Jefferson Thadeu Canfield (*23/10/1942 +29/9/2019):

um dos precursores do CEFD/UFSM

 

Jefferson Thadeu Canfield (*23/10/1942 +29/9/2019):

one of the precursors of CEFD/UFSM

 

Jefferson Thadeu Canfield (*23/10/1942 +29/9/2019):

uno de los precursores de CEFD/UFSM

 

 

Janice Zarpellon Mazo

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do sul, Brasil

janice.mazo@ufrgs.br - https://orcid.org/0000-0002-8215-0058

 

Raquel Valente de Oliveira

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do sul, Brasil

raquelvvallente@hotmail.com - https://orcid.org/0000-0003-1687-6456

 

Tuany Defaveri Begossi

Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do sul, Brasil

tuany_begossi@hotmail.com - https://orcid.org/0000-0002-2596-5963

 

Recebido em 01 de fevereiro de 2021

Aprovado em 27 de março de 2022

Publicado em 31 de agosto de 2022                                                               

 

 

RESUMO

Esta entrevista realizada com o professor Jefferson Thadeu Canfield foi coletada pela professora Janice Zarpellon Mazo, visando registrar informações para a construção de sua dissertação de mestrado, no ano de 1993. A narrativa trata do percurso acadêmico do professor Jefferson, iniciado na Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, onde realizou sua formação inicial, no período de 1963 a 1966. De tal modo, o depoimento ora apresentado traz, frequentemente, rememorações com relação às experiências vividas nesta instituição. Inclusive, são estabelecidas relações e/ou comparações com o Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) da Universidade Federal de Santa Maria, onde ingressou como docente no ano de 1971, no segundo concurso público para docentes do curso de Licenciatura em Educação Física da referida universidade. Seu depoimento registra representações advindas com a fundação do CEFD, além de anotar aspectos sobre seu ingresso junto aos outros seis professores pioneiros, os quais já se encontravam em atuação na instituição e sobre os engendramentos decorridos das composições do CEFD.

 

Palavras-chave: CEFD/UFSM; Educação Física; História; Memória.

 

ABSTRACT

This interview with professor Jefferson Thadeu Canfield was collected by professor Janice Zarpellon Mazo, aiming to record information for the construction of her master’s dissertation, in 1993. The narrative deals with Professor Jefferson’s academic path, initiated at the Physical Education School of the Federal University of Rio Grande do Sul, where he completed his initial training, from 1963 to 1966. In such a way, the testimony presented here often brings back memories regarding the experiences lived in this institution. In fact, relationships and/or comparisons are established with the Center for Physical Education and Sports (CEFD) of the Federal University of Santa Maria, where he joined the professor in 1971, in the second public competition for teachers of the Physical Education Degree course at that university. His testimony records representations arising from the founding of CEFD, in addition to noting aspects about his admission with the other six pioneer teachers, who were already working at the institution and about the developments arising from the CEF compositions.

 

Keywords: CEF/UFSM; Physical Education; History; Memory.

 

 

RESUMEN

Esta entrevista con el profesor Jefferson Thadeu Canfield fue recopilada por la profesora Janice Zarpellon Mazo, com el objetivo de registrar información para la construcción de su tesis de maestria, en 1993. La narrativa trata sobre la trayectoria académica del professor Jefferson, iniciada em la Escuela de Educación Física de la Universidad Federal de Rio Grande do Sul, donde completó su formación inicial, de 1963 a 1966. De tal manera, el testimonio aquí presentado a menudo trae recuerdos de las experiencias vividas en esta institución. De hecho, se establecen relaciones y/o comparaciones con el Centro de Educación Física y Deportes (CEFD) de la Universidad Federal de Santa María, donde se incorporó al profesor en 1971, en el segundo concurso público de profesores de la carrera de Licenciatura en Educación Física de esa universidad. Su testimonio registra representaciones surgidas de la fundación de CEF, además de señalar aspectos sobre su entrada com los otros seis maestros pioneiros, que ya se encontraban trabajando en la institución y sobre los desarrollos derivados de las composiciones de CEF.

 

Palabras Clave: CEF/UFSM; Educación Física; Historia; Memoria.

 

 

Introdução

 

A narrativa apresentada consiste em uma entrevista realizada com o professor Jefferson Thadeu Canfield[i], em seis de março de 1993. O depoimento foi coletado pela professora Janice Zarpellon Mazo, na residência do entrevistado, na cidade de Santa Maria/RS. O intuito do encontro foi registrar informações sobre a constituição do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)[ii] e, consequentemente, também anotar as rememorações de Jefferson Canfield enquanto um dos professores pioneiros do Centro.  

O anseio pela divulgação da entrevista completa emergiu, especialmente, em virtude das comemorações dos 50 anos do Centro de Educação Física e Desportos (CEFD), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), comemorado no ano de 2020. Ademais, a publicação da presente narrativa também busca homenagear e inscrever na contextura do tempo, o testemunho de um dos professores pioneiros que contribuiu de sobremaneira para a própria constituição do CEFD enquanto lugar de formação de professores(as) de Educação Física.

A trajetória pedagógica de Jefferson Canfield no CEFD/UFSM iniciou no dia 15 de junho de 1971. Na época, passou a integrar a equipe do CEFD, sendo o sétimo docente a ingressar através de concurso público. É valido ressaltar que o concurso prestado por Jefferson Canfield foi o segundo a ser realizado pelo CEFD/UFSM, o qual era composto de apenas uma vaga. Deste modo, o professor realizou as etapas de avaliação e foi aprovado para ocupar tal vaga na instituição.

Na sequência destacamos duas imagens registradas no dia em que a entrevista fora realizada pela professora Janice Zarpellon Mazo, na residência do professor Jefferson Canfield.

 

 

Figura 1: Professora Janice Mazo entrevistando o professor Jefferson Canfield.

Fonte: Acervo pessoal da professora Janice Zarpellon Mazo, 1993.

 

Natural de Lages/SC e formado em Educação Física pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1963-1966), Jefferson Canfield atuou como professor de Educação Física e como vice-diretor em escolas públicas e privadas do estado do Rio Grande do Sul, antes de residir em Santa Maria/RS. Desde o período em que se mantivera em Porto Alegre/RS, adquiriu interesse pela área da fotografia, e outras, para além da Educação Física. Sobre esta época, o professor rememorou em seu depoimento: 

 

Professor Jefferson Canfield: Em relação ao curso em si, eu acho que eu me dediquei muito a Educação Física pela influência muito grande de uma professora que eu tive em Júlio de Castilhos e que, mais tarde, fui trabalhar com ela numa escola estadual, como vice-diretor. Ela era professora. Tenho a impressão de que foi um dos pontos fundamentais e que me marcou muito enquanto estudante a forma como ela trabalhou, a amizade muito grande que ela tinha com os alunos e eu gostei da Educação Física. A partir daí, sempre me dediquei. Fiz um pouco de atividades esportivas e busquei na Educação Física o lado mais pedagógico que eu via como interessante e durante o curso [curso de Educação Física na UFRGS] pude fazer uma apreciação dos professores. Alguns grupos de professores que tinha dentro da escola eram de uma formação militar. Eu não conseguia ver aquilo como a Educação Física. Em compensação, existiam outros que mostraram novas facetas da Educação Física que, para a época, eram completamente esquisitas. Pelo menos tinha dois professores que eram desse tipo e mostravam que tinham outra visão da Educação Física e que sintonizou um pouco com a maneira que eu via. Então, dentro da nossa turma, nós tínhamos um grupo de possivelmente setenta por cento de colegas que eram aqueles interessados em esporte, que eram esportistas, e que se interessavam pelo tipo de orientação que os professores mais militares davam. Uma orientação baseada no rendimento. Eram aqueles alunos que faziam tudo, que se esforçavam ao máximo e eram extremamente aplaudidos pelos professores, o que refletia mais a Educação Física na época. Com isso, nós fizemos também pequenos grupos. Um grupo meio dissidente. Uma questão de forma de ser, talvez, diplomática que naquela época eu também era. Eu me dava muito bem. Tinha um trânsito muito bom com os colegas, mas fazia muita crítica, era muito crítico, e como eu também tinha alguma tendência para Artes, para Desenho - fiz muito tempo fotografia artística - eu comecei a trabalhar críticas, tipo charges das aulas, dos meus professores. Fazia caricaturas deles, fazia histórias, condensava um pouco do que eles faziam em desenhos e isso me custou elogios por parte de uma minoria e um certo pavor por parte dos outros que não gostavam daquele tipo de fazer crítica, brincando, que eu fazia deles. Inclusive, tive problemas com um deles, que era um militar mais rígido da turma. Tive problemas complicados de relacionamento porque ele não aceitava a minha crítica ao trabalho dele, uma vez que ele dizia que tinha quarenta, cinquenta anos de experiência e não seria eu que iria fazer uma análise crítica dele. Mas, fora esse pequeno grupo de professores, deu para se fazer o curso. Sempre com a tendência, que eu senti naquela época, para a parte mais teórica do que necessariamente prática. Já no segundo ano do curso eu comecei a trabalhar. Comecei dar aulas nos colégios particulares e depois no estado e fazia prática, pois, não era contra e nem deixava de fazer e acho que me saía muito bem dentro do ensino, mas, sentia que algo estava faltando, não era só aquela Educação Física. Na época, a UFRGS não tinha nenhuma orientação para a pesquisa, nada disso. Só tinha realmente professores esportistas que davam oportunidades para aqueles colegas que faziam aquilo que eles gostavam de fazer. Então, já conseguiam empregos, colocavam de assistentes em seus colégios, etc. Eu tive a oportunidade de conviver, de ter mais orientação, mais apoio, de uns dois destes professores que me lançaram no mercado de trabalho, mas, depois busquei por mim mesmo. Então, durante os três anos de escola, a situação transcorreu mais ou menos assim: uma seleção que eu fazia de disciplinas que eu achava importante e que eu sentia que por ali eu poderia explorar melhor. Enquanto outros colegas, aqueles que foram apoiados por aquele grupo que era realmente do excesso de prática, foram os que pararam no tempo. Hoje eu sei a história deles. Eu acompanhei por muito tempo o que estavam fazendo e aqueles ficaram. E aqueles que foram os mais rebeldes, no meu entendimento, progrediram academicamente, sobressaíram na profissão em situações além do simples ministrar aulas que eles ficaram em suas escolas trabalhando. Esta é uma parte da história da minha formação. Dediquei-me a algumas práticas, no caso o voleibol, não por influência do professor de vôlei da época, mas por alguma razão eu me interessei e comecei a trabalhar no voleibol durante anos antes de vir para Santa Maria. Isso foi um pouco da minha vida acadêmica. Fiz alguns cursos fora da área de Educação Física. Como eu tinha interesse na área de Psicologia, comecei a fazer vários cursos extracurriculares e me vinculei muito ao diretório central dos estudantes da época. Fui trabalhar com eles na parte de jornalismo - eu fazia fotografias. Posteriormente, me vinculei ao grupo de teatro amador do DCE [Diretório Central de Estudantes], inclusive, o Rui Krebs foi colega de teatro. Então, nós participamos muito da parte cultural e artística durante a formação acadêmica. Eu me vinculei também ao grupo do foto-cine clube gaúcho, onde me dediquei muito a fotografia artística e comecei a participar de concursos e a me vincular bem a área artística. Foi isso que me levou a ser convidado pelo Diretório Central de Estudantes para fazer fotografias e para participar de discussões acadêmicas também.

 

Professora Janice Mazo: Sobre a sua ida para Santa Maria/RS e o seu ingresso como docente na UFSM, que aspectos o senhor pode pontuar?

 

Professor Jefferson Canfield: Quando foi criado o CEFD da UFSM eu estava em Porto Alegre, trabalhando, e pertencia ao diretório acadêmico da UFRGS. Um colega da cidade de Tupanciretã, o Alfredo, era presidente do diretório acadêmico, uma pessoa extremamente dinâmica. Nós trabalhamos juntos numa escola particular em Porto Alegre, a Santa Família. Começamos a realizar trabalhos com identificação na nossa maneira de pensar a Educação Física, muito diferente do que era na época. Naquele tempo, havia um grupo de militares que dominava a Escola de Educação Física e nós não tínhamos a mínima afinidade com eles, porque valorizavam alguns colegas que eram exímios executantes e nós não éramos considerados executantes. Nós éramos considerados os intelectuais, os que incomodavam a escola. Então houve uma época, não me lembro precisamente, mas, na década de 1960, que aconteceram estaduais [competições], que foram orientados e estabelecidos por uma Secretaria de Educação Física. Havia o departamento de esporte, que organizava seminários anuais. Lembro-me que em um desses seminários que, se não me engano foi realizado em Montenegro, o Alfredo e eu, apresentamos uma proposta fundamentada para a criação de uma Escola de Educação Física em Santa Maria, na UFSM. Isso lá por 1968/1969. Nós apresentamos e foi aprovado por esse congresso e foi enviado ao Reitor Mariano da Rocha. Falamos para ele que nós tínhamos essa proposta e estudos para a criação de uma Escola de Educação Física em Santa Maria, porque não existia outra, só a UFRGS, em Porto Alegre. Foi aí que ele nos colocou que já estava pensando, que já era plano dele fazer e que o Milo Aita era a pessoa escolhida dele para auxiliar na criação da Escola de Educação Física. Então, na época, tínhamos a pretensão de apresentar um projeto partindo do princípio da descentralização, porque achávamos que a UFRGS centralizava. Era a única no estado como acontecia em outros países e ficava de “dona da Educação Física”. Na época, certamente não estávamos pensando muito em ter um emprego na universidade, mas, casualmente consegui um emprego na UFSM. Só depois disso, em 1970, ou melhor, em 1969, abriu concurso para professores e eu não fiquei sabendo na época. Soube quando já estavam contratados os seis primeiros professores pelo Centro. Logo depois houve abertura de um novo concurso para uma vaga. Havia um candidato que se apresentou, um que é professor de natação em Porto Alegre, no IPA, o Alceu Vaz, e o Alceu veio a Santa Maria. Não era um concurso que tinha que fazer. Tinha que apresentar papéis e depois ser submetido a uma prova. O Alceu veio a Santa Maria, conversou com o Milo, fez algumas imposições, não gostou e desistiu. Aí eu vim, procurei o Milo Aita, fiz minha inscrição e me submeti a uma prova e fui aprovado no concurso. Então, eu fui praticamente do primeiro grupo, mas com seis meses de diferença com relação ao primeiro grupo de professores. Essa parte tem relação com o que foi a história que nós temos no Centro. Não sei por que razão, mas nós estávamos realmente contrariados com a ideia de hegemonia da UFRGS.

 

Professora Janice Mazo: E com relação às disciplinas que o senhor ministrou ao ingressar no CEFD, o que o senhor pode dizer?

 

Professor Jefferson Canfield: Como professor recém-chegado era evidente que a distribuição da carga horária era grande. Eu tive conhecimento depois sobre isso, mas, os seis fundadores ficaram sobrecarregados com as disciplinas para poder atender toda uma turma, embora fosse uma turma pequena na época. Mas, depois, com o ingresso de novas turmas o número de alunos aumentou. Portanto, os professores tiveram muitas disciplinas para dar. Quando eu cheguei, eles realmente colocaram os braços para cima, pois, vinha mais um para poder salvá-los daquela quantidade de disciplinas. Com isso, os que iam chegando, iam pegando as disciplinas mais “estranhas” à nossa formação, inclusive. As mais estranhas à nossa formação eram aquelas chamadas os pequenos esportes ou coisa assim que, aliás, eu acho que foi o Tombesi o primeiro a pegar essa disciplina e depois quando eu cheguei me passaram a disciplina que era canoagem e automobilismo. Então, eu também trabalhei nesse conjunto de disciplinas. Uma delas, evidente, a canoagem, eu cheguei a dar aulas de canoagem. Eu tive na minha formação, mas, nós tínhamos plintos na escola e virávamos os plintos com as varas de salto em altura, como se fossem os remos. Uma das disciplinas que eu fiquei encarregado também no início foi ginástica olímpica, porque eu vinha de um trabalho feito em Porto Alegre nas escolas com ginástica olímpica. Só que, na época, o Aluísio era meu aluno e era campeão brasileiro de ginástica olímpica. Imagina que situação que eu tive que enfrentar. Foi um conjunto de disciplinas. À medida com que isso foi se normalizando, eu comecei a tender mais para abrir espaço nas disciplinas teóricas que foi a introdução do chamado Treinamento Desportivo. Em 1973, eu já apanhei essa disciplina chamada

 

Treinamento Desportivo, que era fora das práticas. Era uma disciplina mais teórica e não me afastei mais desta tendência um pouco mais teórica. Nós tivemos que trabalhar várias outras disciplinas, mas eu fui quase que me especializando nesta área de treinamento desportivo. De 1973 a 1974, quando começou, em 1973, a especialização, eu fiz o curso no Rio de Janeiro. A partir desse, eu saltei para a área do treinamento desportivo. Eu comecei a me interessar por estudos mais avançados. Tinha que ministrar as aulas e para isso eu achava que tinha que me preparar mais. Inclusive, nós tínhamos um aluno na turma 72 que estava fazendo Medicina, Irocy, e eu senti uma necessidade de poder discutir algo, não simplesmente de ler um livro. Foi assim no começo, eu lia o livro e transmitia o que estava no livro. Depois, fiz um contato, descobri, inclusive com o apoio do Milo, um curso de especialização no Rio de Janeiro, no LABOFISIC. Foram o Haimo e o Celso também. Nós três que fomos fazer o curso de especialização e passamos um período de férias lá dentro do laboratório. O LABOFISIC estava no auge com o Mauricio Rocha na época e com isso nos inoculou um pouco mais o gosto pela pesquisa, porque nós pudemos participar na prática da execução de pesquisas e reforçou um pouco mais, evidente, a parte de Fisiologia do Esforço, Treinamento Desportivo que era a área de especialização do Mauricio Rocha. Mas, dentro daquele conjunto de disciplinas, lá dentro do laboratório, eu comecei a descobrir algo que estava mais me interessando, que não era a parte biológica, mas, a parte de instrumentação e aprendizagem, que eu tive alguns contatos e que me motivou depois, em 1976, a fazer o curso de mestrado nos Estados Unidos. Mas, o que aconteceu de interessante foi que, naquela época, por volta de 1974, a universidade se beneficiou de uma legislação que possibilitava aos professores do ensino superior, com mais de cinco anos de magistério, algo assim, se candidatarem a fazer o que se chamou de livre docência, que corresponderia a um doutorado no sistema europeu. Então, o Milo Aita foi uma pessoa que tentou. Reuniu todos, o Haimo, o Tombesi, o Clóvis, a Heloisa, todo o pessoal, e fez uma reunião e disse das vantagens de investirmos nisso, que era uma vantagem muito grande, de projeção para o futuro e tal e continuou insistindo sempre. Eu me sensibilizei bem com aquilo e resolvi que iria fazer. Em 1975, eu comecei a fazer este trabalho. Como eu tinha vínculo com o Maurício Rocha, no Rio de Janeiro, eu convidei o Maurício para ser meu orientador deste doutorado da livre docência aqui no Brasil.

 

Professora Janice Mazo: O senhor pode comentar brevemente sobre sua formação obtida no exterior?

 

Professor Jefferson Canfield: Fui para os Estados Unidos em 1976 para fazer o mestrado e, com isso, eu tive uma formação acadêmica que me faltou antes. Quando eu voltei dos Estados Unidos, onde estava fazendo o mestrado, no fim de 1976, fiz a defesa da minha tese de doutorado, ou seja, eu fiz um doutorado antes do mestrado. Fui aprovado na tese e voltei para os Estados Unidos para concluir o mestrado. Então, ao concluir o mestrado, já direcionado para a área de aprendizagem, porque a tese mesmo orientada pelo Mauricio Rocha, não foi uma tese biológica, mas, na área da aprendizagem. Então, busquei mais subsídios lá nos Estados Unidos e lá me decidi pela área de Aprendizagem Motora. Nos Estados Unidos decidi, depois que tinha defendido meu mestrado, fazer contato com meu orientador e perguntar quem eram os melhores nomes na área de Aprendizagem Motora nos Estados Unidos. Ele me indicou o Singer, na Flórida, e eu fiz uma viagem, fui lá e combinei com o Singer. Ele me aceitou e eu fui para lá e fiz meu curso de doutorado. Não precisei fazer a tese porque eu já tinha doutorado aqui no Brasil. Foi uma época que também estava, em 1979, começando nossa pós-graduação em Santa Maria e o Haimo, como era diretor do Centro “deu um grito”, pedindo meu apoio para nós começarmos o mestrado. Essa foi a formação acadêmica: em 1974 especialização, em 1976 o mestrado e, posteriormente, a participação no doutorado com a tese de livre docência no meio, em 1977. Com o retorno em 1979/1980, passei a década de 1980 trabalhando na pós-graduação, realizando pesquisa, mas, em 1982, quando assumi a direção do CEFD, eu também assumi um compromisso comigo de não abandonar a vida acadêmica e uma forma que eu me coloquei sob pressão foi ingressar em um curso de pós-graduação. Então, em 1983, eu fiz a seleção para o mestrado em Filosofia. Antropologia Filosófica. Fui selecionado e cursei por um ano e meio, dois anos. As disciplinas desse curso de pós-graduação, que na época estava sendo reestruturado e, praticamente, dos quatorze colegas, só dois eram da área de Filosofia, os demais, todos vinham de áreas distintas. Como eu vim também, eu achei uma experiência válida. Fiz esse curso, me motivei por outros também e como não tinha encontrado respostas na área da Aprendizagem Motora, busquei na filosofia um suporte ao que não havia explicações. Depois de ter feito isso, continuei fazendo pesquisas. Em 1986, fui fazer aquilo que é o sonho maior de todos nós, que é fazer os pós-doutorados. São estágios. Em 1986, fui para Portugal fazer um período de um ano na Universidade Técnica de Lisboa, no Instituto Nacional de Educação Física, onde eu pude conviver com um grupo de colegas das várias áreas. Lá se chamam hoje [1993] de Faculdade de Motricidade Humana. Eles têm outra maneira de ver, outros cursos, e tive a experiência de trabalhar um pouco mais na área de informática com eles e também trabalhei, ministrei aulas nos cursos de mestrado que eles têm na Universidade. No início de 1989, depois de fazer um pouco de base na Europa, busquei o ponto que eu considerava e ainda é considerado o topo da Ciência do Movimento Humano no mundo hoje [1993], que é a Universidade Livre de Amsterdã, onde eu pude conviver com um grupo de cientistas que trabalha dentro da chamada Ciência do Movimento Humano, com todas as subdivisões dentro de um princípio unificado, holístico mesmo. Foi, talvez, a maior experiência que eu tive. Ter convivido durante seis meses com este grupo de Amsterdã, reforçando um pouco mais esse meu interesse pela área. Este foi um estágio de pós-doutorado e, posteriormente, fiz também um contato em Vermont-Ferrat, quando nós estabelecemos o nosso vínculo com o pessoal da França, dentro de uma nova linha que está surgindo, pelo menos se apresenta promissora, de uma aprendizagem motora num sistema mais europeu.

 

Professora Janice Mazo: Retomando um pouco sobre a sua chegada ao CEFD/UFSM, em 1971, o senhor pode comentar sobre as instalações físicas e a infraestrutura na qual vocês, professores pioneiros, atuavam?

 

Professor Jefferson Canfield: Quando eu vim, em 1971, o Centro era muito pequeno. Era uma adaptação de um estádio que foi transformado em salas de aula. A situação era bastante precária, mas, houve uma facilidade muito grande, porque o decano, Coronel Milo, na época em que os militares estavam no poder, conseguiu muito recurso para a parte material. A construção de piscina, do ginásio. Na época, os coronéis que eram os donos do poder lá do MEC, do setor de Educação Física, tinham sido colegas dele e o Milo Aita tinha um poder de convencimento e era arrojado. Então, se conseguiu uma boa estrutura que, para época, em relação às outras escolas, me parecia suficiente. Depois, os recursos continuaram sendo repassados através dessa Secretaria de Educação Física que o Ministério tinha, que eu acho que foi o grande fator de colaboração para a instalação do espaço físico. Agora, já os outros aspectos, o próprio Coronel Milo entendia que ele tinha que repassar para quem fosse mais da área de Educação Física, para fazer um desenvolvimento, na área pedagógica mesmo, porque a Universidade, embora não tivesse uma divisão de recursos como teve posteriormente, naquela época, tinha que ser mais na base da boa vontade, da conversa do decano com o Reitor, da amizade. Não existia a democratização dos recursos, isso não existia aqui dentro. Mais tarde, quando nós começamos, a própria Secretária de Educação passou para outras pessoas, embora os militares tenham continuado por algum tempo, mas, já houve uma participação muito grande de Santa Maria no Ministério, na SEED. Nós começamos a trazer recursos para projetos que não eram mais projetos para a estrutura física, eram projetos de auxílio financeiro para outros tipos de ações, para as quais era também necessário dinheiro. Nós tivemos uma boa projeção, por um longo período, iniciado pelo Haimo e nós fazíamos parte de grupos de decisões, onde decidíamos sobre recursos. Nessas decisões o Centro de Educação Física era reconhecido com um bom potencial. Começou-se a formação de recursos humanos com o auxílio do MEC, que foi aquele grupo que foi enviado para os Estados Unidos para fazer mestrado. Então, nós conseguimos abrir espaços para a Educação Física com os recursos do MEC, para os cursos de pós-graduação. E, depois de certo tempo, se teve de novo dificuldades financeiras por praticamente toda a universidade, mas, aí tivemos um fato bastante importante, nas gestões do Haimo e depois na minha gestão como diretor. Nós conseguimos fazer com que os recursos da Universidade fossem distribuídos por centros e aí nós tivemos uma grande vantagem, porque o CEFD sendo menor, quase como um departamento, comparado com outros, tinha montantes de recursos iguais ao de centros como o de Saúde e de Tecnologia. Nós conseguimos manter esse estado por algum tempo. Agora já estão reformando de novo estas trocas. A mudança no sistema de avaliação para distribuição de recursos foi o trabalho por metas.  Aí começou o sistema por projetos e quem fez bons projetos conseguia bons recursos. Foi o que na gestão do Aluísio se caracterizou bastante. Ele conseguiu bons projetos, bons recursos.

 

Professora Janice Mazo: O CEFD foi fundado em 1970, período demarcado por governos militares no país. O senhor pode comentar sobre possíveis influências dos militares nos caminhos do CEFD?

 

Professor Jefferson Canfield: Bem, vou fazer uma análise do que poderia ter sido a influência do período de 1964 para o CEFD. Para isto, eu tenho que reportar um pouco a influência que eu senti dentro da minha formação. Em 1964 foi quando eu entrei, quer dizer, eu entrei em 1963 na ESEF e em 1964 aconteceu a “redentora” e evidente que, na época, a ESEF era uma escola praticamente de militares, tinha uma tradição militar. Então, praticamente reforçou a ideia durante os anos e, por isso, da minha incompatibilidade, porque reforçou mais ainda a ideia de uma Educação Física baseada em um sistema. Na época, o diretor era o Jacinto Targa e a formação era baseada na escola de Joinville Le-Pont, na escola militar de Joinville Le-Pont. Os métodos que nós trabalhávamos em 1963, 1964 e 1965, basicamente eram do método francês de Educação Física, das sete famílias, que era o método de Joinville Le-Pont, era um método militar de Educação Física, isso era sabido. Bom, quando eu vim para Santa Maria encontrei, evidente, um decano que era um militar. Encontrei um corpo de professores, como o Clóvis Avila e o Jardini Tombesi, que eram militares também e que eu não pude sentir na forma deles trabalhar, vamos falar assim, mais pessoalmente. O Tombesi, eu já senti uma pessoa bem diferente de uma formação militar no sentido de ideias, porque, ele se dedicou muito a recreação. Senti um lado mais humano da Educação Física que, na época, ninguém trabalhava. O Clóvis tinha uma participação muito grande na comunidade, mas, mantinha dentro de suas aulas um sistema mais [pausa]... Tanto é que ele era um professor de esgrima que era uma coisa muito [pausa]... Lá na ESEF/UFRGS era uma coisa bastante “endeusada”. A disciplina de esgrima, de lutas, isso representava uma formação mais militar. Da parte do Coronel Milo, como ele atuava muito, mas não atuava na parte de ministrar disciplinas, mas, sim, como um dirigente, ele era um dirigente militar, evidente, era rígido, tinha projetos, tinha linhas, era duro na sua maneira de tratar. Os outros colegas já vinham de uma formação que eu desconhecia. O Haimo vinha do esporte, a Heloisa já era professora do ensino secundário aqui e o Lang, que foi meu contemporâneo. Então, eu não pude sentir em Santa Maria, uma tendência forte como, evidente, a UFRGS tinha um peso forte no grupo militar. Em Santa Maria, a não ser por serem militares, ou ex-militares, não me pareceu muito. Embora o professor Clóvis, que foi um dos coordenadores do curso, tivesse poder na construção do currículo, eu acho que, na época, nós fomos muito influenciados por aquela tendência, mais vinda das nossas escolas. No caso da Lang, era mais uma tendência desportiva, uma linha rígida de trabalho. Isso é um pouco do que eu posso dizer sobre a influência que nós tivemos, mas, eu acho que isso foi quebrado em um espaço de tempo muito curto. Muito mais fácil foi de quebrar essa tendência, porque logo depois vieram os alunos que não tiveram, assim, tanta influência dos seus antigos professores e também eram pessoas de bastante idade. A idade média da primeira turma era bastante alta. Então, eram pessoas que tinham suas posições, sua maneira de ser.

 

Professora Janice Mazo: O senhor é autor de um livro que abordou a situação do CEFD a partir da obrigatoriedade da prática da Educação Física no terceiro grau. O senhor poderia comentar um pouco sobre essa sua produção?

 

Professor Jefferson Canfield: Com a publicação do Decreto 69.450, Santa Maria tomou a iniciativa. A Lei estava estabelecida e nós começamos a fazer a primeira experiência. O Coronel Milo solicitou que eu coordenasse isso e que montasse a estrutura de atendimento aos alunos. Na época, o esporte era o ponto fundamental e nós entendemos que devia ser esporte na universidade, e assim foi. A nossa primeira experiência - até por influência da forma militar do Coronel Milo estruturar todo o esquema de trabalho - foi pensar em estruturas que não permitissem que o aluno optasse por disciplinas, mas, que ele passasse por várias experiências. Então, nós fazíamos o aluno passar por um ou outro esporte. Tínhamos deficiência de professores e com isso nós fizemos uma primeira experiência de associar - pois não tínhamos professores suficientes na época - associamos uma disciplina do curso denominada docência supervisionada e colocamos os alunos da turma 72 e 73 a ministrarem aulas para esses alunos dos clubes como uma forma de integração entre o que eles deveriam aplicar e o que nós deveríamos oferecer. Com isso, eles faziam rodízio. O aluno não deveria se especializar em um esporte, como nós já tínhamos dentro da turma 72, 73, pois cada um gostava de uma modalidade e queria trabalhar com ela. Assim, eu fiz um sistema de rodízio onde cada um tinha que trabalhar várias modalidades. Os alunos experimentavam as várias modalidades e os professores também e aí nós fomos fazendo alterações até chegar no ponto da oferta livre, ou seja, o aluno escolhia o clube que desejasse fazer. Santa Maria andou e professores foram contratados pelo CEFD em função da necessidade dos clubes universitários e isso foi um artifício. Foi um artifício porque o professor entrava para ser professor do clube universitário, não queria trabalhar com os alunos dos clubes porque não tinha na sua mão um potencial daquele tipo do aluno da Educação Física, que sabia jogar bonitinho, direitinho. O aluno do clube não tinha essas qualidades e, portanto, ele não gostava. Aquilo era um trampolim para ele pegar uma disciplina do curso de graduação em Educação Física e, novamente, se ficou com problemas de ter que contratar mais professores. Nesse ponto, a universidade já começou a fazer alguns movimentos contra a Educação Física, defendendo que não deveria ser obrigatória. A partir de então, se passou a entender o Decreto como obrigatório e foram iniciados os embates nos conselhos. Enquanto isso, eu fui solicitado algumas vezes para fazer assessorias em outros estados, em outras universidades, inclusive no Amazonas, para implantar lá, porque o nosso estava se destacando como um bom modelo. Mas, em compensação, tivemos outra universidade aqui, que implantou um modelo superior ao nosso, que foi a de Santa Catarina e que hoje eu não sei como está, mas, naquela época, despontou como um bom modelo de ensino de Educação Física para os universitários. Naquela época estávamos discutindo a ideia de não ser obrigatória a Educação Física, de que ela pudesse ser opcional, mas, alguns colegas entendiam que se deixasse livre ninguém iria fazer. Eu achava que era exatamente aí o grande sucesso. Se nós pudéssemos cativá-los era porque estávamos fazendo um bom trabalho. Isso foi um pouco da história dos clubes universitários que teve várias fases e várias experiências, mas, foi uma imposição através do Decreto de 69.450.

 

Professora Janice Mazo: Logo após seu ingresso no CEFD, o senhor foi convidado, junto a outros professores pioneiros do Centro, para atuar em um trabalho de extensão no Campus Avançado de Roraima. O senhor pode comentar sobre como sucedeu a sua participação nesta iniciativa?

 

Professor Jefferson Canfield: Resolveram abrir para a Educação Física o campus de Boa Vista/RO. Eu fui na segunda turma para fazer uma implantação, levar a Educação Física e começar o trabalho. Passamos um mês lá. As condições eram trágicas. O pessoal tinha vontade, mas, a organização era mínima. Os professores eram os alunos da segunda, terceira série do primeiro grau. Esses eram os professores de Educação Física dentro da escola. Mas, o objetivo era fazer uma integração com as outras equipes e a Educação Física serviu para fazer um ponto de ligação. Promoveu os jogos de Roraima. O grupo que foi para lá conseguiu “dar uma pintura”. Eu não conheci a história anterior. O Coronel Amêndola certamente era relacionado, na época, com os chamados “estados irmãos”. Roraima é um estado irmão do Rio Grande do Sul, pelas características físicas do relevo, etc. Já existiam alguns gaúchos por lá, talvez, tenham facilitado e, evidente, também eram estratégias militares.

Ao findar sua narrativa, sublinhamos que foi possível evidenciar que o percurso acadêmico do professor Jefferson Canfield foi marcado por um forte interesse e dedicação aos aspectos pedagógicos, desde sua formação inicial em Educação Física. Embora a área da aprendizagem motora tenha despertado o seu interesse, notou-se o olhar, também, para as questões filosóficas e antropológicas acerca deste tema. Ao longo de sua carreira no CEFD/UFSM, o professor Jefferson esteve no cargo de diretor e, também, trabalhou para a implantação do programa de pós-graduação do CEFD.

Deste modo, conheceu e colaborou no desenvolvimento dos diferentes vieses que conformaram o que hoje compõe o Centro de Educação Física e Desportos, da Universidade Federal de Santa Maria. Para além de sua contribuição particular nas esferas administrativas e de ensino dentro do CEFD/UFSM, o professor Jefferson Canfield tornou-se uma referência ao campo mais amplo da Educação Física brasileira, especialmente através da publicação de artigos, livros, capítulos de livros e orientações de teses de doutorado. Tais esforços foram reconhecidos através de inúmeras homenagens, de distintas entidades da área. A mais recente foi a Comenda do Mérito Universitário da UFSM, entregue pelo Reitor Paulo Burmann ao professor, no ano de 2016. Assim, a divulgação da presente entrevista também tem a pretensão de homenagear os esforços do professor Jefferson Canfield em prol da construção de uma Educação Física mais humana, além de servir de registro e subsídio para estudos futuros que se dediquem a compreender a própria história do CEFD e da formação profissional sucedida na instituição.

 



 

 

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Notas

1 Para fins éticos esclarecemos que a entrevista, depois de transcrita e impressa, retornou ao entrevistado na época (1993), o qual assinou-a, autorizando a utilização das informações contidas no documento oral, bem como das imagens registradas no dia da realização da entrevista. Anotamos ainda que, por conta do falecimento do professor Jefferson Thadeu Canfield, no dia 29 de setembro de 2019, tornou-se inviável a apresentação de uma autorização por escrito.

2 Com a aprovação do 2º Estatuto da UFSM, pela Portaria nº 433 do MEC, no mês de maio de 1978, a instituição foi reestruturada em oito unidades. Essa normativa também modificou a nomenclatura do então denominado “Centro de Educação Física” (CEF) e incorporou o termo “Desportos”, passando a ser denominado desde então de “Centro de Educação Física e Desportos” (CEFD).