Narrativa com professores: possibilidades para a constituição dos dados na pesquisa educacional
Narrative with teachers: possibilities for the constitution of data in educational research
Narrativa con docentes: posibilidades para la constitución de datos en la investigación educativa
Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, PR, Brasil
natielyquevedo@gmail.com
Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, PR, Brasil
dfrigoferraz@gmail.com
Lourdes Aparecida Della Justina
Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, PR, Brasil
lourdesjustina@gmail.com
Recebido em 18 de setembro de 2023
Aprovado em 20 de outubro de 2023
Publicado em 17 de janeiro de 2024
RESUMO
No presente artigo, apresentamos um panorama das pesquisas que utilizaram a entrevista narrativa com professores na pesquisa no campo educacional, tendo como objetivo compreender quais as características que abrangem as entrevistas narrativas, suas possibilidades e como são organizadas. Diante disso, realizaram-se buscas na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD), delimitando-se a encontrar teses publicadas em um recorte temporal dos últimos dez anos (2013-2022) e utilizando o operador de busca simples com os termos compostos escritos entre aspas: “entrevista narrativa” e “narrativa”. Por conseguinte, encontramos um total de 34 teses que contemplaram o corpus de nossa investigação. Após a análise, verificou-se que 32 teses conduziram suas entrevistas de maneira individual, e apenas uma optou por realizar entrevistas em grupo. Em uma das teses, não foi possível ter clareza quanto à escolha da maneira como ocorreram as entrevistas, se individual, mista ou em grupo. As entrevistas individuais permitem maior aproximação com o entrevistado, fazendo com que se sinta acolhido e seguro. Os principais resultados evidenciados em nossa análise apontam que o método narrativo utilizando entrevistas de maneira individual e presencial com um grupo pequeno de professores permite ir além da transmissão de informações sobre o que se deseja investigar, oportunizando conhecer a história de vida e a construção da carreira docente a partir das falas dos sujeitos entrevistados.
Palavras-chave: Metodologia de pesquisa; entrevista narrativa; Formação de professores.
ABSTRACT
In this article, we present an overview of research that used narrative interviews with teachers in research in the educational field, aiming to understand the characteristics that narrative interviews encompass, their possibilities and how they are organized. In view of this, searches were carried out in the Brazilian Digital Library of Theses and Dissertations (BDTD), limiting themselves to finding theses published in a time frame of the last ten years (2013-2022) and using the simple search operator with the compound terms written in quotation marks: “narrative interview” and “narrative”. Therefore, we found a total of 34 theses that included the corpus of our investigation. After the analysis, it was found that 32 theses conducted their interviews individually, and only one chose to conduct group interviews. In one of the theses, it was not possible to be clear about the choice of how the interviews took place, whether individual, mixed or in a group. Individual interviews allow you to get closer to the interviewee, making them feel welcomed and safe. The main results evidenced in our analysis indicate that the narrative method using individual and face-to-face interviews with a small group of teachers allows us to go beyond the transmission of information about what we want to investigate, providing the opportunity to learn about the life story and the construction of a career. teacher based on the speeches of the interviewed subjects.
Keywords: Research Methodology; narrative interview; Teacher training.
RESUMEN
En este artículo, presentamos un panorama de investigaciones que utilizaron entrevistas narrativas a docentes en investigaciones en el campo educativo, con el objetivo de comprender las características que abarcan las entrevistas narrativas, sus posibilidades y cómo se organizan. Ante esto, se realizaron búsquedas en la Biblioteca Digital Brasileña de Tesis y Disertaciones (BDTD), limitándose a encontrar tesis publicadas en un período de los últimos diez años (2013-2022) y utilizando el operador de búsqueda simple con el términos compuestos escritos entre comillas: “entrevista narrativa” y “narrativa”. Por tanto, encontramos un total de 34 tesis que incluyeron el corpus de nuestra investigación. Luego del análisis, se encontró que 32 tesis realizaron sus entrevistas de manera individual, y sólo una optó por realizar entrevistas grupales. En una de las tesis no fue posible tener clara la elección de cómo se desarrollaron las entrevistas, si individuales, mixtas o grupales. Las entrevistas individuales permiten acercarse al entrevistado, haciéndolo sentir bienvenido y seguro. Los principales resultados evidenciados en nuestro análisis indican que el método narrativo mediante entrevistas individuales y cara a cara a un pequeño grupo de docentes nos permite ir más allá de la transmisión de información sobre lo que queremos investigar, brindando la oportunidad de aprender sobre el tema. Historia de vida y construcción de una carrera docente a partir de los discursos de los sujetos entrevistados.
Palabras clave: Metodología de investigación; entrevista narrativa; Formación de profesores.
Introdução
A presente investigação surge do interesse em compreender como as entrevistas narrativas são utilizadas na pesquisa, principalmente quando almejam entrevistar professores, de modo a conhecer um pouco mais sobre sua atividade docente. Essas entrevistas surgem como propostas para a construção e compreensão de um fenômeno em estudo e no que diz respeito à sua utilização na pesquisa qualitativa enquanto grandes aliadas na área da educação, sendo utilizadas como estratégias investigativas em diferentes tipos de estudos com essa abordagem.
Conforme Pachá e Moreira (2022, p. 157), “narrar o passado ou o trabalho presente leva o indivíduo a olhar de maneira distinta sua realidade e a reconfigurar sua prática”, possibilitando um olhar diferente para sua forma de ensinar.
O presente artigo tem como objetivo compreender quais são as características que abrangem as entrevistas narrativas, suas possibilidades e como são organizadas. Sendo assim, norteamos nosso trabalho a partir dos questionamentos: há entrevistas narrativas nas pesquisas que envolvem professores? Como são organizadas as entrevistas narrativas? Quais as suas características?
Para isso, por meio de uma busca na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD), realizamos um levantamento das teses que utilizaram as entrevistas narrativas para compor seus dados. Para tanto, delimitando nossa investigação a analisar apenas as teses publicadas nos últimos dez anos, compreendendo o período de 2013 a 2022, utilizou-se as palavras: “entrevista narrativa” e “narrativa” como termos de busca. A partir das teses encontradas, buscamos voltar nossa investigação a analisar as que estão relacionadas a entrevistas com professores, no intuito de compreender como ocorreram a constituição dos dados nessas pesquisas e quais as possibilidades abrangidas por elas.
Entrevista narrativa – características e possibilidades
A pesquisa narrativa constitui-se como instrumento de construção e análise de dados narrativos a partir das ideias de Fritz Schütze, na década de 1970, por meio de seu interesse em encontrar diferentes abordagens de interpretação em diversas áreas, dentre elas as Ciências Sociais, a Comunicação e a Antropologia Cognitiva. Outrossim, pela necessidade de encontrar um procedimento metodológico diferente dos tradicionais, que não davam conta de investigar os fenômenos sociais e, consequentemente, não constituíam uma base autêntica para uma teorização sociológica.
No Brasil, os trabalhos desenvolvidos por Jovchelovitch e Bauer (2002) incentivam e recomendam as entrevistas narrativas como instrumentos que disponibilizam uma sistematização que auxilia pesquisadores na utilização de entrevistas. Os autores relatam em seus trabalhos que
Através da narrativa, as pessoas lembram o que aconteceu, colocam a experiência em uma sequência, encontram possíveis explicações para isso, e jogam com a cadeia de acontecimentos que constroem a vida individual e social. Contar histórias implica estados intencionais que aliviam, ou ao menos tornam familiares, acontecimentos e sentimentos que confrontam a vida cotidiana normal (Jovchelovitch; Bauer, 2002, p. 91).
A entrevista narrativa é uma abordagem específica dentro de um espectro mais amplo de metodologias qualitativas baseadas em narrativas, em que surgem tanto outras diferentes quanto da mesma natureza, como é o caso da história oral, dos retratos sociológicos, das histórias de vida, das autobiografias, entre outras. Essas metodologias compartilham o foco na coleta e análise de histórias ou narrativas pessoais dos participantes, mas diferem em termos de abordagens, objetivos e técnicas utilizadas (Muylaert, et al., 2014); sendo assim, possuem similaridades, no entanto apresentam diferentes denominações.
Para Galvão (2005, p. 329), há uma crescente na utilização dos conceitos de narrativas nas áreas das ciências sociais e em educação, em que as investigações incluem, dentre suas perspectivas, as entrevistas narrativas, além da “análise de biografias e de autobiografias, histórias de vida [e] narrativas pessoais”. Destacam-se também as “etnobiografias, etnografias e memórias populares”, bem como os “acontecimentos singulares integrados num determinado contexto”, considerando o período em que se passa e o caráter social relacionado.
As pesquisas narrativas consistem em uma investigação que possibilita estudar “a vida das pessoas”. Nelas, o pesquisador solicita “a uma ou mais pessoas” que contem “histórias sobre sua vida” e, a partir dessas “informações”, elas passam a ser “recontadas e recriadas pelo pesquisador em uma cronologia narrativa”. Nessa situação, as histórias se entrelaçam diante da visão do entrevistado e do entrevistador (Creswell, 2007, p. 32).
Nos diferentes tipos de pesquisa da abordagem qualitativa, a entrevista narrativa surge como uma estratégia de investigação e pode ser vista como:
[...] uma forma de entrevista não estruturada, de profundidade, com características específicas. Conceitualmente, a ideia da entrevista narrativa é motivada por uma crítica do esquema pergunta-resposta da maioria das entrevistas. (Jovchelovitch; Bauer, 2002, p. 95).
As entrevistas narrativas possuem características específicas, pois devem partir de uma pergunta geradora chamada de questão exmanente, isto é, uma questão geral com o objetivo de criar uma narrativa única do participante entrevistado. Essa pergunta deve estar relacionada ao problema de pesquisa do entrevistador-pesquisador, sendo assim é de interesse deste. Ao longo da entrevista, após o narrador-entrevistado contar sua história, o pesquisador pode conduzir questões imanentes, que surgem durante a entrevista ou podem ser pensadas anteriormente sem muitas interferências, como forma de completar as ideias de uma narrativa única (Jovchelovitch; Bauer, 2002).
Compreendemos que a questão exmanente deve contemplar o problema de pesquisa e ser pensada como um ponto de partida para induzir o narrador a compartilhar suas experiências e vivências. Desse modo, o pesquisador inicia as questões nas entrevistas a partir das falas: conte-me sobre, narre-me sobre, para que as histórias iniciem. Outro aspecto a ser destacado é a organização das entrevistas, tendo a possibilidade de a condução ser individual ou em grupo.
Uma característica marcante da entrevista narrativa é a mínima influência do entrevistador, que deve conduzir sua fala com naturalidade, rompendo com o formato tradicional de perguntas e respostas. Dessa maneira, evitando o condicionamento do que o entrevistado pretende falar, deixando-o à vontade para narrar sua história.
A pesquisa narrativa ganha destaque, principalmente, no que diz respeito à utilização das entrevistas narrativas em contextos de formação inicial e contínua envolvendo professores. Nesse âmbito vemos as possibilidades que surgem para discutir questões educacionais importantes e levar os docentes a reexaminarem as suas perspectivas acerca do ensino e da aprendizagem de seus alunos.
Entretanto, a pesquisa narrativa não é a única que emprega as entrevistas narrativas como estratégia de investigação. É possível encontrarmos as entrevistas presentes em diferentes tipos de trabalhos que se utilizam de narrativas.
Cabe ainda destacar que existe uma diferença entre pesquisas que utilizam narrativas e pesquisa narrativa, pois, enquanto as pesquisas que utilizam narrativas podem adotar elementos narrativos como parte de um método mais amplo, a pesquisa narrativa é uma metodologia específica que se baseia principalmente na coleta e análise de histórias ou narrativas para entender um determinado fenômeno ou tema de estudo. Nessa direção, Clandinin e Connely (2011, p. 20) definem a pesquisa narrativa como “uma forma de entender a experiência” em um processo que necessita da colaboração entre o pesquisador e o pesquisado.
Galvão (2005, p. 330) também faz um alerta para a utilização das narrativas em pesquisas, pois as “histórias podem ser um excelente terreno de análise se não ignorarmos todos os aspectos inerentes à sua recolha e apresentação”, a riqueza dos detalhes e as várias interpretações que levam à reflexão do que foi dito. A generalização parece ser um problema na perspectiva das narrativas, em virtude de elas serem particulares e um tanto quanto pessoais.
Autores como Clandinin e Connelly (2011) argumentam que os objetos de estudo das narrativas são as experiências vividas, abarcadas como fonte de conhecimento e construídas em diferentes momentos históricos, tempos e espaços. Esses mesmos autores lembram que todos temos histórias e que existe uma diferença entre história e narrativa: o fenômeno constitui a história, e o método que investiga esse fenômeno e descreve essa história é que se materializa em uma narrativa.
Diante desse panorama, percebemos a existência da possibilidade de compreender o conhecimento dos professores a partir de suas narrativas. Além disso, fazer uma reflexão diante de sua prática docente em relação à maneira como organizam suas atividades e como se relacionam com seus alunos e as pessoas ao seu redor, afinal essas interações são reflexos de suas vivências, experiências, crenças, valores e tudo que carrega em sua caminhada.
Percurso metodológico
A presente investigação segue os princípios da abordagem metodológica de pesquisa qualitativa, em que, segundo Lüdke e André (2013), o pesquisador é o instrumento principal atuando de forma direta com o ambiente e com a situação a qual está investigando. Trata-se de uma pesquisa de natureza bibliográfica que busca, a partir da Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (BDTD), realizar um levantamento das teses que utilizaram de entrevistas narrativas para compor os seus dados e, a partir delas, saber quais dizem respeito à entrevista com professores. Sendo assim, refinamos nossa busca para encontrar os trabalhos publicados no período de 2013 a 2022, utilizando as palavras “entrevista narrativa” e “narrativas” como termos de busca.
O interesse em realizar nossa busca na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) está atrelado ao fato de ser uma base de dados capaz de reunir os textos completos de teses defendidas em diferentes instituições de ensino do Brasil, oferecendo a oportunidade de conhecer o que está sendo desenvolvido e pesquisado sobre nosso tema de interesse, dentre outros temas. A BDTD é uma base de dados desenvolvida e coordenada pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), atuando em conjunto com as instituições de ensino e pesquisa brasileiras com vistas à divulgação da produção científica nacional, permitindo uma maior visibilidade dos trabalhos desenvolvidos no Brasil.
Utilizamos o operador de busca simples com os termos compostos escritos entre aspas, “entrevista narrativa” AND “narrativa”, para que no resultado retorne apenas registros que contenham os termos: entrevista narrativa e narrativa. Os operadores booleanos permitem a combinação de vários termos, sendo que na BDTD é possível realizar uma busca a partir do operador AND, +, OR, NOT e -. Esses operadores devem ser escritos em letras maiúsculas e são utilizados conforme o tipo de busca que se pretende realizar.
A partir disso, marcamos a opção “Todos os campos” para que, depois de encontrar os resultados prévios, fosse possível refinar nossa busca. Ademais, foram utilizados os filtros: ano de defesa (2013 a 2022); tipo de documento (Tese); idioma (Português); área do conhecimento (Ciências Humanas - Educação).
Após refinar a busca, encontramos um total de 89 trabalhos (teses) que utilizaram a entrevista narrativa como instrumento de constituição de dados. Seguimos com uma leitura preliminar dos títulos e resumos para, posteriormente, analisar os trabalhos e compreender como estão estruturados, como os autores utilizaram e procederam com as entrevistas, quem foram os sujeitos entrevistados e os principais referenciais teóricos adotados para conduzir as entrevistas.
A partir da leitura dos títulos e resumos dos 89 trabalhos, selecionamos aqueles que dizem respeito à utilização de entrevistas narrativas com professores. Dessa forma, após a análise preliminar, eliminamos os trabalhos em duplicatas e aqueles que não atendiam à temática central proposta, sendo selecionadas 34 teses para posterior análise .
Para o tratamento desses dados, realizamos uma análise de conteúdo utilizando os princípios da metodologia de Bardin (1977), que organiza os dados pelas seguintes fases: pré-análise, exploração do material, tratamento dos resultados, inferência e interpretação. Para tanto, organizamos as discussões em categorias de análise postas e apresentadas por meio de tabelas para facilitar a apresentação dos resultados encontrados em nossa busca.
Conforme aponta Bardin (1977), a matéria-prima da análise de conteúdo pode constituir-se de qualquer material proveniente de comunicação verbal ou não-verbal, a exemplo dos materiais escritos que contemplam nossa investigação, neste caso as teses publicadas nos últimos dez anos relacionadas à utilização das entrevistas narrativas com professores.
As categorias que surgiram a posteriori, a partir da leitura das teses, condizem com a “Forma como são conduzidas as entrevistas narrativas”, o “Público alvo das entrevistas” e a “Realização das entrevistas”. Sendo assim, essas categorias contemplaram subcategorias relacionadas à condução das entrevistas, ou seja, se ocorrem de maneira individual, em grupo ou de forma mista. Além disso, investiga qual é o público alvo escolhido pelos pesquisadores, se são professores da Educação Básica ou do Ensino Superior; e como os encontros para as entrevistas ocorreram, se de forma presencial ou online.
Para a formação das unidades de registro a partir da análise das teses que contemplam as categorias e subcategorias descritas acima, além do resumo, realizamos também a leitura das metodologias apresentadas nos trabalhos. O intuito disso foi identificar como as entrevistas foram realizadas, quais são os sujeitos entrevistados e fazer a leitura dos resultados e ou considerações apresentadas pelos autores.
Resultados e discussão
Panorama geral das teses encontradas
Além de compreender como os dados são construídos e analisados nas teses, buscaremos evidenciar como as entrevistas narrativas foram realizadas e como podem auxiliar o pesquisador em seu trabalho enquanto uma maneira de desenvolvimento das entrevistas com sujeitos, especificamente professores.
Nas teses encontradas a partir da nossa busca, destacamos como principais autores de referência: Sandra Jovchelovitch e Martin W. Bauer (2002), citados em 16 das 34 teses encontradas; dez citações de D. Jean Connelly e F. Michael Clandinin (2011); Marie-Christine Josso (2010) sendo citada em 4 teses; Antonio Bolívar Botía, Jesús Domingo Segovia e Manuel Fernández Cruz (2001) com 4 citações; Martin W. Bauer e George Gaskell (2011) citados em 3 teses, assim como Muylaert, et al. (2014) e Fritz Schütze (2010); o autor Jorge Larrosa (2002) foi citado em 2 teses, o mesmo ocorreu com Antonio Nóvoa e Matthias Finger (2010).
Esses autores encontram-se norteando as pesquisas, principalmente no que diz respeito à metodologia de análise das entrevistas que se inspiram nas ideias de Schütze (2010), Nóvoa e Finger (2010) e Jovchelovitch e Bauer (2002).
[...] contar histórias é uma forma elementar de comunicação humana e, independente do desempenho da linguagem estratificada, é uma capacidade universal. Através da narrativa, as pessoas lembram o que aconteceu, colocam a experiência em uma sequência, encontram possíveis explicações para isso, e jogam com a cadeia de acontecimentos que constroem a vida individual e social. Contar histórias implica estados intencionais que aliviam, ou ao menos tornam familiares, acontecimentos e sentimentos que confrontam a vida cotidiana normal (Jovchelovitch; Bauer, 2002, p. 91).
Considerando-se que o método utilizado nas teses é o da pesquisa narrativa, destacamos que o objetivo dos trabalhos visa a compreensão da experiência humana, pois “uma verdadeira pesquisa narrativa é um processo dinâmico de viver e contar histórias, e reviver e recontar histórias, não somente aquelas que os participantes contam, mas aquelas também dos pesquisadores” (Clandinin; Connelly, 2011, p. 18). Logo, evidencia-se que a interpretação das narrativas coletadas é um ponto chave a ser considerado em pesquisas dessa natureza.
As teses analisadas, em sua maioria, identificam-se como sendo de cunho (auto)biográfico ou biográfico, que "[...] consiste na ação de escrever (grafar) a narrativa de sua própria história de vida (autobiografia) e ou a história de vida de outrem (biografia)" (Passeggi, 2011, p. 15). Desse modo, o processo de produção dos dados ocorre através da entrevista narrativa.
Para compreender como as entrevistas foram conduzidas e quem foram os entrevistados, organizamos a Tabela 1 a seguir contemplando as categorias e as subcategorias analisadas, que serão discutidas no decorrer deste trabalho.
Tabela 1 – Categorias e subcategorias de análise.
CATEGORIAS |
SUBCATEGORIAS |
Forma como são conduzidas as entrevistas narrativas. |
Individual (32) Em grupo (1) Mista (0) Não especificou (1) |
Público alvo das entrevistas. |
Professores da Educação Básica (13) Professores do Ensino Superior (20) Ambos (1) |
Realização das entrevistas. |
Online (4) Presencial (24) Ambos (1) Não especificou (5) |
Fonte: Dados da pesquisa, 2023.
A partir da busca, encontramos duas teses publicadas no ano de 2014, ambas realizaram entrevistas individuais com professores universitários. Dentre elas, destacamos o trabalho realizado por Pieczkowski (2014), que entrevistou dez professores que atendem estudantes com deficiência matriculados nas turmas em que atuam ou atuaram a partir do ano de 2010. Os professores entrevistados atenderam, em suas turmas, alunos com deficiências relativas à surdez, cegueira, deficiência auditiva e física (atrofia dos membros superiores), problemas neurológicos, deficiência mental e limitação cognitiva.
A pesquisa aponta os desafios enfrentados pelos docentes no atendimento aos alunos com deficiência, onde narram suas angústias, desconfortos, desamparos e dificuldades pertencentes aos sentimentos expressados pelos docentes frente à realidade enfrentada por estudantes que buscam a inclusão e o pertencimento à universidade e à sociedade como um todo. Percebemos nesse estudo a inquietação na narrativa dos docentes em buscar a inclusão dos seus alunos com deficiência para que se sintam pertencentes e acolhidos dentro da universidade.
Do ano de 2015, encontramos três teses relacionadas ao tema de interesse, um desses trabalhos realizou entrevistas com professores da educação básica, especificamente do Ensino Fundamental – Anos Finais. Nas outras duas teses, foram entrevistados professores do ensino superior. Entre essas, destacamos a tese desenvolvida por Reis (2015, p. 29), que buscou “compreender como são estabelecidas as relações de poder entre surdos e ouvintes no espaço universitário”, para tanto, partindo da fala de docentes surdos, possibilitando reflexões sobre o “mal estar que o oprime, prejudica e subalterniza na Educação Superior”. Desse modo, o trabalho apresentou a importância da superação das dificuldades encontradas pelos professores e ressaltou a valorização desses profissionais.
Foram encontradas três teses publicadas no ano de 2016, as quais utilizaram entrevistas narrativas com professores, sendo as entrevistas conduzidas de maneira individual. Dentre elas, o trabalho desenvolvido por Teixeira (2016, p. 104) destaca que:
A pesquisa narrativa sociocultural valoriza estratégias de recolha de dados que sejam capazes de fomentar as reflexões das pessoas envolvidas em processo de ensinar e aprender, principalmente em meio a reuniões ou em situação de entrevista individual.
Possivelmente, a escolha da maioria dos autores pelas entrevistas conduzidas individualmente está associada ao fato da construção de relações entre o entrevistador e entrevistado, logo, permitindo refletir sobre o que está sendo dito e a valorização do momento individual de cada componente pertencente à investigação.
Do ano de 2017, encontramos quatro teses relacionadas ao tema de interesse, dentre elas destacamos os trabalhos desenvolvidos por Pereira (2017) e Stahl (2017), que abordam as narrativas de professores universitários orientadores de estágio curricular em cursos de licenciatura. Eles optaram em constituir seus dados a partir das entrevistas, pois pretendiam “transformar histórias orais em narrativas materializadas” (Stahl, 2017 p. 9).
Para o ano de 2018, foram encontradas seis teses que utilizaram a entrevista narrativa para compor seus dados. As entrevistas ocorreram de maneira individual, tendo como sujeitos participantes, em sua maioria, docentes do ensino superior, dentre os quais estão professores universitários aposentados.
Do ano de 2019, encontramos um total de seis teses relacionadas à entrevista narrativa com professores, dentre elas, cinco utilizaram o formato de entrevistas individuais, uma utilizou o formato em grupo, em que o autor relata ter empregado como estratégia investigativa um “círculo de conversas” que foram “conduzidas pelo pesquisador com tópicos-guia” (Avinio, 2019, p. 91). Essa investigação teve como sujeitos entrevistados professores da Educação Infantil. As demais pesquisas, em sua maioria, foram com professores do Ensino Superior (4), e uma tese relata ter entrevistado professores da Educação Básica sem especificar o grau ou nível de ensino que atendem.
Das teses publicadas em 2020, foram quatro as que abrangeram esta investigação, na qual três possuem como sujeitos entrevistados professores da educação básica, e uma volta-se a entrevistar professores do Ensino Superior.
Do ano de 2021, foram encontradas duas teses condizentes ao tema de interesse. As duas realizaram entrevistas narrativas com professores da Educação Básica, sendo que uma dessas teses se propôs a entrevistar professores de classes multisseriadas da educação básica, especificamente do ensino fundamental.
De 2022, foram encontradas quatro teses que abrangem nossa busca, sendo três referentes a entrevistas narrativas com professores da Educação Básica, e uma com professores do Ensino Superior.
A partir dos dados, percebemos que houve um aumento no número de pesquisas relacionadas à utilização de entrevistas narrativas, saindo do ponto zero no ano de 2013 para o número de seis teses entre os anos de 2018 a 2019.
Ressaltamos que, no ano de 2020, teve início o período pandêmico, o que certamente inviabilizou e/ou dificultou os encontros presenciais para a realização de pesquisas dessa natureza. No entanto, foi possível perceber que, nesse mesmo ano, algumas pesquisas ocorreram de maneira presencial, o que nos leva a acreditar que, provavelmente, os dados foram coletados anteriormente ao ano de defesa das teses, quando eram permitidos os encontros presenciais com essa finalidade. No ano seguinte, em 2021, nosso levantamento aponta que alguns dados foram coletados a partir de entrevistas online por intermédio de plataformas virtuais como o Google Meet, Microsoft Teams e WhatsApp.
Destacamos que, no ano de 2021, a quantidade de teses dessa natureza caiu para o mesmo número de 2014 (2), um dado curioso que, possivelmente, demonstra o impacto causado pelo período pandêmico, que não permitiu a realização das entrevistas de forma presencial. Todavia, o pesquisador teve que se reinventar, assim ganharam destaque as plataformas virtuais citadas anteriormente, que auxiliaram na coleta dos dados, conforme evidenciado pela crescente nos trabalhos desenvolvidos e nos dados coletados de forma online no ano de 2022 (4).
Ao terem sido encontradas 24 teses com entrevistas realizadas no formato presencial, indagamos: se não fosse a pandemia, esse número de trabalhos poderia ter sido maior e qual seria o motivo pela opção evidente em realizar entrevistas presencialmente? Uma possível explicação seria a preferência por entrevistas face a face, de acordo com o ressaltado a partir dos referenciais discutidos ao longo da presente investigação.
A partir das teses encontradas, organizamos nossa discussão para refletir sobre o que dizem esses trabalhos e o que pretendem com a investigação que realizam, de modo a compreender como pesquisas dessa natureza são conduzidas e de que forma podem contribuir para a área do ensino.
Assim sendo, a seguir estabelecemos as discussões em torno dessas perspectivas com o intuito de saber: como ocorre a constituição e condução das entrevistas com os professores? Quais as possibilidades que essas pesquisas oferecem para a área do ensino?
Por meio das entrevistas narrativas com os professores, a constituição dos dados pode acontecer de acordo com a natureza prática dessas entrevistas, sejam elas conduzidas de maneira individual ou em grupo. Conforme Gaskell (2002, p. 77), “alguns pesquisadores optam por uma junção dos dois métodos”, apontando algumas limitações e vantagens de ambas maneiras de proceder, seja com entrevistas individuais que buscam explorar a fundo a vida do indivíduo e suas experiências individuais ou as entrevistas em grupos, onde se exploram as atitudes, os valores, os comportamentos e as opiniões expressas pelos participantes.
Nas teses analisadas, as entrevistas ocorreram em suma individualmente. Dos 34 trabalhos, foram 32 os que optaram por realizar a entrevista de forma individualizada, apenas um optou pelo formato em grupo. Em uma das teses, não foi possível identificar como ocorreram as entrevistas. A escolha para a forma como se procederá a entrevista é um passo muito importante a ser pensado e deve expressar o que o entrevistador está buscando em seu trabalho.
Para Gaskell (2002, p. 77), o formato de grupos focais possui desvantagem em relação às entrevistas individuais, pois os participantes tendem a ser “auto seletivos”. Muitos deles podem sentir algum receio em expressar o seu íntimo e ideias diante de um grupo de pessoas que talvez apresente concepções e opiniões diferentes da sua, tendendo assim a ficar mais retraídos com as palavras.
Conforme Gaskell (2002, p. 78):
Com um entrevistado apenas, podemos conseguir detalhes muito mais ricos a respeito de experiências pessoais, decisões e sequência das ações, com perguntas indagadoras dirigidas a motivações, em um contexto de informação detalhada sobre circunstâncias particulares da pessoa. O que o entrevistado diz, e a maneira como a entrevista se desenvolve, pode estar relacionado a outras características relevantes do indivíduo de um modo tal que não é possível dentro da discussão e subsequente análise de um grupo focal.
As entrevistas individuais parecem estar relacionadas a interesses particulares e visam explorar com mais profundidade a vida do entrevistado, o que demanda um certo tempo. As entrevistas em grupo se dispõem a investigações de preocupação comum ou interesse público, buscando abranger um determinado número de pessoas em um curto espaço de tempo.
Em vista das possibilidades e fragilidades de ambos os métodos, sejam individuais ou grupais, “alguns pesquisadores optam por uma junção dos dois métodos dentro do mesmo projeto: um enfoque multimétodo que tem alguma justificação” (Gaskell, 2002, p. 78), podendo ser uma opção favorável a depender do que se pretende pesquisar. Nesse caso, a pesquisa pode estar disposta a compreender algo pelo ponto de vista individual de cada um dos entrevistados e compará-los com as ideias no coletivo, buscando realizar também entrevistas em grupos ou até mesmo discutir assuntos de seu interesse de forma coletiva.
No que diz respeito à utilização das entrevistas narrativas com professores, corroboramos com Galvão (2005, p. 331) ao dizer que “o modo como organizam a aula e interagem com os alunos pode ser visto como o construir e reconstruir a história da sua experiência pessoal”, pois a maneira como conduzem as aulas e permitem a construção do conhecimento envolve experiências pessoais sobre determinados assuntos e depende do contexto ao qual pertencem.
Na Tabela 2, apresentamos um organograma simplificando o que as teses analisadas apresentaram como sujeitos entrevistados e como organizaram as entrevistas.
Tabela 2 – Teses analisadas que utilizaram entrevistas narrativas com professores.
ANO |
QTDE. TESES |
TÍTULO E AUTOR |
ENTREVISTA NARRATIVA |
2013 |
- |
- |
- |
2014 |
2 |
T1- Tecido complexo formativo docente: repercussões dos conhecimentos específicos das áreas nos processos formativos das licenciaturas (Scremin, Greice - UFSM) |
Individual – (14) Professores do Ensino Superior – Presencial. |
T2- Inclusão de estudantes com deficiência na educação superior: efeitos na docência universitária (Pieczkowski, Tania Mara Zancanaro - UFSM) |
Individual – (10) Professores do Ensino Superior – Presencial. |
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2015 |
3 |
T3- Problematizações e perspectivas curriculares na educação de alunos com altas habilidades/ superdotação (Negrini, Tatiane - UFSM) |
Individual – (7) Professores da Educação Básica (Ens. Fundamental- anos finais) - Presencial. |
T4- Gênese e desenvolvimento dos saberes pedagógico-tecnológicos na docência em Arquivologia (UFSM) frente à convergência digital (Barbiero, Danilo Ribas – UFSM) |
Individual – (8) Professores do Ensino Superior – Presencial. |
||
T5- A docência na educação superior: narrativas das diferenças políticas de sujeitos surdos (Reis, Flaviane - UFU) |
Individual – (5) Professores do Ensino Superior – Presencial. |
||
2016 |
3 |
T6- Processo [trans]formativo em rede: o professor principiante na educação superior (Nunes, Janilse Fernandes - UFSM) |
Individual – (6) Professores do Ensino Superior – Não especifica. |
T7- A aprendizagem docente e a inclusão de cotistas B em novos contextos na universidade (Souza, Karina Silva Molon de - UFSM) |
Individual – (12) Professores do Ensino Superior – Presencial. |
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T8- Narrativas de professores de flauta transversal e piano no ensino superior: a corporeidade presente (ou não) na aula de instrumento (Teixeira, Ziliane Lima de Oliveira - UFSM) |
Individual – (10) Professores do Ensino Superior – Presencial. |
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2017 |
4 |
T9- A constituição da docência na ambiência complexa dos Institutos Federais – construindo redes de [trans] formação (Zamberlan, Adriana - UFSM) |
Individual – (6) Professores do Ensino Superior – Presencial. |
T10- Aprendizagem docente do professor orientador no estágio curricular supervisionado em cursos de licenciatura (Pereira, Sybelle Regina Carvalho - UFSM) |
Individual – (14) Professores do Ensino Superior – Presencial. |
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T11- Pedagogia específica de orientação de estágio: uma investigação narrativa (Stahl, Luana Rosalie) |
Individual – (14) Professores do Ensino Superior – Presencial. |
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T12- Educação especial & educação inclusiva: a emergência da docência inclusiva na escola contemporânea (Hermes, Simoni Timm - UFSM) |
Individual – (12) Professores da Educação Básica – Ensino Fund. e Médio (Ed. Especial) – Presencial. |
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2018 |
6 |
T13- Tecendo histórias... entrelaçando narrativas: tecituras que constroem a docência de professores bacharéis (Dolwitsch, Julia Bolssoni - UFSM) |
Individual – (4) Professores do Ensino Superior – Presencial. |
T14- Aproximações e distanciamentos na docência virtual em música: narrativas de professores formadores em cursos de pedagogia da UAB (Souza, Zelmielen Adornes de - UFSM) |
Individual – (7) Professores do Ensino Superior – Presencial e Online (via Skype, Hangouts e Facebook). |
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T15- (Auto) Formação e saberes docentes no desenvolvimento profissional do professor administrador: entre as ciências administrativas e da educação (Coelho Junior, João Carlos - UFSM) |
Individual – (10) Professores do Ensino Superior – Presencial. |
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T16- Metamorfoses formativas: um estudo sobre a atividade lúdica nos anos iniciais do ensino fundamental (Pereira, Uiliete Marcia Silva de Mendonça - UFRN) |
Individual – (09) Professores da Ed. Básica – Ens. Fund. Anos Iniciais – Presencial. |
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T17- Professor voluntário: o ciclo da longedocência no ensino superior (Rhoden, Juliana Lima Moreira - UFSM) |
Individual – (12) Professores do Ensino Superior aposentados – Presencial. |
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T18- Pelos bosques da formação: o professor de espanhol como mediador intercultural na perspectiva da biologia do amor (Silva, Angelise Fagundes da - UFSM) |
Individual – (2) Professores do Ensino Superior – Não especifica. |
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2019 |
6 |
T19- Professor orientador de estágio curricular da área da saúde: trajetória profissional e modos de atuação (Roveda, Patrícia Oliveira - UFSM) |
Individual – (20) Professores do Ensino Superior – Presencial. |
T20- A construção da identidade docente de professores iniciantes de Ciências e Biologia de egressos do Curso de Ciências Biológicas da UENP/Jacarezinho (Martinez, Flavia Wegrzyn Magrinelli - UEPG) |
Individual – (3) Professores da Educação Básica – Presencial. |
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T21- A epistemologia da formação de professores de educação especial: Um professor plurivalente para “dar conta da inclusão”? (Thesing, Mariana Luzia Corréia - UFSM) |
Individual – (10) Professores da Educação Básica e (5) Ensino Superior – Presencial. |
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T22- Aprendizagem na/da docência digital na perspectiva do B-Learning e do TPACK na produção compartilhada de novas pedagogias (Roza, Jiani Cardoso da - UFSM) |
Individual – (27) Professores do Ensino Superior – Presencial. |
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T23- Ecologia do desenvolvimento humano: movimentos e construção da ambiência bioecológica na educação infantil do campo (Avinio, Carina de Souza - UFSM) |
Grupo – (4) Professores da Educação Básica - Educação Infantil – Presencial. |
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T24- Narrativas de si: trajetórias formativas de professores formadores iniciantes no ensino superior (Soares, Sebastião Silva - UFU) |
Individual – (6) Professores do Ensino Superior – Presencial. |
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2020 |
4 |
T25- Contextos emergentes no Colégio de Aplicação: tessituras das docências na perspectiva inclusiva (Wisch, Tásia Fernanda - UFSM) |
Não relatou se as entrevistas foram individuais ou em grupo – (17) Professores da Educação Básica – Não especifica. |
T26- A escola regular contemporânea e o aluno surdo/deficiente auditivo: dos modos de subjetivação para as singularidades produzidas no contexto das experiências escolares (Camillo, Camila Righi Medeiros - UFSM) |
Individual – (3) Professora da Educação Básica, pedagogas e coordenadoras – Presencial. |
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T27- A dimensão ético-política na experiência formativa e autoformativa de professores(as) de Filosofia na perspectiva de John Dewey (Cardoso, Maria Genilda Marques - UFRN) |
Individual – (4) Professores da Educação Básica - Não especifica. |
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T28- Diálogos de professores: efeitos do Enem nos saberes e nas práticas docentes de História e de Língua Portuguesa do IFTM (Nascimento, Carla Alessandra de Oliveira - UFU) |
Individual – (16) Professores do Ensino Superior – Presencial. |
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2021 |
2 |
T29- Ateliê biográfico de (auto)formação: cruzando fios e entrelaçando histórias-trajetórias docentes de professores em classes multisseriadas no estado de Santa Catarina (Ribas, Juliana da Rosa - UFSM) |
Individual – (6) Professores da Educação Básica Ensino Fundamental – Presencial. |
T30- Narrativas (auto)biográficas com professoras sobre as violências e a educação para a humanização: “foi um rio que passou em minha vida” (Ferraz, Viviane Martins Vital - UFSM) |
Individual – (4) Professores da Educação Básica – Entrevista online via Google Meet e WhatsApp |
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2022 |
4 |
T31- Uma dezena de coisinhas à toa que fazem a gente gostar de matemática: do direito de aprendizagem do PNAIC ao direito de aprendizagem da docência (Silva, Jane Maria Braga - UFJF) |
Individual – (8) Professores da Educação Básica Ens. Fund. anos iniciais - Não especifica. |
T32- Da perda da visão ao exercício da docência: a narrativa de vida de Daverlan Dalla Lana Machado (Saccol, Lilian Roberta Ilha - UFMS) |
Individual – (1) Professore da Educação Básica Ens. Fund. anos iniciais - Presencial e Online (via Google Meet). |
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T33- Biografias de professores(as) de escolas do campo e classes multisseriadas (Chansis, Loiva Isabel Marques - UFSM) |
Individual – (5) Professores da Educação Básica - Online (via Google Meet). |
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T34- Formação repertório e imaginários de docência: gênero e interseccionalidades em um curso de Licenciatura em Química (Machado, Gabriella Eldereti - UFSM) |
Individual – (4) Professores do Ensino Superior - Online (via Google Meet). |
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Total |
34 |
- |
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Fonte: Dados da pesquisa, 2023.
Após a leitura das teses que emergiram a partir da busca realizada, procuramos agrupá-las com relação a similaridades e diferenças de modo a conhecer suas formas de organização e condução das entrevistas realizadas com os professores. Com isso, notamos que, em sua maioria, elas apresentam um roteiro para auxiliar o entrevistador e permitir que o entrevistado relate sobre um tema em específico e de interesse da pesquisa.
Quanto à organização, as entrevistas são, em grande parte, conduzidas de maneira individual, como mencionado anteriormente, e são audiogravadas para posteriormente ocorrer a transcrição e análise do que foi dito pelos entrevistados. Destaca-se que isso se configura um trabalho oneroso, que requer organização e apoio de ferramentas e softwares tecnológicos que darão conta de auxiliar o pesquisador em sua pesquisa, coleta e análise.
A tese identificada como T1 realizou entrevistas com 14 professores do Ensino Superior. Ela teve por objetivo analisar como os conhecimentos específicos da área repercutem nos processos formativos nos cursos de licenciatura em que estes entrevistados atuam, utilizando um tópico guia nomeado pela autora de “matriz orientadora da entrevista narrativa” (Scremin, 2014, p. 55), tomando como base os estudos de Bauer e Gaskell (2011). Neste trabalho, a autora relata que seu interesse “não é a história de vida dos sujeitos entrevistados, mas sim suas concepções profissionais acerca de uma temática específica”, bem como relata que existe uma “incoerência entre o modo como a formação docente deveria ser [...] e como é revelada na pesquisa” (Scremin, 2014, p. 53), apresentando uma formação com foco “na teorização dos conhecimentos”, não estando articulada à prática docente.
De encontro ao anseio em conhecer como ocorrem os processos formativos docentes, estão os trabalhos de Zamberlan (2017), T9, que entrevistou seis docentes pertencentes ao quadro funcional do Instituto Federal Farroupilha. O estudo constatou, a partir da narrativa desses professores que ali se faz presente, a existência de diferentes contextos de atuação reunidos em uma única instituição, pois esses profissionais “precisam adquirir saberes e fazeres inerentes ao ensino fundamental, médio, superior e em diferentes modalidades” (Zamberlan, 2017, p. 188), aflorando uma gama de sentimentos, seja de “resiliência” e ou “incapacidade”.
O trabalho desenvolvido por Pieczkowski (2014), identificado como T2, entrevistou dez docentes do Ensino Superior que foram selecionados a partir do critério que condiz com a atuação desses profissionais em turmas com alunos que apresentam alguma deficiência e matriculados a partir do ano de 2010. A tese teve como questionamento propulsor: “Quais os efeitos da inclusão de estudantes com deficiência na docência universitária?”. Ela ainda abordou os desafios e as posturas dos docentes com relação às diferentes realidades enfrentadas por seus estudantes e o quanto é importante haver acolhimento, discussões e reflexões sobre a inclusão.
A investigação desenvolvida por Negrini (2015), T3, propôs-se a entrevistar 7 professores de diferentes disciplinas da Educação Básica, especificamente do Ensino Fundamental – Anos Finais, que atendem alunos com altas habilidades ou superdotação, sendo as entrevistas agendadas individualmente no próprio ambiente de trabalho dos entrevistados. A autora utilizou tópicos guias para as entrevistas, não mencionando se recorreu a algum referencial específico para orientação e organização destes.
A tese desenvolvida por Barbiero (2015, p. 8), T4, teve como objetivo “investigar a gênese e o desenvolvimento dos saberes pedagógicos-tecnológicos dos docentes de Arquivologia”. Para isso, contou com entrevistas narrativas individuais de oito docentes de um curso de Arquivologia (UFSM). O autor relata que utilizou tópicos guias para a entrevista, que nesse caso foram imagens, e teve como referenciais os trabalhos desenvolvidos por Jovchelovitch e Bauer (2002), cujas investigações relatam a organização das entrevistas narrativas a partir de fases, a saber: preparação; iniciação; narração central; fase de perguntas; fala conclusiva. A partir das narrativas dos docentes, o autor destaca que um grande empecilho para a utilização de tecnologias digitais em sala de aula é a “instabilidade da conexão à internet” (Barbiero, 2015, p. 114), e que mesmo assim esse fato não gera “desmotivação em relação à continuidade da integração da tecnologia digital no espaço educativo” (Barbiero, 2015, p. 117), demonstrando que os docentes utilizam estratégias para superar esse obstáculo.
No trabalho desenvolvido por Reis (2015), T5, realizaram-se entrevistas narrativas junto a 5 professores surdos do Ensino Superior, organizando um roteiro com questionamentos para levar os docentes a contarem sobre suas experiências e vivências enquanto professores universitários surdos. A autora utilizou, durante as entrevistas, uma filmadora para a captação de áudio e, principalmente, imagem e, posteriormente, com o auxílio de um intérprete remunerado que auxiliou na transcrição das narrativas por meio da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). A partir das narrativas desses docentes, a autora relata as condições de “angústia, dúvidas e dificuldades na Educação Superior” (Reis, 2015, p. 212) enfrentadas pelos professores sujeitos da pesquisa.
Salientamos a relevância de trabalhos que permitem discussões e reflexões sobre os processos inclusivos. Nesse ponto, destacamos a tese T21, de autoria de Thesing (2019), que entrevistou professores da Educação Básica e do Ensino Superior a respeito dos processos de inclusão, buscando, a partir das suas narrativas, compreender como aprendem a docência da educação inclusiva, defendendo que os processos devem ser assumidos pelos professores a partir da organização de sua prática docente. De encontro com o desenvolvimento desse trabalho, está outra tese analisada, a T25, que teve por objetivo compreender como um grupo de 17 professores aprende a docência no contexto inclusivo, destacando que, para a escola tornar-se inclusiva, não basta apenas aceitar a matrícula de estudantes com deficiências, mas “se propor a uma mudança nos modos de operar de seus professores, funcionários e comunidade” (Wisch, 2020, p. 239).
Em corroboração desses trabalhos, a tese T7 desenvolvida por Souza (2016, p. 11) teve o objetivo de “compreender como os professores aprendem a docência ao experienciarem o trabalho com estudantes Cotistas B, com deficiência, na UFSM”. A autora entrevistou 12 professores e destacou que a partir das narrativas emerge “o comprometimento docente para a aprendizagem de ser professor na perspectiva da educação inclusiva”, fato evidenciado a partir do momento em que os entrevistados recordam “vivências significativas” em situações que necessitaram de seu apoio e compreensão.
Dentre as teses analisadas, apenas uma, T23, optou por realizar as entrevistas em grupo, tendo como sujeitos participantes pais e professores de uma escola da Educação Infantil do Campo, em que o objetivo foi compreender as implicações da Teoria Bioecológica do Desenvolvimento Humano, de Urie Bronfenbrenner. A tese apresenta um tema interessante, abordando a importância de estimular as crianças para serem protagonistas na construção de ambiências bioecológicas sustentáveis, pensando no bem estar comum e como os pais e professores influenciam nessa construção.
No trabalho desenvolvido por Ribas (2021), T29, a autora aborda sua trajetória acadêmica e profissional, justificando que o seu trabalho tem o intuito de possibilitar a visibilidade dos professores de turmas multisseriadas no contexto rural, utilizando o método (auto)biográfico e citando como referência Bertaux (2010) e Souza (2012). Corroborando com o tema de pesquisa, a tese desenvolvida por Chansis (2022), T33, entrevista professores de escolas do campo e multisseriadas utilizando um jogo nomeado pela autora de “mosaico de memórias”, cujo intuito é auxiliar na construção das narrativas por parte dos entrevistados, aguçando memórias e permitindo contar suas histórias.
O jogo narrativo proposto na tese T33 foi composto por memórias organizadas pelas entrevistadas por meio de imagens, fotografias, textos, livros, cadernos, entre outros objetos que contavam um pouco de suas histórias, ou seja, um pouco de si e de sua trajetória pessoal e profissional. O jogo foi uma maneira encontrada pela autora para sensibilizar as professoras participantes a contarem as suas histórias e se desvencilhar do método rígido e formal proporcionado pelas perguntas e respostas engessadas.
De maneira geral, esses trabalhos visam compreender as trajetórias de vida dos professores e de que maneira se constituem as suas carreiras docentes a partir de suas narrativas. Por meio das entrevistas individuais, os entrevistados sentem segurança em narrar as razões pelas quais optaram pela carreira docente e como ocorreu a construção do “pertencer” e “ser” professor, relatando seus motivos pessoais e relações construídas ao longo de sua vida.
Nessa perspectiva, julgamos o quanto são importantes as pesquisas que permitem uma reflexão sobre a prática docente, pois, segundo Tardif (2002, p. 54), “o saber docente é, portanto, essencialmente heterogêneo” e não se deve apenas à natureza desses saberes, mas também à nossa formação, nosso posicionamento diante de diferentes grupos e instituições de formação.
É preciso considerar as vivências e experiências dos professores enquanto indivíduos para refletir sobre a sua prática educativa e conhecer qual o tipo de formação recebida, quais suas instruções acadêmicas, sua história de vida, seu contexto profissional e social para compreender o que se mostra em sua narrativa.
Diante das narrativas dos professores retratadas nos trabalhos, de maneira geral, foi possível perceber o quanto suas práticas docentes são reflexo das vivências e experiências construídas ao longo de suas vidas. Isso faz com que a maioria dos professores entrevistados se remeta a contar sua história aguçando fatos presentes em suas memórias em uma ordem cronológica que começa desde sua infância até a sua formação e iniciação na carreira docente.
A partir das narrativas, os professores esboçam as mais diversas reações por meio das lembranças que trazem consigo e que compartilham com o entrevistador, sendo esse um momento de intimidade e que ressalta a importância do olhar atento, discreto e sensível que se deve ter ao contar a história do outro.
Voltando-se ao objetivo desta investigação, que é compreender quais são as características que abrangem as entrevistas narrativas, suas possibilidades e como são organizadas, evidenciamos o esquema a seguir, Figura 1, em que foram organizadas as correlações gerais encontradas nas teses que utilizaram as entrevistas narrativas com professores em sua investigação.
Figura
1 – Organização das entrevistas narrativas.
Fonte: As autoras, 2023.
Conforme o exposto na Figura 1, os pontos de partida da maioria das pesquisas são os questionários prévios aplicados a um grupo grande de docentes, enviados via e-mail, sendo analisados e selecionados conforme o interesse da pesquisa e do pesquisador, que de maneira criteriosa deve realizar a seleção dos possíveis entrevistados. Destacamos que a seleção inicial não garante que todos esses professores serão de fato entrevistados, pois o pesquisador dependerá da aceitação dos selecionados, evidenciando a importância da organização, aplicação dos questionários, feedbacks e ações que levem à aceitação e participação dos docentes.
O pesquisador inicia o contato com os futuros entrevistados após conseguir um número de docentes que considerar conveniente com a sua investigação, sendo que, na maioria das pesquisas deste cunho, os sujeitos participantes estão entre um número de até dez pessoas. Geralmente, os pesquisadores optam por entrevistar um número pequeno de pessoas, pois, conforme enfatiza Muylaert, et al. (2014, p. 197), “assim, as entrevistas narrativas são mais apropriadas para captar histórias detalhadas, experiências de vida de um sujeito ou de poucos sujeitos”, criando um elo de confiança e comunicação para que este sinta-se à vontade em participar e contar sua história.
As entrevistas são então conduzidas, em sua maioria, de maneira individual e presencialmente com um número pequeno de participantes, permitindo o contato e a interação entre entrevistados e entrevistador, fortalecendo suas relações de confiança.
Nesse sentido, conforme destacam Pachá e Moreira (2022, p. 160):
Na entrevista narrativa o entrevistador convida e encoraja o entrevistado a contar uma história sobre um evento, um acontecimento ou sobre o objeto que se pretende investigar, apresentado dentro do contexto do entrevistado, que considera os pontos que lhe parecem relevantes para a abordagem do assunto. A interação vai construindo o significado, fazendo emergir percepções que antes da narrativa estavam escondidas ou não eram percebidas como relevantes.
Para desencadear a conversa e como forma de organização na condução das entrevistas, o pesquisador previamente elabora tópicos guias e alguns pesquisadores fazem uso de imagens que remetem à memória do entrevistado.
As entrevistas ocorrem em sua maioria (24) de forma presencial, evidenciado a preferência por manter o contato físico entre entrevistador e entrevistado. Porém, devido ao período pandêmico, a partir do ano de 2020, algumas pesquisas apontaram a utilização de plataformas online para condução das entrevistas, que ocorreram de maneira remota.
A maioria das teses apresentam sucintamente como ocorreram as entrevistas com os professores, citando o período em que foram realizadas, a duração de cada uma das entrevistas (cerca de 1 hora) e em que local os encontros presenciais foram marcados, sendo esses encontros organizados de acordo com a disponibilidade de cada entrevistado e em local de sua preferência.
Durante as entrevistas, o pesquisador entrevistador necessita contar com ferramentas tecnológicas e materiais como gravadores de som e imagem para auxiliar na posterior transcrição do que foi dito pelos entrevistados. O processo de transcrição é oneroso e requer organização por parte do pesquisador, principalmente após a transcrição na etapa de análise das narrativas.
Destacamos a preocupação e o cuidado que se deve ter em contar a história do outro. Conforme apontam Muylaert e colaboradores (2014, p. 196), “a interpretação de narrativas ainda representa um desafio aos pesquisadores que podem seguir diferentes técnicas ou métodos.” Um trabalho de leitura sensível para agrupar e comparar as trajetórias individuais narradas por cada entrevistado para estabelecer semelhanças e criar categorias para a análise.
Nada é tão simples quanto parece, pois reviver e recontar a história do outro requer responsabilidade em abordar fidedignamente a narrativa. Adentrar as emoções e mistos de sentimentos em cada palavra pronunciada exige sensibilidade e um olhar atento ao que está além do que foi dito. Parte importante da construção de um trabalho de pesquisa envolvendo a narrativa de professores é o feedback, ou seja, o retorno das entrevistas aos sujeitos participantes para que reavaliem suas falas.
Considerações finais
A partir da análise das teses encontradas, foi possível compreender as entrevistas narrativas utilizadas como instrumento de pesquisa educacional e ainda conhecer a organização e possibilidades que elas oferecem, podendo ser utilizadas em diferentes tipos de pesquisa que contemplados pela abordagem qualitativa.
Destacamos o número expressivo de teses pertencentes à Universidade Federal de Santa Maria - UFSM (26), que contemplaram essa investigação a partir do recorte temporal realizado. Diante disso, supõe-se que nessa instituição de ensino haja um grupo consolidado que utiliza a denominação “entrevista narrativa” para a constituição dos dados em seus trabalhos, tendo em vista outras metodologias também de natureza narrativa, mas que ganham outras denominações.
Acreditamos que, provavelmente, outras instituições de ensino utilizem diferentes denominações para pesquisas desse cunho. Logo, sendo esse um dado significativo e que merece ser analisado, deixando assim como sugestão o nascimento de pesquisas que possam incluir tais denominações, tendo em vista que o nosso foco foi as pesquisas orientadas por Fritz Schütze, na década de 1970, que utilizaram o termo entrevista narrativa.
Por meio da análise realizada a partir da leitura das teses, evidenciamos que as entrevistas ocorrem, em sua maioria, de maneira individual e presencial e com um número pequeno de participantes, reforçando a ideia da construção das relações entre entrevistador e entrevistado.
As entrevistas individuais permitem uma maior aproximação com o entrevistado, fazendo com que sinta segurança em contar sobre sua vida, assim, permitindo ao entrevistador-pesquisador capturar suas mais íntimas reações e compreensões sobre a construção de sua carreira docente.
As teses analisadas tiveram como sujeitos entrevistados professores, enfatizando o quanto pesquisas narrativas envolvendo esse público visam compreender a constituição de sua prática docente e criar oportunidades para refletir sobre mudanças e possibilidades que podemos encontrar ao abordar temas relativos ao campo educacional e à formação de professores.
Os principais resultados evidenciados em nossa análise apontam que o método narrativo utilizando entrevistas de maneira individual e presencial com um grupo pequeno de professores permite ir além da transmissão de informações sobre o que se deseja investigar. Ou seja, oportuniza conhecer a história de vida e como se constitui a carreira docente a partir das falas dos sujeitos entrevistados.
Referências
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