a pandemia da COVID-19, at� mesmo as formas pretensamente mais est�ticas se desestabilizaram. A resposta que intercepta a pergunta ret�rica � Oi, tudo bem? � tornou-se imposs�vel de pronunciar, pois exigiu um tempo de sil�ncio, que ainda persiste.
In�meros acontecimentos reconfiguraram a rotina pessoal, tanto no espa�o individual como no coletivo. O conv�vio com o outro ficou restrito �s pessoas que compartilhavam o mesmo espa�o, �s varandas dos apartamentos ou �s telas de celulares, computadores, televis�es... Limitou-se o social, alterou-se a troca entre as pessoas, perderam-se os espa�os que possibilitavam a multiplicidade das viv�ncias e rela��es. A sala de aula invadiu as resid�ncias e se instalou na cozinha, no sof� e at� mesmo em cima da cama. A escuta, a fala e a vis�o s� foram poss�veis pelos recursos tecnol�gicos que, dubiamente e paradoxalmente, aproximavam e afastavam as pessoas.
Com a perman�ncia da pandemia, foi preciso rever os sentidos dos encontros semanais no semin�rio proposto no Programa de P�s-Gradua��o em Artes Visuais da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC/PPGAV)[4]. Tal estado de ruptura exigiu que cri�ssemos outras maneiras para seguirmos juntos: inventando e produzindo conversas, outras pr�ticas coletivas, seja enquanto professores, alunos e/ou artistas.
Diante deste cen�rio, cartografar as intersec��es entre as pr�ticas art�sticas contempor�neas, as cria��es na filosofia da diferen�a e nos contextos pedag�gicos, apresentou-se como um desafio para o grupo de pesquisadores-artistas-professores-etc.:[5] frequentadores do curso da UDESC/PPGAV. Durante o primeiro semestre de 2021 e, portanto, completando um ano de atividades remotas, o grupo � a partir de leituras e discuss�es de textos que atravessam tanto o territ�rio da arte quanto o da filosofia e da educa��o � procurou provocar as for�as que mobilizam o pensamento e a cria��o em arte em meio � situa��o pand�mica. A proposi��o consistiu na elabora��o de um exerc�cio coletivo e colaborativo para a produ��o de um v�deo, o qual pudesse sintetizar as dire��es, planos e linhas sens�veis de um ambiente de encontro em transforma��o. A pergunta catalisadora: como romper com a asfixia atual das limita��es inventivas e coletivas propostas na l�gica do isolamento e do distanciamento social? Em termos mais amplos: como atualizar a vida na resist�ncia e na pot�ncia de uma cria��o intensiva � sens�vel, vibr�til, cartogr�fica?
Na reinven��o do cotidiano, for�ada e implac�vel, pensar a qualidade de um encontro poss�vel consistiu-se num esfor�o de diferen�a intensiva. Afinal, trata-se mesmo de um processo de adapta��o ou produ��o de novas linhas de fuga, exerc�cios de devir, cria��o, outras alteridades? Em tais condi��es, traremos a produ��o audiovisual[6], neste texto-ensaio, como possibilidade de entrever as pluralidades existenciais em que a pandemia condicionou estes corpos e seus afectos.
Encontros em tempos-aula
O cen�rio da pandemia configurado pelo isolamento social atravessou, inescapavelmente e com distintas intensidades, todas as culturas, de distantes contextos e s�lidas estruturas. As institui��es de ensino � fluxos molares que constituem a din�mica social da macropol�tica � suspenderam suas pr�ticas seculares numa tentativa de adapta��o � nova realidade. No entanto, esses fluxos molares tendem a ignorar as for�as que atravessam a realidade da sala de aula, seja ela virtual ou presencial. F�lix Guattari (1981) separa essa din�mica social em fluxos molares e moleculares, ou seja: as segmentaridades duras dos sistemas que configuram os aparelhos do Estado; e segmentaridades flex�veis que configuram as diferen�as e subjetividades dos seres humanos. A expans�o das for�as molares para dominar e homogeneizar os espa�os acabam provocando as linhas de fuga das for�as moleculares � as micropol�ticas. Tais linhas escapam aos apelos macropol�ticos para a produ��o de outras composi��es que pretendem novas rela��es com o corpo, com o tempo e com os afectos.
N�o se trata, como podemos perceber, de uma nova receita psicol�gica ou psicossociol�gica, mas de uma pr�tica micropol�tica que s� tomar� sentido em rela��o a um gigantesco rizoma de revolu��es moleculares, proliferando a partir de uma multid�o de devires mutantes: devir mulher, devir crian�a, devir velho, devir animal, planta, cosmos, devir invis�vel� � tantas maneiras de inventar, de �maquinar� novas sensibilidades, novas intelig�ncias da exist�ncia, uma nova do�ura (GUATTARI, 1981, p. 139, grifo no original).
Na tentativa de entender essas condi��es, foi preciso ocupar este novo espa�o-tempo com experimenta��es, propor novos modos de exist�ncia e outras formas de aten��o moleculares. O m�ltiplo se reduziu � planitude da imagem instant�nea, em pequenas caixas enfileiradas e simult�neas. Uma totalidade fabulada na fragmenta��o, em panorama �ntimo, del�rio moderno. A dimens�o sens�vel do existir, privada de sua amplitude corporal, foi cavando camadas do poss�vel nas agendas virtuais, encontrando brechas de respiro e inquietude criativa. Mais do que nunca, era necess�rio criar. Novos termos foram incorporados � rotina alterada, urg�ncias tecnol�gicas entraram em choque com a adequa��o de espa�os e energias despendidas. A concentra��o ainda escapa a cada janela maximizada. Os corpos foram reduzidos a pesco�o, cabe�a e � quando necess�rio � a m�os, para caber no enquadramento da c�mera. As conversas paralelas precisaram ser silenciadas para que n�o houvesse microfonia. A invas�o da vida profissional com a vida pessoal nos colocou numa sobreposi��o de atividades e atua��es. Outras rela��es com o outro, outras pr�ticas coletivas, acontecimentos. A necessidade presencial foi suprimida por desconforto, medo ou sensatez.
Mudan�as que condicionaram estes corpos acostumados com outro ritmo de vida: entre repouso e movimento, velocidade e lentid�o, foi preciso compreender e encontrar uma din�mica para a nova rotina. A aproxima��o dos corpos j� n�o acontecia como nos modos tradicionais, um sujeito diante do outro. As aulas on-line, em suas complexidades, possibilitaram que alunos de diferentes estados do Brasil participassem em tempo real dos encontros, na mesma propor��o em que tornava invis�vel a infinidade de part�culas que definem um corpo (DELEUZE, 2002, p. 128).
A defini��o de corpo que Deleuze traz, a partir dos estudos sobre Spinoza, desconsidera a forma, os �rg�os e suas fun��es, ou tamb�m como sujeito. A defini��o de corpo se vale pelos afectos de que ele � capaz, compreendendo afectos como �as afec��es do corpo, pelas quais a sua pot�ncia de agir � aumentada ou diminu�da, estimulada ou refreada, e, ao mesmo tempo, as ideias dessas afec��es� (SPINOZA, 2009, p. 98). Uma varia��o de n�s, a qual est� suscet�vel a uma realidade e a uma nova condi��o que pode aumentar e diminuir o ritmo e a for�a de existir.
Essa capacidade de agir, formulada por Spinoza, pode ser intensificada ou diminu�da pela alegria ou pela tristeza. A alegria � uma passagem do afecto do menor para o maior, sendo que a tristeza � a passagem do afecto do maior para o menor (SPINOZA, 2009, p. 141). Estados de varia��es corporais suscet�veis aos afectos dos encontros. Os encontros entre os sujeitos produzem estados de afectos que s�o convergentes aos pensamentos e aos modos de existir. Os afectos s�o os estados que se passam entre os corpos e que acontecem durante os encontros. E como seria poss�vel ter bons encontros nestas condi��es de aula virtual?
O desafio instaurado neste espa�o-tempo de aula on-line n�o estava apenas em cumprir com as exig�ncias das for�as molares das institui��es de ensino, mas sim na necessidade de transver o mundo, produzindo encontros que orbitassem afec��es alegres. Portanto, para que tais esfor�os pudessem alcan�ar os desejos pessoais e coletivos, empenhou-se em construir um arsenal de refer�ncias te�ricas, po�ticas e pedag�gicas com proposi��es para que o pesquisador-artista-professor-etc. pudesse ter uma pr�tica reflexiva e, sobretudo, inventiva. Transver o mundo, olhar para al�m do mundo, sentir o mundo, pois �o olho v�, a lembran�a rev�, e a imagina��o transv�" (BARROS, 1996, p. 75). Uma urg�ncia micropol�tica desenhava-se no horizonte de expectativas, exigindo outros modos de ver para al�m das aus�ncias e presen�as virtuais.
Contribui��es art�sticas contempor�neas para fabular encontros
Artistas viajantes, oficinas em comunidades, obras como documentos, dispositivos relacionais, levantes tempor�rios, micropol�ticas processuais, cartografias intensivas: o interesse pelo discurso e a a��o do outro contornam uma preocupa��o contempor�nea em pr�ticas art�sticas que fundam territ�rios pedag�gicos, pol�ticos e de subjetiva��o. Viv�ncia cr�tica participante � V.C.P. (BASBAUM, 2011); arte relacional (BOURRIAUD, 2009); sentido de construtividade (OITICICA, 1962); encaminhamentos das rupturas vanguardistas� Tais proposi��es resultam de uma s�rie de pr�ticas durante o desenrolar hist�rico da arte recente, as quais confluem esfor�os de elabora��o para outras formas de rela��o com o mundo, a comunidade, a cidade, o cotidiano, suas culturas e contradi��es. S�o sintom�ticas da fus�o das fronteiras interdisciplinares, dos jogos participativos e colaborativos, das experimenta��es com novos signos e ferramentas tecnol�gicas. Leituras contempor�neas reverberadas em discuss�es sobre como as pr�ticas art�sticas podem se atrelar � pr�tica pedag�gica, emergindo pontos de contatos, aproxima��es e contamina��es.
Tais inquieta��es te�ricas, po�ticas e pedag�gicas encaminham o processo de cria��o enquanto projetos de imers�o em contextos sociais, de encontros com a diferen�a, sugest�es de outros modos para estarmos juntos, criando. Nesses processos, uma aten��o �tica configura e intensifica territ�rios sens�veis, resultados de encontros e suas afec��es.
A partir da janela de uma antiga casa do bairro do Bixiga, em S�o Paulo, capital, o Grupo Teatral Trans-Ver prop�e o resultado de uma apresenta��o com bonecos, que resgata as mem�rias po�ticas no cotidiano das pessoas desse bairro. �Janela Comunicante� (2017) consiste num projeto de interven��o urbana que pretende a observa��o, a investiga��o e as cartografias afetivas do situar-se em meio � realidade do bairro onde a sede do grupo coexiste. A janela-teatro, a janela-varal liter�rio, a janela-proje��o de filmes, a janela-cursos de forma��o, a janela-pintura mural: m�ltiplas a��es transbordam da janela que rompe seus limites para comunicar uma presen�a viva e de rela��es intensas com o que est� fora dos seus contornos. A mesma rela��o que o grupo vivenciava nos encontros com uma exterioridade ao longe, quase inalcan��vel, mas que pulsava, na intensidade de sua aus�ncia, para constituir corpo em nossas janelas virtuais comunicantes.
Imagem 1 � Frame do videodocument�rio �Janela Comunicante� (2017),
mostrando uma das a��es do Grupo Trans-Ver no bairro do Bixiga/SP.
Fonte: <https://vimeo.com/238941956>. Acesso em: 21 mar. 2022.
No Rio de Janeiro, Walter Riedweg e Maur�cio Dias prop�em oficinas para internos do Hospital Psiqui�trico da UFRJ durante um ano, envolvendo leituras, escritas e exerc�cios de express�o corporal, resultando em instala��es videogr�ficas, performances e objetos expositivos. Reativando os espa�os do antigo teatro da cl�nica, cujo nome homenageia o dramaturgo brasileiro que passou parte de sua vida em um hospital psiqui�trico, �Corpo Santo� (2011) consiste no primeiro trabalho da dupla numa s�rie que pretende abordar contextos de investiga��o po�tica na psiquiatria. Dentre outros projetos realizados por Riedweg e Dias, tal investiga��o po�tica consiste em pensar as margens sociais e suas fronteiras atrav�s de processos de interven��o no cotidiano afetivo de grupos e comunidades de diferentes culturas e contextos espec�ficos. A escuta coletiva, a experimenta��o de linguagens diversas e as elabora��es em grupos atravessam quest�es que problematizam a produ��o de identidades e seus processos de subjetiva��o, escapando dos universos pessoais das diferentes colabora��es realizadas para abarcar os tempos e lugares de uma macropol�tica dos afectos que emergem tamb�m do espa�o expositivo.
Imagem 2 � Frame do v�deo �Camadas de Percep��o {Walter Riedweg, Mauricio Dias}�, o qual aborda alguns processos, exerc�cios e depoimentos em torno do trabalho �Corpo Santo�.
Fonte: <https://www.youtube.com/watch?v=ulrn9JvP9ao>. Acesso em: 22 mar. 2022.
Estes s�o dois exemplos de envolvimento e imers�o no contexto da arte contempor�nea, os quais reverberam em outros modos de sentir, existir e pensar. Composi��es de paisagens pr�ticas� Suely Rolnik (2009) observa que, desde meados dos anos 90, as pr�ticas art�sticas intensificaram o interesse pelas pol�ticas que regem os processos de subjetiva��o, atrav�s de um olhar sobre o lugar do outro e o destino da for�a de cria��o. Para ela,
A especificidade da arte enquanto modo de express�o e, portanto, de produ��o de linguagem e pensamento � a inven��o de poss�veis � estes ganham corpo e se apresentam ao vivo na obra. Da� o poder de cont�gio e de transforma��o de que � portadora a a��o art�stica. � o mundo que est� em obra por meio dessa a��o (ROLNIK, 2009, p. 26, grifo no original).
A possibilidade de transforma��o parte do trato com exerc�cios sens�veis e de alteridade, constantes e processuais. Rolnik (2009) aponta que o problema visado por tais pr�ticas art�sticas tem a ver com o ambiente contempor�neo de excessiva anestesia da vulnerabilidade ao outro, o qual se encontra emaranhado em esquemas de representa��es antes que tratado como presen�a viva: presen�a esta �com a qual constru�mos nossos territ�rios de exist�ncia e os contornos cambiantes de nossa subjetividade. [...] Ser vulner�vel depende da ativa��o de uma capacidade espec�fica do sens�vel� (p. 27). E o que pode o sens�vel enquanto vulnerabilidade presente nas pr�ticas art�sticas como pol�ticas de subjetiva��o?
A produ��o de uma subjetividade flex�vel, contribui ainda Rolnik, em estado vulner�vel na rela��o com a presen�a do outro � a diferen�a �, situa-se no �entre� das capacidades do sens�vel. O sens�vel compreende modos de conhecer e se relacionar com o mundo, num campo de disputas e embates existenciais. Sua capacidade, por um lado � a qual Rolnik nomeia como cortical �, corresponde ao perceptivo, �s formas que uma apreens�o do mundo projeta enquanto representa��o, atribui��o de sentidos, coordenadas temporais, hist�ricas, envolvendo a realidade e linguagem do sujeito, sua identidade e perman�ncia.
De outro modo, nomeado como subcortical, a capacidade do sens�vel corresponde ao universo da sensa��o, de um modo de apreender o mundo na condi��o de for�as intensivas, atemporais, provis�rias, fora da esfera individual e premissas de constitui��o do sujeito. Em outros termos, trata-se de uma aten��o vibr�til, molecular e micropol�tica, estabelecida no exerc�cio da alteridade, no reconhecimento do outro enquanto multiplicidade, pot�ncia e promessa de novos territ�rios a se construir. Juntos.
Esse modo particular da produ��o de territ�rios sens�veis � nomeado por Daniel Lins (2014) com o uso do termo �Est-�tica�: uma est�tica como acontecimento, inserida na rela��o sens�vel, do sens�vel, �de nossos corpos com seu territ�rio como tamb�m com a terra, em um movimento constante de territorializa��o/desterritorializa��o� (LINS, 2014, p. 45). Acrescentar�amos a possibilidade de uma �tica da vulnerabilidade proposta anteriormente por Suely Rolnik. Nesses termos, uma subjetividade flex�vel, em estado vulner�vel, estaria inserida numa l�gica �tica da est�tica, respondendo a uma exig�ncia da vida �mais ainda do que ela se compraz a nos ofertar; exigir da vida o acontecimento que nos transtorna, joga-nos ao solo, e sugere que a queda � um trampolim para um salto maior� (LINS, 2014, p. 46).
Entrar em movimentos de desterritorializa��o, nessa perspectiva, � estar diante do abismo e de toda vulnerabilidade que poder� emergir dessa determinada situa��o produtiva. Um cuidado de si que escapa da tentativa de conserva��o de qualquer forma, num jogo existencial com o intempestivo e insepar�vel da possibilidade de cria��o. A dissolu��o de territ�rios sens�veis em suas m�ltiplas dimens�es � f�sicas, simb�licas, sociais, culturais, desejantes �, as quais estabilizam formas e bloqueiam transforma��es, configura uma �tica afirmativa de produ��o de outros territ�rios. O movimento de perder as r�deas, incomodar-se com o balan�o das �guas, desassossegar com o previs�vel e familiar, acompanha, portanto, a possibilidade de devir outros sentidos, outras realidades, outros corpos, outros mundos.
Configurar territ�rios sens�veis, numa perspectiva da �Est-�tica�, consiste, portanto, no esfor�o de movimento produtor de sopros, passagens, conflu�ncias, ondas e tubos gigantes, catedrais aqu�ticas (LINS, 2012). A �tica da est�tica ou o acontecimento, que exige da vida mais do que ela nos oferta, nos lan�a ao solo e faz da queda um trampolim para um salto maior, intensivo, numa chamada � aventura errante: andarilha, n�made, � deriva dos planos, atravessada por encontros, bifurca��es, provas; uma jornada povoada pela experimenta��o com outros, tr�gica e potente de poss�veis, mas sem promessas.
Eram essas algumas das pr�ticas e conceitos que constelavam nossos encontros durante o semestre de trabalhos no contexto de isolamento social. Observ�vamos, atentos, os modos colaborativos enquanto estrat�gias de colocar-se no desafio de conduzir e ser conduzido por aquilo que acontece, num jogo intempestivo de se ter e produzir mundos. Uma paisagem de inquieta��es inventivas e imersivas desenhava-se nos exerc�cios de leitura conjunta e nos recortes de narrativas compartilhadas; fabula��es que compunham acervos �ticos-est�ticos-pol�ticos na produ��o de novos territ�rios para a escuta, para a viv�ncia e para o caminhar pedag�gico. Algo estava em condensa��o e gritava experimenta��o: era (ainda �) necess�rio criar.
Atravessamentos cartogr�ficos como pr�ticas colaborativas
Um rosto apronta-se diante da c�mera, preenche o espa�o da imagem com retalhos impressos dos participantes da sala virtual de encontros formativos, propostos durante alguns meses de 2021. Retalho por retalho, as cenas individuais v�o compondo uma m�scara de pequenos corpos olhando para o mesmo ponto de aten��o; empilhando sobre a face tempos diversos, uma multiplicidade de discursos, corpos outros. Ao seu lado, um busto risca, sobre a pele nua, palavras espelhadas, deixando disposta somente a palavra �corpo�. A textura de uma colcha bordada, com coloridas linhas tracejadas, flana na janela aberta embaixo dessas primeiras imagens, para logo outra imagem se aprontar. Dessa vez, as manchas de tinta querem escorrer limites a fora da folha, pois n�o cabem em seus pr�prios contornos. Em outro extremo dessa bricolagem, uma lagarta verde agarra-se nos galhos ressecados, rasteja-se sobre tecidos, �acasula-se� e impera-se borboleta sobre folhas, pedras, ar. Mais uma vez, um pequeno recorte de quadrado ilumina outra parte desse composto de narrativas.
Trata-se, agora, de um emaranhado de linhas sobrepostas, organizadas para que possam revelar, aos poucos, retratos em desenhos dos mesmos participantes que, outrora, cobriam aquele rosto diante da c�mera. Podemos observar, na sequ�ncia, a copa de uma frondosa �rvore a imprimir o balan�o dos ventos; outras borboletas capturadas flutuando sobre os contornos das m�os; mais manchas ocupando e transformando territ�rios pr�prios; peda�os de pap�is dan�ando formas e inten��es; janelas e seus olhares, internos e externos. A composi��o desse mosaico de imagens surge e desaparece gradualmente, at� que toda a imagem complete o espa�o fragmentado dos ambientes virtuais no contexto pand�mico. Espa�os simult�neos antes que sobrepostos: cada singularidade em sua janela de express�o, configurando uma geografia de implica��es est�ticas e pol�ticas do sens�vel. Um modo alheio ao pensamento bin�rio ou ao discurso dominador da dicotomia homem-mulher, branco-negro, rico-pobre... O que emerge desse processo � o problema da pol�tica compreendida como constru��o do espa�o como da arte do viver junto.
Portanto, produzir com os fios soltos daqueles encontros semanais envolvia um vasto vocabul�rio na diferen�a: dissenso, conflito, vibra��o, cont�gio, insurg�ncia, acontecimento, desejo, conversa��o, estranhamento, express�o, tr�gico, imanente, sensa��o, rizom�tico, aberrante, simulacro, menor, metamorfose, dionis�aco, fabula��o, profano, del�rio, celebrativo, c�smico� Um corpo sem �rg�os (CsO) constelando universos intensivos, conceituais, existenciais.
Nas contribui��es de Deleuze e Guattari (1996), pensar o CsO consiste no esfor�o de produ��o da exist�ncia pela aten��o aos modos de organiza��o e estratifica��o do pr�prio organismo, suas signific�ncias e subjetiva��es. Para al�m das articula��es do corpo individual, das interpreta��es e da configura��o do sujeito, mas pr�ximo �s opera��es de desarticula��o, experimenta��o e movimento n�made: aberturas �a conex�es que sup�em todo um agenciamento, circuitos, conjun��es, superposi��es e limiares, passagens e distribui��es de intensidade, territ�rios e desterritorializa��es medidas � maneira de um agrimensor� (ibidem, p. 22). O CsO, como plano de express�o de desejo, for�as moleculares, sempre aberto �s intensidades das afec��es. E como gerenciar o processo de produ��o deste CsO em dados e sensa��es?
Por este motivo, ao escrever, pesquisar e experimentar procedimentos art�sticos insepar�veis das suas dimens�es pedag�gicas, nos fez lan�ar m�o da cartografia para corporificar este processo de pesquisa, o qual se bifurca assim como o rizoma. Diante da representa��o-modelo do conhecimento arborescente, o rizoma configura a forma��o reticular �a-centrada�, com m�ltiplas entradas e sa�das, um princ�pio conectivo. Essa imagem do rizoma, utilizada por Deleuze e Guattari (1995), possibilita que a pesquisa possa ser feita pelo princ�pio de conex�o e heterogeneidade: �qualquer ponto de um rizoma pode ser conectado a qualquer outro e deve s�-lo. � muito diferente da �rvore ou da raiz que fixam um ponto, uma ordem� (p. 15). Dessa forma, n�o nos interessa apenas os dados produzidos ao longo do semestre ou os conceitos utilizados. Ter a cartografia como m�todo de produ��o cient�fica �a-significante� � se permitir a experimentar e inventar um outro modo de fazer pesquisa. Pois:
O princ�pio do cart�grafo � extramoral: a expans�o da vida � seu par�metro b�sico e exclusivo, e nunca uma cartografia qualquer, tomada como mapa. O que lhe interessa nas situa��es com as quais lida � o quanto a vida est� encontrando canais de efetua��o (ROLNIK, 1989, p. 68).
Tal como o rizoma sugerido por Deleuze e Guattari, cartografamos os encontros que levaram � constru��o deste v�deo experimental. Atravessados pelas for�as dos sistemas molares, os quais em meio � rotina pand�mica obrigavam seguir um calend�rio � ainda que sobre trancos e barrancos e abismos �, fomos procurando coletivamente, e junto aos intercessores, maneiras de deixar emergir tamb�m as for�as moleculares; mobilizar pensamentos em torno das multiplicidades de afectos conduzidos por um mesmo caminho referencial, mas pleno de outras viv�ncias e suas bifurca��es.
Imagem 3 � Frame do v�deo experimental �Pr�tica art�stica pedag�gica e a filosofia da diferen�a�, produzido durante o Semin�rio no PPGAV/UDESC.
Fonte: Arquivo pessoal. Dispon�vel em: <https://youtu.be/8eTM6eHFLjk>. Acesso em: 22 mar. 2022.
Dos ru�dos sonoros emitidos durante a simultaneidade de narrativas visuais na produ��o experimental, ouvem-se tamb�m diferentes timbres e texturas vocais a profanar palavras catalisadoras de sentidos. Em determinados momentos, vozes se sobrepunham para uma listagem de termos que invocavam o vasto vocabul�rio da diferen�a. Pele, poros, incorporais, vibra��o, singularidade � algumas dessas capazes de aglutinar um universo de sensa��es e provocar um abalo na liga��o entre imagem e sua sonoridade.
A perspectiva do situar-se no �entre� era uma prerrogativa do pensamento proposto pela filosofia da diferen�a. Um modo de transformar as realidades do mundo sem o aux�lio da representa��o: distante das met�foras, a metamorfose consistia exatamente em mostrar o processo de transforma��o daqueles quadrados e seus respectivos sujeitos. Uma err�ncia criativa e ativa que permitia alcan�ar o outro, chegar at� o outro, tra�ando um caminho entre suas impossibilidades. Uma inquieta��o que pretendia mostrar um duplo daqueles dispositivos de captura e transfer�ncias de dados, aos quais est�vamos submetidos desde o ver�o de 2020, quando no in�cio do isolamento pela pandemia da COVID-19. E, se pud�ssemos ocupar essa grade de imagens sugeridas pelas plataformas de web-confer�ncias com a presen�a de outras narrativas: que narrativa seria essa, e qual processo de vida e subjetiva��o ela atravessa?
Como afirma Pelbart (2019), �n�o se pode falar hoje da vida em geral sem certo assombro, pois � preciso partir das vidas que supostamente merecem viver e das que s�o condenadas a perecer segundo uma reparti��o vari�vel, conforme o contexto e suas determina��es biopol�ticas� (p. 14). No entanto, o estatuto da vida permanece, em que novos modos de resist�ncia e persist�ncia aparecem, revelando linhas de for�a e de fuga antes desconhecidas, como aquelas vivenciadas nos encontros semanais em 2021, que, em escala menor, fizeram circular perspectivas, energias e sensibilidades, indo no contrafluxo da claustrofobia reinante, que interrompia o fluxo inventivo e coletivo, ocasionado pela l�gica do isolamento e distanciamento social.
Pela prolifera��o de multiplicidades sens�veis
Pensar estrat�gias para irromper com a l�gica paralisante da produ��o do mesmo consiste numa tarefa desafiante, mas tamb�m sedutora. Nas diferentes possibilidades do existir, perspectivas moleculares encontram espa�os de resson�ncia e cumplicidade com uma �tica viva, processual, inventiva, entre as dimens�es virtuais e afetivas do compor-se enquanto inquietude e incompletude. Em meio �s palavras que pouco descrevem ou explicam, diante da realidade que enclausura desejos e inten��es, a experimenta��o consiste naquele exerc�cio intensivo de produ��o de outras rela��es com a singularidade que ronda e desmancha as formas fixas, im�veis, est�ticas. O crit�rio para tal pr�tica existencial pretende a qualifica��o das for�as para o encontro com as linhas, antes que com os sujeitos e suas identifica��es.
A produ��o audiovisual resultante dos encontros virtuais �, sobretudo, desejos de que a pr�tica pedag�gica possa adotar uma �tica da cria��o, uma �Est-�tica� aberta �s diferen�as e � produ��o de subjetividades, acontecimentos, um devir. Uma partilha sens�vel que continua insurgindo novos tr�nsitos no territ�rio da arte, da filosofia e da educa��o, produzindo e fabulando sentidos nas sobreposi��es de lugares e atravessamentos.
Aqui, seria preciso outra elabora��o para o sentido da palavra �est�tica�, e n�o aquela remetida a uma teoria da arte com efeitos na sensibilidade, mas como uma possibilidade espec�fica no pensamento das artes, que articula maneiras de fazer e formas de visibilidade, vindo a implicar em uma determinada ideia da efetividade do pensamento art�stico. Ranci�re (2009), sobre essa quest�o, denomina �partilha do sens�vel o sistema de evid�ncias sens�veis que revela, ao mesmo tempo, a exist�ncia de um comum e dos recortes que neles definem lugares e partes respectivas� (p. 15). Portanto, na produ��o do material audiovisual, fixa-se, ao mesmo tempo, um comum partilhado e suas partes exclusivas ou singulares, em recortes de lugares que se fundem numa partilha de espa�o e tempo, a qual, em suas varia��es, determina o modo como o comum se presta � participa��o e como uns e outros tomam parte na mesma partilha.
Nessas proposi��es art�stico-pedag�gicas, as pol�ticas de alteridade configuraram territ�rios existenciais abertos aos exerc�cios que colocaram em jogo as formas institu�das e as a��es previs�veis: modos de expressividades movidos por uma escuta atenta, flex�vel, vulner�vel �s sensa��es e aos sinais da presen�a viva do outro na vibra��o dos nossos pr�prios corpos e seus encontros, partilhando, no comum, suas singularidades.
Nesse sentido, foi a arte que possibilitou as pluralidades das maneiras de existir em meio �s circunst�ncias que o v�rus da COVID-19 e suas variantes trouxeram para todas as inst�ncias da vida. Uma maneira de �trans-ver� o mundo, como um eterno aprendiz que, ao aprender a decifr�-lo, passa a fabular novos modos de existir em pr�ticas colaborativas, que se bifurcam e ampliam outras linhas para resistir no contempor�neo.
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[1] Mestre e doutoranda do Programa de P�s Gradua��o em Artes Visuais na linha de pesquisa Ensino das Artes Visuais (2020).Biografia, inserida ap�s a aprova��o. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-0081-8617 E-mail: aiopreis@gmail.com
[2] Mestre e doutorando do Programa de P�s-gradua��o em Artes Visuais da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC/ 2020-2024) na linha de pesquisa Ensino de Artes Visuais. Professor de Arte/ Artes Visuais do IFSC/ Crici�ma. Ordic: https://orcid.org/0000-0002-4214-3902 E-mail: jonathan.braga@ifsc.edu.br
[3] Mestre e professora no Programa de P�s-gradua��o e no curso de Licenciatura em Artes Visuais do Centro de Artes (CEART) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). Orcid: https://orcid.org/0000-0002-7478-1781 E-mail: s.elaine@gmail.com
[4] Semin�rio especial da linha de Ensino das Artes Visuais: �Pr�tica art�stica e pedag�gica e a filosofia da diferen�a�, ministrado pela Dra. Elaine Schmidlin, entre mar�o e julho de 2021, de modo remoto e s�ncrono.
[5] Apropriado do termo �artista-etc.� de Ricardo Basbaum. Fonte: BASBAUM, Ricardo. Manual do artista-etc. Rio de Janeiro: Beco do Azougue, 2013.
[6] Projeto experimental de pr�tica art�stica pedag�gica e a filosofia da diferen�a. Composi��o em v�deo realizada por: Aionara Preis, Elaine Schmidlin, Elisangela de Freitas Mathias, Eloisa Maria Maccari, Joana Salles, Jonathan Taveira Braga, Jos� Carlos da Rocha, Juliana Pereira Guimar�es, Let�cia Francez, Mario Henrique Rosa de Oliveira, Rafael Nunes Menezes, Taliane Graff Tomita, Tharciana Goulart da Silva. Dispon�vel em: https://youtu.be/8eTM6eHFLjk. Acesso em: 22 mar. 2022.