Memórias das normalistas da Escola de Educação Familiar de Londrina: décadas de 1960 e 1970
Memories of the Escola de Educação Familiar de Londrina’s normalists: 1960s and 1970s
Memorias de estudiantes normalistas de la Escuela de Educación Familiar de Londrina: décadas de 1960 y 1970
Lucila
Monteiro da Silva Barros
Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR, Brasil
lucilamsbarros@hotmail.com
Sandra
Regina Ferreira de Oliveira
Universidade Estadual de Londrina, Londrina, PR, Brasil
sandraoliveira.uel@gmail.com
Recebido em 09 de setembro de 2022
Aprovado em 11 de outubro de 2022
Publicado em 30 de julho de 2025
RESUMO
A História da Educação das Mulheres na cidade de Londrina é abordada neste artigo por meio das memórias de normalistas da Escola de Educação Familiar de Londrina, antiga instituição educacional católica para moças que atuou na cidade até o final da década de 1970. Fundamentando-se na metodologia da História Oral Temática e autores como Meihy e Holanda (2019) foram realizadas entrevistas com quatro normalistas que estudaram na Escola no período que abrange os anos de 1966 a 1972. Tais entrevistas possibilitaram o conhecimento de novas fontes como fotografias e materiais didáticos - produzidos pelas normalistas para e durante os anos letivos- que fazem parte dos acervos pessoais das entrevistadas. Como resultado foi possível compreender o cotidiano escolar e as práticas das alunas na referida escola, assim como foi possível acrescentar ao acervo do Museu Escolar de Londrina (MEL) documentos que possibilitarão outros estudos no campo da História da Educação das mulheres na cidade.
Palavras-chave: Educação de mulheres; Memória; História Oral.
ABSTRACT
The History of Women's Education in the city of Londrina is addressed in this article through the memories of the normalists from the Escola de Educação Familiar de Londrina, a former Catholic educational institution for girls active in the city until the end of the 1970’s. Based on Thematic Oral History methodology and authors such as Meihy and Holanda (2019), interviews were carried out with four normalists who studied at the school in the period between the years 1966 to 1972. These interviews allowed the reckoning of new sources such as photographs and school’s memorabilia – produced by the normalists for and during their school years - are part of the personal collections of the interviewees. As a result, it was possible to understand the school routine and the practices of the students in that school, as well as to add to the collection of the Museu Escolar de Londrina (MEL) documents for other studies in the field of the History of Education of women in the city.
Keywords: Women’s Education; Memory; Oral History.
RESUMEN
La historia de la educación de las mujeres en la ciudad de Londrina se aborda en este artículo a través de las memorias de las profesoras de la Escuela de Educación Familiar de Londrina, una antigua institución educativa católica para niñas que funcionó en la ciudad hasta finales de la década de 1970. Con base en la metodología de la Historia Oral Temática y autores como Meihy y Holanda (2019), se realizaron entrevistas a cuatro estudiantes normalistas que estudiaron en la escuela entre 1966 y 1972. Estas entrevistas proporcionaron acceso a nuevas fuentes, como fotografías y materiales didácticos —producidos por las profesoras durante y durante los años escolares— que forman parte de las colecciones personales de las entrevistadas. Como resultado, fue posible comprender la vida escolar cotidiana y las prácticas de las estudiantes en la escuela, así como agregar documentos al acervo del Museu Escolar de Londrina (MEL) que posibilitarán futuros estudios en el campo de la historia de la educación de las mujeres en la ciudad.
Palabras clave: Educación de mujeres; Memoria; Historia oral.
Introdução
Este artigo[1] apresenta a Escola de Educação Familiar de Londrina como um recorte para se conhecer a História da Educação das mulheres na cidade nas décadas de 1960 e 1970. A partir da localização de fotografias no acervo do Museu Escolar de Londrina (MEL), o Centro de Pesquisa em História e Memória da Educação Escolar de Londrina (CPHMEEL), optou-se pela investigação da instituição por meio de fontes orais. Um segundo momento deste estudo foi o levantamento de informações sobre a escola e a localização de suas ex-alunas. Após o contato com essas normalistas e aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisas Envolvendo Seres Humanos da Universidade Estadual de Londrina, foram iniciados os momentos de entrevistas. A partir destas entrevistas realizadas com normalistas que frequentaram a instituição entre os anos de 1966 e 1972, o presente trabalho busca realizar uma análise das memórias dessas alunas para conhecer o cotidiano escolar e as suas práticas. Os resultados desse estudo irão compor o acervo do CPHMEEL.
A educação feminina
Durante os séculos XIX e XX, pouco se alterou quanto ao objetivo da escolarização das mulheres de forma que muitas características das escolas de moças ao longo deste período se mantiveram, adaptando-se ao seu tempo.
A escola parecia desenvolver um movimento ambíguo: de um lado, promovia uma espécie de ruptura com o ensino desenvolvido no lar, pois de algum modo se colocava como mais capaz ou com maior legitimidade para ministrar os conhecimentos exigidos para a mulher moderna; de outro, promovia, através de vários meios, sua ligação com a casa, na medida em que cercava a formação docente de referências à maternidade e ao afeto” (Louro, 2002, p. 458).
O cenário educacional de Londrina dos anos 1950 contava com grupos escolares, escolas rurais, escolas públicas e de iniciativa privada. Apesar da coeducação ser um fato nas escolas normais desde fins do século XIX, muitas escolas, na metade do século XX, resistiam em misturar os jovens, já que cada sexo tinha papéis pré-determinados. Imperava a ideia de que as moças que estudavam nas escolas exclusivas femininas eram preparadas não só para o matrimônio, mas também para a manutenção dos valores cristãos, preservando “a ordem social vigente e não haveria riscos sociais de se libertar a mulher pela via da instrução, mantendo-se intocados a moralidade e os bons costumes cristãos” (Almeida, 2014, p. 343). Em meio a esse pensamento, a Escola de Educação Familiar de Londrina se apresenta à sociedade no início dos anos 1960.
A Escola de Educação Familiar de Londrina foi uma instituição de grau Normal privada para moças e administrada por religiosas católicas da Congregação Irmãs Missionárias de Jesus Crucificado. A instituição esteve em funcionamento na cidade de Londrina entre os anos de 1961 e 1978, localizada em uma região nobre da cidade e frequentada por jovens das classes médias e alta[2]. A instituição se configurava como uma escola para o público feminino voltada para ensinar as tarefas do lar para as jovens. Além de ter em seu currículo disciplinas básicas, como matemática e português, para a conclusão da colegial normal, havia as disciplinas didáticas voltadas para o magistério e disciplinas como enfermagem permitindo a atuação como Educadora Familiar. Dessa forma, prepararia as jovens para o casamento e o magistério, permitindo-as a ingressarem no mercado de trabalho se assim desejassem.
As disciplinas das escolas exclusivas ao público feminino eram diferentes das escolas para meninos, já que se considerava que as mulheres precisavam desenvolver seus dons domésticos e adquirir conhecimentos básicos sobre a história e geografia brasileiras, português, aritmética, de modo que fosse capaz de educar os filhos. Desde o início do século XX, era importante que:
novas disciplinas como puericultura, psicologia ou economia doméstica viessem a integrar o currículo dos cursos femininos, representariam, ao mesmo tempo, a introdução de novos conceitos científicos justificados por velhas concepções relativas à essência do que se entendia como feminino. (Louro, 2002, p. 448).
Com isso, percebe-se que as possibilidades educativas para as mulheres na região de Londrina eram delimitadas pela sociedade e o que se esperava desenvolver para que elas cumprissem o seu papel. Apresentando um panorama da educação da mulher brasileira ao longo da História, Rosemberg (2018) coloca que
No Brasil, denegou-se a educação formal às mulheres em nome de sua ‘natureza corruptível’, (...). Posteriormente, sustentou-se a necessidade de se educar as mulheres (comedidamente, porém) porque elas seriam ‘educadoras de homens’, necessários à nação. Defendeu-se a educação diferenciada, porque mulheres eram tidas como menos inteligentes e mais frágeis que os homens. Incluiu-se a Economia Doméstica em seu currículo, porque ‘a mulher é rainha do lar’. Criticou-se a escola mista, por ser ‘promíscua’. Estimulou-se a formação de professoras, porque elas, ‘verdadeiras mães’, têm ‘vocação para o sacerdócio’ que é o magistério. (Rosemberg, 2018, p. 338)
Mesmo nas escolas públicas, a preocupação com a educação das mulheres não se distanciava da preparação da jovem que visava o casamento ou atividades consideradas femininas, dado que era comum a oferta de atividades como o bordado e o corte e costura.
Entrevistas como fonte na História da Educação
O uso de entrevistas como fontes orais para se conhecer as práticas da instituição se deu a partir do reconhecimento dessas fontes como relevantes, pois “a História faz-se com documentos escritos, sem dúvida. Quando eles existem. Mas ela pode fazer-se, ela deve fazer-se sem documentos escritos, se os não houver” (Febvre, 1989, p. 249). A escolha da História Oral como metodologia de pesquisa não pretende obter uma única resposta sobre as práticas da instituição, mas fornecer uma perspectiva pessoal para recontar o passado sem ter como base apenas documentos oficiais. De acordo com Alberti,
a História Oral é um método de pesquisa (histórica, antropológica, sociológica etc) que privilegia a realização de entrevistas com pessoas que participaram de, ou testemunharam, acontecimentos, conjunturas, visões de mundo, como forma de se aproximar do objeto de estudo. (Alberti, 2013, p. 24)
Dessa forma, a História Oral constitui-se em uma produção de documentos históricos, que se tornam fontes, por meio das entrevistas. As entrevistas em História Oral atuam como um meio de “ampliar o conhecimento sobre acontecimentos e conjunturas do passado por meio do estudo aprofundado de experiências e visões particulares; de procurar compreender a sociedade através do indivíduo que nela viveu [...]” (Alberti, 2013, p. 26).
Por se tratar de uma pesquisa com um recorte e objetivos definidos, optou-se pelo modo de condução de entrevista baseado na História Oral Temática. Este gênero de História Oral se orienta por critérios específicos de captação de narrativas de acordo com cada projeto. No caso desta pesquisa, o recorte da História da Educação das mulheres na Escola de Educação Familiar de Londrina. De acordo com Meihy e Holanda,
a História Oral temática é usada como metodologia ou técnica e, dado o foco temático precisado no projeto, torna-se um meio de busca de esclarecimentos de situações conflitantes, polêmicas, contraditórias. (Meihy; Holanda, 2019, p. 38).
Por isso, as memórias narradas pelas ex-alunas por meio das entrevistas, foram transcritas e analisadas, configurando-se como fontes orais.
Para a realização das entrevistas, foi elaborado um roteiro de perguntas que serviu como um guia estruturado em três partes: a identificação pessoal da entrevistada, a sua vida cotidiana e a vida escolar. O procedimento das entrevistas, as transcrições e as suas análises apontaram para os eixos de análise selecionados para compor este trabalho trazendo as miudezas das memórias que essas normalistas construíram da escola em similitudes e diferenças. Sendo a memória a principal fonte dos depoimentos orais, ela
é um cabedal infinito onde múltiplas variáveis – temporais, topográficas, individuais, coletivas – dialogam entre si, muitas vezes revelando lembranças, algumas vezes, de forma explícita, outras vezes de forma velada, chegando em alguns casos a ocultá-las pela camada protetora que o próprio ser humano cria (Delgado, 2006, p. 16).
As entrevistas realizadas com as normalistas que frequentaram a escola no período de 1966 a 1972, produzidas como documento, fornecem uma interpretação do objeto de pesquisa. No momento das entrevistas, as normalistas compartilharam materiais de seus acervos pessoais, como fotografias, cadernos e outras fontes materiais. Seguindo uma metodologia da História Oral híbrida[3], “preza-se o poder de ‘conversa’, contatos ou diálogos com outros documentos, sejam iconográficos ou escritos como: historiográficos, filosóficos ou literários” (Meihy; Holanda, 2019, p.129).
Assumimos então, como complemento das entrevistas, materiais do acervo pessoal das entrevistadas, em formato fotográfico. Inclusas no hall de fontes historiográficas desde os anos 1960, no que denomina por revolução documental, “a importância da fotografia como fonte para a História e a História da Educação residiria nesse seu dom de permitir visualizar o ontem e o outro em seus contornos de verdade” (Vidal; Abdala, 2005, p. 178). A fotografia é ainda um testemunho imagético que permite o levantamento de outras possibilidades e versões sobre um mesmo objeto que não se apoia apenas nas lembranças ou memória do passado. Para Kossoy, “a fotografia é indiscutivelmente um meio de conhecimento do passado, mas não reúne em seu conteúdo o conhecimento definitivo dele” (Kossoy, 2014, p. 121). Ao somar-se a fotografia aos depoimentos narrados pelas normalistas, é possível reconstruir e verificar as informações providas. Além de servirem como suporte para a memória e trazer à tona lembranças até então esquecidas, as fotografias carregam
informações sobre a cultura material escolar, como os arranjos espaciais (arquitetura), as relações sociais, os contextos humanos (professores, alunos, diretores e suas respectivas posturas) e sobre as práticas escolares (festas de encerramento do ano letivo, entrega de diplomas, desfiles e comemorações cívicas, solenidades, etc.). (Bencostta, 2011. p. 400).
A partir das entrevistas novas fotografias foram sendo acrescentadas à pesquisa, principalmente pelo seu uso, por parte das normalistas, em compartilhar seus álbuns da juventude. Então, as fotografias que fazem parte dessa pesquisa foram introduzidas, em sua grande maioria, pelas entrevistadas como um gatilho para as suas memórias da Escola de Educação Familiar.
Apresentação das entrevistadas
A primeira entrevistada, ML, foi normalista da escola durante os anos de 1969 e 1970, transferida com as suas duas irmãs do Colégio Vicente Rijo, uma escola pública na região central, onde concluiu no ano anterior a 1ª série do colegial científico. Parte de uma família da zona rural, ML morava com seus pais, dois irmãos e duas irmãs na região central da cidade desde a conclusão da 4ª série. Após a finalização da educação básica, casou-se, teve filhos, ingressou na Universidade e concluiu o curso de Licenciatura em Ciências, tornando-se professora de Ciências.
A segunda entrevistada, ME, foi aluna da escola entre os anos de 1966 e 1968 e posteriormente concluiu duas graduações, em Letras e Pedagogia. Após a sua formatura na Escola de Educação Familiar, casou-se e teve filhos. Além de ter atuado como professora e outros cargos na área da educação, é autora de um livro, publicado de maneira independente, sobre as mulheres de Londrina em que apresenta biografias dessas personagens que marcaram a história da cidade, dentre elas várias professoras, o que trouxe a esta pesquisadora uma perspectiva mais ampla da cidade e sua educação.
A terceira entrevistada foi C, formanda do ano de 1972. Durante a realização da entrevista, como um recurso para relembrar daqueles tempos, ela apresentou o álbum de fotografias de sua formatura, um caderno de receitas das aulas de culinária e o caderno da disciplina de Puericultura, motivo de “puxões de orelha” por parte das Irmãs pelos recortes de revista colados em suas páginas. Jovem da alta sociedade londrinense, foi aluna da escola durante os anos de 1970 a 1972. Após a conclusão do grau Normal não exerceu o magistério.
A quarta entrevistada, A., narrou suas lembranças mais marcantes do período em que estudou na instituição. Filha de médico, se casou aos 14 anos, e logo teve o seu primeiro filho. Sua relação com a Escola de Educação Familiar se iniciou no ano de 1966, quando iniciou o curso normal de Educação Familiar por indicação de sua mãe após concluir o ensino ginasial em uma escola católica. Após a conclusão do curso normal de Educação Familiar prestou concurso público para o cargo de professora, cursou duas graduações, Educação Física e Administração, dois mestrados, doutorado e pós-doutorado em instituições no exterior. Atualmente atua como professora no Ensino Superior.
Entende-se essas mulheres, brancas e de classes mais abastadas, como jovens que frequentavam a instituição para, além da formação básica, se formar para o lar, um desejo por vezes das famílias ou pessoais. Ainda que não fossem exercer a docência, “o magistério era o curso mais procurado pelas moças, (...) pois muitas contentavam-se apenas com o prestígio do diploma e a chamada ‘cultura geral’ adquirida na escola normal” (Bassanezi, 2002, p. 625). Isso indica que havia uma expectativa de formar projetos de vida que definiam a formação da mulher para o casamento como uma formação mais relevante, naquele período, do que a formação profissional.
O cotidiano da Escola de Educação Familiar de Londrina
O dia a dia escolar da Escola de Educação Familiar era o de uma escola regular matutina, porém o caráter familiar era bem demarcado nas práticas escolares. Segundo os relatos das ex-alunas, a escola funcionava apenas nos períodos da manhã até o meio-dia e, por vezes, “quando tinha aula de culinária a gente ficava até mais tarde porque almoçava lá” (ME, 2021). Em algumas disciplinas, as alunas tinham estágios a cumprir no contraturno, como enfermagem ou Serviço Social. Esses momentos de prática fora do ambiente escolar foram relatados pelas formandas. A disciplina de Enfermagem, que aparece em duas ocasiões no currículo da formanda de 1968 – nas 1ª e 3ª séries – possuía uma parte de aulas teóricas e outra de aulas práticas.
Enfermagem a gente fez no pronto socorro estágio e também na (...) (hospital) Santa Casa. A gente fez o estágio ali no Pronto Socorro, atendendo junto com médico, enfermeira orientando a gente, tal. E também na pediatria. (...) E esse estágio que a gente fez na Santa Casa, a gente botou a mão na massa mesmo. A gente trabalhou na maternidade, fez estágio. Então tinha aula prática, não era só teoria. Isso era muito importante. Nós temos só teoria nas matérias básicas, né. Ali tinha teoria dessas matérias complementares e a prática delas. (ME, 2021).
Em suas narrativas, ML, formanda no ano 1970, se recorda do trabalho realizado em um bairro periférico da cidade (Figura 1) ao ter contato com as fotografias do acervo do CPHMEEL referentes à escola e relata como foi feito esse estágio ou projeto, como ela se refere, e quais funções exercidas por ela: “era o Serviço Social, por isso que a gente ia nas comunidades... Nossa, foi a primeira vez que eu entrei numa favela, eu me arrepiei” (ML, 2021). E, ainda de acordo com ela, a escola recebia apoio da igreja católica para realizar esses cursos.
Então a gente sempre teve, assim, o apoio da Igreja.... porque as Irmãs com certeza... fizeram todo esse trabalho junto com o Jardim do Sol, pra gente ter onde ficar, por que como que você vai... não tinha nem como ter fogão lá na comunidade (ML, 2021).
Figura 1 – Escola Municipal do Jardim do Sol_Clube das Mães. Aula de culinária ministrada pelas normalistas da Escola de Educação Familiar
Fonte: Centro de Pesquisa em História e Memória da Educação Escolar de Londrina (CPHMEEL).
Seguindo os ideais da Congregação indicando o trabalho da caridade, a escola realizava cursos para mulheres nas periferias da cidade. Dessa forma, a escola estaria realizando o trabalho assistencialista da caridade enquanto as alunas realizavam a parte prática de seu currículo em comunidades carente. Ainda que com um viés assistencialista, a formação provida pela escola levava as alunas para fora do ambiente escolar para desempenharem diferentes funções sociais da educadora familiar, como ministrar cursos de culinária e bordado, entre outros. Todas as entrevistadas se recordam de momentos em que saíram para realizarem estágio e ministrarem cursos. Na narrativa de C., ela conta como eram realizadas as aulas práticas:
No terceiro ano você tinha que fazer essas aulas práticas: sair para ensinar pessoas carentes. Como elas poderiam, com orçamento tão baixo, conseguir comprar e fazer algumas coisas diferentes, né. Então a gente tinha que pesquisar muito o que a gente poderia ensinar pra pessoa de baixa renda. Era difícil, não era fácil, porque eles não dispunham de muitas coisas. (C., 2021)
Os locais das aulas práticas, sempre nas periferias de uma Londrina que crescia sem planejamento, eram muito diferentes da realidade que viviam.
Tipo favela mesmo. E a gente tinha problemas para ir, porque as Irmãs, elas eram muito ingênuas, elas não têm experiência de vida: nós éramos todas mocinhas – 17, 18 anos- e quando fomos lá, as mulheres falaram pras (sic) Irmãs que tinha que mudar o dia porque os maridos, no dia que nós íamos, não iam trabalhar só pra esperar as moças bonitas. (risos) Mas ia a escola inteira (C., 2021).
Além de ser em regiões da cidade que não frequentavam, havia a dificuldade com o transporte das alunas para esses locais.
a Irmã dividia sempre em duas turmas: uma ia na quinta, outra ia na terça. Dependia de carro pra ir, não tinha ônibus com a facilidade que tem hoje. Tudo era um pouquinho mais difícil. (C., 2021)
Outra lembrança narrada por duas das quatro entrevistadas foram momentos de viagens e excursões realizadas entre os anos de 1967 e 1971 com a escola. De acordo com ME, retratada na figura 2 com suas colegas e a diretora da escola, Irmã Lucia,
as freiras nos levaram em uma excursão no Rio de Janeiro.... qual é aquela cidade bem próxima do Rio, uma cidade turística que tem ali? Petrópolis. Tinha uma casa de freiras lá em Petrópolis. E nós ficamos hospedadas... não, não ficamos hospedadas... fizemos uma refeição lá. Eram freiras da mesma congregação, isso eu lembro perfeitamente. (ME., 2021)
Figura 2 – Excursão da Escola de Educação Familiar para Petrópolis/RJ
Fonte: Acervo pessoal de ME.
A turma de 1972 acompanhou, no ano anterior, a viagem das formandas para o Paraguai. Sobre a viagem, C. relata
as formandas do terceiro queriam ir pro Paraguai fazer compras, mas aí como não encheu o ônibus, elas convidaram quem quisesse ir. Eu e minha irmã fomos. Elas aprontaram com essas irmãs na viagem, jogaram até travesseiro na cabeça delas (C., 2021).
Hoje, ela se recorda desse momento como uma viagem perigosa a se realizar com meninas e em um país tido por ela como violento.
Chegou numa altura que era estrada de terra, tinha chovido, nós encalhamos não sei onde. O ônibus, tivemos que dormir e fomos dormir numa escola, num convento. Claro que no convento era tudo limpinho, maravilhoso, um café maravilhoso da manhã. Fomos seguir viagem, um monte de caminhão atolado e só nós, um ônibus com aquele monte de menina (C., 2021).
Esses relatos apontam que, mesmo em um ambiente escolar católico e com regras, às normalistas eram oferecidas oportunidades de conhecer um mundo para além da escola e da cidade de Londrina. Para tais eventos, desde um curso ofertado em periferias às viagens com as alunas, a instituição contava com uma rede de apoio católica: hospedagens em escolas ou conventos e o uso de salões de igreja foram relatos que surgiram durante as entrevistas.
Dentre as disciplinas características do ensino normal na Escola de Educação Familiar, no ano de 1968 é relatado que, além das disciplinas do currículo básico, as alunas
(Nós) tínhamos o direito familiar, enfermagem e puericultura que não tinha em outros lugares, serviço social também, artes femininas. (...) a gente aprendia além de costurar, fazer tricô, crochê” (ME., 2021).
A disciplina de Artes Femininas englobava diferentes práticas, como crochê, bordado, tricô e corte e costura. A fotografia 3 retrata as formandas de 1970 em um espaço de aulas, possivelmente a cozinha onde eram ministradas as aulas de culinária e onde se pode observar um armário com utensílios de cozinha e uma lousa onde se lê as tarefas de cada aluna para aquela aula. ML recorda-se desses momentos:
Então o curso tinha: como cuidar da casa. Na parte de culinária era assim: uma vez por semana tinha a aula de culinária que durava 2 horas. Aí você começava: fazia um arroz e uma sobremesa; fazia uma torta salgada e uma sobremesa - sempre assim. E, quando terminávamos, você viu ali na lousa (fotografia), uma responsável por lavar, outra por secar, limpar o chão. Com isso, não tinha como: quem não fazia nada em casa porque tinha empregada, duas empregadas, porque as vezes tinha essa situação, elas iam ter que fazer, né. Me lembro que a gente brincava também, era uma coisa agradável (ML., 2021).
Figura 3– Álbum de formatura – Turma de 1970
Fonte: Acervo pessoal de ML.
Além de aprenderem a cozinhar nessas aulas, “terminava a aula de culinária, porque era assim: a gente fazia um prato salgado, um prato doce e dividia: cada uma levava pra casa um pedaço até bom, grande” (ML, 1970). Para além da culinária, na fotografia as alunas exibem algumas de suas criações produzidas ao longo de seus anos de formação na escola como bandejas trabalhadas em madeira, novelos de lã, álbuns e imagens de arranjos florais.
De acordo com as narrativas das entrevistadas, as disciplinas envolvidas nas Artes Femininas diziam respeito a uma habilidade por ano, como a afirmação de ML de que “a costura parece que era do 1º ano e a culinária do 3º ano” (ML., 2021). Cada habilidade dentro do englobado pelas Artes Femininas acontecia em um ano letivo.
Então no 1º ciclo, 1º ano, era costura: você tinha que fazer uma peça de cada coisa que se usasse, por exemplo: uma peça de pijama de homem e uma de pijama de mulher, aí você entrava em, como fala, na linha de cama e mesa, eu tenho aí se você quiser tirar foto. Minha irmã também tem. Nós tínhamos que bordar, você tinha que bordar. E aí a gente bordou, tem, nós temos o cálculo de 50 anos, e o lençol tá aí porque bordar era uma coisa boa. (ML., 2021)
As entrevistadas têm forte em suas lembranças essas aulas e todas possuem produtos que fizeram na escola, desde bordados à trabalhos com madeira. A. se recorda dos produtos das aulas de costura, parte das Artes Femininas, que guarda com cuidado ainda hoje.
Eu adorava costurar? Não, não adorava e as vezes até pedia pra alguém costurar pra mim e levar tarefa feita (risos). Mas, enfim, tive alguma noção. Bordado eu aprendi bordar bem, bordava até nome em camisa assim, com pontinhos. Até hoje eu tenho as coisas bordadas, era uma coisa muito interessante. A gente bordava nos quadradinhos e guardava, tudo que é ponto que você pode imaginar. (A., 2022)
Outro aspecto recorrente nas narrativas foi o uso dos uniformes na instituição, que se pareciam com outros uniformes femininos de escolas do mesmo período[4]. De acordo com Silva,
No interior do espaço escolar, muitas vezes, associados à higiene e à disciplina, os uniformes estiveram (e estão) presentes não só como dispositivo de controle e imposição de hábitos, mas também como objeto de moralização e de uniformização da escola. (SILVA, 2019, p. 198)
As fotografias, em preto e branco, não permitem a visibilidades das cores dos trajes das alunas, por isso, recorre-se ainda às lembranças delas para recriar os uniformes da escola. Segundo ME, o uniforme, até o ano de 1968, era composto por
Saia plissada azul, blusa branca, tinha uma gravatinha vermelha, olha só que chique! Uma gravatinha vermelha e sapato preto e meia branca. E tinha uniforme de gala que era um coletinho, tinha uma... outra coisa pra botar na cabeça, uma boina, sei lá, não lembro, mas tinha algo pra pôr na cabeça (ME., 2021).
Figura 4 – Nas dependências da escola – Turma de 1968
Fonte: Grupo Londrina Memória Viva – Facebook. Disponível em: https://www.facebook.com/photo?fbid=454275101281296&set=oa.353727724717046. Acesso em 02 de abril de 2022.
No ano de 1970, as formandas foram retratadas em seus uniformes apresentando algumas diferenças daquele do ano de 1968. Na figura 5, as alunas (e um professor ao fundo, como relatado por uma normalista em entrevista) retratadas para o álbum de fotos das formandas de 1970 surgem com um novo detalhe em xadrez nas saias e há uma mudança na cor da saia: “Esse era o nosso uniforme. Saltinho mesmo, ou não. A meia, e essa saia era verde, vermelha” (ML., 1970).
Figura 5 – Álbum de formatura – Turma de 1970
Fonte: Acervo pessoal de ML. (1970)
Ainda em 1970 pode-se averiguar mudanças quanto ao indumentário das alunas, que trocaram a clássica saia azul pela saia xadrez verde e vermelha e dispensaram o uso da gravata, compondo um visual menos rígido. ME se recorda que, para as aulas de culinária, ela e sua turma usavam um uniforme específico para a ocasião.
E quando a gente fazia arte culinária, a gente vestia... tinha um uniforme também, modelo único pra todo mundo, não era aventalzinho que cada um leva de casa. Era um avental bem-ajambrado, que pegava tudo. E outra, na cabeça você também usava um lenço, fazendo parte, complementando o... como é que chama, meu deus, o avental. (ME., 2021).
As formandas do ano de 1972 (figura 6) permaneceram utilizando a saia xadrez e blusa branca, porém a gravata não aparece como parte das vestimentas. Outro ponto é que as alunas de 1972 parecem desfrutar de maior liberdade quanto ao uso do uniforme, visto que se verifica algumas alunas sem a blusa branca característica do vestuário escolar. O uniforme, parte do currículo escolar invisível, é ainda um determinador da identidade das jovens, marcando-as como normalistas fora do ambiente escolar.
Figura 6 – Álbum de formatura – Turma de 1972
Fonte: Acervo pessoal de C.
As narrativas quanto à rigidez das irmãs variam nas lembranças das alunas de acordo com suas experiências na juventude, o que poderia sofrer influência da relação familiar. A ME, formanda de 1968, considerava a escola nada rígida.
Elas eram bem liberais. Tinha uma freira que era uma pessoa extraordinária, ela chamava Irmã N. Inclusive usava mais roupa à paisana como nós, do que o hábito dela, religioso. Do que a vestimenta dela de freira. E era uma mulher, assim, pra frente, era impressionante. (ME., 2021)
Já C. relata que as Irmãs eram rígidas, inclusive quanto ao controle do uniforme das alunas.
Todo dia era uma “brigaiada” por causa do comprimento das saias. E naquela época a gente usava uma ceroula longuinha de roupa de baixo para não usar um saiote, então a minha mãe comprou ceroulas, mas muito femininas. Então a Irmã falava pra gente que a gente tava usando uma saia tão curta que dava pra ver a calcinha, calcinha que batia aqui (aponta para acima do joelho). (C., 2021)
A rigidez e a vigilância sob o comportamento das alunas iam além da fiscalização com os uniformes e afetavam até os cadernos das alunas. A C. narra uma ocasião em que foi repreendida pela professora de Puericultura devido a uma imagem colada em seu caderno. Era comum que as alunas enfeitassem seus cadernos com recortes de revistas e informações sobre o assunto abordado na página. Ao recortar fotografias de um homem e uma mulher e seus corpos nus, ainda que não se revelasse muito, a aluna foi repreendida. “Essa foto aqui, ela falou pra eu tirar do meu caderno, que era pra eu desmanchar, descolar, não era permitido, como eu pude fazer uma coisa assim” (C., 2021).
Figura 7 – Caderno de Puericultura – ano 1971
Fonte: Acervo pessoal de C.
Esse episódio fez com que a aluna percebesse essa educação de outro modo e questionasse que tipo de formação ela teria se não lhe fossem respondidos os seus questionamentos sobre a saúde, por exemplo.
Elas eram, assim, muito rígidas. Quando uma pessoa é muito rígida você não tem como crescer, porque tudo o que você pergunta pra ela é demais. Então como você vai desenvolver, crescer? Olhava a foto do meu caderno, "é um absurdo". Que que ela vai ensinar pra você? E a gente era muito criança, elas não tinham juízo. (C., 2021).
Quanto a essa rigidez no tratamento do corpo humano e sua reprodução nas aulas de Puericultura, pode-se retomar Louro (1997), que retoma Foucault e o conceito de biopoder.
O conceito foucaultiano de "biopoder", ou seja, o poder de controlar as populações, de controlar o "corpo-espécie" também parece ser útil para que se pense no conjunto de disposições e práticas que foram, historicamente, criadas e acionadas para controlar homens e mulheres. Nelas é possível identificar estratégias e determinações que, de modo muito direto, instituíram lugares socialmente diferentes para os gêneros, ao tratarem, por exemplo, de "medidas de incentivo ao casamento e procriação (Louro, 1997, p. 41).
O relato de C. indica uma mudança no paradigma no que diz respeito aos costumes e aponta que “ao lado das fórmulas conservadoras, repetidas à exaustão por vozes autoidentificadas como de ‘cidadãos sérios e responsáveis’, conviviam atitudes que denotavam a ‘evolução dos costumes’ num sentido de maior liberdade e igualdade” (Pinsky, 2018, p. 516)[5].
O cotidiano escolar narrado pelas alunas ressalta o aspecto familiar e pouco se menciona ou se recorda sobre as disciplinas básicas do currículo, como matemática ou português, ou de seus professores. Havia a priorização da educação familiar e formação para o lar e a possibilidade de seguir para o ensino superior aparecia como uma oportunidade de conseguir atender aos ideais ultrapassados da mulher como “rainha do lar” e como futura mulher profissional que complementa as economias do lar.
Considerações Finais
As memórias que essas mulheres compartilharam foram tratadas e analisadas com respeito às suas histórias de vida. Este artigo destacou o dia a dia das normalistas que frequentaram a instituição entre os anos de 1966 e 1972 e a percepção que têm, hoje, das práticas escolares que contribuíram para suas formações. Percebe-se que cada normalista vivenciou a instituição e sua vida escolar de maneiras peculiares à condição familiar e social de cada uma em seu próprio tempo. Em suas narrativas é possível perceber se eram jovens com muita ou pouca liberdade, se haviam interesse em seguir a carreira que tiveram posteriormente à formação na escola, se possuem boas ou más memórias daquele lugar, e outros aspectos da sua vida escolar. Foi possível conhecer um pouco mais da Londrina dos anos 1960 e 1970, com foco no universo escolar para além da Escola de Educação Familiar, pois estudaram, a maioria, nas mesmas escolas.
Os relatos apontam que, apesar das mudanças sociais e culturais iniciadas nos anos 1960, as mulheres tinham um lugar destinado a elas: a família e a formação para o lar. Tais relatos acabam por referendar a ideia da mulher do século XIX, a que cuida e que não precisa de uma formação escolar e quando a tem, é apoiada por um desenho curricular que destaca essa formação para o lar. A postura das Irmãs, de acordo com as narrativas das alunas, foi diferente de seu tempo. Apontada como moderna, a atitude da escola em colocar as normalistas em contato com o mundo social divergente do delas, mesmo que a partir de uma visão assistencialista, foi um diferencial na formação da escola.
Ainda que o cenário da educação feminina no ambiente escolar se aproximasse do ambiente doméstico, a nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira, de 1961, modificou as opções das mulheres quanto às opções de continuidade dos estudos. Assim, a LDB/61, garantiu que as alunas de magistério tivessem a possibilidade de continuar seus estudos, se assim desejassem, no ensino superior. Aos poucos, as mudanças educacionais alcançariam as mudanças sociais e culturais das décadas de 1960 e 1970 que transformaram a vida das mulheres. Com base em Pinsky (2018), entende-se que houve uma dissolução das diferenças de currículo entre alunos e alunas nos anos 1960 e 1970, o que levou a uma mudança comportamental no que se tratava da educação superior das mulheres. Dessa forma, a educação superior se destacava como um caminho para a independência financeira feminina e uma maneira de se aproximar homens e mulheres no campo profissional.
Tomando as narrativas das normalistas da Escola de Educação Familiar de Londrina para compreender a História da Educação da cidade, este artigo contribuiu para construir a historiografia da instituição e acrescentou novos conhecimentos à História da Educação das Mulheres em Londrina.
Referências
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Notas
[1] O presente artigo é resultado da Dissertação de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Londrina intitulada “’Meus tempos de normalista’: memórias de alunas sobre a Escola de Educação Familiar de Londrina nas décadas de 1960 e 1970”.
[2] A documentação escolar localizada aponta que o corpo discente da escola era formado majoritariamente por jovens solteiras e católicas. Dentre as informações localizadas estão informações sobre a idade, o estado civil, a naturalidade, religião e habilidades domésticas prévias.
[3] Esta pesquisa, ancorada em Meihy e Holanda, compreende a História Oral Temática como um gênero de História Oral e a História Oral Híbrida como uma decisão de construção da narrativa. Há um imbricamento entre a História Oral Temática e a História Oral Híbrida, visto que se complementam e a História Oral Temática figura como eixo condutor da pesquisa.
[4] Escolas Normais pelo país utilizavam os uniformes das normalistas compostos pela saia azul e blusa branca desde fins do século XIX e o seu uso se espalhou pelo país no século XX, identificando as normalistas. (SCHOLL; RIGONI JACQUES, 2012).
[5] O recorte temático deste artigo tem por objetivo trabalhar com a História da Educação das mulheres. Porém, os resultados da pesquisa apresentaram potencialidades para adentrar na temática do gênero e controle dos corpos femininos em pesquisas futuras.