Estudos sobre Pedagogia Universit�ria e Did�tica do/no Ensino Superior: itiner�rios de uma experi�ncia em tempos de pandemia
Studies on University Pedagogy and Didactic of/in Higher Education: itineraries of an experience in times of pandemic
Estudios sobre Pedagog�a Universitaria y Did�ctica de la/en la Educaci�n Superior: itinerarios de una experiencia en tiempos de pandemia
Jos� Leonardo Rolim de Lima Severo
Professor Doutor na Universidade Federal da Para�ba. Jo�o Pessoa, Para�ba, Brasil.
leonardorolimsevero@gmail.com - http://orcid.org/0000-0001-5071-128X
Rayssa Maria Anselmo de Brito
Doutoranda na Universidade Federal da Para�ba. Jo�o Pessoa, Para�ba, Brasil.
rayssamtbrito@gmail.com - http://orcid.org/0000-0001-9389-6421
Gabriela da N�brega Carreiro
Doutoranda na Universidade Federal da Para�ba. Jo�o Pessoa, Para�ba, Brasil.
gncarreiro@gmail.com - http://orcid.org/0000-0001-5559-9901
Recebido em 04 de outubro de 2020
Aprovado em 11 de janeiro de 2021
Publicado em 04 de setembro de 2021
RESUMO
Conferir � Did�tica um lugar de centralidade no contexto da forma��o docente para o Ensino Superior constitui-se em uma demanda atual e urgente. Pensar esta demanda em meio a cen�rios de interrup��o e (re)estrutura��o das atividades presenciais de ensino, em fun��o da pandemia da Covid-19, a torna ainda mais desafiadora. Por essa raz�o, o presente trabalho busca compreender e discutir a experi�ncia de ensino remoto da disciplina �Pedagogia Universit�ria e Did�tica do/no Ensino Superior�, a qual se configurou em um laborat�rio para experimenta��es coletivas que, atravessadas pelas especificidades do contexto pand�mico, puseram em articula��o o estudo dos temas program�ticos e modos alternativos de ensinar e aprender remotamente. Ou seja, permitiram, ao docente e �s/aos discentes, aproximarem-se criticamente do ensino remoto, na medida em que se exercitaram di�logos te�ricos e experi�ncias de media��o tecnol�gica que sinalizaram a import�ncia da Did�tica como espa�o para pensar as finalidades, media��es e condicionantes do ensino, especialmente nesse contexto. Assim, consiste num Relato de Experi�ncia, pautando-se por dados coletados junto aos/�s discentes por meio de um question�rio virtual e em registros vivenciais das/o autoras/or. Consideramos que a transi��o para o ensino remoto nos auxilia a recuperar as pr�ticas desenvolvidas na sala de aula presencial e confront�-las com a necessidade de configurar novos modos de estrutura��o did�tico-curricular que propiciem condi��es para o desenvolvimento da aprendizagem pelo engajamento, constru��o e compartilhamento de saberes em redes colaborativas com o suporte de tecnologias educativas.
Palavras-chave: Did�tica; Pedagogia Universit�ria; Ensino Superior.
ABSTRACT
Giving Didactics a central place in the context of teacher education for Higher Education is a current and urgent demand. Thinking about this demand amid scenarios of (re) structuring and interrupting face-to-face activities makes it even more challenging. For this reason, this paper seeks to comprehend� the remote teaching experience of the subject �University Pedagogy and Didactics of / in Higher Education�, which constituted a laboratory for collective experiments that, crossed by the specificities of the pandemic context, brought together the study of programmatic themes and alternative ways of teaching and learning remotely. In other words, it allowed teachers and students to critically approach remote education, as theoretical dialogues and technological mediation experiences were exercised that signaled the importance of Didactics as a space to think about the purposes, mediations and conditions of the teaching, especially in this context. Thus, the methodological character of this paper consists of an Experience Report, based on� data collected from the students through a virtual questionnaire and experiential records of the authors'. From this point of view, the transition to remote teaching helps us to recover the practices developed in the classroom and confront them with the need to configure new modes of didactic-curricular structuring that provide conditions for the development of learning through engagement, construction and sharing of knowledge in collaborative networks with the support of educational technologies.
Keywords: Didactic; Universitary Pedagogy; Higher Education.
RESUMEN
Dar un lugar de centralidad a la Did�ctica en un contexto de formaci�n docente para la Educaci�n Superior es una demanda actual y urgente. Pensar en esta demanda con la (re)estructuraci�n e interrupci�n de las actividades de ense�anza, debido a la pandemia del Covid-19, se torna m�s desafiante. Por ello, el presente trabajo busca� comprender la experiencia de ense�anza remota de la disciplina �Pedagog�a y Did�ctica de la Universidad de Educaci�n Superior�, la cual se constituy� en un laboratorio de experimentaci�n colectiva que, cubriendo las especificidades del contexto pand�mico, articul� el estudio de temas program�ticos y formas alternativas de aprendizaje y ense�anza remota. O sea, permitir�n, al docente y a los alumnos, un enfoque cr�tico de la ense�anza remota, a medida que fueron emergiendo di�logos te�ricos y experiencias de mediaci�n tecnol�gica, que resaltaran la importancia de la Did�ctico como espacio de reflexiones sobre prop�sitos, mediaciones y condiciones del ense�anza, especialmente en este contexto. As�, el car�cter metodol�gico de este texto consiste en un Informe de Experiencia, basado� en datos recopilados de los estudiantes a trav�s de un cuestionario virtual y los registros de las experiencias de los autores. Creemos que la transici�n a la ense�anza remota nos ayuda a rescatar las pr�cticas que se dan en el aula y a enfrentar las necesidades de configurar nuevas formas de estructuraci�n did�ctico-curricular que aporten las condiciones para el desarrollo del aprendizaje a trav�s de la educaci�n, la construcci�n y compartir conocimientos en redes colaborativas con el soporte de las tecnolog�as educativas.
Palabras-clave: Didactica; Pedagog�a Universitaria; Ense�anza Superior.
Introdu��o
Surpreendidos/as por uma pandemia provocada pela prolifera��o do v�rus Covid-19, todos os pa�ses, incluindo o Brasil, enfrentam a necessidade de promover uma reorganiza��o social, de modo a instituir, por meio de decretos nacionais e estaduais, per�odos consecutivos de distanciamento social, isolamento e lockdown. Nesse cen�rio, observamos que tal crise sanit�ria apresenta reflexos nas diversas esferas de organiza��o da vida em sociedade, de modo que �se torna dif�cil apontar espa�os e rela��es sociais que n�o sofreram alguma mudan�a com a pandemia� (PALUDO, 2020, p. 45).
Em nosso contexto acad�mico fomos retirados/as abruptamente dos cotidianos vividos e necessitamos participar de redes de elabora��o coletiva dessa experi�ncia para que a pressa em sair do isolamento n�o nos fizesse esquecer os motivos pelos quais tivemos de nos isolar[1].
Nessa dire��o, constatamos que as institui��es educativas, incluindo as que se dedicam ao Ensino Superior, podem e devem ser um elo importante na constru��o dessas redes e, para isso, precisam exercitar uma reflex�o sobre possibilidades de interven��o educativa que colaborem com objetivos de forma��o humana nesse contexto e sobre as condi��es que tornam poss�vel esse modo de atua��o.
De modo geral, as Institui��es de Ensino Superior (IES), nos n�veis de gradua��o e de p�s-gradua��o se mobilizaram para planejar e executar agendas de ensino remoto confrontadas por uma realidade desafiadora de aus�ncia de experi�ncias formativas dos/as docentes com o uso de tecnologias apropriadas para tal fim, de condi��es desiguais de acesso a suportes tecnol�gicos pelos(as) pr�prios(as) estudantes(as) (PALUDO, 2020), bem como de impactos psicossociais e econ�micos provocados pelo reordenamento da vida social.
Este texto sistematiza a experi�ncia desenvolvida no �mbito da disciplina �Pedagogia Universit�ria e Did�tica do/no Ensino Superior�, ofertada no Programa de P�s-Gradua��o em Educa��o da Universidade Federal da Para�ba, no primeiro semestre de 2020. Sob o prop�sito da sistematiza��o, mobilizamos dados coletados junto aos/�s discentes por meio de um question�rio virtual no di�logo com registros vivenciais das/o autoras/or, no intuito de compreender as possibilidades de forma��o pedag�gica do(a) professor(a) do Ensino Superior, ao n�vel de p�s-gradua��o, em um contexto de isolamento social, ressaltando os potenciais da Pedagogia Universit�ria e da Did�tica como eixos estruturantes da cr�tica propositiva sobre o aprender e o ensinar. O question�rio virtual foi aplicado com o objetivo de levantar informa��es sobre os/as estudantes da disciplina, compreens�es sobre Did�tica e forma��o docente, e posicionamentos avaliativos acerca do percurso de aprendizagem em meio �s circunst�ncias do ensino remoto.
Para tanto, tomamos como base a premissa de que o relato de experi�ncia
est� compreendido como um trabalho de linguagem, uma constru��o que n�o objetiva propor a �ltima palavra, mas que tem car�ter de s�ntese provis�ria, aberta � an�lise e � permanente produ��o de saberes novos e transversais. Configura-se como narrativa que, simultaneamente, circunscreve experi�ncia, lugar de fala e seu tempo hist�rico, tudo isso articulado a um robusto arcabou�o te�rico, legitimador da experi�ncia enquanto fen�meno cient�fico (DALTRO; FARIA, 2019, p. 235).
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A referida disciplina configurou-se em um laborat�rio para experimenta��es coletivas que, atravessadas pelas especificidades do contexto pand�mico, puseram em articula��o o estudo dos temas program�ticos e modos alternativos de ensinar e aprender constantemente objetos de problematiza��o did�tica. Ou seja, permitiu, ao docente e �s/os discentes, se aproximarem criticamente do ensino remoto, na medida em que se exercitaram di�logos te�ricos e experi�ncias de media��o tecnol�gica que sinalizaram a import�ncia da Did�tica como espa�o para pensar as finalidades, media��es e condicionantes do ensino, especialmente nesse contexto.
Por esta raz�o, objetivando circunscrever a experi�ncia aqui refletida, estruturamos o presente texto em quatro distintas se��es, sendo elas: 1 - A contextualiza��o da experi�ncia, em que s�o apresentadas as intencionalidades formativas e dimens�o contextual em que a experi�ncia se situa; 2- Pressupostos da experi�ncia: Did�tica e forma��o pedag�gica de professores/s para o Ensino Superior, se��o dedicada ao arcabou�o te�rico que pautou a disciplina e que tamb�m configurou o quadro conceitual da sistematiza��o da experi�ncia; 3- Sujeitos da experi�ncia e suas motiva��es, em que refletimos sobre as especificidades dos sujeitos que integraram a experi�ncia relatada e como se deu sua vincula��o na mesma; e, por fim,� 4- Percursos das experi�ncias, na qual analisamos os aprendizados e reflex�es constru�das nesse processo formativo.
A contextualiza��o da experi�ncia
Na Universidade Federal da Para�ba, a interrup��o das aulas presenciais se deu em meados do m�s de mar�o, surpreendendo alunos/as e professores/as e, consequentemente, provocando a readequa��o das rotinas formativas com a ado��o de pr�ticas classificadas como ensino remoto emergencial, uma alternativa que, desde logo, visou distinguir-se do modelo de Educa��o � Dist�ncia (EaD), uma modalidade que possui perspectivas pedag�gicas espec�ficas com m�todos de organiza��o did�tico-curricular pr�pria[2].
No �mbito do Programa de P�s-Gradua��o em Educa��o, a ades�o ao ensino remoto obteve certo consenso, em fun��o de uma aposta emergencial de docentes e discentes, para darem prosseguimento a disciplinas em curso e viabilizarem a integraliza��o curricular de estudantes que pretendiam qualificar ou defender seus trabalhos de pesquisa.
Al�m disso, a decis�o conjunta apoiou-se na percep��o de que o n�vel de autonomia esperado que um/a estudante de p�s-gradua��o manifeste, permite, em um primeiro momento, o envolvimento e participa��o em situa��es de aprendizagem em ambientes virtuais que exigem uma maior maturidade para autorregula��o. Mesmo assim, tal percep��o n�o � suficiente para garantir ou justificar a ado��o do ensino remoto sem a necess�ria preocupa��o com as condi��es de acesso �s tecnologias e circunst�ncias psicossociais que envolvem os/as estudantes e suas fam�lias.
A disciplina contabilizou uma carga hor�ria de 60 horas. A interrup��o das aulas presenciais ocorreu quando a disciplina alcan�ava seu terceiro encontro. Os demais doze encontros foram promovidos de forma s�ncrona online, por meio de diferentes plataformas de salas virtuais de videoconfer�ncia.
Na busca por pavimentar um percurso formativo que garantisse condi��es de apropria��o, produ��o e socializa��o de conhecimentos pertinentes ao escopo da disciplina, foram organizadas diferentes estrat�gias que, de forma s�ncrona e ass�ncrona, produzissem um cen�rio prop�cio �s intera��es em rede, � constru��o de v�nculos, � an�lise cr�tica do contexto e ao engajamento acad�mico como express�o de uma concep��o de aprendizagem comprometida com o desenvolvimento de capacidades cognitivas e socioafetivas enriquecidas pela colaboratividade.
Para tanto, operamos com a concep��o de Did�tica Multidimensional por reconhecermos que a media��o did�tica se estrutura por �[...] perspectivas de an�lise que ajudem a compreender os contextos hist�ricos, sociais, organizacionais, culturais, nos quais os sujeitos est�o em rela��o com o saber a ser (re)aprendido� (FRANCO; PIMENTA, 2016, p. 550). Levando em conta as possibilidades e contradi��es do ensino remoto, caber� a Did�tica compreender, dispor e mobilizar espa�os de (auto)(trans)forma��o dos/as estudantes para ampliar a qualidade do processo de ensino e do que se considera necess�rio ao �momento pedag�gico do(a) aluno(a)� (FRANCO, 2015, p. 171).
Nessa mesma l�gica, trazemos neste artigo a compreens�o da Pedagogia Universit�ria como um �[...] campo cient�fico espec�fico de saberes que precisam ser mobilizados para que a educa��o superior alcance a sua dimens�o pol�tica, social e cognitiva [...]� (CUNHA, 2019, p. 128). Logo, mais do que nunca � preciso situar indaga��es no campo da Pedagogia Universit�ria sobre como as alternativas produzidas para manter o funcionamento das Institui��es de Ensino Superior (IES) viabilizam o alcance das suas finalidades formativas com perspectiva de qualidade pedag�gica e equidade social.
Uma vez apresentado o contexto no qual se situa o presente relato, adentramos, pois, no exerc�cio reflexivo sobre os pressupostos que fundamentam nossa experi�ncia na rela��o entre os campos da Did�tica e da Forma��o Docente. �
Pressupostos da experi�ncia: Did�tica e forma��o pedag�gica de professores/s para o Ensino Superior
�A disciplina foi estruturada de maneira a possibilitar, aos/�s estudantes, o desenvolvimento de capacidades de compreens�o e a��o docente diante de din�micas que configuram os processos did�ticos no Ensino Superior a partir de reflex�es sobre aspectos institucionais, pol�ticos, relacionais e metodol�gicos que incidem nas pr�ticas de ensino e aprendizagem. Desse prop�sito deriva a concep��o de Did�tica que pautou a constru��o e a reflex�o da din�mica formativa ao longo das aulas.
Percorremos um caminho de interlocu��es com diferentes autores/as e perspectivas te�ricas de modo a compreendermos a Did�tica como campo de conhecimento e disciplina pedag�gica que se volta para o ensino como pr�tica social, logo hist�rica e pol�tica, e, fen�meno humano, portanto, interrelacional e multirreferenciado. Nessa l�gica, a abordagem da Did�tica acerca do ensino se d� em torno dos aspectos que determinam suas finalidades, contextos, sujeitos, cen�rios e formas de media��o. Tal modo de abordar o ensino revela uma ruptura quanto ao sentido normativo e prescritivo da Did�tica herdado de tend�ncias epistemol�gicas que restringem a Pedagogia, como �rea na qual se situa a Did�tica, ao lugar das t�cnicas instrucionais.
Compreender o ensino como pr�tica social e fen�meno humano pressup�e assumir sua complexidade como objeto de conhecimentos, bem como do modo pelo qual � efetivado por meio da a��o intencional de educadores/as. Na medida em que ensinar compreende um pensar e um fazer envolvidos no desvelamento cr�tico das finalidades educativas e na tomada de decis�es que criam, reflexivamente, as situa��es pr�ticas do/a educador/a s�o assumidas como uma pr�xis transformadora da sociedade que se realiza pela possibilidade de intervir no desenvolvimento humano, de modo a produzir e potencializar capacidades individuais e coletivas de constru��o de saberes. Como objetivo do ensino, a aprendizagem consiste, portanto, em uma atividade de apropria��o e compreens�o do mundo pelos/as sujeitos, instrumentalizada por diferentes saberes que se (re)criam nas rela��es estabelecidas com seus contextos de inser��o social. (FRANCO; PIMENTA, 2016).
Cabe � Did�tica, nesse sentido, fundamentar pedagogicamente a a��o do/a educador/a para produzir, intencional e estruturadamente, com base em uma racionalidade cr�tica e dial�gica (FREIRE, 1996), situa��es de aprendizagem referenciadas em uma rede de saberes de diferentes matrizes epistemol�gicas (cient�ficos, art�sticos, tecnol�gicos, culturais, etc.), estimulando o desenvolvimento do pensamento reflexivo e aut�nomo, do engajamento �tico e da a��o colaborativa. Como afirmam Franco e Pimenta, as media��es da Did�tica no processo dial�tico de concep��o e organiza��o do trabalho pedag�gico disp�em �[...] aos docentes perspectivas de an�lise que os ajudem a compreender os contextos hist�ricos, sociais, organizacionais, culturais, nos quais os sujeitos est�o em rela��o com o saber a ser (re)aprendido� (2016, p. 550).
Essa Did�tica Multidimensional (FRANCO; PIMENTA, 2016) � desafiada a se fazer presente tamb�m na forma��o e pr�tica docente no Ensino Superior, �mbito no qual ainda persistem muitas resist�ncias aos saberes pedag�gicos, dada a representa��o equivocada de que a condi��o formativa do/a professor/a se respaldaria no dom�nio de conte�dos espec�ficos da �rea em que atua ou, t�o somente, na experi�ncia de tempo de atua��o no magist�rio. Tal representa��o segue sendo legitimada por discursos institucionais que naturalizam pr�ticas pouco engajadas com a aprendizagem significativa dos/as estudantes, dificultando processos did�tico-curriculares que busquem atender aos desafios da forma��o no Ensino Superior em um cen�rio complexo de transforma��es sociais que exigem a produ��o de sentido cr�tico e inovador para o ensinar e o aprender.
Articulada a uma perspectiva de Pedagogia Universit�ria (MASETTO; GAESA, 2018), a Did�tica do/no Ensino Superior se configura em um aporte fundamental na constru��o dos percursos de forma��o e identidade do/a docente que atua nesse n�vel, problematizando seus modos de pensar, fazer e interagir com os saberes, os/as estudantes e seus contextos. Desse modo, contribui decisivamente na configura��o de uma profissionalidade resultante do investimento permanente na autocr�tica, na sistematiza��o da pr�pria experi�ncia pela �tica do pedag�gico e na reflex�o sobre os movimentos de ser/estar professor/a em circunst�ncias din�micas de um trabalho que se modificam continuamente ao longo do tempo (PIMENTA; ANASTASIOU, 2014). Logo, a Did�tica assume contornos de um repert�rio de saberes que n�o apenas instrumentalizam decis�es metodol�gicas, mas estruturam uma racionalidade pr�xica (CARR, 2002) que confere intencionalidade � a��o educativa, com vistas a aperfei�o�-la.�
Os Programas de P�s-Gradua��o (PPG) s�o o espa�o em que se formam professores/as para o Ensino Superior, segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educa��o (BRASIL, 1996). Entretanto, lacunas na legisla��o e aus�ncia de diretrizes espec�ficas para formula��o de curr�culos que incorporem a problem�tica do ensino na organiza��o dos PPGs, explicam o fato de que os cursos de mestrado e doutorado n�o possuam componentes espec�ficos voltados � forma��o pedag�gica do/a professor/a do Ensino Superior. N�o encontrando respaldo em normativas legais, essa forma��o normalmente fica a cargo de pr�ticas institucionais epis�dicas, quando existem.
O/a professor/a do Ensino Superior normalmente constr�i sua identidade em um ethos acad�mico de desvaloriza��o da sua condi��o formadora e, em consequ�ncia, dos saberes da Pedagogia e da Did�tica. Esse ethos refor�a a cren�a de que o papel dos PPGs seria, exclusivamente, promover a especializa��o em campos de pesquisa cient�fica. Mesmo sinalizando a import�ncia da qualidade pedag�gica da a��o do/a professor/a, as IES tamb�m o refor�am quando priorizam crit�rios de ingresso e ascens�o na carreira que posicionam as compet�ncias investigativas em n�veis superiores �quelas vinculadas propriamente ao campo do ensino. Com isso, a cultura profissional do magist�rio no Ensino Superior vai se organizando em torno de significados e pr�ticas que minimizam ou mesmo recha�am o papel da Did�tica e n�o proporcionam o ensinar com pesquisa.
A aus�ncia da Did�tica como saber estruturante da forma��o e do trabalho docente implica na descaracteriza��o do estatuto do magist�rio e dificulta a constru��o de um entendimento em que a doc�ncia seja encarada como profiss�o em contraponto � cultura do improviso, da voca��o ou da reprodu��o de modelos, tra�os fortemente presentes na atua��o dos/as professores/as do Ensino Superior.
Os Programas de P�s-Gradua��o em Educa��o n�o fogem � regra. Apesar de se organizarem em torno de temas do campo pedag�gico, a forma��o para a doc�ncia em n�vel superior n�o ocupa espa�o espec�fico na configura��o dos projetos curriculares de cursos de mestrado e doutorado em Educa��o, como assinalam Soares e Cunha (2010), problem�tica acentuada pela invisibilidade ou silenciamento de pesquisas situadas no campo da Did�tica.
Insurgindo em um contra-movimento a tal tend�ncia, a experi�ncia - objeto de reflex�o neste texto - conferiu espa�o para, na forma��o de mestres/as e doutores/as em Educa��o e de alunos/as especiais de diferentes �reas, a problematiza��o e a aquisi��o de referenciais did�ticos necess�rios ao desenvolvimento da a��o docente, compreendendo a necessidade de integra��o do ensino com a pesquisa e da pesquisa no/para o ensino (ALMEIDA; PIMENTA, 2014), de modo a subverter a l�gica de mercado e de consumo com a qual est�o comprometidas as pol�ticas globais de Educa��o Superior. S�o express�es aut�nticas, dessa l�gica, pr�ticas que reduzem o aprender ao dom�nio de informa��es pela simples transmiss�o que desobriga o/a estudante de pensar e criar redes de saberes e de confrontar-se criticamente com a realidade.
Na aposta por transpor para ambientes virtuais de aprendizagem um percurso formativo que foi desenhado para acontecer presencialmente, esses pressupostos sobre Did�tica, pr�tica docente e aprendizagem no Ensino Superior auxiliaram a organiza��o de um itiner�rio formativo que aproveitasse e potencializasse os recursos do ensino remoto, minimizando suas limita��es.
A transi��o para o ensino remoto nos colocou em contato com exig�ncias de organiza��o did�tica desses itiner�rios a fim de estimular a autonomia e a colaboratividade como dimens�es fundantes da aprendizagem. Para tanto, encaramos as atividades s�ncronas como momentos dial�gicos de partilha e sistematiza��o de refer�ncias que se orientaram por um programa de leituras pr�vias e atividades estudos com o apoio de grupos de trabalho cooperativo que, semanalmente, levaram os/as estudantes a se engajarem em temas de interesse e desempenharem tarefas que eram apresentadas � turma.
Tratou-se de um itiner�rio did�tico que exigiu modos de planejar, desenvolver e avaliar os processos de ensino-aprendizagem que, embora induzidos por uma conting�ncia que pegou a todos/as de surpresa, j� integram a agenda de proposi��es da Did�tica do/no Ensino Superior em fun��o de que �[...] os enfoques did�ticos cl�ssicos, centrados na aula e na atua��o do professor, v�m cedendo espa�o a modos de ensino centrados em atividades a serem exercidas pelos estudantes de maneira aut�noma� (ALMEIDA; PIMENTA, 2014, p. 14). Desse ponto de vista, a transi��o para o ensino remoto nos auxilia a recuperar as pr�ticas desenvolvidas na sala de aula presencial e confront�-las com a necessidade de configurar novos modos de estrutura��o curricular que propiciem condi��es para o desenvolvimento da aprendizagem pelo engajamento, constru��o e compartilhamento de saberes em redes colaborativas com o suporte de tecnologias educativas.
O investimento coletivo do professor e dos/as estudantes na experi�ncia teve como fator decisivo a compreens�o cr�tica do contexto da pandemia e das desigualdades estruturais que deixou expostas. O isolamento social restringiu muitos/as de n�s a nossas casas e, mais ainda, nos levou a visualizar os abismos que, historicamente, nos isolam uns dos outros, em fun��o de marcadores da diferen�a e lugares de exist�ncia atravessados por distintas (im)possibilidades de vida, bem como nos desagregam da esfera p�blica (quando naturalizamos a desigualdade e nos seduzimos pela l�gica do mercado). Por essa raz�o, pensar uma �nova normalidade� requer desnaturalizar o que j� � normal e que, por isso, parece oculto ou inofensivo, mas que �, na verdade, causa das mazelas sociais e humanas que nos afligem, bem como construir um amplo consenso sobre a necessidade do fortalecimento de um Estado republicano e de uma sociedade de direitos pautada em valores democr�ticos, atenta aos grupos que mais precisam da sua media��o via pol�ticas sociais. Requer, ainda, pactuar um modo outro de rela��o com o territ�rio, com a comunidade e a natureza, inaugurando um v�nculo sustent�vel que n�o existe para a maior parte das pessoas com o ambiente que as cercam. (SANTOS, 2020)
Como espa�o de forma��o de mestres/as e doutores/as, professores/as do Ensino Superior, um Programa de P�s-Gradua��o n�o pode se furtar da tarefa de colaborar com a forma��o de �intelectuais p�blicos� (SANTOS, 2020) que mediem reflex�es nos diferentes espa�os sociais e, em nosso caso, educacionais, para constru��o de uma sabedoria coletiva que fomente a mudan�a de concep��es e atitudes sociais, premissa da transforma��o da pr�pria sociedade.
Sujeitos da experi�ncia e suas motiva��es
Abordar a experi�ncia de estudos sobre Pedagogia Universit�ria por meio do ensino remoto emergencial requer trazer � tona os(as) sujeitos e suas motiva��es. Para registro da avalia��o da experi�ncia na disciplina, foi aplicado um question�rio virtual junto � turma que serviu de base para as reflex�es que ser�o desdobradas a seguir, tendo como objetivo compreender a experi�ncia de ensino remoto da disciplina.
Constitu�do por 34 participantes, dos quais 24 se autodeclaram de g�nero feminino e 10 de g�nero masculino, com idades entre 23 e 53 anos, a turma era composta por alunos/as regularmente matriculados/as no PPGE - dos quais 10 eram alunos/as do mestrado, 08 alunos/as do doutorado - e 16 alunos/as especiais, ou seja, que n�o possu�am v�nculo regular junto ao Programa.
Quanto � forma��o inicial, a turma representa um mosaico de diferentes cursos, condi��o comum a disciplinas de Did�tica do/no Ensino Superior, uma vez que tendem a ser procuradas por pessoas de diversas �reas em busca de forma��o pedag�gica.
Gr�fico 1 - Forma��o Inicial dos Sujeitos da Pesquisa
Fonte: Arquivo elaborado pelos autores, 2020.
Conforme evidenciado no gr�fico acima, embora seja percept�vel uma predomin�ncia de pedagogas e pedagogos na turma, observamos que 18 alunos/as adv�m de �reas diversas situadas nos campos das Ci�ncias Humanas Sociais e Ci�ncias Exatas. Ressaltamos, tamb�m, que h� casos de alunos/as com mais de uma gradua��o, o que justifica uma quantidade superior ao n�mero de 34 sujeitos.
Entre os/as estudantes, 25 possuem curso de p�s-gradua��o lato sensu distribu�do nas seguintes �reas: Educa��o (12); Psicopedagogia (6); Log�stica (1); Ci�ncias Humanas (1); Ci�ncias Naturais (1); Direitos Humanos (1); Direito (1); Economia (1); e Engenharia (1).
Com rela��o ao mestrado, observamos que 27 alunos/as estavam matriculados ou haviam conclu�do mestrado em: Artes Visuais (01); Ci�ncia da Computa��o (01); Educa��o (18); Educa��o em Direitos Humanos (01); Engenharia de Produ��o (01); Hist�ria (01); Jornalismo (02) e Ci�ncias Cont�beis (01). Mesmo com a predomin�ncia de alunos/as com forma��o nas ci�ncias humanas, � importante valorizar a busca e interesse de pessoas com forma��o em outros campos por compreender quest�es relacionadas � Did�tica e a Pedagogia do Ensino Superior, enquanto campo formativo necess�rio para a profissionaliza��o de docentes para o Ensino Superior.
Ainda no tocante � forma��o, cabe ressaltar que 07 alunos/as eram doutorandos/as em educa��o, 01 doutoranda em Ci�ncia da Informa��o e 01 j� havia conclu�do o curso, sendo tamb�m doutor em educa��o.
Com rela��o �s ocupa��es profissionais dos/as estudantes da disciplina, h� uma predomin�ncia do exerc�cio do magist�rio, ao qual se dedica um grupo de 17 pessoas[3] (sendo que 04 ressaltam ser especificamente da Educa��o B�sica), 09 se declaram servidores p�blicos que atuam em fun��es t�cnico-administrativas, 02 jornalistas e, ademais, uma advogada, uma artista, uma assessora pedag�gica, uma que se declara profissional aut�noma, uma coordenadora pedag�gica, uma gestora de relacionamento comercial, um m�sico, um contador e uma pessoa desempregada com forma��o em Pedagogia. Isso evidencia a multiplicidade de profissionais e compreens�es sobre o campo pedag�gico e did�tico, tendo em comum a busca por aprendizagens oportunizadas pelo componente optativo (n�o-obrigat�rio) de Pedagogia Universit�ria e Did�tica do/no Ensino Superior.
Ao indagarmos acerca das expectativas iniciais que mobilizaram cada um/uma a matricular-se na disciplina em quest�o, obtivemos um total de justificativas que foram agrupadas em categorias compostas por c�digos quantificados a partir da frequ�ncia apresentada nas respostas. As respostas permearam as seguintes concep��es de motiva��o para a busca da disciplina: Conhecimentos sobre a Did�tica do/no Ensino Superior (47%); Conhecimentos sobre o ensino-aprendizagem (22,8%); Crescimento profissional aliado a novas experi�ncias (22,8%); Suporte te�rico para pesquisas (5,1%) e, N�o tinha expectativas (2,9%). ���������
Com essas informa��es, podemos compreender que as expectativas, em sua maioria, est�o implicadas na tem�tica central da disciplina, reiterando a compreens�o da Did�tica enquanto campo da Pedagogia que investiga os fundamentos, as condi��es e os modos de realizar a educa��o mediante o ensino, possibilitando novos olhares para a pr�tica docente no �mbito do Ensino Superior (PIMENTA; ANASTASIOU, 2014, p. 67). Os/as discentes assinalam uma compreens�o da import�ncia da Did�tica quando informam que suas motiva��es consistiam em:
Compreender os aspectos te�ricos e metodol�gicos da Did�tica e Pedagogia Universit�ria; Prepara��o para futura atua��o profissional como docente (E.10)
Me aprofundar e aprimorar a cerca da did�tica, enfatizando seu desdobramento no ensino superior. (E.23)
Compreender a did�tica no ensino superior e as quest�es que envolvem o trabalho do professor. (E.25)
Conhecer mais sobre os estudos que envolvem a Did�tica e a Pedagogia Universit�ria. (E.05)
O interesse nos estudos da Did�tica, levando em conta que a maioria dos alunos/as matriculados/as na disciplina em quest�o tem como �rea de forma��o e atua��o o campo pedag�gico, evidencia uma busca formativa em torno de conhecimentos te�ricos e pr�ticos sobre processos de ensino-aprendizagem fundamentados na rela��o indissoci�vel dos saberes pedag�gicos e saberes did�ticos como bases do fazer docente no contexto do Ensino Superior (D��VILA; FERREIRA, 2019). Trata-se de uma compreens�o importante uma vez que revela que, mesmo para licenciados/as, a forma��o em Did�tica durante a p�s-gradua��o stricto sensu � uma demanda significativa na constitui��o da profissionalidade do/a professor/a do Ensino Superior.
De modo tamb�m significativo, podemos verificar que o interesse em torno das quest�es pedag�gicas, especialmente dos �Conhecimentos sobre o ensino-aprendizagem� 14% fomentaram expectativas e interesses na disciplina, revelando a compreens�o pr�via acerca da Did�tica do/no Ensino Superior como campo de estudos e pr�tica sobre o ensinar e aprender.
Concordamos com D��vila e Ferreira (2019, p. 49) que os saberes did�ticos implicados nos saberes pedag�gicos constituem os elementos estruturantes da pr�tica formativa de professores/as, arquitetando o �alicerce sobre o qual constru�mos nossa compet�ncia profissional � nosso profissionalismo�. Essa concep��o dos saberes apresentada pelas autoras refor�a nosso entendimento sobre a recorr�ncia das expectativas iniciais estarem pautadas na busca por �Conhecimento sobre a Did�tica do/no Ensino Superior� (47%) e �Conhecimento sobre o ensino-aprendizagem (14%)� enquanto saberes pr�prios da doc�ncia que possibilitam uma pr�tica refletida, consciente e, portanto, uma pr�xis pedag�gica.
Percursos das experi�ncias
Nesta se��o, refletiremos sobre as atividades, os desafios e os resultados alcan�ados por meio da experi�ncia na disciplina em quest�o, iniciando por compreender quais as estrat�gias adotadas pelos/as estudantes p�s-graduandos/as ao longo das aulas, como forma de minimizar as conting�ncias desafiadoras do ensino remoto emergencial, bem como se adequando �s demandas oriundas da reorganiza��o da vida na pandemia.
Quadro 1 - Estrat�gias adotadas para criar um ambiente de aprendizagem favor�vel ao ensino remoto
Categoria |
Subcategoria |
Porcentagem de Recorr�ncia |
Organiza��o Estrutural |
- |
47,06% |
Organiza��o Mental/Cognitiva |
- |
26,47% |
Dificuldades na Organiza��o |
Concentra��o Divis�o do Espa�o com as Fam�lias Sobrecarga de fun��es |
5,88% 11, 76% 5,88% |
Nenhuma Estrat�gia |
- |
2,94% |
Fonte: Elabora��o dos autores.
Dentre as estrat�gias adotadas, observamos que 20 (47,06%) dos/as estudantes mencionaram a prepara��o de um ambiente de estudos estruturalmente confort�vel, incluindo um planejamento de hor�rios para realiza��o das leituras e atividades propostas pela disciplina. A rotina, como um elemento significativo para a organiza��o da aprendizagem, especialmente no contexto do ensino remoto, foi enfatizada por 05 (26, 47%) dos/as estudantes.
Todavia, percebemos que a organiza��o desses ambientes de aprendizagens, a partir dos arranjos e ajustes na rotina cotidiana de cada um/uma, nem sempre eram suficientes, visto que problemas com a conex�o, associados �s demandas de fam�lia e filhos/as, acarretaram dificuldades e desafios de ac�mulo de fun��es e, consequentemente, de concentra��o para o bom andamento da aprendizagem. A categoria Dificuldades de organiza��o, enfatizada por 23,52% dos/as estudantes, apontam situa��es que perpassam o cotidiano de m�es estudantes, conforme aponta o relato abaixo:
No come�o, meu esposo ficava com minhas filhas. Mas agora como estou sozinha com elas, s� consigo assistir as aulas gravadas e no hor�rio da madrugada que � melhor pra ter minha aten��o focada. (E-12)
Destacamos a fala da Estudante 12 por compreendermos que esta aponta aspectos significativos que perpassam a realidade de m�es universit�rias que incluem em suas rotinas demandas do cuidado estrutural, financeiro e afetivo das crian�as, associadas �s demandas de estudos. As estudantes-m�es dessa turma, as quais, nesse novo cen�rio de dilui��o das fronteiras de tempo/espa�o entre atividades acad�micas, profissionais e dom�sticas, viram suas demandas familiares ampliadas e intensificadas, necessitando de uma rede maior de apoio, nem sempre poss�vel. Nessa perspectiva, ressaltamos que o apoio familiar foi tamb�m mencionado pelos/as estudantes.
Por fim, ressaltamos, ainda, a fala do Estudante 22, quando afirma que buscou se �desligar das not�cias negativas e em excesso�, uma vez que muitas eram as informa��es sobre a pandemia e o contexto pol�tico no pa�s, recebidas de diferentes fontes e meios de comunica��o, provocando dificuldade de concentra��o, como tamb�m lhes conferiam danos � sa�de mental, a exemplo do aumento da ansiedade.
A reflex�o sobre as a��es realizadas pelos/as estudantes em prol de potencializar suas aprendizagens nesse contexto de isolamento social e ensino remoto, fez-se recorrente nas aulas virtuais, de modo que estes/as eram motivados/as a refletirem sobre tais estrat�gias, inclusive, percebendo como cada um/uma contribu�am para melhorias em meio �s especificidades do contexto da vida na pandemia.
Nessa �tica, e uma vez considerando que a maior parte da turma se constitu�a por docentes em diferentes n�veis de ensino, ressaltamos a import�ncia este exerc�cio autoformativo:
Em se tratando do estudante que ser� um futuro professor, sua forma��o deve possibilitar-lhe ativar a consci�ncia dos alunos sobre seus processos motivacionais, cognitivos e metacognitivos. Essas compet�ncias tra�am o perfil do profissional reflexivo, atualmente exigido, cuja atua��o � inteligente e flex�vel. (CUNHA; BORUCHOVITCH, 2012, p. 252).�
Ainda no campo das dificuldades vivenciadas no formato de ensino remoto, vemos que os seguintes fatores negativos mais ressaltados foram: a sobrecarga de atividades cotidianas (citado por 27 estudantes), dificuldade de concentra��o (18 estudantes); e, atrelada a este, a dificuldade de manter uma rotina de estudos e disciplina intelectual (sinalizados por 17 estudantes). Essas dificuldades encontram-se mutuamente implicadas, uma vez que a mudan�a em fun��o do isolamento alterou as rotinas familiares, levando os/as estudantes a acumularem as demandas de trabalho em circunst�ncias psicossociais de ansiedade, solid�o, medo e cansa�o.
Dessa forma, a sobrecarga de fun��es, as dificuldades de organiza��o de rotinas e ambientes de aprendizagem, que sempre foram quest�es importantes no cotidiano de quem se dedica � pesquisa em educa��o e/ou ao ensino, acentuam-se ainda mais, exigindo uma an�lise atenta no contexto de pandemia e ensino remoto e, por partes das institui��es, uma pedagogia do acolhimento e de solidariedade. O of�cio do/da estudante, conforme aponta Coloun (2017), implicado na compreens�o das regras, din�micas e c�digos institucionais, ao ser deslocado para o contexto pand�mico, exige desses/as discentes uma maior aten��o, organiza��o e engajamento nas suas demandas de aprendizagem e participa��o na vida acad�mica.
A partir da no��o de engajamento, compreendido enquanto processo que possibilita envolvimento dos/as estudantes com as atividades acad�micas, levando em conta os aspectos �afetivos, cognitivos e comportamentais� (VITORIA et al, 2018, p. 263), podemos afirmar que as diversas atividades desenvolvidas remotamente provocaram uma maior intera��o da turma desde planejamento das aulas, com pesquisas em grupo, leituras, di�logos no whatsapp, v�deoconfer�ncias com autoras e autores que se faziam presentes no textos e conversas on-line[4], possibilitando di�logos interinstitucionais sobre as tem�ticas estudadas. Para dinamizar as aulas, foi usada a estrat�gia did�tica dos grupos operativos, a qual consiste na composi��o de equipes que, por livre ades�o motivada por interesse na tem�tica ou tarefa, engajam-se na produ��o de artefatos de aprendizagem que s�o apresentados � turma, conforme programa��o das aulas. Os grupos operativos foram organizados para desdobrar as seguintes tarefas: pesquisa com estudantes do ensino superior (SEVERO Et al, 2020), cartas pedag�gicas, sequ�ncias did�ticas, desenvolvimento de audiovisual e avalia��o da experi�ncia formativa com o ensino remoto na disciplina em quest�o.
Conforme apresenta o quadro abaixo, o engajamento docente-discente foi fundante para o bom desenvolvimento da disciplina, mediante um processo de ensino-aprendizagem dial�gico, no qual os/as discentes puderam, colaborativamente, produzir com o professor o contexto e os objetos do ensino, refletindo e construindo conhecimentos sobre a Did�tica do/no ensino superior, ao tempo que se constitu�am sujeitos desse conhecimento.
Quadro 2 - Elementos que favoreceram o andamento da disciplina no contexto de Pandemia e isolamento social (Amostra de 34 respostas)
Categorias |
Porcentagem de Recorr�ncia |
Disponibilidade do professor para orientar |
89,5% |
Participa��o das professoras e professores convidados |
81,6% |
Din�mica de organiza��o das transmiss�es das aulas |
65,8% |
Escolha de textos curtos com bons referenciais te�ricos |
63,2% |
Atividades dirigidas e grupos tutoriais |
47,4% |
Organiza��o do tempo de durabilidade da aula |
47,4% |
Fonte: Elabora��o dos autores.
Conforme aponta o Quadro 2, a disponibilidade do professor nas orienta��es e di�logos com os/as estudantes representou um elemento valorativo para a aprendizagem significativa na disciplina. Refor�ando a no��o da ensinagem enquanto envolvimento m�tuo num processo dial�gico e compartilhado de trabalhar os conhecimentos, a disciplina possibilitou uma experi�ncia de troca e coletividade na compreens�o das dificuldades de adapta��o a uma disciplina remota na p�s-gradua��o em Educa��o (ANASTASIOU, 2017).
A representa��o da disciplina por parte dos/as estudantes tamb�m foi algo que nos chamou a aten��o, uma vez que, na an�lise das respostas do question�rio, pudemos verificar a mobiliza��o de conceitos pedag�gicos que ultrapassaram os textos trabalhados e dialogados nas aulas, fazendo-se presentes no modo de apreender a experi�ncia na disciplina como espa�o de a��o e reflex�o sobre a a��o, como espa�o de pr�xis.
No meio das dificuldades da Pandemia, a disciplina foi incr�vel e as metodologias utilizadas pelo Professor nos enriquece e empolga, gerando um grande engajamento coletivo. (E 03)
Uma disciplina que leva a muitas reflex�es sobre as posturas, atitudes, m�todos e cotidiano de um professor de ensino superior, bem como a respeito da aprendizagem dos alunos de forma significativa. (E 08)
Diferentes conceitos presentes nas aulas e nos textos de base para as leituras programadas - como did�tica, ensinagem, engajamento, pedagogia universit�ria, metodologias ativas, identidade docente - apresentaram-se de modo recorrente nas respostas dos/as alunos/as ao apontarem as impress�es mais significativas sobre a disciplina. A recorr�ncia desses conceitos pedag�gicos refor�a o engajamento docente na escolha, elabora��o, planejamento e desenvolvimento do processo de aprendizagem contemplando - conforme fundamenta Masetto (2010, p. 21) - os �quatro objetivos educacionais: desenvolvimento cognitivo, afetivo-emocional, de habilidades e de atitudes�, materializados nas respostas das/os discentes:
O processo de Ensinagem, como sendo uma a��o em parceria, professor x aluno, que resulta na a��o de ensinar e aprender. Ensinagem, faz parte de um projeto coletivo e como desafio de uma de pr�tica docente inovadora e comprometida. (E-10)
Reaprendi o conceito de did�tica por meio da teoria e da pr�tica, o diferentes saberes e a import�ncia do papel docente e discente no ato de ensinar e aprender. (E-6)
O maior aprendizado da disciplina para mim, foi o referente a necessidade de autoconhecimento como professor, assim como a necessidade de conhecer seus alunos, tendo em vista os diferentes cen�rios e perspectivas que a profiss�o docente carece para ser bem exercida e cumprir sua finalidade humana, social e �tica. (E-7)
Por fim ressaltamos, ainda, o exerc�cio cr�tico-reflexivo realizado pelos/as estudantes, de modo que, embora 11 estudantes afirmem n�o terem nada a sugerir como aspecto a ser melhorado, os demais apontaram poss�veis melhoramentos � oferta desse componente curricular, os quais dividimos em aspectos te�ricos e metodol�gicos.
No tocante aos aspectos te�ricos, observamos a sugest�o de dois estudantes sobre uma discuss�o a respeito da inclus�o da Pessoa com Defici�ncia no Ensino Superior, seus desafios e especificidades no que tange a uma did�tica mais inclusiva. Outra fala em rela��o � quest�o te�rica constitui-se num pedido de uma maior profundidade na discuss�o da Pedagogia desde seu hist�rico at� seus conceitos fundamentais, tal como justifica o estudante 20:
Como s�o alunos de diferentes �reas de conhecimento, sugiro uma aula sobre termos e um pouco da hist�ria da pedagogia, pois quem n�o tem muito pr�tica docente sentir� dificuldades sobre os temas abordados nas aulas. (E-20)
Nesse registro, ressaltamos a busca de estudantes vindos/as de outras �reas do conhecimento, evidenciando o interesse em ampliar os horizontes dos estudos da Did�tica e da Pedagogia do Ensino Superior tamb�m em seus espa�os de atua��o.
No campo metodol�gico, as sugest�es v�o desde grupos dirigidos (o que foi realizado em alguns momentos da disciplina); mais instrumentos pr�ticos, considerando uma expectativa de construir modelos a serem referenciados em suas pr�ticas, a exemplo de E-26 que pediu por uma �oficina de instrumentos de avalia��o�; bem como incluir aulas remotas nas ofertas futuras, uma vez que este formato de aula possibilitou o encontro da turma com pesquisadores importantes da �rea[5].
�Acrescentamos, ainda, uma sugest�o de que a disciplina seja componente obrigat�rio no Programa de P�s-Gradua��o em Educa��o da Universidade Federal da Para�ba, conforme ressalta o estudante:
Que esse componente curricular seja de car�ter obrigat�rio para a linha de Processos de Ensino e Aprendizagem, de modo que todas e todos possam ampliar e aprofundar na tem�tica tendo como foco a Did�tica enquanto �rea de estudo. (E-3)
Ressaltamos na fala de E-3, a necessidade de trazer esta disciplina enquanto componente obrigat�rio, uma vez que, no formato atual, a mesma se apresenta como sendo uma disciplina optativa e que, por esta raz�o, acaba n�o fazendo parte do processo formativo de futuros/as mestres/as e doutores/as, docentes do Ensino Superior. Acreditamos que � poss�vel e importante a articula��o entre essa disciplina e a pr�tica de Est�gio de Doc�ncia, componente j� obrigat�rio na matriz curricular do Programa de P�s-Gradua��o em Educa��o da Universidade Federal da Para�ba.
Considera��es finais
Em concord�ncia com a cr�tica suscitada pelo E-3, no que tange o lugar da disciplina na linha de pesquisa em Processos de Ensino-Aprendizagem, ampliamos esta perspectiva potencializando sua import�ncia no contexto formativo de todos/as os/as estudantes que atravessam suas trajet�rias em um PPG em Educa��o. Uma vez que a atividade docente deve ser estruturada com base em saberes pedag�gicos e did�ticos, faz-se necess�rio a todos/as aqueles que desejam exercer o magist�rio no Ensino Superior a compreens�o dos aspectos que a constituem a rela��o educativa e seus modos de media��o.
Faz-se salutar, tamb�m, investir em mais reflex�es e experi�ncias sobre o lugar da Did�tica na forma��o de mestres/as e doutores/as em educa��o, que, ao constru�rem suas pr�prias aprendizagens, v�o tamb�m construindo representa��es do que vem a ser professor/a do/no Ensino Superior, quais os desafios e reflex�es neste campo de atua��o.
Atrav�s da experi�ncia exitosa aqui apresentada e refletida, retomamos o objetivo do presente relato, de modo que compreendemos a disciplina �Pedagogia Universit�ria e Did�tica do/no Ensino Superior�, como sendo fecunda de possibilidades reflexivas no tocante a forma��o do/a docente do Ensino Superior. Ressaltamos a necessidade do engajamento e compromisso do docente e dos/as discentes em din�micas de ensino remoto, a fim de que, uma vez se reconhecendo como sujeitos importantes desse processo, possam refletir sobre os pap�is exercidos nessas experi�ncias, enfrentando os desafios a ela postos. Assim, � poss�vel reconhecer, por meio de um di�logo colaborativo entre docentes e discentes, as possibilidades reais de aprendizagem em meio ao cen�rio pand�mico com o qual nos defrontamos de um modo geral.
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Notas
[1] No contexto Paraibano, assim como em outros estados brasileiros, vivenciamos um processo de emiss�o e publica��o de diferentes decretos a n�vel estadual e municipal que visaram regular desde o isolamento total, com medidas fortemente restritivas, at� a flexibiliza��o dessas medidas, com base em estudos epidemiol�gicos de transmiss�o e casos de �bitos
[2] Ressaltamos o fato de que, em se tratando especificamente do perfil dessa turma, todos/as possu�am acesso � internet, ainda que 55,3% afirmasse ter algumas dificuldades de conex�o em alguns momentos. Com consentimento coletivo, o ensino remoto foi adotado sem representar maiores preju�zos ao desenvolvimento das aulas.
[3] Nesse grupo, encontramos tamb�m professores do Ensino Superior que n�o se auto-definiram explicitamente no momento de preenchimento do question�rio, o que j� nos aponta para uma constru��o identit�ria a ser fortalecida.
[4] Cabe ressaltar que os encontros desta disciplina contaram tamb�m com a participa��o dos professores de renome neste campo de estudos, entre eles Maria Isabel da Cunha, Maria Am�lia Franco, Selma Garrido Pimenta e Jos� Carlos Lib�neo, de modo que era poss�vel ler textos e dialogar com seus autores, o que fortaleceu para que os debates nesta disciplina ocorressem de modo atual e consubstanciado.
[5] Foram elas/ele: Jos� Carlos Lib�neo, Selma Garrido Pimenta, Maria Isabel de Almeida, Maria Am�lia Franco, Renata da Costa Lima e Elisa Gonsalves Possebon.