Os cursos
de Matemática e de Pedagogia
da Unimontes: contextos legais e narrativos
The
Mathematics and Pedagogy courses at Unimontes: legal
and narrative contexts
Los cursos de Matemática y de Pedagogía de la Unimontes: contextos legales y narrativos
Universidade Estadual de Montes Claros, Montes
Claros, MG, Brasil
isabellatolentinoprates@gmail.com
Shirley Patrícia Nogueira
de Castro e Almeida
Universidade Estadual de Montes Claros, Montes
Claros, MG, Brasil
shirley.almeida@unimontes.br
Recebido em 17
de março de 2025
Aprovado em 12
de maio de 2025
Publicado em
17 de setembro de 2025
RESUMO
O presente artigo
traz uma discussão acerca da formação de professores e as diretrizes curriculares nacionais, lançando um olhar sobre as impressões de professores formadores sobre o processo de implantação
curricular de dois Cursos
de licenciatura, com base na
Resolução do Conselho
Nacional de Educação/ Conselho
Pleno (CNE/CP) nº 2, de 20 de dezembro
de 2019. Assim, propõe identificar se houve implicações da Resolução CNE/CP nº
2/2019 nos fazeres
dos professores dos cursos
de Matemática e Pedagogia
da Universidade Estadual de
Montes Claros (Unimontes), no processo
de implementação dos Projetos
Pedagógicos dos Cursos de
2019. Destarte, foram
entrevistados oito professores dos referidos Cursos, por meio de entrevista semiestruturada como ferramenta para a construção
dos dados e metodologia de análise
de conteúdo para análise e síntese das informações coletadas. Os resultados
demonstram que o percurso que desencadeou a aprovação da Resolução CNE/CP nº
2/2019 desconsiderou os
processos institucionais
que estavam ocorrendo no
interior da Universidade, bem
como as manifestações da comunidade educativa. Além disso, foi
apontado o seu caráter prescritivo, pela padronização curricular, e o seu alinhamento com a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC), engendrando o retorno
ao tecnicismo.
Palavras-chave: Políticas Públicas
Educacionais; Diretrizes Curriculares Nacionais; Formação de professores.
ABSTRACT
This paper discusses teacher education and
the national curriculum guidelines, taking a look at the impressions of teacher
educators on the process of curriculum implementation of two undergraduate
courses, based on the Resolution of the National Education Council / Full
Council (CNE/CP) No. 2, december 20th, 2019. Thus, it
aims to identify whether there were any implications of the Resolution CNE/CP
No. 02/2019 on the actions of the teachers of the Mathematics and Pedagogy
courses at the State University of Montes Claros (Unimontes),
in the process of implementing the Pedagogical Projects of the 2019 Courses.
Eight professors from these courses were interviewed using a semi-structured
interview as a tool for building the data and a content analysis methodology
for analyzing and synthesizing the information
collected. The results show that the process that led to the approval of
Resolution CNE/CP No. 02/2019 disregarded the institutional processes that were
taking place within the university, as well as the manifestations of the
educational community. In addition, its prescriptive nature was pointed out,
due to curricular standardization, and its alignment with the Base Nacional Comum Curricular (National Common Curricular Base - BNCC),
engendering a return to technicism.
Keywords: Public
Educational Policies; National Curriculum Guidelines; Teacher education.
RESUMEN
El presente artículo trae una discusión a respecto de la
formación de profesores y las directrices curriculares nacionales, lanzando una
mirada sobre las impresiones de profesores formadores sobre el proceso de
implantación curricular de dos Cursos de licenciatura, con base en la
Resolución del Consejo Nacional de Educación/ Consejo Pleno (CNE/CP) nº 2 del 20 de diciembre de 2019. Así, propone identificar
si ocurrieron implicaciones de la Resolución CNE/CP nº
2/2019 en las actividades de los profesores de los cursos de Matemática y
Pedagogía de la Universidad Estatal de Montes Claros (Unimontes),
en el proceso de implementación de los Proyectos Pedagógicos de los Cursos de
2019. Así siendo, fueron entrevistados ocho profesores de los referidos Cursos,
por medio de una entrevista semiestructurada como herramienta para la
construcción de los datos y metodología de análisis de contenido para el
análisis y síntesis de las informaciones colectadas. Los resultados demuestran
que el camino recorrido que desencadenó la aprobación de la Resolución CNE/CP nº 02/2019 desconsideró los procesos institucionales que
estaban ocurriendo en el interior de la Universidad, así como las
manifestaciones de la comunidad de la educación. Además, fue apuntado su
carácter prescriptivo, por la estandarización curricular, y su posicionamiento
con la Base Nacional Común Curricular (BNCC), generando el retorno al
tecnicismo.
Palabras-clave: Políticas Públicas
Educacionales; Directrices Curriculares Nacionales; Formación de profesores.
Introdução
Esse
trabalho apresenta uma discussão acerca
da proposta de formação de professores presente nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica (DCNFP), promulgadas a partir da Resolução do Conselho Nacional de Educação/Conselho Pleno (CNE/CP) nº 2, de 20 de dezembro
de 2019, do ponto de vista de professores
formadores de professores.
Para tanto realizamos entrevistas
semiestruturadas, com o objetivo
de identificar
se houve implicações da Resolução CNE/CP nº 2/2019 nos fazeres dos professores dos cursos de Matemática e Pedagogia da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes),
no processo de implementação
dos Projetos Pedagógicos
dos Cursos (PPCs) de 2019.
A pesquisa foi realizada
num período do ano de 2023, que antecedeu o processo de elaboração e aprovação da Resolução CNE/CP nº
4, de 29 de maio de 2024, que altera as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica. Assim, considerando que a Resolução CNE/CP nº 2/2019, substituiu
as diretrizes curriculares nacionais definidas por meio da Resolução CNE/CP nº
2/2015, foi suplantada por novas diretrizes, instituídas a partir da homologação da Resolução
CNE/CP nº 4/2024, engendrando um processo
de transição de normativas
e possíveis desdobramentos
para formação docente. Destaca-se a pertinência
de sua problematização, a nível institucional, tendo em vista as perspectivas dos professores formadores de professores dos cursos de Matemática e Pedagogia da Unimontes.
Outrossim, a conjuntura que abrange as transições desses documentos pode revelar-se a partir
de um processo dinâmico e multifacetado, influenciado pelo contexto político
que envolve sua produção. Nesse sentido, a análise
da Resolução CNE/CP nº 2/2019, enquanto
objeto de estudo, pode trazer evidências
sobre quais paradigmas a influenciaram.
Importante esclarecer, ainda,
que a escolha do objeto de estudo, bem como da amostra
de pesquisa, qual seja, professores dos cursos de Matemática e Pedagogia da referida universidade, justifica-se pela possibilidade
de discutir os impactos da normativa nos cursos de licenciatura
não somente no contexto atual, mas como resultado de um processo histórico permeado por diferentes
interesses. Ademais, os cursos evidenciados possuem estreita relação com as trajetórias acadêmicas e profissionais das autoras, a partir das quais emergiram inquietações acerca da realidade problematizada.
Assim,
antes de dar início à análise das entrevistas realizadas com os professores formadores, faremos uma contextualização
teórica a partir da Pedagogia Histórico-Crítica. Consideramos que as
ideias da Pedagogia Histórico-Crítica poderão propiciar embasamento teórico para o debate acerca dos possíveis desdobramentos da implementação dessa normatização,
bem como reflexões que reverberem discussões acerca da formação de professores para a Educação Básica.
Focalizamos
a Pedagogia Histórico-Crítica
como fundamentação teórica para a pesquisa, por acreditar que ela se apresenta como teoria que busca não somente resgatar
a imprescindibilidade do papel do professor na atividade educativa, como também superar
as dicotomias históricas existentes no âmbito da formação docente.
A
Pedagogia Histórico-Crítica
e a relação teoria-prática na formação de professores
A história da formação de professores, no Brasil, é constituída por vários dilemas, dentre os quais
é possível destacar a contraposição entre duas grandes tendências pedagógicas: a concepção tradicional e a concepção renovadora (Saviani, 2011b). Esse dilema, que se faz presente nos
tempos atuais, é uma questão que merece ser encarada partindo-se de uma formulação teórica que supere as oposições excludentes derivadas dos diferentes tipos de expressões do paradoxo pedagógico, articulando-se teoria e prática na atividade
educativa.
Consoante
Saviani (2008), nos séculos XVII, XVIII e XIX, houve uma ênfase da concepção
tradicional nas práticas formativas, focalizando-se os métodos de ensino, elaborados com base em fundamentos filosóficos e didáticos. A partir do século XX, a ênfase desloca-se para os métodos de aprendizagem, constituindo-se como primazia os fundamentos
psicológicos da educação.
Essas
duas tendências acabaram se tornando concepções genéricas acerca das práticas pedagógicas, e como é possível depreender decorrem de ênfases divergentes acerca dos elementos constitutivos do processo pedagógico (Saviani, 2008). Assim, enquanto a tendência tradicional enfatiza a teoria, reforçando o papel do professor enquanto figura detentora do saber e responsável por ensinar os estudantes
mediante procedimentos metodológicos adequados para tal fim, a tendência
renovadora põe ênfase na prática,
reforçando o papel do estudante. Nessa perspectiva, a aprendizagem consiste
em um processo interno a partir da experiência do estudante, quem aprende na
atividade prática, pela iniciativa da ação.
Em
ambas as tendências a oposição, teoria e prática, fica evidente
no trabalho educativo, manifestando-se também na contraposição entre professor
e estudante. Essa contraposição,
contudo, torna-se problemática engendrando um modelo formativo no qual se evidencia um paradoxo pedagógico (Saviani, 2011b).
Tendo em vista tal conjuntura, Saviani (2008) esclarece que esses dois pares de elementos se constituem como polos da relação pedagógica, a qual não pode se desfazer
nem de um nem de outro, haja vista que tanto teoria e prática, quanto professor e estudante são indissociáveis
no processo pedagógico. Sendo assim, as duas tendências são incapazes de resolver o dilema próprio do paradoxo pedagógico.
Gimenes
(2019), por seu turno, explicita que apesar de possuírem diferenças constitutivas, teoria e prática articulam-se, dialeticamente, na relação teórico-prática e somente no interior dela podem existir. Enquanto a teoria relaciona-se à consciência e possui a finalidade de produzir conhecimento acerca da realidade, desvelando a essência dos fatos,
isto é, os determinantes históricos e sociais da realidade social, a prática diz respeito
à própria realidade na qual estamos inseridos, sendo que nela intervimos ativamente.
A
autora, também, discorre que a atividade prática requer uma relação dialética
com a teoria, que a conduz
para tornar-se concreta.
Por isso, a teoria é
fundamental quando existe a
necessidade de mudança das condições de existência, pois é ela quem delineia
os meios concretos de ação. No caso de não haver uma relação entre teoria e realidade, a educação se torna
contemplativa, perde o seu sentido crítico,
de questionar o mundo como ele é e fica
difícil, quase improvável que seja possível compreender as contradições e os determinantes da realidade
social. Por outro lado, a prática
sem teoria fica reduzida ao
pragmatismo, no seu sentido utilitário. Na atividade educativa, a prática torna-se esvaziada de sentido, constituindo-se um compilado de soluções práticas com base em experiências individuais.
O conceito de
“professor reflexivo”, que sobressaiu
nas políticas públicas educacionais e no meio acadêmico nos anos 1990, é produto dessa perspectiva, justificada, pelo argumento de que o avanço teórico tem pouco efeito
sobre a prática dos professores ao adentrarem em sala
de aula, justificando-se o esvaziamento
teórico nas práticas de formação docente (Gimenes, 2019). Com base
nessa concepção, a formação pauta-se no “aprender fazendo”, a ideia é de desenvolver
uma consciência reflexiva, muito embora não se proporcione
os meios necessários para se alcançar tal finalidade, uma vez que não
há fundamentação teórica da mesma.
Morschbacher
e Taffarel (2015) porfiam
que a concepção de formação
de professores alicerçada na ideia de “professor reflexivo” se articula ao desenvolvimento de competências e habilidades e à construção de uma “identidade pessoal-profissional”
que é anteposta ao próprio conhecimento. Segundo as autoras, “a possibilidade de conhecer a realidade e de elaboração do conhecimento e da verdade objetivos são negadas em
favor do irracionalismo e/ou do subjetivismo” (Morschbacher; Taffarel, 2015, p.
72).
Nesse
sentido, as autoras apontam que a falta de acesso ao conhecimento
faz parte de um projeto hegemônico que visa rebaixar a formação dos professores, negando a viabilidade de acesso aos conhecimentos teóricos, privilegiando-se a reflexão sobre
a prática, assim como o trabalho voltado para a resolução de problemas cotidianos, revestidos sob a alegação de que existe a articulação entre teoria e prática.
Destarte,
o papel do professor é desvalorizado
enquanto sujeito intelectual, pois valoriza-se o espontaneísmo na construção do conhecimento, sendo que o estudante
fica submerso à vida prática, a
um mundo de conceitos muitas vezes fragmentados,
desenvolvendo-se de forma precária
(Marsiglia; Martins, 2013).
Importante
esclarecer que a formação docente que ora enfatiza a prática, ora teoria, reforça
a ilusão de que não existe prática
sem teoria e vice-versa, de
qualquer forma, torna-se instrumento das relações de dominância, pois apresenta-se mediante uma perspectiva
prescritiva e instrumental, desconsiderando
o contexto e a historicidade
(Gimenes, 2019). Ao não sustentar um modelo teórico-prático, a formação torna-se esvaziada de sentido, restrita ao cotidiano, visando
tão somente formar o profissional para ocupar o mercado de trabalho, de acordo com as rápidas transformações que regem esse segmento (Marsiglia; Martins, 2013).
Para superar tais dilemas pedagógicos,
impôs-se a necessidade de criar uma teoria pedagógica
a fim de recuperar a unidade teoria-prática de maneira a garantir uma formação de professores realmente consistente. Dessa forma, a Pedagogia
Histórico-Crítica se apresenta
como formulação teórica propondo um método que visa articular teoria
e prática, as quais, relacionadas entre si, resgatam a unidade do trabalho educativo (Saviani, 2011b).
A partir do entendimento de que Pedagogia Histórico-Crítica é expressa a partir da dialética, visando compreender o movimento histórico, em todo o processo
de produção das relações sociais na existência
humana, incluindo a educação, Saviani
(2011a) lança luz ao sentido da práxis. Assim, arrazoa que esse conceito se refere à articulação entre a teoria e a prática, constituindo a síntese dessa relação. Noutras palavras, a práxis se refere ao processo
que se inicia na prática, perpassando pela teoria na busca
de elucidar a realidade
social, conduzindo a uma prática transformadora. Esse movimento dialético é traduzido no método pedagógico, compreendendo a educação como mediação
no interior da prática social global.
Destarte,
considera-se que o trabalho educativo pode partir da prática social e por meio da sua mediação
retornar a ela, possibilitando a apropriação do conhecimento teórico historicamente elaborado, tornando os indivíduos conscientes
da realidade e, consequentemente,
preparados para transformá-la.
Por isso, a educação voltada para o espontaneísmo, a experiência de vida, está desviada
da sua verdadeira função, negando-se ao povo o seu
direito de acesso aos saberes elaborados.
As DCNFP sob a ótica dos professores formadores
Considerando os estudos desenvolvidos
à luz do aporte teórico, a questão da formação de professores é complexa e precisa ser compreendida a partir de múltiplos aspectos. As alterações pelas quais perpassou
esse campo ao longo do tempo, engendraram diferentes tendências educacionais cujos enfoques resultaram na separação de elementos considerados indissociáveis para a formação docente, notadamente, a teoria e a prática.
Saviani
(2011b) afirma que apesar
de reconhecerem as dicotomias
existentes entre os modelos de formação, as políticas públicas educacionais não vêm contemplando de maneira satisfatória o
instrumental teórico e prático
necessário à preparação do futuro professor. O autor assevera que uma formação de qualidade constitui primazia para que o futuro professor possa desenvolver um trabalho satisfatório, guiado pela práxis, visando a transformação
social. Conquanto, a mesma não restará suficiente
caso não sejam consideradas as suas reais condições de trabalho.
Tendo em vista o que foi discutido até aqui,
encaminhamos nosso estudo de modo a abranger o objetivo de
identificar se houve implicações da Resolução CNE/CP
nº 2/2019 nos fazeres dos professores dos cursos de Matemática e Pedagogia da Unimontes, no processo de implementação dos PPCs de 2019.
Considerando que a Resolução CNE/CP nº 2/2019, ao
substituir a Resolução
CNE/CP nº 2/2015, que definia as
Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial em nível
superior, constitui-se numa, entre as medidas estabelecidas pelo governo, cujo
princípio é reformar a estrutura dos cursos de formação docente de todo o país, suscitamos o seguinte questão: qual(is)
foi/foram a(s) repercussão(ões) das DCNFP para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica nos cursos de licenciatura,
em especial de Matemática e
de Pedagogia da Unimontes,
no período de 2019 a 2023, considerando
os desdobramentos políticos, pedagógicos e legais?
Com o propósito
de alcançar o objetivo proposto, realizamos uma pesquisa de campo, adotando a entrevista
semiestruturada para a coleta de dados, ouvindo os professores
atuantes nos cursos focalizados.
Trajeto metodológico
Por se tratar de
um estudo de caráter descritivo, cujo propósito é buscar compreender os fatos holisticamente, optamos pela abordagem qualitativa, tal como preconiza Godoy (1995, p.
62), “a palavra escrita ocupa lugar de destaque nessa abordagem, desempenhando um papel fundamental tanto no processo
de obtenção de dados, quanto
na disseminação dos resultados”. Destarte, intentamos compreender os fatos na
perspectiva dos participantes,
considerando-os fundamentais
para a sua captação.
Assim,
utilizamos a entrevista semiestruturada como ferramenta para a construção
dos dados, considerando cada
ponto de vista como único e imprescindível para a compreensão da ampla realidade social. De acordo com Ludke e André (1986), a entrevista é uma das principais técnicas utilizadas nas pesquisas sociais, desempenhando um importante papel não somente
nas atividades científicas como também em outras
atividades humanas.
Tratando-se
de entrevista semiestruturada,
as autoras explicitam que a
mesma possibilita a interação entre entrevistador e entrevistado pela
mediação de um roteiro preestabelecido, cuja aplicação não requer
a mesma rigidez que a entrevista estruturada, utilizada, mormente, quando há a intenção
de se obter dados uniformes
para uma confrontação imediata.
Cabe esclarecer que, por se tratar de uma investigação
envolvendo seres humanos, a mesma fora desenvolvida respeitando todos os preceitos
éticos, tendo sido o projeto de pesquisa submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP) da Unimontes e aprovado
no dia 14 de maio 2022, sob
o Parecer nº. 5.408.713.
Portanto, elaboramos
questões relativas ao tema para a construção da narrativa. Esse roteiro contendo
as questões norteadoras
para a entrevista, foi disponibilizado previamente aos professores participantes na intenção de que pudessem conhecer sobre o que seria abordado no momento da sua execução, bem
como o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE) para a sua ciência e
assinatura. Nesse sentido, convidamos 13 professores dos cursos de Matemática e de Pedagogia da Unimontes, via e-mail,
entre os quais, oito aceitaram prontamente o nosso convite.
Assim,
compusemos nosso universo de pesquisa com oito professores formadores de professores, sendo que cinco atuam no curso de Pedagogia e três, no curso de Matemática. Em relação ao
grupo de professores participantes da pesquisa, convém destacar que todos possuem cargos efetivos com carga horária semanal entre 40 e 60
horas, totalizando encargos
docentes e didáticos, além de lecionarem disciplinas específicas em seus respectivos
cursos de atuação. Desses, três possuem
Doutorado em Educação; três, Doutorado em Educação
Matemática; e dois estão cursando o doutorado na área
de Educação. Todos os professores entrevistados possuem carreira no Ensino Superior, com 13 a 28 anos de atuação. Suas idades variam
entre 44 e 59 anos; sendo
que um participante é do sexo
masculino e as demais, do sexo feminino. Desse grupo, quatro
fazem parte do Núcleo Docente Estruturantes (NDE) dos cursos em que atuam, participando
direta e ativamente nos processos de revisão dos PPCs e implantação
dos currículos considerando
as legislações que orientam
tais aspectos.
Ao
procedermos com as entrevistas,
realizamos a gravação de áudio para que depois fossem feitas as transcrições e início das análises. Devido a contratempos, não foi possível a uma das professoras conceder a entrevista
nos horários por ela estipulados. Assim sendo, ela
fez o envio das respostas seguindo o roteiro que havia sido entregue
anteriormente. Dois professores se encontraram, pessoalmente, com a entrevistadora, e os outros cinco escolheram ser entrevistados na modalidade online com o recurso
do Aplicativo Google Meet. É importante esclarecer que procuramos propiciar as formas mais viáveis
para a realização das entrevistas,
respeitando as preferências
dos professores em relação ao ambiente
e ao seu momento, garantindo as mesmas condições de comunicação.
Quanto
à análise dos dados, recorremos
à metodologia de análise de
conteúdo com o intuito de sintetizar e apreender as informações coletadas a partir das entrevistas. Essa metodologia, segundo Bardin
(2016) tem o potencial de possibilitar a interpretação
do(s) fenômeno(s), visando fundamentar critérios intuitivos mediante operações que conduzam a resultados confiáveis. A autora contempla
o campo, o funcionamento e o objetivo
dessa abordagem a partir da
seguinte síntese,
um conjunto
de técnicas de análise das comunicações visando obter por procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens indicadores (quantitativos ou não) que permitam inferência de conhecimentos relativos às condições
de produção/recepção (variáveis inferidas) nessas mensagens (Bardin, 2016,
p. 48).
Assim,
buscando responder à questão
da nossa pesquisa, definimos as categorias de análise após a classificação das informações realizadas por meio de uma síntese, procurando
detectar os argumentos mais frequentes entre os diálogos. Mediante as categorias
por nós definidas, a saber: paradigmas curriculares de formação docente; aspectos institucionais da organização
curricular; e relação teoria-prática
da atividade educativa, realizaremos as análises considerando as falas dos professores e estabelecendo reflexões a partir de teorias que se articulam ao tema tratado.
Panorama
dos PPCs dos cursos de Matemática e Pedagogia da Unimontes
Antes de iniciar a análise
das entrevistas, apresentaremos
um panorama dos cursos de Matemática
e Pedagogia da Unimontes em relação aos
processos de adaptação
curricular frente à exigência
de implantação das Diretrizes
Curriculares Nacionais para
a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica, fixadas na Resolução CNE/CP nº 2/2019.
Durante a investigação, constatamos que os PPCs de ambos os cursos estão fundamentados
na Resolução nº 2, de 1º de
julho de 2015, que define as Diretrizes
Curriculares Nacionais para
a formação inicial em nível superior (cursos de licenciatura, cursos de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda licenciatura) e para a formação continuada. Isso significa que esses cursos ainda não
realizaram as adequações curriculares, considerando a resolução que está em vigor, embora
no âmbito do curso de Licenciatura em Matemática já esteja
havendo um movimento de reorganização curricular com base nas
novas diretrizes, tal como relatou
uma professora integrante do NDE do referido curso.
Ocorre
que a proposta da reforma
curricular dos cursos de formação
de professores delineada
pela Resolução CNE/CP nº 2/2019, que substituiu a Resolução nº 2/2015,
foi amplamente criticada pela comunidade educacional e entidades representativas, exemplo da Associação Nacional pela Formação
dos Profissionais da Educação
(ANFOPE). Fato que corrobora
essa afirmativa é a própria manifestação de entidades nacionais mediante a divulgação de Nota, no
dia 9 de outubro de 2019, a
qual recebeu o título
“Contra a descaracterização da formação
de professores” (ANFOPE et al., 2019). Esse manifesto conduziu o pedido do arquivamento do Parecer que fora apresentado para consulta pública
pelo Conselho Nacional de Educação (CNE) em 23 de setembro de 2019, o qual consubstanciava
a versão 3 da proposta de reformulação da Resolução com o escopo de incorporar a BNCC como referência norteadora.
O Quadro 1, a seguir, destaca
elementos essenciais à compreensão das mudanças provenientes das Resoluções retratadas.
Quadro 1 – Síntese comparativa das Resoluções
|
Aspectos destacados |
Resolução CNE/CP nº 2/2015 |
Resolução CNE/CP nº 2/2019 |
|
Justificativa |
Buscar por maior organicidade do trabalho desenvolvido pelas diferentes unidades formadoras |
Adequação dos currículos
dos cursos da formação de
docentes com a Base Nacional Comum
Curricular (BNCC-Educação Básica) |
|
Concepção de docência |
Ação educativa, tanto
como processo intencional quanto metódico, envolvendo os conhecimentos inerentes ao ensino e à aprendizagem |
Baseada no desenvolvimento
de competências e habilidades,
referentes ao conhecimento, prática e engajamento profissional |
|
Proposta |
Base Comum Nacional, ancorada
numa concepção de educação emancipatória, com reconhecimento da especificidade
do trabalho docente, que conduz à práxis educativa |
Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação), composta por rol de competências requeridas ao professor |
|
Estrutura e Currículo |
Carga horária de formação: Mínimo de 3200 horas totais |
Carga horária de formação: Mínimo
de 3200 horas totais |
|
Tempo para efetivação: Mínimo de 4 anos ou 8 semestres |
Tempo para efetivação: Não especificado |
|
|
Estrutura curricular 400 horas de prática como
componente curricular; 400 horas de estágio; 2200 horas de atividades formativas
dos núcleos I e II; 200 horas para outras atividades
de interesse do estudante (núcleo
III) |
Estrutura curricular 800 horas para conhecimentos científicos, educacionais e pedagógicos; 1600 horas para conteúdos específicos das áreas; 800 horas de prática pedagógica, divididas em 400 horas de estágio e 400 horas de prática
dos componentes curriculares |
|
|
Valorização profissional |
Associada à garantia de formação inicial e continuada, plano de carreira, salário e condições dignas de trabalho |
Associada ao reconhecimento e
fortalecimento dos saberes
e práticas específicas da
profissão |
Fonte: Elaboração das autoras, 2023.
Segundo Bazzo e Sheibe (2019), a Resolução CNE/CP nº 2/2015, que já
estava em processo de implantação pelas Instituições de Ensino
Superior (IES), foi considerada
um importante marco das lutas históricas ligadas às políticas
de formação docente, recebendo amplo apoio das entidades representativas de professores. A
nota emitida coletivamente reafirmou os avanços
para essa área a partir da referida Resolução, a qual preconiza uma concepção de formação de professores alicerçada pela unidade teoria-prática, interdisciplinaridade,
diversidade, inclusão
social, gestão democrática,
valorização profissional, dentre outros aspectos (ANFOPE et al., 2019).
Várias
entidades se posicionaram em relação ao
Parecer, como é o caso da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd).
Em documento publicado no dia 9 de outubro de 2019 manifestou-se em favor da manutenção
da Resolução nº 2/2015, mediante
a afirmação de que ela não apenas
consubstancia a ideia de
base comum nacional para formação de professores enquanto produto de amplo e democrático debate nacional, como também expressa a prática educativa enquanto prática social,
contextual e diversa. Outrossim,
apontou vários motivos para oposição à proposta emitida pelo CNE, argumentando que o texto engendrava
uma visão formatada para a formação inicial de professores (ANPEd, 2019). Não obstante, desconsiderando os protestos da comunidade educacional, o CNE aprovou o texto das novas diretrizes no dia 7 de novembro de 2019 (Bazzo; Sheibe, 2019).
Convém
esclarecer que o prazo estabelecido pela resolução para a implantação da adequação
curricular pelas IES fora de dois
anos desde a sua promulgação, ocorrida em 20 de dezembro de 2019. Contudo, mais recentemente, foram adicionados mais dois anos
ao prazo, para a referida adequação, por meio da Resolução CNE/CP nº 2, de
30 de agosto de 2022.
Apesar
dos prazos estipulados via ato normativo, as organizações que se manifestaram em defesa do reestabelecimento
da Resolução nº 2/2015 não
se arrefeceram, resultado disso temos presente
a Frente Nacional pela Revogação
das Resoluções CNE/CP 02/2019 e 01/2020 e pela retomada da implementação da Resolução CNE/CP 02/2015, criada em 30 de março de 2023, reunindo entidades nacionais como o Movimento Nacional pela defesa da
formação de professores/as
– curso de Pedagogia
(MONAPE) e convocando toda
a comunidade para a mobilização
em prol da reintegração da Resolução CNE/CP
nº 2/2015 (MONAPE et al., 2023).
Ao
que se infere, os processos que envolvem os encaminhamentos relativos à Resolução CNE/CP nº
2/2019, podem
ser compreendidos a partir
do contexto político e
social, sem ignorar as mobilizações que decorrem dos
debates públicos e coletivos.
Por isso, compreender o teor desses debates, não somente em
nível nacional, como também institucional,
é fundamental levando-se em
conta os questionamentos que giram em torno dessa temática.
Assim,
considerando o conteúdo registrado a partir das entrevistas com os professores, e a fundamentação teórica que orienta nossos estudos, formulamos as categorias de análise à medida que nos deparamos com informações que convergiam para uma mesma temática.
Para tanto, buscamos analisar
os assuntos de forma abrangente e objetiva. Esclarecemos que,
para nos referirmos a cada um dos professores entrevistados, garantindo seu anonimato, utilizaremos letras do alfabeto grego, quais sejam: Alfa, Beta, Gama, Delta, Épsilon,
Capa, Sigma e Ômega.
Paradigmas
curriculares de formação docente
Cabe esclarecer, neste momento, que as questões norteadoras para a realização das
entrevistas focalizavam, a
priori, a Resolução CNE/CP nº 2/2019. No entanto, ao verificarmos
que os PPCs dos cursos de Matemática e Pedagogia da Unimontes estão embasados nas antigas
DCNFP, procedemos com modificações
no Roteiro de Questões com
o intuito de abranger as duas resoluções, a Resolução CNE/CP nº 2/2019 e a Resolução
CNE/CP nº 2/2015. Procuramos, com base nessa decisão, ampliar nossas análises de forma a compreender esses contextos a partir das impressões dos professores entrevistados.
Abordaremos as concepções
de currículo do grupo de professores considerando ambas as
DCNFP. Tendo em vista as respostas apresentadas, inferimos que, de forma geral, os professores entrevistados compreendem que a Resolução CNE/CP nº 2/2019 preconiza o alinhamento dos currículos de formação de professores com a
Base Nacional Comum Curricular (BNCC), trazendo consigo as competências como fio condutor das práticas pedagógicas. Contudo, apresentamos, a seguir, como seus
pontos de vista divergem em relação a
essa questão.
Do grupo de entrevistados, três professoras (Épsilon,
Capa e Ômega) entendem a necessidade de articulação da formação de professores com a BNCC, pois ao considerar que os objetos de conhecimentos, isto é, os conteúdos,
conceitos e processos, estão relacionados às competências e habilidades previstas no referido documento, podendo ser apreendidas pelos acadêmicos para o desempenho das suas futuras profissões,
concebem que seu desenvolvimento é fundamental. Capa ressalta que essa proposta aproxima o trabalho acadêmico ao trabalho escolar, considerando que a função, a atividade fim
desse estudante, vai ser o trabalho na escola.
Apesar
de admitir a importância de contemplar as competências e habilidades em seu planejamento,
e afirmar que esses balizadores trazem segurança aos acadêmicos,
conferindo uma orientação às suas
futuras práticas enquanto profissionais da educação, Ômega registra críticas em relação ao
ensino centrado nas competências. Essa professora considera que ao estarem limitadas
à BNCC e suas competências,
as práticas pedagógicas ficam engessadas aos limites de um conteúdo utilitário, cujo objetivo é solucionar problemas diários, sem partir
para uma discussão mais aprofundada sobre o que é proposto. Nesse aspecto, ela admite a dificuldade
de se formar pessoas críticas e emancipadas, conhecedoras da realidade social.
Ômega: Então [...] as habilidades e competências nos dão um norte, te
deixam numa situação confortável do que fazer. Mas te limita
como educador matemático, porque você não avança,
se o professor ficar só naquilo ali, ele
não vai formar
um cidadão crítico e
social, ele vai formar um resolvedor de contas [...] (Ômega, 2023).
Para Beta, Gama, Delta
e Sigma o currículo organizado
em torno das competências representa um retrocesso à formação de professores, pois retoma a orientação tecnicista
já ultrapassada, na qual o papel do professor fica reduzido à reprodução de práticas pré-moldadas, alinhadas à BNCC.
Com isso, os processos formativos tornam-se engessados, padronizados e prescritivos, retirando-se a
autonomia da universidade e
a liberdade de ensino, ferindo os princípios
constitucionais, tal como arrazoa Gama. Nesse sentido, são desconsiderados os contextos sociais
em que estão situadas as universidades, restringindo o seu alcance às necessidades
locais.
De acordo
com Saviani (2012), o tecnicismo
na educação preconiza a neutralidade científica, sendo que, a partir dos princípios de racionalidade, eficiência e produtividade, propõe a reordenação do ensino de modo a torná-lo objetivo e operacional. Nesse aspecto, a educação
escolar pode contribuir
para a formação de sujeitos
cujas habilidades concorram para o aumento da produtividade. Professores e estudantes assumem uma posição secundária
no processo educativo, cujo foco é a
organização racional dos meios, passando apenas a executar um planejamento que é pensado por especialistas aparentemente neutros.
Do grupo
de professores, seis reconhecem,
ainda, que o modelo de formação presente na Resolução
CNE/CP nº
2/2019 possui uma orientação pragmática e instrumental, pela busca
de otimização dos resultados
com base na eficácia e eficiência, remetendo a processos empresariais. Nessa concepção, o que importa é o “saber fazer”, como
salientam Beta, Delta, Sigma
e Ômega, haja vista que o papel do professor fica reduzido a
um mero facilitador das práticas pedagógicas, cabendo a ele apenas
desenvolver nos acadêmicos a atitude de aprender a aprender, não focalizando o conteúdo clássico[1], sob o preceito
de formar sujeitos adaptáveis e flexíveis de acordo com os princípios
do mercado. A formação teórico-prática
torna-se esvaziada, prevalecendo a reflexão sobre a prática.
Delta revela sua preocupação
em relação a essa racionalidade
técnica presente nos processos avaliativos
de formação de professores,
cuja preocupação é regular
o ensino e as práticas dos professores com base nas competências. Além disso, pondera que o seu alinhamento
às avaliações de larga escala traz
aos processos formativos a cultura de performatividade e ranqueamento
entre as universidades, escolas
e profissionais, enfatizando
a competitividade e individualização.
Duas
professoras (Beta e Gama) ainda
apontam que o conceito de competências é permeado por ambiguidades, podendo denotar diferentes sentidos. Apesar disso, reafirmam
que, na Resolução CNE/CP nº
2 de 2019, esse conceito expressa os interesses capitalistas incorporados nos discursos governamentais
para a educação. Uma delas ainda acrescenta que o trabalho que já vinha sendo
desenvolvido por ela e seus pares, o qual está respaldado pelas DCNFP de 2015, já visava formar
um profissional competente.
Nas suas palavras, a Resolução nº 02/2019,
Beta: [...] fala muito da questão
da formação de competências
e habilidades, aí eu fico pensando: mas a Resolução de 2015 já se propunha a isso.
Só que ela propunha para o professor ter uma visão mais
crítica dessa formação
[...] então nós nunca deixamos de formar um aluno competente porque quando você trabalha
o conteúdo bem, você está formando
um aluno competente (Beta,
2023).
A centralidade
na noção de competências presente na formação de professores, segundo Saviani (2011b), está associada à “pedagogia das competências” e tem suas raízes na
teoria behaviorista, a qual
conferiu à atividade pedagógica a função de aquisição de competências, estas identificadas como objetivos operacionais.
Para Morschbacher e Taffarel (2015), a
formação pautada pelo desenvolvimento de competências é justificada pela necessidade de adaptação às constantes mudanças
da realidade, constituindo
um processo formativo que
visa preparar os estudantes para a constante prontidão em aprender
(atitude de aprender a aprender), perdendo,
assim, a sua finalidade que diz respeito à construção do conhecimento.
Como foi mencionado por Beta, a Resolução CNE/CP nº 2/2015, que orienta
atualmente os PPCs dos cursos de Matemática e Pedagogia da Unimontes, é percebida como uma proposta que visa formar profissionais críticos e engajados com a transformação da realidade
social, sendo que sete dos professores entrevistados concordam com essa ideia.
Além
disso, seis professores apontam que a perspectiva registrada no documento é de uma formação emancipatória,
tal qual é evidenciado no excerto a seguir.
Gama: Então, o que nós temos, pensando a formação do pedagogo, pensando a prática, pensando a docência, é uma docência de responsabilidade, de compromisso,
de engajamento e de uma perspectiva de concepção mais emancipatória. Essa é a perspectiva, essa é a matriz que está prevista no nosso projeto (Gama, 2023).
Beta, Delta, Sigma e Ômega citam a valorização
profissional, registrada no
documento, mediante a associação da formação inicial e continuada. Delta salienta que a preparação e o desenvolvimento profissional tratados de forma associada não só
concorrem para a melhoria
do exercício da docência, como contribuem para a produção de conhecimento na área. Delta e Sigma complementam suas críticas em relação
à Resolução CNE/CP nº 2/2019, explanando
que a questão da formação continuada foi elidida nesse documento,
rechaçando um direito que havia sido adquirido
com a Resolução CNE/CP nº 2/2015.
Pelo
que se infere, na visão dos professores participantes da pesquisa, a Resolução CNE/CP nº 02/2019 torna
o professor o único responsável pela formação complementar, retirando o papel do Estado de garantir e disponibilizar as condições necessárias para o desenvolvimento
profissional docente.
Lado outro, é possível afirmar que a Resolução CNE/CP nº 2/2015 é bem-aceita
entre os professores entrevistados. Para eles, seus princípios e fundamentos expressam uma concepção de educação a partir da dimensão social, considerando a necessidade de se formar um profissional do magistério da Educação Básica crítico, que saiba lidar com a realidade educativa.
Uma das professoras – Delta – complementa
dizendo que, diferentemente
das DCNFP de 2019, a Resolução CNE/CP nº 2/2015 expressa, no corpo do documento, o seu caráter democrático, o que ela considera uma
conquista para a área, por
ser compreendida como fruto dos esforços dos profissionais envolvidos com a formação de professores, assim como de associações
representativas, tais como a ANFOPE e a ANPEd.
Embora
três professoras – Épsilon, Capa e Ômega – apontem aspectos positivos em relação às
diretrizes CNE/CP nº 2/2019, sendo
que uma delas – Épsilon – ainda justifica que os legisladores, como estruturadores dos documentos, possuem a prerrogativa de expressar suas concepções e visões políticas, as quais serão retratadas
na lei, e que, embora não seja de aceitação
de todos os envolvidos, ela acredita que eles estão atentos às
necessidades de formação
dos professores. Contrariamente,
os demais entrevistados observaram que essas diretrizes foram trazidas de forma impositiva, seguindo os interesses do empresariado e desconsiderando os estudos que estavam sendo desenvolvidos pelos intelectuais da área à época em
que foram elaboradas.
Aspectos institucionais
da organização curricular
Como afirmamos anteriormente, os PPCs dos dois cursos focalizados ainda não estão
atualizados tendo em vista a exigência
dimanada da homologação da Resolução CNE/CP nº 2/2019. Uma das professoras
entrevistadas informou que
no âmbito do curso de Matemática está havendo uma movimentação
por parte do NDE para a reorganização
curricular com base nessa determinação.
A despeito desses esclarecimentos, não podemos desconsiderar que, no contexto do curso de Pedagogia, os professores
não deixaram de analisar a proposta da Resolução nº 02/2019, tendo em vista a imposição
de adequação, tal como assegurou Épsilon.
Sendo
assim, podemos abordar algumas considerações, sobrevindas do diálogo com os professores participantes da pesquisa, em relação
aos processos decorrentes da organização
curricular dos respectivos cursos,
com base nas orientações legais ora transitadas.
À vista disso, observamos
que Beta, Gama, Delta e Capa receberam
a notícia sobre as diretrizes de 2019 com imensa surpresa. Delta revela que o projeto do curso
de Pedagogia tinha sido recém-aprovado pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPEx) da Unimontes, estando fundamentado na Resolução CNE/CP nº 2/2015, quando ela e seus colegas
foram surpreendidos com outra diretriz curricular. Diante
disso, Beta compreende que
a reforma desprezou os processos que já estavam ocorrendo
dentro na Universidade, considerando que houve um atropelamento dos mesmos, haja vista que não houve tempo de avaliar os resultados que implicaram da implantação da Resolução CNE/CP nº 2/2015.
Além
disso, uma das professoras – Gama – faz uma importante consideração no tocante às propostas de mudança para o curso de Pedagogia, definidas pela Resolução CNE/CP nº 2/2019. Pelo
que observa, o currículo desse curso vai
sofrer grande alteração, uma vez que irá dividir-se
em duas licenciaturas,
a licenciatura para Educação
Infantil e a licenciatura
para os Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
E, ainda,
a formação para a atuação pedagógica e para a gestão serão novamente
convertidas em habilitações independentes, cuja certificação e diplomação poderá ocorrer, respectivamente, por meio de cursos de especialização lato sensu, cursos de mestrado ou doutorado,
ou até mesmo
mediante o aprofundamento
de estudos, correspondendo
a 400 horas adicionais às
3.200 horas previstas, inicialmente,
para o curso de Pedagogia.
Essa imposição pode representar um grande retrocesso para o curso, comprometendo a formação sólida do Ensino Superior pela fragmentação
e empobrecimento do percurso
formativo, limitando o
campo de atuação desses profissionais.
Outro aspecto observado por uma das professoras – Capa – diz respeito
às dificuldades relacionadas às duas formas de práticas pedagógicas que devem estar presentes
nos cursos de licenciaturas, que são o Estágio Supervisionado e a Prática dos Componentes Curriculares. Ela se manifesta sobre o impasse de ponderar qual a estratégia mais
apropriada para a inclusão
das práticas pedagógicas nos grupos de conteúdos,
sendo que, como a lei prevê, elas devem
estar distribuídas, ao longo do curso,
desde o seu início, segundo o PPC da instituição formadora. A professora ainda acrescenta que, com base na Resolução CNE/CP nº 2/2015, essa exigência já havia
sido cumprida por meio da distribuição de carga horária teórica
e prática em cada disciplina do curso. Ademais, ela aponta a confusão
advinda da exigência de que
a prática pedagógica deve ser acompanhada por docente da instituição formadora e por professor experiente
da escola onde o acadêmico a realiza, explicitando que o documento não esclarece
tal questão.
Delta argumenta que a união teórico-prática não vai ser resolvida
pela simples exigência de acompanhamento
do licenciando por um professor experiente
e pelo docente de estágio no momento da prática pedagógica. A partir dessa afirmação, a professora pondera que a mera tentativa de aproximação da instituição formadora com a escola, tendo em
vista tal exigência, não será suficiente
se o curso não promover a articulação teórico-prática nos demais componentes curriculares, propiciando o conhecimento científico necessário para as atividades a serem desenvolvidas pelos futuros professores.
Outra
questão apontada por Capa também está
relacionada às Atividades Acadêmico-Científico-Culturais,
as quais não são obrigatórias na Resolução CNE/CP nº 2/2019, ponto que ela declara
como importante e que constava na resolução
anterior.
Quando
os professores foram questionados se houve espaço para discussão a respeito das diretrizes que orientam os cursos em
que atuam, cinco responderam que ela é mais pontual nos
NDEs e Colegiados (Alfa, Delta, Capa,
Sigma e Ômega), embora três professoras relataram que houve vários encontros entre os professores e a comunidade acadêmica com o intuito de discutir sobre essas diretrizes.
Alfa e Delta salientaram que as diretrizes
foram ponto de pauta em reuniões
entre os professores. Entretanto, devido à pauta diversificada com outros assuntos também importantes, não houve momento para aprofundamento das discussões
entre os pares.
Para o processo de reestruturação
curricular do curso de Pedagogia,
duas professoras – Delta e Épsilon – apontam o problema dos embates decorrentes do pensamento corporativista presente em três departamentos:
Educação (DE), Estágios e Práticas Escolares (DEPE) e Métodos e Técnicas Educacionais (DMTE), que detêm as
disciplinas do curso, o que
gera discussões que priorizam a manutenção de certas disciplinas vinculadas aos departamentos, ao invés de se ponderar sobre o que é mais importante para compor o currículo do curso, considerando a perspectiva formativa dos licenciandos.
Relação teoria-prática
da atividade docente
Nessa seção, procuramos trazer as ideias que os professores possuem acerca da relação teoria-prática na ação pedagógica,
e como ela está proposta nos
documentos que embasam a sua atividade docente.
De acordo com seis dos professores
entrevistados, os PPCs dos cursos, assim como
as DCNFP/2015, possuem como
um dos princípios a articulação teórico-prática nos processos de formação, com a valorização dos conhecimentos teóricos como norteadores de uma prática transformadora.
Ademais, acreditam na possibilidade de formar professores intelectuais, autônomos, criativos, engajados socialmente a partir de
instrumental teórico e prático
para emancipação dos sujeitos.
Na ação
educativa, Beta, Delta, Capa e Sigma entendem
que essa articulação ocorre quando o trabalho que é desenvolvido com os acadêmicos se vincula à realidade escolar, buscando
articular os conhecimentos científicos e didáticos necessários para a ação docente. Delta, Capa e Sigma consideram também que essa articulação é possível a partir da distribuição de carga horária teórica e prática entre as disciplinas de
ambos os cursos. Gama e Ômega, por sua vez, ponderam que o trabalho docente
pode mediar o percurso formativo, estimulando a autonomia
e a criatividade dos estudantes,
numa perspectiva de formação intelectual, corresponsabilizando-os por esse processo. Alfa aponta a dificuldade de articulação teórico-prática, tendo em vista a fragilidade social dos
acadêmicos; e, finalmente, Épsilon não adentra
na questão, limita-se a
argumentar que busca atender as demandas apresentadas na ementa da disciplina que trabalha.
Pelo
que se percebe, as ideias
dos professores sobre a relação teoria-prática, bem como sua
visão da proposta dos documentos norteadores da atividade docente, se aproximam da perspectiva teórica por nós preconizada, pois entendemos que os conhecimentos teóricos propiciam a formação de professores intelectuais, contribuindo para o
desenvolvimento da consciência
deles. A formação docente pode ser entendida como “práxis formativa” na medida
em que promove as condições de compreensão, inserção e intervenção no ambiente escolar.
Consoante
Vázquez (1977), a práxis como conceito que expressa a unidade teoria e prática constitui-se como atividade material transformadora,
isto é, concreta e conformada a objetivos:
“não há práxis
como atividade puramente material, isto é, sem a produção de finalidades e conhecimentos que caracteriza a atividade teórica” (Vázquez, 1977, p. 208).
Desse
modo, a formação toma a prática como ponto
de partida pelo seu estudo sistemático,
e como ponto de chegada sem se limitar aos aspectos
teóricos. Consoante Gimenes (2019), a prática é fundamento e finalidade da teoria, e a teoria se torna prática quando
se materializa. Nessa perspectiva,
o professor realiza um trabalho
satisfatório, com propriedade,
baseado na teoria. É por isso que refletir sobre a prática imediata é apenas pragmatismo, não viabiliza a compreensão dos aspectos teóricos para orientar a prática pedagógica.
Nesse
sentido, o professor como mediador pode realizar
a intervenção necessária para que os estudantes apreendam os conteúdos e se tornem os instrumentos
necessários para a transformação
da realidade. Por isso, acolhemos as ideias de Gimenes (2019), quando afirma que a formação do professor
pode proporcionar uma formação teórica
a qual consiste na orientação da sua práxis.
O professor é quem medeia a relação
teoria e prática, ou seja, ele
é ao mesmo tempo destinatário da teoria e autor da sua prática,
possui autonomia para avaliar a situação concreta a partir do contexto social e toma suas próprias decisões.
Para tanto, é preciso que tenha
uma formação consistente consubstanciada na e para a práxis. A formação docente fundamentada na práxis conduz para a libertação das relações de dominação, sendo que a apropriação do conhecimento acumulado historicamente é condição
fundamental para que o professor possa produzir um trabalho educativo para a sua humanização e dos estudantes.
A
Resolução CNE/CP nº 2/2019 representa
um marco na história da formação de professores da Educação Básica em âmbito
nacional, desencadeando a necessidade de reformas curriculares nos cursos de licenciatura em todo o país.
Nesse sentido consideramos de extrema importância
a discussão e reflexão acerca das possíveis implicações de sua implantação na visão dos professores dos cursos de Matemática e Pedagogia da Unimontes.
Considerando os
dados obtidos nesta pesquisa, conclui-se que a homologação da Resolução CNE/CP
nº 2/2019, e a consequente revogação
da Resolução CNE/CP nº 2/2015, que determinava as diretrizes curriculares para formação de professores da Educação Básica, foi infundada,
tendo em vista que os cursos estavam
em processo de adaptação, não havendo tempo, portanto, para avaliar os resultados
concretos de sua implementação.
Do
total de oito professores entrevistados, seis (75%) consideraram
tal ação um atropelamento dos processos que estavam ocorrendo no interior da Universidade. Além disso, prevaleceu o entendimento de que todo o percurso de sua tramitação se configurou um processo antidemocrático, descaracterizando as manifestações
e oposições da comunidade educacional e entidades representativas.
Tendo
em vista o objetivo de identificar se houve implicações da Resolução CNE/CP
nº 2/2019 nos fazeres dos professores dos cursos de Matemática e Pedagogia da Unimontes, no processo de implementação dos PPCs de 2019, inferimos
que desencadeou-se um processo
de impasses, dúvidas e contrassensos
no âmbito dos cursos focalizados, embora tenha predominado a rejeição da Resolução CNE/CP nº
2/2019.
As
diretrizes definidas a partir da Resolução CNE/CP nº
2/2019 tiveram como
principal objetivo alinhar
a formação dos professores
da Educação Básica à BNCC, trazendo, ainda, o desenvolvimento de habilidades e competências como o conceito-chave para o processo formativo. Nessa direção, evidenciou-se entre seis dos professores
entrevistados uma crítica contundente ao paradigma curricular preconizado a partir da reforma, cujo destaque
ao conceito de competências como fio condutor da formação docente resulta no retrocesso dos processos formativos com o retorno ao tecnicismo.
Na
relação teoria-prática, a reforma propugna o desenvolvimento da atitude de “aprender a aprender”,
com base na reflexão prática, focalizando a prática em detrimento
dos conhecimentos teóricos necessários à formação integral
dos sujeitos. Nessa concepção,
os processos avaliativos pautam-se na regulação do trabalho do professor pela cultura
de gestão de resultados e padronização dos processos de ensino, desconsiderando a subjetividade docente.
A
despeito do posicionamento
da maioria dos professores
que se opuseram à concepção
formativa registrada na Resolução CNE/CP nº 2/2019, sobretudo pelo seu caráter prescritivo
e pragmático, ideias evidenciadas nas respostas de seis professores, não podemos deixar
de relatar que também houve o entendimento entre dois professores de que as mudanças propostas pelas novas diretrizes
são pertinentes, apontando para a necessidade de
se trabalhar a partir da seleção de competências que devem ser desenvolvidas no e pelo sujeito.
Ademais, identificamos
nas falas de duas das professoras entrevistadas descompassos de informações, ora confundindo ideias registradas nas duas resoluções, ora divergindo em suas concepções
de ensino e possibilidades
de formação, atribuindo às DCNFP de 2019 uma formação humana, mas, ao mesmo tempo, alinhada a preceitos economicistas.
Com
base na análise das respostas obtidas nas entrevistas, entendemos que o conhecimento sobre as DCNFP de
2015 e de 2019 pode não estar consolidado. Além do mais, a partir dos relatos dos entrevistados, percebemos que as discussões sobre as resoluções, bem como sobre os
PPCs, poderiam ser mais abrangentes e aprofundadas, carecendo da iniciativa dos próprios professores, como foi reconhecido
por eles.
Acreditamos que cada
professor irá contribuir
com a formação dos licenciandos,
independentemente da sua área de atuação. Assim, é
fundamental que todos participem
não só das discussões, mas do processo de elaboração da proposta pedagógica dos cursos, de modo
que tenham maior compreensão do seu trabalho e dos documentos que o norteiam.
A
partir dos estudos desenvolvidos até aqui, sabe-se que uma normativa quando homologada constitui-se a referência para os cursos de formação,
sendo, portanto, exigida a sua inserção
nos PPCs. Não obstante, entendemos que o seu mero cumprimento,
desarticulado do contexto
social, sem estudos que proporcionem uma reflexão entre professores, estudantes e comunidade, pode, de fato, comprometer a formação dos futuros professores.
Acreditamos, ainda, que os resultados provenientes
da pesquisa, cujo recorte amostral foi representado por oito professores formadores de professores de dois distintos cursos de licenciaturas, apontam indícios signifivativos para a compreensão
dos efeitos dos marcos legais norteadores da formação docente, considerando a realidade profissional de cada participante, suas ações e interpretações sobre todo o processo
de implantação e implementação
das diretrizes curriculares,
sem desconsiderar as especificidades institucionais.
Além disso, com a publicação da Resolução CNE/CP nº
4/2024, novos encaminhamentos
poderão ser atribuídos ao campo da formação docente, cuja trajetória
poderá incorporar novos sentidos e características. Tal fato revela a importância
de se realizar futuros estudos e discussões sobre a problemática, sobretudo pelo reconhecimento de que o processo de produção dos referenciais para a formação de professores situa-se num contexto de muitas incertezas e disputas.
Finalmente, consideramos que o estudo pode
trazer contribuições ao campo educacional ao propiciar um debate sobre as condições políticas que permeiam a formação docente, campo de diferentes interesses, os quais nem sempre são propalados. Reconhecer que a política educacional, em nosso país, é permeada
por contradições, permite compreender que as mesmas contradições se refletem diretamente nos processos educativos. É a partir da problematização da realidade que se torna possível ponderar novas possibilidades para a formação de sujeitos, sobretudo a partir de uma perspectiva emancipatória, como fruto das relações sociais e educacionais.
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VÁSQUEZ
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(CC BY-NC 4.0)
Notas
[1] O conteúdo
clássico, conforme Saviani (2011a), se refere àquele que se firmou como essencial, cuja validade extrapola
o tempo em que foi proposto, resistindo ao tempo. Não se confunde, pois, com tradicional.