Corpos em Cena: Professores Gays na Sala de Aula
Bodies on the Scene: Gay Teachers in the Classroom
Cuerpos en escena: profesores homosexuales en el aula
Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil
joandersonoliveira@hotmail.com
Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil
josevalmiranda@yahoo.com.br
Recebido em 04 de abril de 2024
Aprovado em 10 de maio de 2024
Publicado em 23 de julho de 2025
RESUMO
No texto em tela, analisamos as narrativas de seis professores gays que atuam em escolas públicas e privadas da cidade de Mamanguape, Paraíba. Nosso objetivo consiste em compreender de que modo esses docentes têm transitado com os seus corpos dentro do espaço educativo, tomando como pressuposto que a escola é um lugar privilegiado para difusão e perpetuação da heteronorma. O estudo é oriundo de uma dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Paraíba. Para análise, tomamos um dos Núcleos de Significação construído na pesquisa original, que tem, como objeto de investigação, as narrativas desses professores. O estudo evidenciou uma forte presença da heteronormatividade, que segue convidando os corpos a um padrão de normalidade chancelado pela heterossexualidade e pelos ditames que reverberam numa ótica de mundo que desconsidera a diversidade. No entanto, resistências foram encontradas, tanto por parte de professores que falam publicamente sobre as suas sexualidades como por parte daqueles que fizeram do anonimato seu lugar de proteção.
Palavras-chave: Professores Gay; Corpos Homossexuais; Docência.
ABSTRACT
In the present text, we analyze the narratives of six gay teachers who work in public and private schools in the city of Mamanguape, Paraíba. Our aim is to understand how these educators have navigated their bodies within the educational space, based on the assumption that the school is a privileged place for the dissemination and perpetuation of heteronormativity. This study originates from a dissertation presented to the Graduate Program in Education at the Federal University of Paraíba. For the analysis, we draw on one of the Meaning Cores constructed in the original research, which focuses on the narratives of these teachers. The study revealed a strong presence of heteronormativity, which continues to compel bodies toward a standard of normality sanctioned by heterosexuality and by norms that reflect a worldview that disregards diversity. However, forms of resistance were also found—both from teachers who speak publicly about their sexualities and from those who have made anonymity their place of protection.
Keywords: Gay Teachers; Homosexual Bodies; Teaching.
RESUMEN
En el presente texto, analizamos las narrativas de seis profesores gays que trabajan en escuelas públicas y privadas de la ciudad de Mamanguape, Paraíba. Nuestro objetivo es comprender de qué manera estos docentes han transitado con sus cuerpos dentro del espacio educativo, partiendo del supuesto de que la escuela es un lugar privilegiado para la difusión y perpetuación de la heteronorma. Este estudio se origina a partir de una disertación presentada al Programa de Posgrado en Educación de la Universidad Federal de Paraíba. Para el análisis, tomamos uno de los Núcleos de Significación construidos en la investigación original, cuyo objeto de estudio son las narrativas de estos profesores. El estudio evidenció una fuerte presencia de la heteronormatividad, que continúa invitando a los cuerpos a un patrón de normalidad avalado por la heterosexualidad y por dictámenes que reverberan en una visión del mundo que ignora la diversidad. Sin embargo, también se encontraron formas de resistencia, tanto por parte de profesores que hablan públicamente sobre sus sexualidades como de aquellos que han hecho del anonimato su lugar de protección.
Palabras clave: Profesores Gays; Cuerpos Homosexuales; Docencia.
Abrindo a Porta da Sala
O estudo aqui desenvolvido se origina de uma dissertação (Gomes, 2023) apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal da Paraíba – Campus I, João Pessoa-PB. A pesquisa investigou as narrativas de seis professores homossexuais que atuam em escolas públicas e privadas na cidade de Mamanguape-PB. Buscamos compreender de que modo esses docentes estavam/estão transitando dentro dos muros escolares em relação à dimensão heteronormativa que ainda organiza o espaço educacional (Junqueira, 2022; Louro, 2019), e que, por consequência, ensina e institui comportamentos considerados mais corretos e adequados a partir da designação “é menino” ou “é menina”.
Neste artigo, tomaremos como material de análise um dos Núcleos de Significação (explicaremos sobre os núcleos mais detalhadamente quando descrevermos os procedimentos metodológicos) elaborados no decurso da pesquisa para o mestrado. Nosso objetivo geral consiste em compreender de que modo os professores gays têm posto seus corpos em cena e, desse modo, como eles têm performado a sua existência dentro dos muros escolares. No que se refere aos objetivos específicos, pretendemos: a) analisar em que medida os docentes homossexuais lidam com as questões de gêneros e sexualidades na escola e na sala de aula; e b) inferir as estratégias utilizadas por eles para que se afirmem e existam nos espaços educativos.
Compreendemos que a relevância desse estudo se funda na proposta de uma reflexão sobre as regulações de gênero (Butler, 2022) que atravessam todo o nosso viver em sociedade, não ficando a escola isenta de tais questões. Porém, o fato é que, ao longo do percurso histórico, as instituições de ensino buscaram se ausentar de problematizar as regulações de gênero em uma perspectiva de inclusão de todos e todas, ao invés de fazê-lo apenas em uma perspectiva heterossexual. Investigar as performances desenvolvidas pelos professores gays, em suas ações profissionais, é portanto uma forma de tensionarmos a norma, fazendo-a falar sobre si e de seus ditames, por vezes apresentados como inquestionáveis.
Nosso interesse em pesquisar os professores gays deriva do desejo de ouvir aqueles que historicamente tendem a ser alijados do espaço social. Muito se diz sobre eles, mas, na maioria das vezes, um viés heteronormativo é mobilizado para os definir a partir de visões estereotipadas. Ouvi-los falar sobre suas experiências nos permite refletir sobre o espaço educativo/profissional e compreender como a escola tem lidado com as diversidades, assim como traçar as nuances dos modos como eles vêm se percebendo dentro dos muros escolares, sendo por vezes observados e cobrados com um rigor mais exaustivo em comparação com seus pares.
Nessa direção, este estudo está ancorado no campo de investigação dos Estudos Culturais, com ênfase na área da Educação. Conforme expõem Nelson, Treichler e Grassberg (2020), os Estudos Culturais vêm, ao longo dos anos, se dedicando a compreender e apresentar a forma como existem interesses sociais, políticos e econômicos que atravessam a maneira como nos organizamos como sociedade – isto é, não de forma neutra ou natural, mas em consequência das relações tecidas dentro da cultura. Desse modo, os Estudos Culturais se constituem como um campo plural e diverso, atravessado de questionamentos e incertezas, que problematiza tudo que porventura seja apresentado de forma naturalizada, com um fim em si mesmo.
Em conformidade a tal perspectiva, Giroux (2020, p. 83) nos diz que os “Estudos Culturais estão profundamente preocupados com a relação entre cultura, conhecimento e poder”. Assim, ao lançarmos luz sobre a instituição de ensino com recorte para a presença de professores gays em seu interior, é necessário considerarmos que esses profissionais atuam em um espaço marcado por relações de poder, como demonstra Foucault (2014), que tomam forma no decurso das vivências que ali foram construídas.
Nesse sentido, nos afastamos das narrativas mestras e dominantes para construir, ao lado dos docentes aqui entrevistados, uma outra perspectiva, para além da heteronormativa. Esses profissionais são aqui tomados como intelectuais que, na realização do seu ofício, produzem conhecimento e que, em suas vivências, não há separação entre o eu pessoal e o eu profissional, conforme apontado por Nóvoa (2007) ao discorrer sobre os/as professores/as de modo geral.
Procedimentos Metodológicos
Trata-se de uma pesquisa narrativa, sinalizada por Clandinin e Connelly (2015) como a possibilidade de trabalharmos diretamente as experiências narradas pelos/as indivíduos/as, histórias de vida que atravessam o/a pesquisador/a, e o/a pesquisado/a. Na mesma direção, Abrahão (2003) argumenta que, nesses estudos de caráter (auto)biográfico, estamos trabalhando diretamente com as memórias que, de diversos modos, produziram significado para aqueles/as que falam sobre si, tendo, na rememoração, um processo de reflexão sobre o percurso vivido.
O trabalho com narrativas implica também lidar com as memórias que, ao longo da existência, vão sendo tecidas nas lembranças daquele/a que narra e rememora o seu percurso de vida. Desse modo, nos dirigimos às narrativas de seis professores gays, visando, a partir de seus registros, traçar inferências sobre como eles têm transitado dentro do espaço educativo.
O caminho realizado por nós em direção aos professores consistiu em olhar com estranhamento para tudo aquilo que socialmente nos é apresentado como padrão de normalidade no tocante às questões de gêneros e sexualidades, ou seja, formas pré-estabelecidas de como ser homem ou mulher. Na contramão, partimos do pressuposto de que as dimensões de masculinidade e feminilidade são frutos de contextos culturais, sociais e históricos possíveis de existir nas/e através das relações humanas. Problematizar as vivências dos/as docentes homossexuais é também uma tentativa de desnaturalizar a heteronormatividade, evidenciando os processos de sujeição e resistência depreendidos pelos professores. Conforme argumenta Miskolci (2020), a heteronormatividade pode ser compreendida como uma norma que rege a sexualidade: dentro dessa lógica, todos e todas são criados/as para serem heterossexuais.
Para geração dos dados, foram realizadas entrevistas com seis docentes em dias alternados, de acordo com a conveniência de cada um deles. Todo o diálogo foi orientado por um roteiro norteador, que não propôs um engessamento das respostas, mas um caminho para que, a partir dele, os docentes falassem o que viveram ao percorrê-lo. Todas as entrevistas foram gravadas e transcritas.
Análise dos Dados: Os Núcleos de Significação
Para sistematização e organização das análises, utilizamos os Núcleos de Significação que, de acordo com Aguiar e Ozella (2006, 2013), perfazem as nuances que constituem o objeto analisado. É um modo de entrecruzar as narrativas, encontrando pontos de convergência e de divergência a partir do dito pelos sujeitos. “Os Núcleos de Significação são um processo construtivo-interpretativo” (Amaral, 2019, p. 164).
As análises que se concentram nos Núcleos de Significação trabalham com significados partindo da premissa de que esses significados são produzidos histórica e socialmente. Não têm, desse modo, a pretensão de obter uma única resposta, mas a inter-relação que se estabelece dentro do contexto investigado.
Os Núcleos de Significação possuem três etapas: os núcleos, os intranúcleos e os internúcleos. Apresentam, como procedimento inicial, a leitura flutuante, momento de organização do material e de um primeiro contato do/a pesquisador/a com os dados obtidos. Assim, temos os pré-indicadores, que se constituem, neste trabalho, em tudo o que foi narrado pelos professores. Os pré-indicadores irão gerar os indicadores, que são efetivamente a organização dessas falas por aproximação/distanciamento, gerando assim uma temática geral, como uma espécie de “guarda-chuva” que irá abarcar todas essas narrativas.
A partir da construção dos indicadores é que são gerados os núcleos de significação, sendo estes analisados e confrontados tomando por base a literatura pertinente à área pesquisada. Dados os limites e a finalidade deste artigo, apenas sinalizamos pontos emergentes sobre o processo de construção dos núcleos. Para um melhor aprofundamento, recomendamos a leitura das obras de Aguiar e Ozella (2006, 2013).
Na feitura da dissertação que deu origem a este texto, foram organizados três Núcleos de Significação. Aqui, trouxemos para análise e reflexão o segundo núcleo gerado: “[...] ‘eu acho que ninguém para e diz assim, eu sou hétero. Por que eu tenho que anunciar?’: entre o afirmar-se (ou não) como professor gay no espaço escolar”.
A construção desse núcleo ocorreu a partir da aglutinação de dois indicadores: a) o silêncio como proteção: ocultações da sexualidade; e b) transgredindo os limites: rompendo o armário. Estes, por sua vez, são fruto das narrativas iniciais (pré-indicadores), ou seja, falas que caminhavam em duas dimensões: de um lado, docentes que optaram por não falar sobre as suas sexualidades como uma forma de proteção; no lado oposto, falas que se centram na transgressão do silêncio e na afirmação, no espaço público, de que são homossexuais. Serão essas narrativas que aqui iremos analisar.
Docência Homossexual: As Narrativas dos Professores
O que leva um/a professor/a a se questionar sobre a decisão de falar ou não sobre sua sexualidade com seus/suas estudantes e com as demais pessoas que compõem a escola? Manter em segredo ou compartilhar de modo casual e “natural”? Tais questionamentos não fariam sentido se direcionássemos essa indagação a docentes que se reconheçam como heterossexuais, tendo em vista que a heterossexualidade já é prevista e esperada/desejada em nossa sociedade. E, sobre eles/as, essa “cobrança” não é exercida.
Por outro lado, ao lançarmos essa pergunta a docentes homossexuais, temos uma outra realidade a ser enfrentada e um novo cenário a ser construído. Em relação a estes, seus corpos tendem a ser vigiados, em uma perspectiva de controle e regulação dos gêneros e das sexualidades como um convite sutil ao que se determina como normalidade. Trilhar os caminhos de uma sexualidade posta à margem implica demandas que singularizam a atuação desses docentes gays, quando comparados a seus/suas colegas de trabalho.
Conforme demonstra Butler (2019), esse processo acontece a partir da força normativa da performatividade, construída através de discursos reiterativos que intentam construir e instituir um modo correto de ser e viver socialmente. Naturalmente há resistências, uma vez que nem todas as pessoas se alinham a tal padrão. No entanto, no limiar desse movimento reiterado, os corpos passam por processos de pertencimento e de negação. Para aqueles/as que não se adequam às normas, o que se oferta, segundo a autora, é o não-vivível, o inenarrável. Existências consideradas foras da curva, e que, desse modo, precisam ser ajustadas, convidadas à “normalidade” ou significadas como abjetas e não desejáveis.
O primeiro indicador, “o silêncio como proteção: ocultações da sexualidade”, versa sobre a decisão de dois docentes de não falar sobre as suas sexualidades dentro do âmbito educativo, sendo esta uma forma de proteção diante de possíveis cobranças por serem homossexuais. Nessa direção, Santos e Zago (2013) compreendem que os corpos tendem a se constituírem em espaços de disputa, sobretudo quando eles escapam da matriz heteronormativa. Para estes últimos, é preciso construir caminhos outros a serem trilhados, como uma forma de escape ou de burla à norma. Tomando por base as narrativas a seguir, o silêncio foi a escolha mais viável em relação às suas realidades.
O Professor A, por exemplo, diz: “o que sabe faz parte do mesmo bonde [risos]. É meio que uma proteção para mim e para as pessoas que estão ao meu redor. Na verdade, ainda é meio que um tabu familiar: eu considero realmente uma proteção”. Antes de seguirmos com as considerações a respeito da narrativa do docente, ressaltamos que a discussão que estamos propondo não diz respeito a afirmar se o professor deve ou não falar sobre a sua sexualidade nem mesmo dizer que ele está errado ou correto em decidir não partilhar. O que intentamos aqui é refletir sobre o contexto histórico, cultural e social que leva corpos gays a terem que tomar essa decisão, o que os coloca em lugar de diferença ou, nos termos de Balthazar (2020), em um deslugar de gênero.
Dito de outro modo, pretendemos lançar luz sobre um contexto heteronormativo que perpetua um discurso que a “norma” não precisa falar sobre si (Seffner, 2013), o que faz com que, a cada dia, ela se naturalize ainda mais. Em contrapartida, os/as considerados/as “diferentes”, e que seguem as trilhas “proibidas”, são constantemente convidados/as a falarem e a se afirmarem, quase como uma necessidade – não natural, mas imposta.
Retomemos a narrativa do Professor A. A atitude de permanecer dentro da esfera privada vem sendo utilizada, ao longo dos anos, por muitos/as homossexuais. Fruto de uma sociedade ainda marcada pelo preconceito e pela discriminação, “a esfera pública exige que se use a máscara da heterossexualidade e que se esconda a identidade ‘anormal’” (Eribon, 2008, p. 129). Essa regulação do próprio corpo a partir da perspectiva de não deixar transparecer algo que possa ser tomado como fora da norma leva esse docente a performar suas ações dentro do que comumente se espera de alguém do sexo masculino.
Conforme discute Butler (2020, p. 44), a “heterossexualização do desejo requer e institui a produção de oposições discriminadas e assimétricas entre o ‘feminino’ e ‘masculino’”, ou seja, a matriz cultural heterossexual institui aquilo o que pode e não pode existir. Grosso modo, uma vez designado/a como homem ou mulher, o/a indivíduo/a deve assumir os papéis sociais (e isso inclui a dimensão sexual) esperados por eles/as no campo social.
Quando o Professor A afirma ver a ação do silêncio como uma proteção para si mesmo, ele evidencia que existe uma heteronormatividade que perpassa a existência humana e que chancela a ideia da heterossexualidade como algo normal, de modo que aquele/a que foge dessa normalidade pode ser punido/a, como aponta Takara (2020). A proteção que se almeja neste ato reside em não parecer estar fora da norma, mas guardar-se, esconder-se. Como se não houvesse do que se orgulhar em relação a si mesmo.
Em continuidade, o Professor A nos diz: “eu já tive muita vontade de contar, mas aí, de um tempo para cá, eu tenho tido um pensamento do tipo assim: que a vida é minha. Eu acho que ninguém para e diz assim, ‘eu sou hétero’. Por que eu tenho que anunciar?”. A indagação, feita pelo docente entrevistado, tem em seu bojo um processo de reflexão que tensiona os padrões de normalidade, pondo-os no sentido oposto, com o intuito de pensar por qual motivo a norma não fala sobre si.
Para Takara (2020, p. 239), “reproduzir a normalidade é uma forma de afirmar a naturalização da heterossexualidade”. Desse modo, a cobrança exercida sobre os corpos gays é uma maneira da heteronormatividade se colocar como um padrão “correto” a ser seguido. Ao demarcar o diferente, essa pressão exercida gera, em muitos/as homossexuais, o sentimento de que é melhor guardar para si do que ter que se explicar por algo que lhe é tão comum – sua homossexualidade, alvo de um estigma social. Desse modo, seu desejo homossexual torna-se um problema para a ideia de homem macho e viril. Uma ameaça que precisa ser contida ou controlada.
Na mesma direção, o Professor B também opta por não falar sobre a sua sexualidade dentro dos muros escolares: “no meu departamento foi e vem sendo tranquilo até agora, e, também, eu sou muito na minha, não demonstro que sou gay e tal, por mais que eu tenha ‘ferramentas’”. Ao usar o eufemismo “ferramentas”, o docente sinaliza que seu corpo não vai em direção ao que é esperado pela heteronormatividade: há algo que evidencia a marca da diferença em relação ao que foi estabelecido como norma, o que o preocupa. “Eu não sou assumido para os meus pais. Apenas minha irmã que sabe. No início, minha irmã não quis aceitar, mas depois aceitou. Os demais membros, uns sabem e outros não sabem. Não sei como vai ser a reação quando eu me assumir de verdade”.
Reside, na fala do Professor B, uma preocupação, que nos é gerada pela norma, a partir da qual pessoas não-heterossexuais são posicionadas no lugar de espera pelo aceite, a aprovação daqueles/as que estão ao seu redor – ou mesmo de ficarem apreensivas com relação ao que acontecerá quando se “assumirem” para os/as seus/suas familiares/amigos/conhecidos. Ou, mais precisamente, para quem está adequado aos padrões de normalidade impostos por uma sociedade que propaga o discurso de uma única possibilidade de expressão da sexualidade humana. A heterossexualidade é uma das possibilidades, mas tende a ser apresentada como a única que deve ser seguida. Não seguir essa normativa é uma infração cometida contra a matriz heterossexual, culturalmente instituída. Como afirma Butler (2020, p. 94), “a sexualidade é presumidamente heterossexual, e o observador, aqui entendido como heterossexual masculino, está claramente sendo recusado”.
No segundo indicador, “transgredindo os limites: rompendo o armário”, temos a narrativa de docentes que optaram por falar sobre as suas sexualidades no espaço educativo, a exemplo do Professor C, que nos diz: “nunca escondi minha sexualidade para nenhum dos meus colegas, eles sempre souberam, tanto colegas de profissão como a própria gestora”. Na mesma direção, o Professor D afirma: “tanto os colegas professores quanto os alunos. A minha relação com os alunos é muito boa e de muita harmonia”.
Podemos observar, a partir das narrativas seguintes, que o fato de verbalizar, na escola, que não são heterossexuais não é um impeditivo para que seus corpos sejam capturados pela norma, no sentido de que fosse exigido um comportamento considerado mais adequado, que, nas entrelinhas, passasse a mensagem de que é possível ser gay, desde que alguns limites sejam respeitados. O Professor D, por exemplo, foi convidado por um diretor a sair de uma atividade escolar que ele não considerava adequada para alguém do sexo masculino sob a ameaça de perder o próprio emprego: “[...] ele era homofóbico, na verdade. Então, não queria ver a imagem dele, um diretor, ‘manchada’ por eu fazer parte da equipe docente e, ao mesmo tempo, estar em uma banda marcial, que ele dizia que era algo depravado”. O controle sobre os limites que podem ser percorridos tende a ser exercido diariamente sobre os professores gays, que têm suas ações observadas e regidas. Conforme Takara (2020, p. 251) aponta, “a norma [...] oferece condições de resistência porque sua ficção [...] sustenta [os/as indivíduos/as, como uma espécie] de abjeto [...] possível, desde que submisso ao sistema”.
Nessa direção, Picchetti e Seffner (2017) alertam que as instituições de ensino vêm, ao longo da história, se constituindo como um local onde as normativas ganharam maior espaço e puderam exercer seu poder, controlando e disciplinando os corpos, os/as convidando a trilhar o caminho esperado. A heterossexualidade é celebrada e ensinada todos os dias na organização das brincadeiras com os/as estudantes. As festas alusivas a datas comemorativas, onde apenas um único modelo de família – heterossexual – é apresentado, dentre outros exemplos que poderíamos citar, fazem com que, de forma minuciosa porém precisa, a norma se perpetue, se difunda e realce aquilo que precisa ser considerado como anormal.
A presença de professores gays vem sendo alvo de pesquisadores/as (Franco, 2009; Toledo, 2018; França, 2019; Oliveira Neto, 2019; Teixeira, 2020, para citar alguns/algumas) que, em seus estudos, têm denunciado como o trânsito docente ainda é perpassado por lutas e enfrentamentos constantes – e como pessoas homossexuais são frequentemente convidadas a se portarem de forma mais “adequada”.
O Professor E, embora também fale abertamente sobre a sua homossexualidade e seus pares tenham conhecimento de que ele é casado com um homem, tem algumas exigências impostas ao seu cotidiano, as quais são disfarçadas como “cuidado”. Esta cautela pode até ser pensada como um cuidado por quem a propaga, mas apenas protege a norma e funciona na perpetuação de uma heterossexualidade que, tomada por esse parâmetro, regula todas as demais. Ao falar sobre suas postagens em redes sociais, ele diz não ver problema em publicizar sua vida afetiva, tendo em vista que os/as professores/as heterossexuais o fazem. No entanto, sempre recebe conselhos para evitar essa atitude. Ele então cita a fala de um colega de trabalho: “[...] cuidado, porque as meninas são bem conservadoras, os alunos, os pais dos alunos”.
Ele diz ignorar esses apelos: “[...] eu nunca me preocupei porque as meninas sempre falam. Indiretamente, sabe? Elas não falam na sua cara, mas elas falam ‘a gente vive em uma cidade que é do interior ainda'. Falando de outras pessoas que postam, de outros alunos elas dizem: ‘não sei para que essa exposição’. [...] Claro que não vou postar nada tipo obsceno, mas se estou em uma praia, dia dos namorados, eu posto, como todo casal, sem nenhum problema”.
Curiosamente, quando algo é feito por casais homoafetivos, é exposição, mas o mesmo não é sinalizado caso se trate de um casal heterossexual. Essa exposição, que é censurada para alguns/algumas, o é por evidenciar a homossexualidade como algo “normal”, o que poderia desestabilizar a heteronormatividade. Tecendo críticas a essa conjuntura, Takara (2020, p. 259) afirma que “[...] heterossexuais não existem porque são naturais, eles utilizam a ficção do poder para poder ficcionalizar nossa existência como aberrações e normalizar suas práticas”.
Com um relato semelhante, o Professor F, mesmo sendo abertamente homossexual, vez ou outra percebe movimentos que tomam a sua prática docente alinhada à sua sexualidade. Assim, ele nos diz que é comum ouvir comentários do tipo: “[...] ah porque ele é gay, ele quer se mostrar, quer isso e aquilo, tudo coisa de bicha, que quer se mostrar para lá e para cá”. Tais comentários são feitos com relação ao seu cotidiano e a forma como ele vem ministrando suas aulas. Nesse contexto, reafirmamos o pontuado por Nóvoa (2007), isto é, a não separação do nosso eu-pessoal e profissional, pois, somos marcados/as pela nossa existência e, embora uma suposta neutralidade profissional possa ser reivindicada, ela simplesmente não existe.
Ao tomar decisões pedagógicas que visam contribuir na melhoria do processo de ensino e aprendizagem, o Professor F é acusado de um suposto exibicionismo que, nas entrelinhas dessa narrativa, é tido como algo comum aos gays. Sua ação é rotulada como “coisa de bicha”. Percebemos que o que está sendo contestado não é a relevância e a possível contribuição dessas ações que têm, por foco, o processo de ensino e aprendizagem, mas a pessoa que as promove, neste caso, um homem/professor gay. A dimensão da sexualidade gera um impacto direto na relação profissional desse docente, que precisa de algum modo “provar” que tem competência para desempenhar sua função.
Nesse incômodo, presente nas falas dos/as seus/suas colegas de trabalho, é possível percebermos como o corpo gay vai despertando uma certa notoriedade ao transitar dentro dos muros escolares, algo “[...] como um agente infeccioso no seio de uma dada moral estabelecida” (Santos; Zago, 2013, p. 138). A forma como seus pares o avaliam se funda em uma percepção de mundo que assume a heteronorma como um padrão ou mesmo como um dogma que não deve ser questionado ou confrontado, mas que, como tal, precisa ser seguido, obedecido. Ser professor e gay, desse modo, é ferir a heteronormatividade e questioná-la, pôr à prova a sua suposta normalidade. No desconforto gerado nos/as docentes heterossexuais, a atuação do Professor F marca um lugar dentro da escola, o lugar da diversidade. Mas, em contrapartida, também exerce sobre o seu corpo uma cobrança e um convite a vir para o centro e atender ao que se espera dele socialmente.
Ao incomodar a norma por estar naquele espaço e atuando sobre ele, o Professor F é dito a partir de um discurso preconceituoso, que ressalta o seu corpo em função de estereótipos do que é ser gay e, nas entrelinhas, mostra-se o rechaço a tal comportamento, que não deve ser naturalizado, mas apresentado como um problema ou como algo negativo. Dentro dessa lógica, tomando por referência Foucault e Nietzsche, Butler (2020, p. 225) afirma que “[...] os valores culturais surgem como resultado de uma inscrição no corpo, o qual é compreendido como um meio, uma página em branco”.
Ao lançar luz sobre as diferenças percebidas no corpo do Professor F, associando sua vida acadêmica com a sua sexualidade, seus pares estão reafirmando que ele foge da normativa esperada, não exercendo os valores culturais esperados por todos e todas. “No campo da sexualidade, a heteronorma inscreve sobre os nossos corpos sentidos acerca de uma normalidade que não é real, mas que corrobora para a ficcionalização da heterossexualidade [...]” (Takara, 2020, p. 235). O corpo, desse modo, é apresentado como uma tela sobre a qual as inscrições culturais são desenhadas. Mas, há resistência. Há quem não se adeque ao esperado, mas apresente-se a partir de um outro desejo, o desejo homossexual.
Fechando a Sala: Algumas considerações
As narrativas docentes aqui analisadas nos permitem inferir a heteronorma que perpassa os muros escolares e, que sobre tais docentes, tem se afirmado, vigiando e controlando os corpos dos/as indivíduos/as, os/as convidando a um padrão de normalidade que toma a heterossexualidade como regra sobre a qual todas as demais expressões da sexualidade humana devem orbitar. Na feitura da pesquisa, dois cenários foram possíveis de serem desenhados: por um lado, docentes que falam abertamente sobre o fato de serem homossexuais; de outro, aqueles que encontraram no silêncio uma opção mais segura. Nosso olhar, no entanto, não se deteve em analisar ou definir qual decisão é mais assertiva. Compreendemos que, em ambos os casos, todos os docentes estão fazendo o melhor que podem frente às suas respectivas realidades.
O que intentamos chamar atenção é o contexto heteronormativo vivenciado e que obriga os docentes a tomarem uma ou outra decisão, a pensar até que ponto podem ou não ir, o que deve ou não deve ser dito/feito. Uma exigência que, de muitos modos, singulariza o trânsito de professores gays em relação ao de professores/as heterossexuais, uma vez que a sexualidade deles terá impacto direto nas suas práticas, como foi possível de ser observado nos relatos registrados nesse artigo. Via de regra, eles poderão ser cobrados simplesmente por serem homens gays. Ou seja, não há uma real separação entre o profissional e o pessoal: essas duas esferas se chocam e se encontram em diversos momentos do trânsito entre muros escolares.
Esse enfrentamento, entretanto, não é comum a todos/as os/as professores/as, mas apenas a quem vive à margem da heterossexualidade esperada, celebrada e afirmada como natural. Um/a docente heterossexual não precisa justificar suas ações educativas com base em sua identidade sexual, esse ideal sequer é considerado. O texto, portanto, é um convite à feitura de novas investigações que tensionem a norma e a façam falar sobre as suas regras e ditames que, com o apoio de contextos históricos e culturais, vêm perpetuando o discurso de uma única sexualidade correta, a heterossexualidade. Tal feito tem se tornado quase um dogma, sendo abraçado por diversos segmentos sociais, como religiosos fundamentalistas, ou por qualquer um/a que veja, nas sexualidades dissidentes, uma anormalidade.
As experiências e vivências desses docentes passam pelo seio histórico e cultural que é comum a todas as sociedades. Dito isto, é importante ressaltarmos a não naturalidade dessas ações, de modo a evidenciar que, embora seja apresentada como comum a todas as pessoas, a celebração da heterossexualidade é fruto das relações tecidas no bojo cultural em que estamos todos/as imersos/as. Ora, trata-se de uma construção e não de uma predileção. Se construímos essa ponte, é possível ser percorrido um novo caminho. Ter professores gays dentro dos muros escolares contribui com o processo de desestabilização da norma, pois são corpos homossexuais em movimento, transitando e, nesse limiar, tecendo um novo discurso, que vai na contramão do que nos impõe a heteronorma.
Referências
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