PROJETOS DE PESQUISA NO ENSINO M�DIO INTEGRADO: POSSIBILIDADES DE FORMA��O INTEGRAL EM ENOLOGIA E VITICULTURA

RESEARCH PROJECTS IN INTEGRATED HIGH SCHOOL: POSSIBILITIES OF INTEGRAL TRAINING IN ENOLOGY AND VITICULTURE

 

Luis Carlos Diel Rupp

Instituto Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil

luis.rupp@bento.ifrs.edu.br - https://orcid.org/0000-0001-8678-2047

 

 

Gisele Schwede

Instituto Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil

gisele.schwede@farroupilha.ifrs.edu.br - https://orcid.org/0000-0001-6541-3728

 

 

Marcos Aurelio Schwede

Instituto Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil

marcos.schwede@ifsc.edu.br - https://orcid.org/0000-0003-1921-3842

 

Recebido em 21 de agosto de 2020

Aprovado em 30 de mar�o de 2021

Publicado em 01 de agosto de 2022

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RESUMO

Considerando o prop�sito de forma��o integral proposto no Projeto Pedag�gico Institucional do Instituto Federal do Rio Grande do Sul e visando a constru��o de uma pr�xis docente coerente com esse documento e com o Projeto Pedag�gico do Curso T�cnico Integrado ao Ensino M�dio em Viticultura e Enologia, no componente curricular Melhoramento, Variedades e Porta-Enxertos, realizou-se uma experi�ncia pedag�gica, ora apresentada, com o objetivo de desenvolver reflex�es te�ricas sobre a��es que possam apresentar a potencialidade de propiciar uma forma��o integral aos estudantes. Assim, como parte do processo de ensino desse componente curricular, desenvolveu-se uma experi�ncia em etapas: apresenta��o, aos alunos, da proposta de experi�ncia pedag�gica; estudo te�rico desenvolvido pelos alunos; experimento de pesquisa agr�cola em campo; reda��o de um artigo cient�fico, tamb�m pelos alunos e; reflex�es em grupo focal. Como resultado, verificou-se que a experi�ncia permitiu aos alunos refletirem sobre as possibilidades e os resultados de pr�ticas educativas integradoras, e em especial, contribuiu com a constru��o de uma leitura de mundo diversa. Conclui-se que experi�ncias integradoras t�m o potencial de oportunizar o di�logo entre Ci�ncia, Tecnologia e Sociedade, de modo a se constitu�rem como ferramenta para a forma��o integral dos estudantes, e consecutivamente, ser uma pr�tica de transforma��o da sociedade.

Palavras-chave: Forma��o integral; Ensino M�dio T�cnico; Experimento agr�cola.

ABSTRACT

Considering the purpose of integral training proposed in the Institutional Pedagogical Project of the Federal Institute of Rio Grande do Sul and aiming at the construction of a teaching praxis consistent with this document and with the Pedagogical Project of the Integrated Technical Course in High School in Viticulture and Oenology, in the curricular component Improvement Varieties and Rootstocks, a pedagogical experience was presented with the objective of developing theoretical reflections on actions that may present the potential to provide comprehensive training to students. Thus, as part of the teaching process of this curricular component, an experience was developed in phases: student introduction to the pedagogical experiment; theoretical research developed by the students; agricultural research experiment in the field; writing of a scientific article, also by the students; and reflections in a focus group. As a result, it was found that the experience allowed students to reflect on the possibilities and results of integrative educational practices, in particular, contibuted to build a diverse reading of the world. It is concluded that integrative experiences have the potential to provide the opportunity for dialogue between Science, Technology and Society, in order to constitute themselves as a tool for the integral training of students, and together, be used to promote transformation in the society.

Keywords: Integral training. Technical High School. Agricultural experiment.

Introdu��o

Este artigo busca apresentar os resultados de uma experi�ncia pedag�gica desenvolvida com estudantes do terceiro ano do Curso T�cnico Integrado ao Ensino M�dio em Viticultura e Enologia, de um dos campi do Instituto Federal de Educa��o, Ci�ncia e Tecnologia do Rio Grande do Sul, no componente curricular intitulado Melhoramento, Variedades e Porta-Enxertos. Essa experi�ncia buscou permitir o desenvolvimento de reflex�es te�ricas sobre a atua��o docente voltada para a forma��o integral dos estudantes do Ensino M�dio T�cnico, tendo como pano de fundo as propostas pedag�gicas presentes no Projeto Pedag�gico Institucional do Instituto Federal do Rio Grande do Sul. Assim, buscou-se a constru��o de uma pr�xis docente coerente com esse documento e, ainda, com o Projeto Pedag�gico do Curso. Sabe-se que muitas vezes, o que, orientam os documentos institucionais n�o � observado, portanto, quando estes s�o coerentes com a busca da transforma��o da realidade social e com a constru��o de um projeto de sociedade almejado, a concretiza��o de suas proposi��es deve ser buscada e explicitada. Trata-se de uma forma de interven��o na realidade.

Em conson�ncia com autores como Freire (1996), Bazzo (2017) e Veiga (2011), compreende-se que, ao se desenvolver a pr�tica pedag�gica, n�o � poss�vel transmitir aos alunos o conte�do program�tico dos componentes curriculares como se este fosse neutro. � preciso mais que t�cnicas ou ferramentas de transmiss�o, pois h� antes uma compreens�o de mundo, de homem e sociedade, assim como uma concep��o pedag�gica. Na experi�ncia ora relatada, a a��o pedag�gica fundamenta-se em uma compreens�o de inacabamento do ser humano e na busca do vir a ser constante, o que culturalmente desafia o professor a todo momento a refletir, avaliar, dialogar, agir e aprender.

A partir da atua��o profissional docente em uma institui��o em que h� um Projeto Pedag�gico Institucional e um Projeto Pedag�gico do Curso com intencionalidades e historicidade derivados do que Ramos (2014) afirma ser uma luta pautada no debate em defesa de uma educa��o polit�cnica e na perspectiva da forma��o omnilateral do ser humano, verifica-se que tal luta se d� por vezes em um ambiente pol�tico favor�vel e que, em outros momentos, sofre significativos reveses. Assim, pretende-se refletir acerca de potencialidades de pr�ticas pedag�gicas que sejam coerentes com as diretrizes pedag�gicas institucionais estabelecidas no Projeto Pedag�gico Institucional e no Projeto Pedag�gico do Curso, como � o caso em tela. Para responder esta quest�o, prop�e-se o estabelecimento de reflex�es sobre a forma��o integral, executando uma experi�ncia integradora, aqui apresentada.

A POSSIBILIDADE DE UMA FORMA��O INTEGRAL NA REDE FEDERAL DE EDUCA��O PROFISSIONAL, CIENT�FICA E TECNOL�GICA

Os Institutos Federais foram criados pela Lei n� 11.892 (BRASIL, 2008) e � neste marco que se organiza, no �mbito do sistema federal de ensino, a Rede Federal de Educa��o Profissional, Cient�fica e Tecnol�gica, vinculada ao Minist�rio da Educa��o (MEC), composta por institui��es que oferecem Educa��o B�sica profissional e Educa��o Superior, e que ainda, s�o pluricurriculares e multicampi (composto por reitoria, campi, campi avan�ados, polos de inova��o e polos de educa��o a dist�ncia), ofertando educa��o nas diferentes modalidades de ensino, conjugando conhecimentos t�cnicos e tecnol�gicos com as suas pr�ticas pedag�gicas.

Assim, por esta lei foi criado, entre outros institutos, o Instituto Federal do Rio Grande do Sul, unindo tr�s autarquias federais previamente existentes: o Centro Federal de Educa��o Tecnol�gica de Bento Gon�alves, a Escola Agrot�cnica Federal de Sert�o e a Escola T�cnica Federal de Canoas, tendo sido incorporados, logo ap�s, a Escola T�cnica Federal da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e o Col�gio T�cnico Industrial Professor M�rio Alquati, de Rio Grande (IFRS, 2011), alguns desses com d�cadas de funcionamento. Essa origem diversificada pr�pria do Instituto Federal do Rio Grande do Sul e dos demais Institutos Federais implica que as institui��es que comp�em a Rede Federal de Educa��o Profissional, Cient�fica e Tecnol�gica carregam para dentro dos Institutos a hist�ria, trajet�ria, princ�pios e pr�ticas pedag�gicas das institui��es origin�rias. Ademais, considerando que a pr�pria realidade social est� posta e tende a ser reproduzida, os trabalhadores que atuam nesta institui��o tamb�m agem em grande medida reproduzindo pr�ticas educacionais consolidadas e as rela��es sociais vigentes, com todas as implica��es que isso gera.

No caso do Instituto Federal do Rio Grande do Sul, os documentos pedag�gicos institucionais mais relevantes s�o a Organiza��o Did�tica, o Projeto Pedag�gico Institucional e os Projetos Pedag�gicos dos Cursos. O primeiro configura-se como um conjunto de regramentos. J� os demais orientam a concep��o pedag�gica, os objetivos e as finalidades e � neles que se encontram os princ�pios e as diretrizes da pr�tica pedag�gica proposta na institui��o em an�lise. O Projeto Pedag�gico Institucional afirma que:

O IFRS tamb�m possui o compromisso de trabalhar no sentido da democratiza��o dos conhecimentos, tendo como base um modelo de educa��o progressista, que deve estar articulado a um projeto de sociedade baseada na igualdade de direitos e oportunidades nos mais diversos aspectos: cultural, social, econ�mico, pol�tico, ecol�gico entre outros (IFRS, 2011, p. 11).

Pode-se depreender, a partir desta cita��o, que um dos caminhos poss�veis para atender de forma coerente o que est� sendo proposto � o acesso dos estudantes a uma forma��o integral, de modo que seu ser e estar no mundo venha a possibilitar-lhes, atrav�s do seu trabalho, prover sua exist�ncia, assim como tamb�m possibilitar-lhes participar da vida social, com autonomia e liberdade, construindo uma sociedade mais justa para todos. Estas s�o concep��es que refletem o que � a educa��o integral, uma proposta que objetiva possibilitar o acesso dos estudantes aos conhecimentos historicamente produzidos pela humanidade, por�m, compreendendo as m�ltiplas rela��es e determina��es que fazem parte da realidade, a sua complexidade e contradi��es. Ademais, pensar a realidade nesta perspectiva, requer compreender que o conhecimento e a tecnologia produzidos s�o hist�ricos e sociais, portanto, s�o conhecimentos interessados e com limita��es, em especial ao se pensar uma sociedade a ser profundamente transformada.

No segundo cap�tulo do Projeto Pedag�gico Institucional, em que � detalhado o Projeto Pol�tico Pedag�gico, l�-se, por exemplo, que:

O ser humano � um ser hist�rico, cultural, inacabado, � um ser de rela��es e na conviv�ncia com outros seres se constitui. Encontra-se em permanente movimento no tempo e espa�o, sempre em busca de sanar suas necessidades para produzir sua exist�ncia. Esta iniciativa, que os seres humanos possuem em sua ess�ncia, se materializa atrav�s do trabalho (IFRS, 2011, p. 13).

A partir desta perspectiva te�rica, pode-se identificar que esses documentos explicitam a intencionalidade de se romper com o dualismo hist�rico presente no sistema educacional brasileiro, no qual �s classes pobres tradicionalmente foi oferecido um ensino para o fazer e, �s elites, um ensino para prepar�-los para pensar e dirigir o pa�s (RAMOS, 2008; MOURA, LIMA FILHO e SILVA, 2015). Assim, compreende-se que a miss�o do Instituto Federal do Rio Grande do Sul, expressa em seu Projeto Pedag�gico Institucional, busca em seu princ�pio pedag�gico a educa��o integral, a forma��o humana, a constru��o da cidadania democr�tica e progressista.

Considerando que a Lei de Diretrizes e Bases da Educa��o Nacional - LDBEN (BRASIL, 1996, s.p.) expressa no seu artigo segundo que a educa��o se configura como dever tanto da fam�lia quanto do Estado, �inspirada nos princ�pios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exerc�cio da cidadania e sua qualifica��o para o trabalho�, compreende-se que o trabalho deve se configurar como princ�pio educativo, tomando-o como o modo de o ser humano, na rela��o com o outro e na rela��o com a natureza, produzir as condi��es materiais e imateriais para a sua exist�ncia, conforme assinalam Ramos (2014) e Moura (2015).

Embora haja importantes questionamentos acerca da oferta precoce de uma forma��o profissionalizante, pois, geralmente, as classes privilegiadas ir�o se preocupar com forma��o profissional na universidade, a realidade econ�mica da classe trabalhadora brasileira exige que precocemente os adolescentes se ocupem com a sobreviv�ncia material, com produ��o econ�mica, segundo o que pondera Ramos (2014). Assim, os Institutos Federais s�o imbu�dos de relev�ncia no cen�rio da educa��o brasileira, pois possuem o potencial de contribuir, por meio de uma educa��o transformadora, para o desenvolvimento socioecon�mico das regi�es em que est�o localizados, ao oferecer educa��o profissional e tecnol�gica.

Da mesma forma, � preciso lembrar, em conson�ncia com Rajobac (2012), que no processo da expans�o da Rede Federal de Educa��o Profissional, Cient�fica e Tecnol�gica h� tamb�m uma orienta��o de conte�do, componentes curriculares, m�todos de ensino, rela��o professor-aluno, que privilegiam aspectos t�o somente profissionais e t�cnicos necess�rios aos interesses da l�gica do capital, em detrimento da forma��o integral.

Em conformidade com o que denuncia Nussbaum (2015), compreende-se que uma forma��o tecnicista piora o pr�prio desempenho profissional e t�cnico dos egressos dos cursos. Para exemplificar, cita-se a �rea de conhecimento aqui analisada, isto �, a Agricultura. Sobre esta �rea, pode-se afirmar que ainda contemporaneamente s�o formados profissionais t�cnicos de n�vel m�dio que n�o necessariamente t�m uma vis�o cr�tica do modelo de desenvolvimento rural adotado no Brasil, altamente dependente de insumos externos e com exagerada aplica��o de agrot�xicos, o que acarreta graves consequ�ncias econ�micas e sociais � toda a sociedade (VEIGA, 2007; VEIGA, 2008; SCHNEIDER, 2010).

A concep��o educacional que sustenta esse tipo de forma��o est� presente, arrisca-se a afirmar, de forma hegem�nica no interior das institui��es que constituem a Rede Federal. Isso ocorre em decorr�ncia da exist�ncia de distintos projetos de sociedade em disputa, que perpassam essas institui��es. Ademais, os pr�prios indiv�duos que nelas atuam est�o inseridos na sociedade e nela se constituem, portanto, tamb�m atuam na produ��o e reprodu��o da sociedade, como defensores de determinado projeto de sociedade (SCHWEDE, 2015).

Verifica-se, portanto, a exist�ncia de l�gicas produtivistas pautadas pelo poder econ�mico e pelos interesses do capital internacional em geral. Tais quest�es, que s�o reproduzidas nas institui��es que constituem a Rede Federal, s�o decorrentes das pol�ticas p�blicas em curso contemporaneamente; das diretrizes educacionais e de funcionamento das institui��es (que muitas vezes s�o impostas, isto �, colocadas como condicionantes ao funcionamento destas); das concep��es educacionais que adquirem car�ter hegem�nico e que chegam at� as institui��es, a exemplo das propostas educacionais da chamada Educa��o por Compet�ncia e proposi��es conceituais e ideol�gicas do assim chamado aprender a aprender, dentre outras. Entretanto, talvez o mais relevante e significativo, � que na maioria das vezes os pr�prios indiv�duos que trabalham nessas institui��es advogam na reprodu��o de determinados projetos de sociedade, em fun��o, inclusive, das possibilidades formativas que tiveram antes de chegar nos institutos federais.

H� que se ressaltar que obviamente n�o seriam os profissionais t�cnicos formados nestas institui��es, sozinhos, que poderiam mudar o sistema de produ��o vigente no atual momento, ainda que contribui��es para a transforma��o desse cen�rio poderiam ser propostas por eles. Todavia, a falta de uma forma��o integral pode impossibilit�-los de analisar a realidade e agir como sujeitos cr�ticos, com forte base cultural e social. Nessa condi��o de falta, eles tamb�m passam a atuar na reprodu��o da realidade social, pois a constitui��o dos indiv�duos � fundamental para a produ��o/reprodu��o da realidade social. Nussbaum (2015) afirma que se esse processo de forma��o tecnicista continuar, a pr�pria democracia poder� estar amea�ada no futuro. Considerando-se a contempor�nea realidade social do pa�s, verifica-se que a asser��o do autor deixa de ser uma perspectiva futura, para se configurar como a atual realidade.

No documento Um novo modelo em educa��o Profissional e Tecnol�gica. Concep��o e Diretrizes. Concep��o e Diretrizes (SETEC, 2010), a Secretaria de Educa��o Profissional e Tecnol�gica - MEC revela a expectativa relacionada � inova��o e � amplia��o dos requerimentos desse novo formato institucional, utilizando express�es tais como �novo paradigma� e �invers�o da l�gica� para designar uma nova realidade que deveria ou que poderia se constituir. Expressa ainda que: �Os novos IFs atuar�o em todos os n�veis e modalidades da educa��o profissional, comprometidos com o desenvolvimento integral do cidad�o trabalhador� (SETEC, 2010, p. 3). Os Institutos Federais representariam um novo projeto que conferiria maior destaque � Educa��o Profissional e Tecnol�gica (EPT) no seio da sociedade, mediante a��o integrada e referenciada na ocupa��o e desenvolvimento do territ�rio, como lugar de vida (BRASIL, 2008).

Nestes mesmos documentos, tamb�m se verifica a compreens�o de que os Institutos Federais t�m uma hist�ria, trajet�ria e papel alinhados a uma concep��o ideol�gica capitalista, como percebe-se no seguinte trecho do referido documento:

A dimens�o ideol�gica do atual governo, na verdade, faz aflorar um descompasso entre a trajet�ria das institui��es federais de educa��o profissional e tecnol�gica e da pr�pria educa��o profissional como um todo e o novo projeto de na��o: se o fator econ�mico at� ent�o era o espectro primordial que movia seu fazer pedag�gico, o foco a partir de agora desloca-se para a qualidade social (SETEC, 2010, p. 14).

Se s�o identificados projetos de sociedade em disputa quando se constitu�am os institutos federais, conforme verifica-se na cita��o anterior, tais projetos de sociedade em disputa continuam ainda mais candentes no atual momento. Verifica-se no per�odo coet�neo que os interesses de grupos hegem�nicos ganham protagonismo, aspecto que se constata tanto na degrada��o das condi��es de vida em sociedade, quanto, especificamente, na realidade das institui��es de educa��o p�blica existentes no pa�s, a exemplo do que ocorre nas que comp�em a Rede Federal de Educa��o. Exemplo disso est� na ampla redu��o do or�amento de custeio e investimento que se verifica junto a essas institui��es; na n�o nomea��o dos reitores eleitos, o que vem ocorrendo em institui��es de diferentes estados da federa��o; congelamento dos sal�rios e progress�es dos servidores, entre outros. Identifica-se tamb�m uma precariza��o das propostas educacionais que devem ser implantadas no Ensino M�dio, o que se verifica, por exemplo, atrav�s da implanta��o da Medida Provis�ria n� 746/2016, posteriormente transformada na Lei n� 13.415/2017, que determina a ado��o de itiner�rios formativos bastante restritivos, condicionando os indiv�duos de determinadas classes sociais a terem acesso a ofertas educacionais mais precarizadas, em detrimento da educa��o acessada por outras classes sociais, decorrente de se privilegiar um pretenso preparo mais imediato para o trabalho, com preju�zo no acesso a conhecimentos de car�ter cient�fico e s�cio-hist�ricos.

Da mesma forma, Schwede e Lima Filho (2017) demonstram que nos �ltimos anos o acesso ao conhecimento cient�fico e tecnol�gico pelos trabalhadores vem ocorrendo de forma amplamente desigual dentro dos pr�prios Institutos Federais. Portanto, a pr�pria desigualdade de acesso aos conhecimentos existente na sociedade de maneira geral se expressa no interior destas institui��es, ou seja, s�o desenvolvidas propostas e ofertas educacionais desiguais destinadas a atender as diferentes classes sociais (exemplo disso seriam os cursos ofertados por meio do Pronatec ou ainda, os cursos em modalidade de Forma��o Inicial e Continuada - FIC). Outro ponto que os autores destacam � a ampla expans�o do uso e da produ��o de ci�ncia e de tecnologia nos Institutos Federais com a finalidade de atender �s demandas e interesses do mercado capitalista, utilizando-se da concep��o ideol�gica inerente � alcunha inova��o.

Todavia, se por um lado essas institui��es s�o incentivadas a produzirem ci�ncia e tecnologia para a gera��o de inova��o, verifica-se nos �ltimos anos, de forma aparentemente contradit�ria, que ocorre um tensionamento dessas institui��es para que ocorra a amplia��o da carga hor�ria docente destinada ao ensino - o que implica justamente na impossibilidade de destina��o de carga hor�ria pelo corpo docente para a realiza��o de pesquisas e de extens�o.

Isso � refor�ado ainda mais em per�odo recente com o que estipula a Portaria MEC 983/2020, que estabelece diretrizes para a regulamenta��o das atividades docentes. Ressalta-se ser uma aparente contradi��o pelo fato de que a oferta educacional realizada nessas institui��es deve se efetivar de forma desigual. Nesta perspectiva, n�o s�o todos os docentes que poder�o ter acesso � produ��o de conhecimento cient�fico e de tecnologia, e da mesma forma, n�o � qualquer conhecimento e tecnologia que devem ser produzidos nestas institui��es. Os grupos hegem�nicos, ao disputarem projetos de sociedade no �mbito dos Institutos Federais, reivindicam que a ci�ncia e a tecnologia produzida devem atender aos interesses do capital. O mesmo ocorre, pode-se afirmar, em rela��o �s ofertas educacionais e �s concep��es pedag�gicas e de sociedade que buscam dar suporte a estas (SCHWEDE, 2015).

Nesse contexto, os Institutos Federais se apresentam como espa�os em constante disputa, podendo ou n�o atuar como �um projeto progressista que entende a educa��o como compromisso de transforma��o e de enriquecimento de conhecimentos objetivos capazes de modificar a vida social e de atribuir-lhe maior sentido e alcance no conjunto da experi�ncia humana� (SETEC, 2010, p. 18), tendo em vista ser uma proposta incompat�vel com uma vis�o conservadora de sociedade.

Todavia, considerando o movimento dial�tico da hist�ria, � preciso considerar que os rumos da educa��o brasileira podem passar, al�m de avan�os progressistas, tamb�m por movimentos em sentido contr�rio, revelados seja nos exemplos j� citados anteriormente, ou ainda, em outras pr�ticas e tamb�m em discursos oficiais claramente contr�rios ao que est� posto nos documentos e pol�ticas do MEC produzidos no per�odo entre 2003 a 2015, que requereram, em certa medida, disposi��o � defesa da Educa��o p�blica de qualidade como direito da popula��o.

Assim, os Institutos Federais t�m a pot�ncia de se configurarem como um novo tipo de institui��o, identificada e comprometida com um certo projeto de sociedade. E, sendo a EPT um tipo de forma��o cuja exist�ncia se destina a formar cidad�os com conhecimentos profissionais, os Institutos Federais deveriam se direcionar � forma��o integral e integrada, at� pela possibilidade inerente � jun��o entre a educa��o para o trabalho e a forma��o mais ampla, acontecendo de forma conjunta, entremeadas, possibilitando ao ser humano se constituir em sua plena potencialidade. Nesse cen�rio, cabe ao professor o desenvolvimento de uma pr�tica pedag�gica fundada em uma determinada �tica, no respeito � dignidade da condi��o humana. Como base curricular da forma��o humana, tais premissas apontam quatro dimens�es para as quais deve-se considerar a forma��o humana: trabalho, ci�ncia, tecnologia e cultura (PACHECO, 2012). A proposta da EPT tem, consequentemente, o trabalho por princ�pio educativo e a pesquisa como princ�pio pedag�gico.

 

PROCEDIMENTO DESENVOLVIDO

Para o desenvolvimento do estudo ora apresentado, realizou-se com uma turma, composta por 25 alunos do terceiro ano de um curso t�cnico em Viticultura e Enologia do Instituto Federal do Rio Grande do Sul, no componente curricular Melhoramento, Variedades e Porta-Enxertos, no primeiro semestre de 2019, uma experi�ncia pedag�gica organizada em cinco etapas, sendo estas: 1) apresenta��o, para os alunos, da proposta do trabalho e seus objetivos; 2) desenvolvimento, pelos alunos, de pesquisa bibliogr�fica visando conhecer as doen�as da videira; 3) desenvolvimento coletivo de um experimento para avaliar os resultados do uso de produtos ecol�gicos para o controle de doen�as; 4) elabora��o, por parte dos alunos, de artigo cient�fico discutindo os resultados do experimento, adequadamente fundamentado na teoria e; 5) desenvolvimento de grupo focal para o debate acerca de como a realiza��o dessa pr�tica pedag�gica contribuiu para sua forma��o; conforme segue:

1) Inicialmente, apresentou-se para os alunos a proposta da atividade, assim como seus objetivos. Ao se explicar como seria feito seu desenvolvimento, tamb�m se sanou d�vidas sobre os procedimentos e esclareceu-se aspectos pr�ticos e de cronograma.

2) Em um segundo momento, os alunos fizeram, em cinco grupos, buscas em fontes bibliogr�ficas de informa��es sobre as doen�as da videira, os tratamentos ecol�gicos e naturais dispon�veis, as possibilidades de implanta��o desses tratamentos em �rea experimental, as pulveriza��es e a avalia��o da efici�ncia dos produtos aplicados.

3) O experimento, realizado entre os meses de fevereiro e abril, foi implantado em campo, na Esta��o Experimental Granja Tuiuty. Trata-se da fazenda-escola do IFRS (localizada na zona rural do munic�pio de Bento Gon�alves), com 76,74 hectares e onde s�o realizadas as atividades did�ticas relacionadas � �rea agropecu�ria. A fitopatia escolhida, em fun��o da ocorr�ncia na �poca do ano em que se deu a experi�ncia pedag�gica, foi a mancha das folhas (Mycosphaerella personata H.), que provoca desfolhamento precoce das videiras americanas (Vitis labrusca L.), especialmente danosa nas cultivares, como a cultivar Bord� � utilizada neste experimento. Adotou-se delineamento experimental de blocos casualizados, com cinco plantas por tratamento e tr�s repeti��es. Foram avaliadas a utiliza��o de quatro tratamentos diferentes: i) extrato de cinza de madeiras � 4%; ii) controle biol�gico com a bact�ria Bacillus sp; dois extratos de plantas, sendo iii) extrato de Melaleuca alternifolia, iv) extrato de Reynoutria sachalinensis e v) testemunha, sem tratamento. A marca��o das plantas nos blocos, o preparo das dosagens dos tratamentos e pulverizadores e a pr�pria pulveriza��o foram realizados pelos alunos, a cada 15 dias, para posteriormente se avaliar a severidade da doen�a ap�s os tratamentos. Os alunos ent�o submeteram os dados encontrados nas cultivares � tratamento estat�stico, tendo encontrado diferen�a significativa entre os produtos utilizados, sendo o extrato de cinza a 4% o que obteve o melhor desempenho.

4) Na etapa seguinte, em grupos, os alunos elaboraram cinco artigos cient�ficos, que se deram como parte da experi�ncia did�tica (sem o fim de publica��o ou apresenta��o em eventos, pois teve o prop�sito pedag�gico de propiciar aos alunos a aprendizagem do m�todo cient�fico e da escrita de um artigo), nos quais descreveram e analisaram o experimento realizado. Esses artigos se destacaram pela consider�vel qualidade, especialmente considerando-se que s�o de autoria de alunos de Ensino M�dio, ainda pouco experientes na realiza��o de pesquisas e reda��o cient�fica. Para colaborar no desenvolvimento desta etapa, realizou-se uma parceria entre o componente curricular em que se deu a experi�ncia pedag�gica e a professora de reda��o t�cnica. A partir dessa parceria, ensinou-se aos alunos a estrutura e a metodologia de elabora��o de artigos cient�ficos.

5) Ap�s a execu��o do experimento, aplicou-se a metodologia de Grupos Focais, buscando desenvolver com os alunos reflex�es sobre a experi�ncia da pesquisa no Ensino M�dio profissional. Segundo Weller e Pfaff (2013), grupos focais configuram-se como uma t�cnica de entrevista, em que as pessoas s�o convidadas a debater sobre um assunto determinado; nesse caso, foi a contribui��o da pesquisa para a forma��o no Curso T�cnico de Viticultura e Enologia.

Assim, em sala, durante dois per�odos de aulas, dispostos em c�rculos (com a finalidade de propiciar ambiente adequado para di�logo, permitindo visualiza��o direta uns dos outros), os alunos foram convidados a refletir e analisar a contribui��o da experi�ncia para a sua forma��o. Tomou-se o cuidado de mediar a atividade de modo a incentivar a participa��o de todos no di�logo. As falas foram sistematizadas em quadro branco, conforme pode ser visto na Figura 1.

Figura 1 � Sistematiza��o das falas dos alunos

Fonte: Arquivos dos autores, 2019.

 

 

AN�LISE E DISCUSS�O DOS RESULTADOS���������������������������������������������������������

Em conson�ncia com Regattiere e Castro (2010), assim como com Ramos (2014), compreende-se que a execu��o de projetos pode oportunizar aos estudantes uma experi�ncia formativa integradora, que possibilita elaborar, estudar, implantar e executar um experimento e estudar novamente seus resultados, analisar dados, elaborar um artigo, num movimento constante de teoria e pr�tica e, portanto, de aprendizagem, pois, conforme Ramos:

A forma��o omnilateral tem como projeto e como pressuposto a possibilidade de que o ser humano nos seus momentos de forma��o que as suas experi�ncias formativas possam ajudar tanto a desvelar e revelar potencialidades que cada um possui, quanto potencialidades que possam ser futuramente desenvolvidas (RAMOS, 2014, p. 19).

Ao se analisar as etapas 2, 3 e 4, que antecederam o desenvolvimento do grupo focal, verifica-se que a participa��o dos alunos demonstrou sua disponibilidade e engajamento com a aprendizagem. O grau de responsabilidade foi consider�vel, pois executaram com adequa��o as tarefas assumidas. Por outro lado, percebeu-se que as maiores dificuldades foram apresentadas na etapa final, isto �, na reda��o do artigo, quando precisaram realizar a an�lise e discuss�o de resultados do experimento agr�cola, provavelmente pela inexperi�ncia, j� citada. � oportuno destacar, todavia, que previamente tendo-se ci�ncia das diferen�as pessoais que existem entre os alunos e das limita��es que pode ter havido na forma��o disponibilizada a alguns ainda no Ensino Fundamental (denotadas, por exemplo, nos diferentes n�veis de processos de leitura e escrita, percebidos em sala de aula), oportunizou-se o desenvolvimento de tarefas distintas que pudessem envolv�-los, de modo a permitir que todos os alunos pudessem ser valorizados e estimulados a participar e aprender, mesmo que de modo distinto do tradicional.

Desse modo, ap�s a elabora��o do projeto de experimento e sua execu��o em campo, a turma reuniu-se para realiza��o do grupo focal, visando debater e avaliar a execu��o do experimento de pesquisa, suas contribui��es e limites no Ensino M�dio profissionalizante.

������� ��� Assim, no grupo focal, a partir de suas reflex�es conjuntas, os alunos destacaram os seguintes pontos, advindos da pr�tica pedag�gica desenvolvida (Quadro 1):

Quadro 1 � Contribui��es do projeto de pesquisa levantadas no grupo focal.

Conhecimento

Tecnologia

Sociedade

Realiza��o pessoal ao serem autores

M�todos n�o agressivos ao meio ambiente

Perspectiva do pequeno agricultor

Ter posto em pr�tica a parte te�rica

Maior conhecimento sobre os fungicidas

Uso de m�todos baratos e alternativos

Import�ncia para o curr�culo escolar

Tecnologia de aplica��o, maior conhecimento sobre os pulverizadores

Trabalho em grupo

Inicia��o � pesquisa cient�fica

Agricultores sem mecaniza��o

Rigor de m�todo

Fonte: Arquivo dos autores, 2019.

 

� poss�vel verificar que os alunos elencaram uma s�rie de categorias explor�veis como possibilidade de resultados da experi�ncia formativa integradora executada nesse projeto. No entanto, elegeu-se, para um aprofundamento de an�lise, as categorias Conhecimento, Tecnologia e Sociedade, pois estas permitiriam alcan�ar os objetivos propostos para este trabalho.

Essas tr�s categorias aparecem no documento base da Setec como dimens�es insepar�veis dentre as finalidades do Ensino M�dio T�cnico, visando superar a hist�rica forma��o voltada somente para o mercado de trabalho:

 

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(...) Assim, a pol�tica de ensino m�dio foi orientada pela constru��o de um projeto que supere a dualidade entre forma��o espec�fica e forma��o geral e que desloque o foco dos seus objetivos do mercado de trabalho para a pessoa humana, tendo como dimens�es indissoci�veis o trabalho, a ci�ncia, a cultura e a tecnologia� (SETEC, 2007, p. 6).

Desse modo, analisa-se inicialmente a categoria Conhecimento, mobilizando aqui a express�o ter posto a teoria em pr�tica, surgida quando da realiza��o do grupo focal. A quest�o da integra��o entre teoria e pr�tica � cara na a��o docente, pois segundo Pimenta e Lima (2012), pr�tica e a��o devem ser simult�neas, isto �, teoria e pr�tica devem ocorrer juntas e n�o em contraposi��o. No caso em tela, entende-se que os alunos verbalizaram a percep��o de que a pr�tica pedag�gica desenvolvida no componente curricular integrou a teoria e a pr�tica.

Tamb�m h� que se considerar a quest�o da teoria e da pr�tica em rela��o ao conte�do t�cnico-agron�mico. Os alunos que cursam o componente curricular Melhoramento, Variedades e Porta-Enxertos est�o no terceiro ano do Ensino M�dio T�cnico, portanto, s�o concluintes do curso e n�o haviam ainda tido a oportunidade de desenvolver projetos agr�cola-produtivos mais complexos (identificando um problema, estudando sobre esse problema e buscando uma solu��o, para, finalmente, refletir sobre o tema em quest�o), a partir do conceito de pr�xis (PIMENTA; LIMA, 2012). Assim, espera-se que essa experi�ncia integradora possa inspir�-los para que, na futura condi��o de t�cnicos, n�o cindam teoria e pr�tica ao desenvolverem suas pr�ticas profissionais.

Outrossim, destaca-se a percep��o quanto ao aspecto de autoria, quando afirmam que a atividade propiciou realiza��o pessoal, sendo autores. Compreendemos que isso est� conectado com o que Ramos (2008) entende ser o sentido filos�fico para a forma��o integrada, a forma��o como omnilateralidade, integrando ci�ncia, trabalho e cultura, num sentido que trabalho � cria��o, � produ��o humana, e contribui para a edifica��o da autonomia intelectual dos alunos (RAMOS, 2008; BAZZO, PEREIRA e BAZZO, 2016).

Outro aspecto foi a import�ncia para o curr�culo escolar: para os alunos, a experi�ncia foi uma oportunidade de integra��o de diversos aspectos da forma��o, posto que exigiu conhecimentos em L�ngua Portuguesa, Matem�tica, Viticultura, entre outros. Os conhecimentos destas �reas foram mobilizados para o estudo, a escrita, o desenvolvimento das metodologias de pesquisa, assim como, para a execu��o do experimento (este, com o rigor de uma pesquisa cient�fica, tamb�m destacado pelos alunos no grupo focal). E, finalmente, possibilitou a reflex�o, atrav�s da discuss�o de resultados e a reda��o do artigo e, ainda, do pr�prio grupo focal, em que debateram e refletiram sobre o trabalho realizado. � uma experi�ncia integradora tamb�m no sentido de relacionar o Ensino M�dio � Educa��o Profissional, tal qual Ramos (2008) destaca como sendo um dos tr�s sentidos da integra��o.

Na categoria Tecnologia destaca-se: m�todos n�o agressivos ao meio ambiente, maior conhecimento sobre os fungicidas (naturais, no caso), maior conhecimento sobre os pulverizadores, citados pelos alunos. A tem�tica ambiental � relevante na contemporaneidade, pois a exist�ncia humana, como bio isto �, ser de vida, n�o prescinde da natureza para viver, pois somos dependentes de alimentos saud�veis, do meio ambiente saud�vel, para tamb�m termos uma vida saud�vel (GLIESMMAN, 2000; CARNEIRO et al, 2015; D�AZ, SETTELE e BROND�ZIO, 2019).

Ademais, tamb�m � importante refletir sobre as tecnologias como constru��o social da humanidade. A maioria das tecnologias convencionais de produ��o de uvas est�o baseadas t�o somente em interesses econ�micos, aqui entendidos como alcance de lucro acima dos interesses da ampla maioria da popula��o. No que tange � excessiva utiliza��o de agrot�xicos para produ��o de uvas no Rio Grande do Sul, pode-se afirmar, em conson�ncia com W�nsch e colegas (2020), que se trata de uma pr�tica culturalmente consolidada pelos agricultores locais e que interessa, principalmente, a poucas empresas internacionais de agrot�xicos (LONDRES, 2011; CARNEIRO et al., 2015).

Atualmente, a produ��o de uvas na Serra Ga�cha envolve 11.488 mil fam�lias de agricultores, com aproximadamente 32.305,98 hectares (MELLO; MACHADO, 2017), realizada, de forma majorit�ria, no sistema convencional, com uso intensivo de adubos qu�micos sol�veis e agrot�xicos para controle de ervas espont�neas, insetos e doen�as das plantas. Segundo avalia��es j� realizadas, o custo do controle de doen�as f�ngicas pode representar cerca de 30% dos custos de produ��o de um vinhedo j� implantado (GRIGOLETTI J�NIOR; S�NEGO, 1993; ALMAN�A et al. 2015), assim como, h� muita discrep�ncia entre os manejos utilizados na regi�o. Lazzarotto e colegas (2016) observaram que os custos vari�veis podem representar desde 26% do pre�o de venda da uva at� custar mais do que o pre�o de venda, ou seja, acarreta preju�zo ao produtor.

Em levantamento feito em vinhedos no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, Lazzarotto e colegas (2016) apontam problemas relacionados com as pr�ticas adotadas em vinhedos:

 

a viticultura ga�cha e catarinense ainda é deficit�ria no emprego de instrumentos gerenciais importantes, como o planejamento estrat�gico, a análise de projetos de investimento e o controle de custos de produ��o�. [...] referente a quest�es tecnol�gicas [...] existem limita��es relevantes quanto a conhecimentos e ado��es de determinadas práticas recomendadas para a atividade vit�cola (LAZZAROTTO et al., 2016, p. 47).

Por�m, tamb�m h� na regi�o a produ��o org�nica de uvas, embora em n�mero minorit�rio, mas ainda assim consider�vel de agricultores (280), em cerca de 800 hectares, sendo especialmente direcionado para produ��o de suco de uva integral. Fazer o sistema org�nico crescer depende do desenvolvimento de solu��es para o controle de doen�as das plantas, tecnologias que oxal� poderiam tamb�m ser utilizadas pelos agricultores convencionais.

Para o desenvolvimento da experi�ncia ora relatada, buscou-se inspira��o nos conceitos e princ�pios da agroecologia, tal como definido por Gliesmman (2000) e, por isso, ocorreu a escolha de extrato de cinza, extratos de plantas, e microrganismos de controle biol�gico para manejar as doen�as da videira.

������� Deste modo, ainda no �mbito da categoria Tecnologia, os alunos destacaram que foram empregados M�todos n�o agressivos ao meio ambiente, tal como o extrato de cinzas de madeira, produto facilmente dispon�vel para os agricultores, que se mostrou o mais eficiente e � um recurso de baixo custo, praticamente um res�duo sem valor. Esse tipo de produto se constitui em solu��o tecnol�gica aderente � agroecologia.

� fundamental se observar que a tecnologia e a ci�ncia produzidas e utilizadas tamb�m s�o hist�ricas e sociais. Portanto, � fundamental ter claro que toda a tecnologia e a ci�ncia no atual tempo hist�rico est�o entremeadas � uma concep��o de mundo e � uma estrutura econ�mica de produ��o. Obviamente que o que foi produzido pela humanidade ao longo da hist�ria � o substrato fundamental para a suprassun��o da realidade social posta - conduzida em especial pela classe trabalhadora, a maior interessada na transforma��o a sociedade - por�m, frente a esse substrato e utilizando-se dele, � preciso que se compreenda de forma cr�tica a ci�ncia e a tecnologia atual; � preciso que se compreenda as suas rela��es, os interessados no seu uso, seus potenciais e limita��es. Ademais, para que se caminhe para a constru��o de outra sociedade, � preciso come�ar a se conceber outra ci�ncia e outra tecnologia, pertinentes � uma sociedade profundamente transformada. Por exemplo, ao se observar as propostas produtivas pautadas na agroecologia, muitos conhecimentos j� est�o dispon�veis. Por outro lado, existe uma vasta possibilidade e, tamb�m, necessidade de produ��o de ci�ncia e de tecnologia pautada nesta perspectiva de produ��o e de intera��o do ser humano com a natureza.

Refletir sobre a quem se deve servir, na condi��o de t�cnicos, profissionalmente, por certo � desafiador visto incorrer na necessidade de se compreender a sociedade na sua concretude. Todavia, essa reflex�o � necess�ria na sala de aula, pois � indispens�vel refletir, em uma institui��o p�blica de educa��o na qual prepara-se t�cnicos, sobre a postura profissional acerca do uso indiscriminado de agrot�xicos, especialmente considerando-se que a sociedade � que financia essa educa��o. S�o necess�rias autonomia e consci�ncia cr�tica. Nesse sentido, Bazzo, Pereira e Bazzo (2016, p. 17) s�o enf�ticos ao afirmar: �A sociedade contempor�nea clama por respostas �s d�vidas de nosso conv�vio com o excesso de tecnologia na vida de cada um�. Ainda segundo esses autores, as tecnologias, sendo cria��es humanas, re�nem complexas implica��es sociais, ecol�gicas e humanas. Assim, quando unimos no Ensino M�dio a Educa��o Profissional, � imprescind�vel que haja a reflex�o sobre essas tecnologias, pois o desafio se localiza em possibilitar aos t�cnicos uma forma��o integrada, desde uma perspectiva hist�rico-cr�tica.

Na categoria Sociedade, levantou-se, no grupo focal, quest�es importantes para ilustrar a reflex�o permitida por essa experi�ncia integradora, conforme afirmaram os alunos: perspectiva do pequeno agricultor; uso de m�todos baratos e alternativos; agricultores sem mecaniza��o. � fundamental, dentro de uma concep��o de forma��o integrada vinculada ao exerc�cio profissional, que um t�cnico compreenda criticamente a realidade social em que atuar�, isto �, � preciso que tenha uma leitura cr�tica do mundo.

Assim, considerar a perspectiva do pequeno agricultor � um ato de significativo valor �tico, pois entender e colocar-se na perspectiva de quem labuta arduamente para a constru��o de sua sobreviv�ncia, na rela��o direta com o meio ambiente, produzindo alimentos, pressup�e vis�o cr�tica e aut�noma sobre o modelo que sustenta o sistema de produ��o de alimentos no mundo capitalista (GLIESSMAN, 2000; ALTIERI, 2004; SCHNEIDER, 2010).

No mesmo sentido Freire (1996) afirma que o progresso cient�fico e tecnol�gico que n�o respondem �s necessidades humanas de exist�ncia perdem o significado, pois n�o � segundo a perspectiva apenas do mercado e do lucro que se pode sustentar o dito progresso cient�fico e tecnol�gico. Exemplo disso � que, quando os alunos percebem que existem ferramentas eficientes, expressado pelo uso de m�todos baratos e alternativos (usando um extrato de cinza de madeiras, como foi o caso do experimento relatado), verificam que n�o necessariamente precisam lan�ar m�o de produtos comercializados por alguma multinacional de agrot�xicos, o que gera liberdade ao agricultor, ao t�cnico e, por fim, � sociedade, pois � eficiente como tecnologia, assim como � socialmente justa.

Isso vem ao encontro do que Ramos (2014) afirma acerca da escola, pois para a autora, esse � o espa�o de se refletir sobre a vida produtiva do pa�s, sobre como a sociedade divide o trabalho e ainda sobre como gera-se e distribui-se riqueza. Ainda segundo a autora, � preciso considerar que uma forma��o omnilateral pressup�e a constru��o de experi�ncias que permitam aos sujeitos compreender os fundamentos da base produtiva e conhecer os fundamentos hist�ricos, sociais, filos�ficos e culturais desse sistema de produ��o.

 

CONSIDERA��ES FINAIS

O ser humano � um ser social, que se constitui historicamente. O seu car�ter humano � constitu�do. Assevera-se tal aspecto para demonstrar ser fundamental a constitui��o tamb�m dos trabalhadores da educa��o. � necess�rio que esses se apropriem tanto de concep��es de mundo, quanto de pr�ticas de trabalho transformadoras, para que a educa��o que esses elaboram tamb�m seja uma pr�tica transformadora dos indiv�duos e da realidade. Nesta perspectiva, tamb�m � fundamental que os trabalhadores da educa��o visualizem no devir hist�rico a possibilidade de constru��o de uma sociedade profundamente transformada.

Se por um lado, demonstra-se neste estudo e na atua��o docente aqui apresentada, o amplo potencial de uma educa��o integral e integradora, por outro lado, explicita-se tamb�m limita��es na experi�ncia docente realizada, e tamb�m, os desafios de se implantar uma pr�tica educacional lastreada em uma concep��o te�rica considerada pertinente para uma forma��o ampla e transformadora.

Tratou-se de uma educa��o integral e integradora em grande medida apartada no curso. Se outros professores estivessem envolvidos de forma conjunta nesta pr�tica docente, poder-se-ia ampliar em muito a omnilateralidade e a complexidade da educa��o ofertada, abordando-se, por exemplo, a hist�ria da domestica��o dos vegetais, e especificamente, das videiras; as possibilidades e fragilidades desta intera��o e transforma��o da natureza, na forma como ocorreu historicamente, sendo que ao se adotar o cultivo na forma de monoculturas, se expressa em todo o seu potencial o desequil�brio do ambiente, ou do microambiente, implicando na propaga��o desordenada dos fungos; poder-se-ia estudar a intera��o dos fungos com as plantas, e por sua vez, a fun��o dos fungos na natureza; poderia ter havido a discuss�o de que, a partir do momento em que a produ��o ocorre para se tornar uma mercadoria, o interesse primordial passa a ser a mais-valia obtida do trabalho n�o pago, passando a estar subsumida nesta quest�o central a forma como ocorre a produ��o, os insumos utilizados, e as rela��es sociais. Por sua vez, os pr�prios insumos se tornam mercadoria, gerando complexas rela��es sociais.

� nesse sentido que se coaduna com Ramos (2014), ao ponderar que a concep��o de forma��o integrada necessita, para atender o sentido filos�fico da forma��o omnilateral, oportunizar nos curr�culos e na pr�tica pedag�gica as dimens�es fundamentais da vida, possibilitando que se questione como fazer, nos curr�culos, o di�logo entre esses distintos campos do conhecimento, pois o ensino n�o deveria se dar de modo estanque em cada componente curricular. Antes, h� que se pensar em condi��es concretas, estruturais, para que haja nos curr�culos espa�o para projetos que potencializam as diversas experi�ncias integradoras poss�veis.

Al�m disso, pode-se afirmar tamb�m que n�o � incomum os estudantes participarem de projetos de pesquisa, ensino e extens�o, conduzido por professores, na condi��o de bolsistas ou volunt�rios. Todavia, s�o projetos dos quais n�o participam desde sua concep��o, pois s�o selecionados ap�s a aprova��o destes projetos em editais espec�ficos. Al�m disso, nesses projetos participam poucos alunos e em geral o debate ou discuss�o acaba restrita �s mostras cient�ficas e tecnol�gicas e eventos similares, normalmente n�o havendo muito espa�o no dia a dia da sala de aula para debater e aprender sobre os projetos executados, de modo que a maioria dos estudantes concluem sua forma��o profissionalizante sem ter a oportunidade de participar de uma pesquisa.

No estudo apresentado, uma turma inteira foi envolvida no mesmo projeto, o que permite perceber que a constru��o de experi�ncias como essa contribuem para a efetiva��o da forma��o integral, rompendo com a dicotomia entre o ensino b�sico e o profissionalizante, assim como, com a fragmenta��o curricular. Pois, a partir de um tema agron�mico, isto �, o controle de doen�as na cultura da videira usando metodologia de experimenta��o agr�cola, os alunos protagonizaram uma experi�ncia pedag�gica que gerou as reflex�es no campo do conhecimento, da tecnologia e da sociedade.

Sabe-se que h� a possibilidade de que muitos estudantes de cursos t�cnicos integrados ao Ensino M�dio n�o se tornar�o pesquisadores no sentido estrito, mas � poss�vel que atividades como a relatada despertem essa potencialidade, que, afinal, conforme Ramos (2014), � uma das finalidades da forma��o integral. Tamb�m se entende que experi�ncias integradoras oportunizam o di�logo entre Ci�ncia, Tecnologia e Sociedade, de modo que podem ser uma ferramenta a mais para ampliar a forma��o integral dos estudantes. Al�m disso, � oportuno que se possibilite aos alunos a forma��o de um olhar de pesquisador, que possibilitar� inquirir a realidade e o acompanhar� em todos os meandros de sua vida profissional, mesmo que fora da pesquisa institucionalizada.

� preciso andar e que esse andar possa tamb�m ser momento de aprender e ensinar. As contradi��es, dificuldades e limites n�o podem ser empecilhos para que n�o se avance na busca da forma��o integral. Somente fazendo, dialogando e refletindo na comunidade escolar que se pode construir uma educa��o cada vez mais omnilateral, emancipadora e cr�tica, capaz de permitir o amplo desenvolvimento do ser humano.

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