Do MST à União dos Agricultores de Ermera (Timor-Leste): reflexões e experiências acerca da universidade popular camponesa

 

From the MST to the Peasant Union of Ermera (Timor-Leste): reflections about the popular peasant university

 

Del MST al Unión Campesina de Ermera (Timor-Leste): reflexiones y experiencias sobre la universidad popular campesina

 

 

Samuel Penteado Urban

Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Brasil

samuelurban@uern.br

 

Recebido em 12 de maio de 2021

Aprovado em 12 de maio de 2022

Publicado em 14 de junho de 2023

 

RESUMO

Após anos de invasão proporcionados por Portugal e Indonésia, Timor-Leste conquista a restauração de sua independência no ano 2002, sendo considerada a primeira democracia a se estabelecer como tal no século XXI. Após essa restauração, em contraposição há séculos de opressão, que se manifestaram através da educação bancária, bem como pela concentração de terras exercida pelas forças invasoras, surge a ideia da formação do movimento social do campo União dos Agricultores de Ermera (UNAER), como também a ideia de se criar uma universidade popular camponesa, que partisse das reais necessidades daquelas famílias do campo. Assim, a presente reflexão/experiência objetiva externar a universidade popular camponesa do Timor-Leste, intitulada Instituto de Economia Fulidaidai-Slulu (IEFS), sob influência do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e, mais especificamente, da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF). Metodologicamente, tem-se como ponto de partida reflexões acerca da idealização da ENFF. Em seguida, com base em experiências de pesquisa participante/ativista junto à construção curricular do IEFS, juntamente com a utilização de pequenos fragmentos de entrevistas semiestruturadas realizadas com membros e parceiros da UNAER, será apresentado o IEFS, trazendo a influência da ENFF. Por último, como resultado dessa influência, serão apresentadas a construção do currículo do IEFS, considerando-o como uma universidade popular camponesa.

Palavras-chave: Universidade Popular. Educação Popular. Campesinato.

 

 

ABSTRACT

After years of invasion provided by Portugal and Indonesia, Timor-Leste conquers the restoration of its independence in 2002, being considered the first democracy to establish itself as such in the 21st century. After this restoration, in contrast to centuries of oppression that manifested themselves through banking education, as well as by the concentration of land exercised by the invading forces, the idea of ​​forming the social movement Peasant Union of Ermera (UNAER) arises, as well as the idea of ​​creating a peasant popular university, based on the real needs of those rural families. Thus, the present reflection/experience aims to externalize the peasant popular university of Timor-Leste, entitled Fulidaidai-Slulu Institute of Economics (IEFS), under the influence of the Ladless Workers Movement (MST) and, more specifically, of the Florestan Fernandes National School. Methodologically, the starting point is reflections on the idealization of ENFF. Then, based on experiences of participant/activist research in the curriculum construction of the IEFS, together with the use of small fragments of semi-structured interviews conducted with UNAER members and partners, the IEFS will be presented, bringing the influence of ENFF. Finally, as a result of this influence, the construction of the IEFS curriculum will be presented, considering it as a popular peasant university.

Keywords: Popular University. Popular Education. Peasantry.

 

RESUMEN

Después de años de invasión por parte de Portugal y Indonesia, Timor-Leste logró la restauración de su independencia en 2002, siendo considerada la primera democracia en establecerse como tal en el siglo XXI. Después de esta restauración, frente a siglos de opresión, que se manifestaron a través de la educación bancaria, así como la concentración de la tierra ejercida por las fuerzas invasoras, surgió la idea de formar el movimiento social del campo União dos Agricultores de Ermera (UNAER), como también la idea de crear una universidad popular campesina, a partir de las necesidades reales de esas familias campesinas. Así, la presente reflexión/experiencia pretende exteriorizar la universidad popular campesina de Timor-Leste, denominada Instituto de Economia Fulidaidai-Slulu (IEFS), bajo la influencia del Movimiento de Trabajadores Rurales Sin Tierra (MST) y, más específicamente, del National Escuela Florestan Fernandes (ENFF). Metodológicamente se toma como punto de partida reflexiones sobre la idealización de la ENFF. Luego, con base en experiencias de investigación participativa/activista con la construcción del currículo de la IEFS, junto con el uso de pequeños fragmentos de entrevistas semiestructuradas realizadas con miembros y socios de la UNAER, se presentará la IEFS, trayendo la influencia de la ENFF. Finalmente, como resultado de esta influencia, se presentará la construcción del currículo de la IEFS, considerándola como una universidad popular campesina.

Palabras clave: Universidad popular. Educación Popular. Campesinado.

 

Introdução

Como ponto de partida, faz-se necessário realizar um pequeno enquadramento histórico-espacial do país onde se assentam os sujeitos desta experiência/reflexão. Este se localiza no sudeste asiático, compreendendo uma pequena área de aproximadamente 15000 km2.

Num longo processo histórico (1512 a 1975), Timor é considerado uma colônia portuguesa, contexto este iniciado no período das grandes navegações. Primeiramente, não se estabelece, com o Timor, uma relação de exploração, sendo que, após 1515, inicia-se a exploração do sândalo (SILVA, 2020). Nesse período, segundo Silva (2011, p. 04), missionários católicos da Ordem de S. Domingos foram enviados a Timor com o intuito de promover a “civilização” dos povos “menos desenvolvidos”. De certa forma, o caso de Timor assemelha-se muito ao ocorrido no Brasil, sendo que o processo de “colonização, foi, sobretudo, uma empreitada comercial. Os nossos colonizadores não tiveram — e dificilmente poderiam ter tido — intenção de criar, na terra descoberta, uma nova civilização. Interessava-lhes, em um primeiro momento, a exploração comercial da terra”. (FREIRE, 1967, p. 67).

Já no século XX, diversos problemas sociais foram aflorando em um local que almejava a modernidade. A perda de muitos de seus territórios coloniais fez com que Portugal voltasse os olhos para o país asiático, pois seu poderio, dentre as nações europeias, já era muito inferior ao “status de que usufruía no palco europeu na época dos descobrimentos”. (SCHOUTEN, 2007, p. 28). Isto é, Portugal “se tornara uma espécie de Estado de segunda categoria, em nada comparável ao status que usufruíra no palco europeu na época dos descobrimentos”. (SCHOUTEN, 2007, p. 28).

Como forma de resistência, em maio de 1974, foi fundada a Associação Social Democrática Timor, que, em setembro desse mesmo ano, foi renomeada para Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente (FRETILIN) (BELO, 2020). Com isso,

 

[...] em agosto de 1975, o partido da FRETILIN passou a controlar todo território do antigo Timor Português, desde setembro até dezembro, altura em que se deu a invasão das forças armadas indonésias (7 de dezembro de 1975). Mesmo depois da queda da capital Díli e de outras cidades, como Baucau, Ermera e Maliana, a FRETILIN ainda exercia a sua influência junto das populações do interior, até 1978. (BELO, 2020, p. 15).

 

Em 28 de novembro de 1975, “a FRETILIN proclamou unilateralmente a independência de Timor-Leste a e estabeleceu o seu primeiro governo”. (BELO, 2020, p. 15), isto é, a República Democrática de Timor-Leste (RDTL). Isso se deu pela necessidade de se constituir um governo com o intuito de resistir aos invasores, pois já se previa uma invasão.

Essa previsão ocorreu pelo fato de que as lideranças da FRETILIN tinham conhecimento das conversas que estavam sendo realizadas entre Hadji Mohamed Suharto (presidente indonésio na altura) e Gerald Ford (presidente estadunidense na altura).

Em linhas gerais, a conversa tratou do apoio militar estadunidense para a futura invasão, objetivando acabar com a “ameaça” comunista, mesmo que ela não existisse de fato, no sentido de implantar a estabilidade na região (CHOMSKY, 2000). É nesse sentido que, com a autorização secreta de Washington (CHOMSKY, 1999), Timor-Leste foi o local de algumas das piores atrocidades da era moderna (CHOMSKY, 1999a), que gerou a morte de um terço da população nos 24 anos de invasão indonésia.

Dias depois, esse processo de independência foi interrompido pelos indonésios, que invadiram o país em 7 de dezembro de 1975, apoiados pelos EUA, Inglaterra e Austrália no contexto de Guerra Fria, caracterizado por um “despotismo descentralizado”. (SANTOS, 2009). Ou seja, os Estados Unidos da América (principal agente) realizaram, de forma indireta, a invasão no Timor-Leste (CHOMSKY, 2000, p. 37), utilizando-se de representantes regionais geograficamente próximos a Timor-Leste, sendo denominado por Harvey (2010) como “hegemons regionais”. Estes, representados por Indonésia e Austrália.

Ainda, segundo Harvey (2010, p. 16), afirma-se que “Análises bem completas do imperialismo americano estavam disponíveis nos anos 1960, tendo como foco particular o papel dos Estados Unidos na América Latina e no Sudeste Asiático”.

            Sendo assim, o contexto atual de Timor-Leste é resultado de processos históricos de invasão, nos quais se destacam como principais agentes: Portugal, no período das Grandes Navegações e do imperialismo (1515-1975); e Indonésia, no período da Guerra Fria, sendo que os Estados Unidos da América do Norte e a Austrália possuíam, naquele momento, relevantes papéis - o primeiro fornecendo armamentos e o segundo com o interesse no petróleo presente no mar do sul de Timor (1975-1999).

Cabe destacar que a conquista pela restauração da independência de Timor-Leste, conquistada em 20021, deu-se pela resistência de guerrilha exercida pelo povo leste-timorense, em consonância com processos de educação popular que visavam a alfabetização e letramento, como também a formação de paramédicos para atuarem em meio à guerrilha. Essa manifestação educativa é denominada, por Silva (2020), como Pedagogia Maubere e teve grande influência da obra Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire (1987).

Após essa restauração, em contraposição há séculos de opressão que se manifestaram através da educação bancária (SILVA, 2020), bem como pela concentração de terras exercida pelas forças invasoras, surge a ideia da formação da União dos Agricultores de Ermera (UNAER) e, consequentemente, a idealização da universidade popular camponesa, intitulada Instituto de Economia Fulidaidai-Slulu (IEFS).

De tal modo, a presente reflexão/experiência de pesquisa objetiva apresentar essa universidade popular camponesa do Timor-Leste, sob influência do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e, mais especificamente, da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF).

Metodologicamente, tem-se como ponto de partida o relato de Heloísa Fernandes (2015) e do próprio MST (2020) acerca da idealização da ENFF, estabelecendo relações com a educação presente no MST (KOLLING; VARGAS; CALDART, 2012). Em seguida, com base em experiências junto à construção curricular do IEFS, através de pesquisa participante/ativista, juntamente com a utilização de pequenos fragmentos de entrevistas semiestruturadas realizadas com membros e parceiros da União dos Agricultores de Ermera (UNAER), com destaque para as entrevistas realizadas com um Professor da Universidade Nacional de Timor Lorosa’e (um dos idealizadores do Instituto de Economia Fulidaidai-Slulu), que será chamado aqui de Professor2 e com um camponês UNAER, chamado aqui de Camponês3, será apresentado o IEFS, trazendo a influência da ENFF. Por último, serão externadas as experiências relacionadas à construção do currículo do IEFS, considerando-o como uma universidade popular que possui discussões que se aproximam da ENFF, porém, possuindo as suas peculiaridades.

Sobre a experiência no país asiático, ela é fruto de pesquisas e ações que vêm sendo realizadas desde 2013, quando, pela primeira vez, de forma conjunta com a União dos Agricultores de Ermera (UNAER), foi possível a construção de uma universidade popular do campo, denominada Instituto de Economia Fulidaidai-Slulu.

Cabe destacar que essa atividade só foi possível por meio da promoção de uma cooperação educacional realizada na perspectiva Sul-Sul, num momento da política externa brasileira totalmente distinto da atual, através da formação de professores pelo Programa de Qualificação de Docentes e Ensino de Língua Portuguesa, promovido pela parceria CAPES/UFSC.

Ainda no que se refere à experiência junto aos camponeses do Timor-Leste, em 2017, por meio do programa de Pró-mobilidade Internacional (AULP/CAPES), na qualidade de doutorado sanduíche, junto à Universidade Nacional de Timor Lorosa’e (UNTL), foi possível continuar as ações iniciadas em 2013 e, assim, exercendo atividades como docente do Instituto de Economia Fulidaidai-Slulu (IEFS).

 

A Escola Nacional Florestan Fernandes como modelo de universidade popular camponesa

Em 1981, antes mesmo da fundação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), ocorrida em 1984, as famílias camponesas, que mais tarde fundariam o movimento, já se preocupavam com a educação (KOLLING; VARGAS; CALDART, 2012, p. 500). A porta de entrada para essa discussão surgiu junto à infância, pois havia a preocupação com o “cuidado pedagógico das crianças dos acampamentos de luta pela terra”. (KOLLING; VARGAS; CALDART, 2012, p. 500).

No período que antecede a fundação da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), o MST concentrou as suas lutas educacionais para a constituição de escolas básicas do campo, bem como pela conquista de parcerias com universidades públicas, na busca pela formação superior.

Em 23 de janeiro de 2005, fundamentada na educação popular e tendo como foco desenvolver a luta camponesa (como também a classe trabalhadora de forma geral), é inaugurada a Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), ou seja, a universidade popular camponesa do MST (MST, 2020).

Com o seu funcionamento, durante todos os anos, membros de movimentos sociais do mundo todo, que lutam pela construção de mudanças sociais, através da via campesina, participam de cursos de formação promovidos pelo MST e demais movimentos, e intelectuais parceiros da escola (FERNANDES, 2015; MST, 2020).

            Sobre a sua construção, com base nos relatos do próprio MST, ela foi construída:

[...] pelas mãos de mais de 1 mil Sem Terra e mantida pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) com apoio de outros movimentos, a escola também realiza convênios com instituições formais de ensino superior para permitir que militantes do campo e da cidade também possam se ter um diploma de graduação e de pós-graduação. (MST, 2020).

            Os cursos de formação levam em conta as discussões acerca da questão agrária, classe, gênero, sexualidade, étnico-raciais e permitem um intercâmbio cultural e político entre os movimentos populares, do mesmo modo, há uma formação sobre o panorama econômico e social global, sempre sob o olhar da classe trabalhadora de várias partes do mundo (MST, 2020), entrando aqui, as camponesas e camponeses ligados ao movimento social do campo UNAER, que, anualmente, participam de cursos na ENFF - uma camponesa e um camponês -, ficando na escola por alguns meses no Brasil, onde aprendem, ensinam e compartilham a solidariedade de luta com movimentos oriundos de várias partes do mundo.

Assim, dentre a militância dos movimentos sociais participantes das formações da ENFF, destacam-se os camponeses e as camponesas da União dos Agricultores de Ermera, que por meio da Via Campesina, sendo ela uma organização mundial que articula movimentos camponeses na perspectiva da solidariedade e da diversidade do campesinato no mundo (FERNANDES, 2012, p. 765), faz-se possível o compartilhamento de “vivências, vozes e visões dos camponeses, das mulheres do campo e dos próprios agricultores”. (DESMARAIS, 2013, p. 8).

Tem-se, então, o diálogo na perspectiva Sul-Sul, que pode ser entendido, segundo Santos (2019, p. 122), como parte dos “conhecimentos gerados ou mobilizados por outros movimentos ou grupos sociais com os quais são possíveis articulações e alianças baseadas nas ecologias de saberes”. Com isso, “O objetivo é promover patilhas e diálogos com outras experiências e outros conhecimentos, visando identificar afinidades e potencializar a solidariedade ativa”. (SANTOS, 2019, p. 122).

 

O IEFS sob influência da ENFF

Em 2010, como resultado da organização camponesa do município de Ermera, foi  criado o movimento social do campo UNAER, sendo que, desde aquele momento, os camponeses perceberam a necessidade de se construir uma escola do campo, mais especificamente, uma universidade que buscasse realizar a formação para o trabalho, ao mesmo tempo em que se procurava a conscientização da luta e o fortalecimento da solidariedade indígena Fulidaidai-Slulu na formação de seus próprios intelectuais orgânicos (URBAN, 2020). Estes sendo aqueles integrantes do grupo que contribuem para a formação de novos intelectuais políticos e participarão da formação cultural contra-hegemônica, na perspectiva de outro mundo possível (GRAMSCI, 1989).

Diante desse quadro, nasce o Instituto de Economia Fulidaidai-Slulu (IEFS) com o intuito de realizar uma denúncia em relação ao status quo e, ao mesmo tempo, construir algo junto com o outro, ou seja, uma nova forma de economia estabelecida no âmbito da solidariedade, buscando favorecer a construção ou consolidação da emancipação dos envolvidos, em especial, do Povo Maubere4.

Sobre o termo Fulidaidai-Sululu, destaca-se que a primeira palavra Fulidaidai vem da língua Makalero, falada ao sul do município de Lautém e a palavra Slulu vem da língua Mambai, falada no município de Ermera. Essas duas palavras, baseadas numa solidariedade indígena do Timor-Leste, constituem o conceito de economia Fulidaidai-Slulu, que significa servisu hamutuk na língua Tétum, ou trabalho conjunto na língua portuguesa, realizado em coletivo, em cooperação ou, ainda, trabalho solidário, aproximando-se do que comumente se denomina, no Brasil, como Economia Solidária.

Destaca-se, segundo Urban (2020, p. 66), que a ideia da educação do movimento tem como base as experiências do passado (Pedagogia Maubere), bem como a influência da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), ligada ao Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Isso porque há relação entre uma gama de movimentos camponeses com a UNAER, por meio da via campesina.

A exemplo dessa relação, em 2017, foi possível constatar na prática essa parceria entre UNAER, MST e Via campesina durante o congresso de formação de um outro movimento social do campo no país: o Movimento Popular Reforma Agrária de Liquicá (MPRAL), como pode ser visto na Foto 1.

 

 

 

 

Foto 1 - Congresso de formação do Movimento Popular Reforma Agrária de Liquicá (MPRAL)20171207_115216

Fonte: Urban, S. P. (2017)

 

Cabe destacar que, diferentemente da realidade do MST, a UNAER tem optado por atuar na criação de novos movimentos pelo país, em vez de centralizar suas ações, mesmo que isso seja um tanto controverso.

Acerca da relação entre UNAER e MST,  (2015) afirma que essa relação se traduz na “solidariedade de companheiros da indonésia, Brasil, Vietnã”. (CAMPONÊS – entrevista - Fevereiro/2015). E isso se dá, pois os:

Camponeses serão bem mais fortes se eles tiverem solidariedade fora da sua região, com outros camponeses, como fonte de cooperação e solidariedade. Os camponeses com isso, precisam ser abertos, claro que, com as pessoas e organizações que tem semelhante espiritualidade. (PROFESSOR – entrevista - Janeiro/2015).

Nesse sentido, Professor (2015) relembra que:

[...] em 2003, eu recomendei que um camponês chamado Tomás, do distrito de Ermera, da mesma zona que eu falei anteriormente, em Lequici. [...] Ele foi lá com o MST, Movimento dos Sem-Terra [...]. Foi cooperação entre um Instituto chamado Lao Hamutuk5 e Movimento dos Sem-Terra, e o Tomás foi o representante do Kdadalak Sulimutuk Instituto (KSI)6 e dos camponeses da UNAER, em 2003 ou 2004. (PROFESSOR – entrevista - Janeiro/2015).

 

Em geral, junto à essa parceria, anualmente, uma camponesa e um camponês leste-timorense participam de cursos na ENFF, ficando na escola por alguns meses no Brasil, onde aprendem, ensinam e compartilham da solidariedade de luta com movimentos oriundos de várias partes do mundo.

Referindo-se à ENFF, mas que também se aplica ao contexto do IEFS, Fernandes (2015, p. 5) afirma:

 

Os Sem Terra descobrem que não basta uma escola para os camponeses, querem uma escola dos camponeses, que respeite sua luta, sua identidade, seus valores, sua mística. Escolas construídas por práticas educativas onde dominam o trabalho coletivo, a cooperação, a solidariedade, o incentivo para que a criança aprenda a tomar suas próprias decisões e a ser responsável por elas. Escolas que respeitam e dignificam o trabalho manual e o trabalho da terra. Escolas que se colocam contra o individualismo, o autoritarismo, a obediência cega, o machismo e o racismo.

 

Por fim, de forma curiosa, estando em visita à Cooperativa de Café Sakoko ligada à UNAER, foi possível perceber a presença do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra por meio de uma camiseta pendurada na área do empreendimento solidário:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Foto 2 - Parte externa da cooperativa de Sakoko

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Fonte: Urban, S. P. (2017)

 

A construção curricular do IEFS

Como já apontado, sob influência da ENFF, é que foi idealizado o IEFS. Com isso, cabe destacar que o principal ponto em comum das propostas do IEFS e da ENFF é que ambas buscam trabalhar a formação política camponesa no sentido da emancipação e construção de um outro mundo possível.

No entanto, há de se destacar aqui algumas peculiaridades da universidade popular de Timor-Leste. Para isso, faz-se necessário apresentar brevemente o processo de construção curricular da escola, assim como algumas características referentes à sua matriz curricular.

Ressalta-se que a construção curricular da presente universidade teve como agente o autor do presente texto e, nessa perspectiva, essa experiência inseriu-se no que Santos (2019) denomina como pesquisa pós-abissal ou ativista (D’SOUZA, 2010), caracterizando-se, em seu aspecto geral, pelo que comumente se denomina como pesquisa participante, em que a “[...] investigação, a educação e a ação social convertem-se em momentos metodológicos de um único processo dirigido à transformação social”. (BRANDÃO; BORGES, 2007, p. 54). Em outras palavras, D’Souza (2010, p. 164) afirma que “O significado da pesquisa não pode, portanto, ser divorciado do efeito que ela tem no que respeita a enformar a ação social”. Isso se dá em consonância com a própria essência contra-hegemônica da escola, podendo ser entendida na perspectiva da ciência pós-abissal: Fulidaidai-Slulu.

Como parte integrante dessa pesquisa pós-abissal/ativista/participante, para a construção do currículo dessa universidade popular, utilizou-se o que Freire (1967) denomina por círculos de cultura, objetivando a consciência que emerge do mundo vivido (FIORE, 1987, p. 13), em que os “participantes do diálogo no círculo de cultura não são uma minoria de aristocratas dedicada à especulação, mas homens do povo”. (FREIRE, 1967, p. 6)

 Nesse contexto, acrescenta-se que:

No círculo de cultura, a rigor, não se ensina, aprende-se em “reciprocidade de consciências”; não há professor, há um coordenador, que tem por função dar as informações solicitadas pelos respectivos participantes e propiciar condições favoráveis à dinâmica do grupo, reduzindo ao mínimo sua intervenção direta no curso do diálogo. (FIORI, 1987, p. 12).

Foi nesse sentido, com a participação de algumas lideranças e da juventude7 camponesa da UNAER, que foram realizados diversos encontros em que esses sujeitos propunham ideias acerca da escola, principalmente referentes a alguns assuntos, como a necessidade de um fortalecimento da agroecologia, no aspecto da Fulidaidai-Slulu (desenvolvimento de práticas e tecnologias locais/melhor gerenciamento/ensino especializado), juntamente com a luta pela reforma agrária, como pode ser visto na fotografia abaixo:

 

 

 

 

 

Foto 3 – Círculo de cultura realizado com lideranças e juventude da UNAER

Fonte: Urban, S. P. (2013)

Buscou-se, portanto, pensar o Círculo de cultura na perspectiva da Educação Popular, no sentido de uma concepção libertadora de educação, considerando a autonomia dos sujeitos no processo histórico. Para isso, foi preciso considerar a existência de sujeitos, em que ambos aprendem, incluindo pesquisadores, professores, alunos e os demais envolvidos com a ideia do IEFS (FREIRE, 1981).

Assim, chegou-se ao currículo8 do IEFS, apresentado, de forma sintética, no Quadro 1. O currículo é composto por disciplinas que visam discutir sobre os conhecimentos relacionados às práticas camponesas em consonância com a formação política e solidária, bem como há disciplinas que visam à formação de educadores e educadoras populares.

 

Quadro 1 - Disciplinas do Instituto de Economia Fulidaidai-Slulu e seus respectivos objetivos/características

 

DISCIPLINAS

OBJETIVOS/CARCTERÍSTICAS

SEMESTRE 1

Diversificação da agricultura

 

Práticas acerca da diversificação da produção agrícola – cultivo para a venda e para o consumo próprio da comunidade

Escrita do diário

 

Compreender a situação atual do acesso à terra e demais problemas da comunidade por meio das narrativas comunitárias

Educação Popular

Refletir sobre a educação popular do passado e do presente no Timor-Leste e no mundo, através de propostas metodológicas

SEMESTRE 2

Educação Ambiental e Florestal

Práticas sobre o cultivo agroecológico, levando em conta a preservação ambiental em conjunto com os saberes locais

Política da República Democrática de Timor-Leste

Compreender as estruturas de poder do Timor-Leste, tendo em vista desenvolver as lutas pela emancipação dos camponeses leste-timorenses, para se fazer valer a democracia.

Economia Fulidaidai-Slulu

Com base em experiências reais e atividades econômicas da comunidade, discutir e desenvolver na prática essa manifestação econômica solidária, visando à democracia.

SEMESTRE 3

Agricultura Integrada

Desenvolvimento da agroecologia relacionada ao desenvolvimento da Tecnologia Social

Pedagogia

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Desenvolver o conhecimento pedagógico, teórico e prático, como continuidade da disciplina “Educação Popular”, buscando a formação de intelectuais orgânicos e educadores, com base nas experiências populares de educação leste-timorense10.

Cultura Popular

Refletir sobre as culturas Buibere11 e Maubere, não como estáticas, mas de uma forma dinâmica, que emerge constantemente. Também, procura-se entender o conhecimento tradicional de Timor-Leste relacionado à agricultura, abrangendo o termo Fulidaidai-Slulu

SEMESTRE 4

Pedagogia da Terra Maubere

 

Formar intelectuais na perspectiva da ancestralidade leste-timorense, de interrelação entre natureza e ser humano

Adubo orgânico

Trabalha com a Tecnologia Social, relacionada ao processo de adubação, com base nos saberes populares e aqueles advindos da ciência moderna

Reforma Agrária

 

Organizar a luta pelo acesso e distribuição de terras em Timor-Leste, utilizando-se não apenas do ativismo, mas também da reflexão.

Fonte: Elaboração própria

Assim, de forma mais detalhada, o primeiro semestre é composto pelas disciplinas “Diversificação da agricultura”, “Escrita do diário” e “Educação Popular”.

A primeira diz respeito à importância de se realizar a diversificação da produção agrícola. Trata-se de manter os ganhos da produção do café12, mas, juntamente com essa produção, cultivar outros produtos como mandioca, milho, arroz e outras culturas para o consumo próprio/familiar. A avaliação desta disciplina tem um aspecto mais prático, onde as áreas de cultivo, de cada aluno, serão avaliadas ao final do curso.

A disciplina “Escrita do diário” busca trabalhar com o registro escrito (feito pelos alunos e alunas) acerca dos problemas enfrentados pela comunidade, além da história do acesso à terra em Timor-Leste (contada pelas famílias). Com isso, pretende-se compreender a situação atual do acesso à terra em Ermera e em Timor-Leste, procurando solucionar esses problemas13. No relacionamento direto com a UNAER, os alunos devem participar de reuniões do movimento, relatando os pontos discutidos nelas. Assim, a avaliação da presente disciplina é composta por relatórios semanais, que irão integrar um diário ao final desta disciplina.

Ainda no primeiro semestre, a disciplina “Educação Popular” procura introduzir conceitualmente a educação popular relacionada à prática tecnológica (Tecnologia Social), realizada diariamente pelos camponeses vinculados a UNAER. Além disso, trabalha-se, nesta disciplina, a educação popular relacionada ao contexto histórico de Timor-Leste, que se deu por meio da Pedagogia Maubere, sem deixar de lado outras experiências de Educação Popular pelo mundo, com base em Paulo Freire, Amílcar Cabral, etc.

O segundo semestre é composto pelas disciplinas “Educação Ambiental e Florestal”, “Política da República Democrática de Timor-Leste” e “Economia Fulidaidai-Slulu”.

“Educação Ambiental e Florestal” deriva da disciplina “Ciências Naturais” (contida numa proposta curricular anterior). A mudança não está apenas na terminologia, mas no conteúdo. A princípio, a disciplina “Ciências Naturais” tinha como objetivo trazer um embasamento teórico sobre a epistemologia das ciências naturais. No entanto, por meio de reuniões com membros do Peace Center e membros da Cooperação Brasileira, envolvidos na construção curricular, a disciplina foi alterada para que pudesse ser incluída uma discussão da ciência moderna direcionada à questão da preservação ambiental em conjunto com os saberes locais, tendo como base experiências anteriores (populares), realizadas durante a resistência timorense, através das escolas populares de saúde14.

Em “Política da República Democrática de Timor-Leste”, as atividades visam compreender o sistema político e as estruturas de poder existentes na República Democrática de Timor-Leste e também entender a constituição e a legislação do país, apoiando a futura implementação da reforma agrária.

A última disciplina deste semestre, denominada “Economia Fulidaidai-Slulu”, busca compreender conceitualmente a manifestação da economia solidária em Timor-Leste, considerada como parte da cultura leste-timorense. Além disso, visa um desenvolvimento emancipatório. Quanto ao conteúdo, são apresentadas informações sobre a economia capitalista (propriedade privada) comparadas à economia Fulidaidai-Slulu - com base na cooperação e na coletividade. Como avaliação, os alunos devem desenvolver projetos de gestão cooperativa (Fulidaidai-Slulu), baseando-se em experiências reais e atividades econômicas da comunidade.

O terceiro semestre é constituído pelas disciplinas “Agricultura Integrada”, “Pedagogia Ukun rasik an” e “Cultura Popular”.

A primeira tem como objetivo o desenvolvimento da agricultura orgânica relacionada ao desenvolvimento da Tecnologia Social (DAGNINO, 2009), como continuidade das discussões presentes nas disciplinas “Educação Ambiental e Florestal” e “Diversificação da Agricultura”.

A segunda visa desenvolver o conhecimento pedagógico, teórico e prático como continuidade da disciplina “Educação Popular”. Constitui-se como uma pedagogia da libertação timorense, baseada em autores externos, mas, sobretudo, na própria experiência do passado, a exemplo da Pedagogia Maubere. Aqui, o passado é pensado através de sua influência no presente e no futuro.

O conteúdo da disciplina “Cultura Popular” tem como objetivo entender as culturas Buibere e Maubere, incluindo aqui as discussões de gênero e sexualidade, não como estáticas, mas de uma forma dinâmica que emerge constantemente. Também, procura-se entender o conhecimento tradicional de Timor-Leste relacionado à agricultura, abrangendo o termo Fulidaidai-Slulu.

O quarto e último semestre inclui as seguintes disciplinas: “Pedagogia da Terra Maubere”, “Adubação Orgânica” e “Reforma Agrária”.

A primeira disciplina deste último semestre é uma continuação do que foi discutido em “Pedagogia Ukun rasik an”, objetivando trabalhar a educação relacionada à conservação ambiental. Nesta disciplina, há grande influência do pensamento de Moacir Gadotti (2005) acerca da Pedagogia da Terra, bem como das práticas relacionadas à educação agroecológica utilizadas pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), com ênfase na Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF).

A “Adubação Orgânica”, em continuidade à disciplina “Agricultura Integrada”, trabalha com a Tecnologia Social, relacionada ao processo de adubação. Além disso, a presente disciplina faz um diálogo com o curso tradicional de Agronomia, com o conhecimento já praticado no cotidiano (popular) da produção e aplicação de adubos na produção timorense.

Por fim, a disciplina “Reforma Agrária” tem a finalidade de organizar a luta pelo acesso e distribuição de terras em Timor-Leste, utilizando-se não apenas do ativismo, mas também da reflexão15, resultante do que Freire (1997) denomina como práxis. Em outras palavras, a disciplina visa refletir e despertar, nos estudantes, a necessidade de realização da reforma agrária.

Em geral, as aulas são expositivas e dialogadas, realizam-se por meio de atividades teóricas e práticas. As atividades teóricas são realizadas aos finais de semana (no IEFS), as atividades práticas (práticas agrícolas do trabalho cotidiano), acontecem nos dias úteis. Observa-se aqui, a aproximação com a ideia de alternância, porém, com as peculiaridades de Timor-Leste.

As avaliações consistem em atividades escritas ou práticas, a depender da disciplina. Para a conclusão do curso, cada aluno deverá produzir um trabalho final, que consiste na produção de um ensaio contendo problemas e soluções (identificadas durante a realização das disciplinas). De forma mais específica, os ensaios devem tratar de questões técnicas, gerenciais ou mesmo sobre a luta pela terra.

Por fim, cabe destacar que, atualmente, o IEFS, em consonância com a UNAER, por meio de uma solidariedade indígena (Fulidaidai e Slulu), parte de práticas do cooperativismo local, manifestando-se desde a produção agroecológica de café e alimentos diversos, até a construção de casas para a comunidade com a renda advinda do comércio équo solidário, ligado, especialmente, à exportação de café, para as chamadas Green Cooperatives, do Japão.

 

Considerações finais

Portanto, parte-se aqui da interpretação de que o Instituto de Economia Fulidaidai-Slulu é utopia de universidade para o século XXI, no sentido de uma alternativa para a construção de conhecimentos e práticas inclusivas e emancipatórias, que não visam uma conformação para o mercado, mas sim a construção de um outro mundo possível, pois seu contexto de aplicação se dá por meio da cooperação e da solidariedade entre pesquisadores, organizações não governamentais e movimentos sociais (SANTOS, 2011, p. 43).

No caso do IEFS, essa solidariedade se dá num contexto micro com o Instituto de Paz e Conflito Social da Universidade Nacional de Timor Lorosa’e (UNTL), e com algumas organizações não governamentais locais (Lao Hamutuk e KSI). Na escala macro, a solidariedade se dá, principalmente, com o MST, através da Via Campesina.

Destaca-se que essa solidariedade, advinda da relação entre povos oprimidos do Brasil e povos oprimidos do Timor-Leste, resultou numa troca de experiências, chegando à construção do IEFS. Este, contendo suas características próprias, pois parte das reais necessidades e da cosmovisão camponesa leste-timorense.

Enfim, em meio a tantas desesperanças proporcionadas pelo avanço do colonialismo, do capitalismo e também do patriarcado, a Escola Nacional Florestan Fernandes e o Instituto de Economia Fulidaidai-Slulu (IEFS) surgem como sopros de esperança que, partindo da escala da micropolítica, podem ser base para uma transformação na escala macro.

 

Referências

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1 De 1999 a 2002, o país esteve sob administração provisória da Organização das Nações Unidas.

2 Entrevista concedida para minha pesquisa de mestrado e utilizada em minha tese de doutorado.

3 Entrevista concedida para minha pesquisa de mestrado e utilizada em minha tese de doutorado.

4 Povo de Timor-Leste.

5 ONG leste-timorense.

6 ONG leste-timorense.

7 Principais interessados na universidade.

8 De forma mais aprofundada, tanto a construção da escola, quanto o seu currículo são melhor discutidos em Urban, Silva e Linsingen (2020).

9 Emancipação/Libertação na língua Tétum (oficial em Timor-Leste).

10 Ler Silva (2011).

11 Maubere se refere ao sexo masculino; Buibere ao sexo feminino. Ambos significam povo de Timor-Leste.

12 Produto exportado para Green Cooperatives do Japão, por meio de comércio eco solidário.

13 A disciplina “Reforma Agrária” irá aprofundar melhor, no último período do curso.

14 Ver Urban (2019).

15 Discute-se acerca do monopólio das terras de Timor-Leste, exercido por estrangeiros, sobretudo, portugueses e indonésios.

 

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