Obra-aula: processos, procedimentos e criação de uma artistagem docente

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5902/1984644436963

Palavras-chave:

Educação, Filosofias da Diferença, Arte Contemporânea

Resumo

Este artigo versa sobre a contribuição que a arte contemporânea pode dar à docência. Objetiva-se evidenciar a possibilidade de uma Obra-Aula através da produção artística do pesquisador e como esta se relaciona com a artistagem (CORAZZA, 2013). Ao perceber os vazamentos que a arte contemporânea ocasiona à educação, mostra-se os encontros e experimentações com essas duas áreas. Delineia-se aqui um plano de consistência nas fronteiras borradas da filosofia, da arte e da educação. Nas Filosofias da Diferença de Gilles Deleuze e Félix Guattari (2010, 2011a, 2011b, 2015) encontra-se potência para manifestar as transformações dos significados hegemônicos incrustados nos significantes e nos signos. Partindo desse desenho monta-se um agenciamento, responsável por evidenciar os picos de fuga das relações estabelecidas. Procura-se referências de arte no fazer junto de Allan Kaprow (2003, 2004, 2010), nas sensações de Kazimir Malevich (GIL, 2010) e na zona invisível de Marcel Duchamp (PAZ, 2014), orientação para a prática artística do pesquisador na qual a representação  de uma intenção em obra é rompida. O artigo se desenha em um método que se monta fazendo. Um passarinhar à moda de uma cartografia (DELEUZE; GUATTARI, 2011a) que voa por um território encontrando forças passarinhar. Pousando sobre os artistas referência e bicando frutos poéticos, ele canta uma Obra-Aula que faz melodia com a artistagem docente (CORAZZA, 2012). Uma maneira de justapor elementos variados para pensar o impensado, bem como flautear o inflauteável.

Biografia do Autor

Thiago Heinemann Rodeghiero, Universidade Federal de Pelotas, Programa de Pós-Graduação em Educação/Mestrando

Mestre em Educação pelo Programa de Pós-graduação em Educação da FaE-UFPel na linha de Filosofia e História da Educação (2019); Graduado em Design Gráfico pela Universidade Federal de Pelotas (2008). Atualmente é editor de imagens da Universidade Federal de Pelotas. Integrante do Grupos de Pesquisa Educação e contemporaneidade: experimentações com arte e filosofia (CNPQ).

Carla Gonçalves Rodrigues, Universidade Federal de Pelotas, Programa de Pós-Graduação em Educação/Docente

Professora associada na Universidade Federal de Pelotas no Departamento de Ensino, atuando no Programa de Pós-Graduação em Educação Linha 1: Filosofia e História da Educação; Psicanalista da turma XV pela Associação Psicanalítica de Porto Alegre (APPOA). É líder no CNPQ do Grupo de Pesquisa Educação e Contemporaneidade: experimentações com arte e filosofia pela UFPel, coordenadora do Núcleo UFPel do Projeto Escrileituras: um modo de ler-escrever em meio à vida. Tem experiência na área de Educação, com ênfase no Currículo e na Formação de Professores, adotando a perspectiva das Filosofias da diferença.

Referências

CORAZZA, Sandra Mara. Para artistar a educação: sem ensaio não há inspiração. In: CORAZZA, Sandra Mara. O que se transcrita em educação?. Porto Alegre: UFRGS; Doisa, 2013. Cap.1, p. 17-40.

DELEUZE, Gilles. Foucault. São Paulo: Brasiliense, 2005.

DELEUZE, Gilles. Crítica e clínica. São Paulo: Editora 34, 2011.

DELEUZE, Gilles. Dois regimes de loucos: textos e entrevistas (1975-1995). São Paulo: Editora 34, 2016.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O que é a Filosofia?. São Paulo: Editora 34, 2010.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs. Capitalismo e esquizofrenia 2. vol. 1. São Paulo: Editora 34, 2011a.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs. Capitalismo e esquizofrenia 2. vol. 2. São Paulo: Editora 34, 2011b.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Kafka: por uma literatura menor. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2015.

DELEUZE, Gilles; PARNET, Claire. O abecedário de Gilles Deleuze: transcrição integral do vídeo, para fins exclusivamente didáticos. Paris: Éditions Montparnasse, 1988.

GIL, José. A arte como linguagem. A última lição. Lisboa: Relógio D´Água Editores, 2010.

KAPROW, Allan. A educação do an-artista parte I. Concinnitas – Revista do Instituto de Artes da UERJ, Rio de Janeiro, ano 4, n. 4, p. 216-227, mar. 2003.

KAPROW, Allan. A educação do an-artista. Parte II. Concinnitas - Revista do Instituto de Artes da UERJ. Rio de Janeiro, ano 5, n. 6, p. 167-181, julho 2004.

KAPROW, Allan. Como fazer um happening. 1966. (Tradução em português, editada para SEVERO, André), In: SEVERO, André; BERNARDES, Maria Helena (cur.), Horizonte Expandido, Santander Cultural, Porto Alegre, 2010, 11 p., jornal de exposição.

LOPONTE, Luciana Gruppelli. Tudo isso que chamamos de formação estética: ressonâncias para a docência. Revista Brasileira de Educação. 2017, v. 22, n. 22, pp. 429-452.

KASTRUP, Virgínia; PASSOS, Eduardo. Cartografar é traçar um plano comum. Fractal, Rev. Psicol. 2013, v.25, n.2, pp. 263-280.

MACHADO, Roberto. Deleuze, a arte e a filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.

PAZ, Octávio. Marcel Duchamp, ou, O castelo da pureza. São Paulo: Perspectiva, 2014.

ROLNIK, Suely. Cartografia sentimental: transformações contemporâneas do desejo. Porto Alegre: Sulina; Editora da UFRGS, 2016.

Downloads

Publicado

2020-06-24

Como Citar

Rodeghiero, T. H., & Rodrigues, C. G. (2020). Obra-aula: processos, procedimentos e criação de uma artistagem docente. Educação, 45(1), e63/ 1–22. https://doi.org/10.5902/1984644436963