Luz, câmera, ação: práticas de professores de História com o cinema na sala de aula[1]

Light, camera, action: history teachers practices with movies in the classroom[2]

 

Antonio Ivanilo Bezerra de Oliveira

Doutorando em Educação da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, Ceará, Brasil.

ivanilobezerra@yahoo.com.br - orcid.org/0000-0002-3533-3388

 

Fátima Maria Leitão Araújo

Professora doutora da Universidade Estadual do Ceará, Fortaleza, Ceará, Brasil.

fatima.leitao@uece.br - orcid.org/0000-0001-9118-3778

 

Luiz Botelho Albuquerque

Professor doutor da Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, Ceará, Brasil.

luizbotelho@ufc.br - orcid.org/0000-0001-5826-9844

 

Recebido em 21 de maio de 2020

Aprovado em 07 de janeiro de 2021

Publicado em 30 de dezembro de 2021

 

RESUMO

Este artigo tem como objetivo analisar as práticas de professores de História, que atuam nos anos finais do ensino fundamental, com a utilização do cinema na sala de aula. Para tanto, realizamos uma pesquisa de abordagem qualitativa, utilizando como técnica de construção de dados a entrevista semiestruturada com seis professores do quadro efetivo da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza, Ceará, que fazem uso de filmes em suas práticas de ensino. No que concerne ao aporte teórico, nos apoiamos nos estudos de Napolitano (2013), Bittencourt (2011), Kornis (1992, 2008), dentre outros, por esboçarem pressupostos teórico-metodológicos para a utilização da linguagem cinematográfica no ensino de História. Os resultados da investigação apontaram que as práticas dos professores investigados se encontram ancoradas nos referidos pressupostos por trabalharem o questionamento, a crítica e a ideia de que o filme apresenta uma representação do acontecimento histórico.

Palavras-chave: Ensino de História; Filmes do cinema; Práticas pedagógicas.

 

ABSTRACT

This article aims to analyze the practices of history teachers, who work in the final years of elementary school, with the use of movies in the classroom. To this end, we conducted qualitative research; a semi-structured interview was used as a data construction technique with six teachers from the effective staff of the Municipal Education Network of Fortaleza, Ceará, who make use of films in their teaching practices. Regarding the theoretical contribution, we rely on the studies of Napolitano (2013), Bittencourt (2011), Kornis (1992, 2008), among others, for sketching theoretical and methodological assumptions for the use of cinematographic language in the teaching of History. The results of the investigation showed that the practices of the investigated teachers are anchored in the referred assumptions for working with questioning, criticism and the idea that the film presents a representation of the historical event.

Keywords: History teaching; Movies; Pedagogical practices.

Introdução                

Atualmente é possível observar inúmeras possibilidades de trabalho que os professores podem dispor em suas práticas pedagógicas em sala de aula. No que concerne especialmente aos professores de História, estes têm ao seu alcance recursos diversos que podem ser potencializados no ensino desse componente curricular. Se até o século XIX prevaleciam os documentos escritos e oficiais como únicas fontes de estudo e ensino da História – influência da Escola Metódica[3] - com a fundação dos Annales[4] e sua ­­­­­Nova História, no início do século XX, o conceito de documento[5] foi ampliado e novos elementos da vida humana passaram a ser considerados.

Nesse contexto de mudanças e de usos variados de documentos, tanto na pesquisa quanto no ensino, é que destacamos o nosso objeto de estudo neste artigo, ou seja, o cinema[6], uma vez que, de acordo com Abud (2003), este se configura como um dos recursos imagéticos mais utilizados por professores em sala de aula.

Neste sentido, essa escrita busca analisar as práticas de professores de História, que atuam nos anos finais do ensino fundamental, com a utilização do cinema na sala de aula e para tanto, se encontra dividida em três seções. Na primeira, trazemos os aspectos metodológicos utilizados na pesquisa de campo, a apresentação dos sujeitos e os critérios para a sua seleção, bem como as técnicas de construção e de análise de dados utilizadas. A segunda seção discute acerca dos pressupostos teóricos e metodológicos para o uso dos filmes no âmbito da sala de aula, tendo como fundamento os estudos de autores especialistas na área. Já a terceira e última seção, descreve e analisa as práticas desenvolvidas com os filmes do cinema, pelos professores, lançando mão para tal empreendimento das entrevistas realizadas e da literatura levantada na segunda seção.

Nas considerações finais, apresentamos os resultados alcançados com a investigação, bem como esboçamos algumas considerações que julgamos relevantes para a discussão, ora em pauta.

Aspectos metodológicos

Os sujeitos investigados são professores de História e integram o quadro efetivo da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza, Ceará. Tendo em vista a grande quantidade de professores que compõem os quadros da referida rede de ensino público, e a consequente inviabilidade em realizarmos a pesquisa com todos os docentes, resolvemos selecionar, por amostragem, os sujeitos que fossem de encontro aos nossos objetivos.

Nosso primeiro passo em busca dos sujeitos, foi procurar a Secretaria Municipal da Educação (SME) para que nos fosse informado quais professores de História faziam uso de filmes do cinema em suas práticas de ensino. Para nossa surpresa, a instituição não possuía um mapeamento dessas práticas e, consequentemente, não poderia sugerir nomes. Contudo, nos autorizou, via documento escrito, a irmos até as escolas e contatarmos os seus profissionais.  Assim como fez Monteiro (2007) em sua pesquisa, entramos em contato com colegas professores, diretores de escolas, coordenadores pedagógicos, superintendentes escolares e técnicos da SME e dos Distritos de Educação das seis secretarias executivas regionais (SER)[7] indagando se estes conheciam professores de História que atendessem ao perfil que procurávamos. Após longa jornada de procura e contatos, conseguimos chegar a 06 (seis) professores (um de cada região da cidade) que atendiam aos requisitos de nossa investigação, a saber: 1) Professores que lecionavam o componente curricular História e que faziam uso do cinema nos Anos Finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano); 2) Professores efetivos (concursados) da Prefeitura Municipal de Fortaleza; e, por fim, 3) Professores que possuíam, no mínimo, cinco anos de experiência na docência de História.

Após contato direto com cada um dos sujeitos e com a aceitação destes em participar de nossa pesquisa, agendamos as datas e fomos até as escolas nas quais lecionavam para procedermos com as entrevistas. Faz-se necessário salientar que as entrevistas aconteceram durante os meses de agosto e setembro de 2016, durante os horários de planejamento[8] dos professores.

Fizemos a opção pelas entrevistas semiestruturadas, as quais combinam “perguntas fechadas e abertas, em que o entrevistado tem a possibilidade de discorrer sobre o tema em questão sem se prender à indagação formulada” (MINAYO, 2015, p. 64). Nossa escolha se justifica, pois, ao relatarem suas práticas docentes com o cinema em sala de aula, queríamos que os professores ficassem à vontade para expressarem suas opiniões e seus sentimentos relativos a essa temática. Pensamos que um roteiro fechado, ou mesmo um questionário do tipo pergunta-resposta, poderia prejudicar esse momento.

Para a análise dos dados construídos na pesquisa de campo, utilizamos o Método de Interpretação dos Sentidos, proposto por Gomes (2015) e apontado como o mais capaz para dar conta de uma interpretação da realidade, uma vez que “nesse método a fala dos atores sociais é situada em seu contexto para melhor ser compreendida. Essa compreensão tem, como ponto de partida, o interior da fala. E, como ponto de chegada, o campo da especificidade histórica e totalizante que produz a fala” (GOMES, 2015, p. 77). Assim, servindo aos interesses de nossa pesquisa, a fala do sujeito (professor de História) é colocada em seu contexto (escola pública municipal de ensino fundamental) para entendê-la a partir do seu interior e na especificidade histórica (contexto) em que é produzida.

Conhecendo os sujeitos da pesquisa

Como já mencionado, nossa pesquisa contou com 06 (seis) sujeitos, sendo 03 (três) do sexo masculino e 03 (três) do sexo feminino. Na ocasião, quatro professores se encontravam na faixa etária de 26 a 35 anos de idade e dois possuíam 46 anos ou mais de idade.

No que se refere aos cursos de formação inicial, 02 (dois) são licenciados em História pela Universidade Estadual do Ceará (UECE), 02 (dois) em História pela Universidade Federal do Ceará (UFC), 01 (um) é formado em Filosofia pela Faculdade de Filosofia de Fortaleza (FAFIFOR) e 01 (um) é graduado em Ciências Sociais pela UFC. Todos possuem cursos de pós-graduação, sendo 05 (cinco) especialistas em diferentes cursos da área educacional e apenas 01 (um) possuía, à época, o título de Mestre em História Social.

No que tange ao tempo de experiência na docência de História na educação básica, este variou entre 05 (cinco) e 25 (vinte e cinco) anos. Todos os entrevistados possuíam carga horária integral na Rede Municipal, isto é, 200 horas de trabalho/mês, além de lecionarem em todas as séries que compõem os anos finais do ensino fundamental (6º ao 9º ano).

Com o intuito de preservar a identidade dos professores-sujeitos de nossa pesquisa, utilizaremos letras para a sua identificação neste trabalho[9]. Assim, temos o Professor A, o Professor B e o Professor C para identificar os profissionais do sexo masculino e a Professora D, a Professora E, e a Professora F para identificar os profissionais do sexo feminino.

Pressupostos teórico-metodológicos do cinema no ensino de História

Bittencourt (2011) enfatiza que data das décadas de 1960 e 1970 o início dos estudos sobre a iconografia cinematográfica, acompanhado dos debates que destacavam a importância da diversificação das fontes a serem utilizadas na pesquisa histórica. Neste cenário, se destacam os estudos dos historiadores franceses Marc Ferro e Pierre Sorlin, pioneiros nos estudos sobre cinema e história, onde “ambos se detiveram, sobretudo, na natureza da imagem cinematográfica, reconhecendo a complexidade do objeto que buscavam analisar, e introduziram métodos para uma efetiva crítica de fontes audiovisuais” (BITTENCOURT, 2011, p. 373).

Ferro (1976) adverte que o filme é uma fonte para entendermos os comportamentos, as visões de mundo, os valores e as ideologias de uma sociedade ou de um momento histórico. Enquanto Sorlin (1994) trata da necessidade do historiador/professor levar em consideração o conjunto de elementos que compõem um filme, a saber: sons, vozes, cantos, palavras, músicas instrumentais, ruídos... De acordo com o estudioso, para um efetivo trabalho com o filme, faz-se necessário ir além da sua narrativa e contemplar a análise dos elementos que o compõem.

Em síntese, os resultados dos estudos de Ferro (1976, 1992) e Sorlin (1994) evidenciaram que a imagem não ilustra nem reproduz a realidade, mas a reconstrói com base em uma linguagem própria, produzida em um determinado contexto histórico, onde, muitas vezes, reflete os anseios do mercado consumidor da época em que foi produzido. Corroborando com esses teóricos, Kornis (2008, p. 10) afirma que o filme é “um documento histórico de seu tempo [...] uma vez que é produzido sob um olhar presente”. Dito de outro modo, o filme aborda muito mais elementos que interessam ao presente do que mesmo o passado que supõe representar.

Em meio a tudo o que já foi pontuado, consideramos que cabe ao professor evitar algumas situações, no mínimo embaraçosas, a que os filmes poderão trazer para o trabalho em sala de aula, caso o docente não atente para as especificidades do documento cinematográfico. Uma das situações diz respeito ao anacronismo, que “ocorre quando os valores do presente distorcem as interpretações do passado e são incompatíveis com a época retratada” (NAPOLITANO, 2013, p. 38). Em outras palavras, o professor deverá atentar para questões trazidas nos filmes que não condizem com a época retratada. Um exemplo nítido de anacronismo nos filmes, pode ser percebido quando estes retratam épocas antigas se utilizando de comportamentos e linguagens dos tempos atuais.

Com isso, não estamos querendo dizer que os filmes tenham a obrigação de trazerem em seus roteiros os acontecimentos históricos tais como são apresentados pela historiografia oficial, uma vez que eles foram produzidos mediante um recorte, um ponto de vista de seus idealizadores. E sim, que o professor, ao fazer uso dos filmes em sala de aula deverá propiciar discussões acerca das temáticas históricas abordadas e das escolhas da produção do filme para apresentá-las, com o intuito dos alunos não entenderem o documento fílmico como a representação da verdade.

A partir do exposto e na mesma linha de pensamento, cabe destacar outra situação que deverá ser evitada pelo professor no uso dos filmes no cenário escolar: a da super-representação fílmica. Napolitano (2013) chama esse fenômeno de efeito “túnel do tempo” ao acreditar que o filme, senão bem trabalhado pelo professor, pode induzir nos alunos a ideia de que ele mostra a “verdade” dos acontecimentos históricos narrados. Ou seja, os estudantes poderão considerar o filme assistido como se fosse uma encenação real do acontecimento histórico trabalhado na sala de aula. Para que isso não ocorra, é preciso que o professor leve em consideração no trabalho com os alunos, os elementos internos e externos que compõe o filme no intuito de enfatizar que ele trata de uma versão, de um ponto de vista de seus idealizadores ao conteúdo histórico representado.

Entendendo que isso não é uma tarefa simples, nos valemos das proposições de Kornis (1992) que apontam para uma metodologia de análise dos filmes para seu uso no ambiente escolar. A pesquisadora considera três aspectos como relevantes ao professor conhecer antes de promover um trabalho com o documento cinematográfico na sala de aula. São eles:

 

a) os elementos que compõem o conteúdo, como roteiro, direção, fotografia, música e atuação de atores;

b) o contexto social e político de produção, incluindo a censura e a própria indústria do cinema;

c) a recepção do filme e a recepção da audiência, considerando a influência da crítica e a reação do público segundo idade, sexo, classe e universo de preocupações. (KORNIS, 1992, p. 248).

 

Somando aos pressupostos teórico-metodológicos trazidos pelos especialistas da área, consideramos relevante que o professor sonde os interesses dos alunos enquanto espectadores, no sentido de conhecer os tipos de filmes mais vistos por eles, suas preferências em relação ao gênero (terror, drama, suspense, animação, romance...), o que valorizam mais no documento cinematográfico (a história que está sendo contada, a interpretação dos atores, a fotografia...), onde assistem a esses filmes (cinema, televisão, computador, tablets, celular, plataformas digitais...) e, com base nesses questionamentos, possam realizar discussões sobre a linguagem cinematográfica e os impactos que ela promove em seus processos formativos.

Tendo em vista tudo o que foi discutido até aqui, a próxima seção tem por objetivo conhecer como os professores de História, sujeitos desta investigação, utilizam os filmes do cinema em suas práticas de ensino, além de averiguar se eles apontam alguma dificuldade para a efetivação desse uso em sala de aula. Vamos a ela!

A prática desenvolvida com o cinema na sala de aula

No momento das entrevistas, solicitamos aos nossos sujeitos que nos informassem as atividades que eles realizavam antes, durante e depois da exibição dos filmes em sala de aula, com o intuito de analisarmos como acontece o momento de planejamento do uso desse filme, a sua forma de exibição (intercalado, contínuo...), bem como o encaminhamento pedagógico a partir de seu uso. De modo didático, consideramos pertinente apresentarmos nossas análises das práticas descritas com o cinema obedecendo a essa divisão e se valendo da técnica de análise adotada e descrita anteriormente. Por último, indagamos aos nossos sujeitos se eles sentem dificuldades na operacionalização do trabalho com o cinema em sala de aula. As respostas a tal questionamento se encontram no final desta seção.

Atividades realizadas pelos professores antes, durante e após a exibição do filme

No relato dos docentes, podemos perceber que existe toda uma preparação para a exibição do filme selecionado, quando são explicados os objetivos dessa atividade.

 

Antes de exibir, tenho que explicar do que o filme trata pra eles entenderem o porquê de sua utilização. Então tenho que fazer todo esse trabalho de conscientização, de convencimento para a sua assistência. (PROFESSOR C).

 

Eu reservo dois tempos de aula de cinquenta minutos numa metodologia relativamente mais conservadora porque eu preciso que o aluno tenha pelo menos algum embasamento pra quando a gente for ver o filme. E aí na outra aula, dependendo do tamanho do filme, a gente continua a exibição. Eu tenho mania de selecionar pequenos trechos. - Ah! Esse trecho é só um carro andando e não contribui, aí eu acelero, marco os trechos que eu não preciso passar pro meu aluno que não contribui na passagem do filme -. Assim, eu faço várias paradas, vou perguntando, vou instigando, porque nem sempre vai haver a maturidade inicial, de encarar o que o filme tá dizendo. (PROFESSORA D).

 

Consideramos os momentos de preparação para a exibição do filme, relatados pelos professores C e D, como extremamente relevantes para que o aluno compreenda que o momento do filme faz parte da aula e que existe uma conexão com o que foi trabalhado anteriormente ou posteriormente. Isso ajuda a evitar que o filme seja usado para “matar tempo de aula” como muitos julgam e que foi ressaltado por alguns professores entrevistados. Como qualquer recurso didático passível de utilização em sala de aula, o cinema, conforme salientado anteriormente, também necessita de um bom planejamento pedagógico, a fim de que possa contribuir, efetivamente, para o alcance dos objetivos traçados pelo professor.

Neste sentido, destacamos a fala da Professora D sobre a forma como planeja suas aulas com o cinema. Ela nos relata que antes de sua exibição costuma selecionar trechos do filme por motivos diversos, dentre eles, o tempo de aula que é curto (2 aulas de 50 minutos por semana em cada turma), ou seja, o tempo de aula semanal é menor do que a duração de muitos filmes e também por considerar que determinadas cenas não são importantes para o contexto da aula. Com base em seu relato, faremos duas ponderações.

Primeiro, que é plenamente possível que o professor divida o filme em blocos, fazendo recortes de cenas que considera mais importantes para os objetivos da aula. Desta forma, concordamos com Vesentini (2013, p. 165), quando esclarece que o trabalho de edição (recorte) “trata-se de subdividir o filme em vários blocos, em pequenas cenas, atendendo a interesses de conteúdo [...] assim o professor amplia o seu domínio sobre o filme.”

Em segundo lugar, é preciso que o professor atente para as questões de censura do filme, pois alguns podem conter cenas fortes e que não são adequadas para a faixa etária da turma. Dito de outro modo, quando o professor não atenta para as questões de adequação das cenas ao público assistente, o filme poderá ocasionar o bloqueio pedagógico, isto é, “a não assimilação de um filme em consequência da precipitação em exibi-lo para uma classe que não estava devidamente preparada para aquele tipo de história e conteúdo, seja por limites culturais, morais ou religiosos.” (NAPOLITANO, 2013, p. 20).

Quando indagamos aos professores sobre quais práticas são realizadas durante a exibição do documento fílmico, as respostas foram:

 

Geralmente eu intervenho assim: - Olha, vamos prestar atenção nesse trecho do filme - porque os alunos, às vezes, dispersam. (PROFESSORA F).

 

Depende do filme. Em geral, eu acho importante parar pra explicar: - Oh, isso, geralmente (o professor cita um fato relacionado ao conteúdo da aula) acontece por causa disso! - Enfim, eu aperto pause e explico. (PROFESSOR A)

 

Eu tenho que parar o filme, muitas vezes, pra explicar o que tá acontecendo, porque um filme de duas horas, se você não fizer isso acaba passando algumas coisas que são importantes para o entendimento. O ideal seria utilizar filmes mais curtos, que durassem o tempo de uma aula (50 minutos), mas não é fácil encontrá-los. (PROFESSOR C)

 

 

Constatamos, através desses relatos, que os professores consideram relevante fazer pequenas pausas durante a exibição do filme para destacar elementos importantes e que estejam atrelados à temática abordada em sala de aula, além de evitar que os alunos se dispersem durante a exibição por meio de conversas paralelas ou mesmo por desinteresse nesta atividade. Daí se percebe, mais uma vez, a importância do planejamento didático. Se nas práticas relatadas pelos docentes, estes utilizam várias estratégias para despertar a atenção dos alunos durante a exibição do filme, isto significa que a atividade possui objetivos claros e para isso buscam a sua concretização.

Entretanto, convém ressaltar que mais importante do que parar o filme para fazer algum comentário ou mesmo explicar algo, pode ser considerado mais produtivo saber dos alunos o que eles estão achando do filme até aquele momento, se querem destacar alguma cena ou se estão com alguma dificuldade em compreendê-lo.

Retomando a fala do Professor C, quando este afirma que é uma dificuldade encontrar filmes com a duração compatível ao tempo de uma hora aula (50 minutos), uma saída para minimizar o problema, como apontado anteriormente, seria a edição do documento fílmico, pois além de diminuir o tempo de sua exibição, o professor poderia passar apenas as cenas que fossem consideradas mais importantes para os interesses da aula, porém sem comprometer a essência do filme trabalhado. Outra possibilidade seria o docente acrescentar mais dias para essa atividade e, assim permitir aos alunos assistirem ao filme por inteiro, contando sempre com a sua mediação. Contudo, esta é uma decisão que cabe ao docente tomar. Caso este decida por fazer cortes (edição) ao documento cinematográfico, atualmente existem muitos programas de computador que oferecem recursos para essa ação. Capacitar os professores para tarefas como essa poderia ser uma sugestão a ser considerada nas formações continuadas, ofertadas pelas redes de ensino.

Por último, perguntamos que atividades são realizadas após as exibições dos filmes. O que os professores consideram relevantes para fechar o trabalho realizado com o documento fílmico em sala de aula?

O Professor A relatou que, após as exibições, tem o costume de solicitar que seus alunos respondam a questões propostas pelo docente e que foram abordadas no filme. Disse ainda que utiliza aspectos contidos nas películas em avaliações de verificação da aprendizagem.

 

O pós são questionários sobre aquele filme e, algumas vezes, eu utilizo como questão de prova bimestral ou parcial ou as duas. Eu coloco questão do filme pra incentivá-los a prestar atenção e analisar onde o filme quer levar e não ser algo jogado pra eles ficarem aqui soltos, enfim. (PROFESSOR A)

 

Consideramos relevante a prática do professor A em dar sentido à exibição do documento cinematográfico, pois dessa forma a atividade se torna significativa e deixa de ser considerada apenas como o “filme pelo filme”, sem objetivos pedagógicos definidos.

Já a Professora F nos relata que tem o hábito de utilizar como atividades pós-exibição a discussão dos assuntos tratados no filme, relacionando-os às temáticas abordadas em sala de aula. A professora também ressalta que utiliza, algumas vezes, atividades escritas para avaliar o aprendizado da turma. “Geralmente é discussão! Não é sempre que eu passo aquele trabalhinho escrito valendo nota. Então, às vezes, se resume a discussão mesmo” (PROFESSORA F).

A Professora D nos relatou que as atividades desenvolvidas após a exibição do filme dependem muito da turma, pois há turmas em que ela consegue realizar determinadas atividades e outras não. Por isso destaca como relevante o planejamento adequado de sua prática com o cinema.

 

Eu costumo deixar encaminhamentos dependendo muito da turma. Porque tem turmas que você consegue colocar encaminhamento até na mesma aula em que o filme foi exibido, tipo: - Próxima aula tragam um resumo! Pesquisem na internet sobre o assunto tal que foi exposto no filme! – Já em outras turmas só dar certo se for feito tudo em sala mesmo. No pós, é isso, deixo alguma coisa pra eles fazerem e aí vai variar de acordo com a turma, mas sempre planejando, não dá pra fazer de improviso. (PROFESSORA D)

 

 

Para o Professor C, são bastante variadas as atividades que desenvolve após a exibição do filme com o propósito de facilitar o entendimento do documento cinematográfico e sua conexão com a temática trabalhada na aula de História. O docente enumera algumas que costuma utilizar e, assim como ressaltado pela Professora D, ele concorda que todas devem ser bem planejadas.

 

Eu prefiro fazer um comentário, uma reflexão por meio de uma conversa, um debate em círculo... Também costumo elaborar atividades dinâmicas pra eles ensaiarem uma peça sobre o filme, onde eles possam lembrar as falas, os personagens... Ou criarem uma história da cabeça deles, como se eles tivessem vivido naquela época. Então eu tento dar asas à imaginação, fazer o máximo possível pra eles não esquecerem o filme e este não ficar relegado ao passado e eles tentarem interagir. É difícil, né? Porque até uma roda de debate você tem que planejar bem pra não dispersar o assunto, mas é isso, a nossa vida de professor é uma luta pelo aprendizado deles. (PROFESSOR C).

 

Interessante perceber nos relatos dos professores que os usos que fazem do cinema em suas práticas de ensino são cheios de possibilidades e que conseguem alcançar resultados satisfatórios com a utilização desse recurso em sala de aula. No rol de possibilidades, encontramos desde atividades escritas (questionários, resumos...), passando por debates e comentários sobre o conteúdo do filme por meio de círculos de discussão, até atividades de cunho mais criativo como montagem de peças teatrais, valendo-se do enredo do filme e das temáticas históricas abordadas.

Concordamos com os nossos sujeitos que a utilização de filmes no cenário escolar não é uma tarefa fácil. Até o momento da exibição para os alunos, algumas etapas precisam ser realizadas, que vão desde a escolha do filme que atenda às necessidades da aula, até os materiais de suporte para a exibição, que precisam ser levados em consideração para o bom aproveitamento desse recurso didático. Nesse sentido, indagamos aos professores se eles poderiam sinalizar algumas dificuldades enfrentadas quando da utilização do cinema em suas práticas pedagógicas. É o que veremos a seguir.

Dificuldades apontadas na utilização do filme em sala de aula

Quando perguntamos sobre as possíveis dificuldades no trabalho com os filmes do cinema em suas aulas, a maioria dos professores entrevistados apontou certos preconceitos que sofrem por parte de membros do núcleo gestor das escolas em que trabalham ou mesmo de outros professores, seus colegas, ao utilizarem esse recurso. Relataram que frases do tipo “quem usa filme, enrola aula”, são comuns de serem ouvidas. A Professora D relatou que tem diminuído o uso do documento cinematográfico em sua rotina docente para evitar comentários como os expostos anteriormente. Neste sentido, ela desabafa:

 

Eu já trabalhei em escolas em que me encaravam como alguém que estava matando aula, simplesmente porque eu levava o filme para a sala de aula. Eu ficava com muita raiva em pensar em todo o trabalho que dar para escolher o filme, para assisti-lo antes e selecionar o que se quer mostrar. [...] Daí a pessoa vem e afirma que o professor tal leva os meninos pra ver muito filme... Eu acho até que antes eu até usava mais esse recurso, mas depois de tanto ouvir que estava enrolando aula quando, na verdade, eu estava querendo mesmo era dinamizá-las que tenho ficado desmotivada. (PROFESSORA D).

Neste relato percebemos certo desânimo da professora com atitudes dessa natureza, até porque não é fácil planejar e efetivar aulas com o cinema. Assim como a Professora D, a Professora E alega que tem que trabalhar em casa, pois, na escola em que leciona, existe carência de materiais básicos e que, consequentemente, comprometem o trabalho com os filmes. Dentre as carências cita, por exemplo, um bom sinal de conexão com a internet. Ela ressalta:

 

Sempre baixo filmes em casa, não baixo aqui (se referindo à escola) por causa da velocidade da internet que não é boa. Daí assisto em casa, eu geralmente não assisto aqui porque, aí sim, você assistir aqui, tem professor, tem colega, que passa e acha que você não tá fazendo nada. Eu estava assistindo vídeos aqui, não era nem filmes, eram pequenos vídeos pra escolher algo pra mostrar pros alunos e certa vez ouvi o seguinte comentário: “só na vida boa, né professora!”. (PROFESSORA E)

 

 

O Professor A acredita que a ausência de um local apropriado para a exibição dos filmes compromete e reduz as oportunidades de seu uso no ambiente escolar. Quando indagado a listar as principais dificuldades que envolvem a operacionalização desta atividade, responde:

 

Primeiro, ambiente! Essa sala que você tá comigo seria a sala ideal, [o professor se refere ao espaço do laboratório de informática – local de nossa entrevista] mas geralmente é a mais concorrida, sempre tá ocupada! Então a gente sofre mais por questão de espaço mesmo. (PROFESSOR A)

 

 

Para a Professora F, as dificuldades técnicas ocasionadas pela carência de materiais nas escolas em que leciona são os principais obstáculos para o trabalho com o cinema em sala de aula.

 

Então, às vezes, têm essas dificuldades técnicas porque não tem o local adequado. Quando tem, muitas vezes, os equipamentos não estão funcionando do jeito que deveriam. Aí você tem que levar o computador de casa que é outra dificuldade pra mim. Então, é uma atividade que eu gosto muito, mas que dá um trabalho imenso. (PROFESSORA F)

 

 

O relato do Professor B sintetiza toda a problemática descrita por seus colegas. Para o docente:

 

Passar um filme é uma mão de obra danada, você começa atrasado porque o material não tá pronto. Você, muitas vezes, tem que trazer cabo de casa. Eu já trouxe pra escola aparelho de DVD, televisão, pilha para controle remoto [...] então, é uma dificuldade enorme você passar filmes em sala. Diante de tantos inconvenientes, às vezes penso que é melhor chegar à classe e pronto, dar uma aula tradicional. (PROFESSOR B)

 

Na fala do Professor B fica explícita a ausência de acessórios básicos para a exibição de filmes em sala de aula, como aparelho de televisão, pilhas para controle remoto, só para citar alguns exemplos. Isso demonstra certo descuido no âmbito administrativo da escola, que não consegue garantir ao professor o acesso a materiais elementares que contribuem para uma ação pedagógica carregada de significado, como é o caso do cinema na sala de aula. Esse fator leva o professor ao desestímulo para usar outras linguagens em sua rotina pedagógica e o leva a pensar em optar por aulas tidas como tradicionais, nas quais se sobressai a simples exposição de conteúdos no quadro branco.

Considerações Finais

Já é sabido que a intenção de um filme não é servir a uma função escolar. Como um objeto cultural e comercial, ele foi produzido para atender aos anseios de seus idealizadores e para tanto carrega ideologias e valores que pretende transmitir. Entretanto, ao ser utilizado pelo professor em sala de aula, esse objeto passa a ser um instrumento didático que pretende contribuir no processo educativo. É a mediação docente que vai lhe conferir um viés pedagógico através da problematização e da reflexão sobre o conteúdo nele contido.

Ao chegar ao final desta escrita, concluímos que as práticas de ensino de História com filmes do cinema, relatadas pelos professores entrevistados, encontram-se ancoradas nos pressupostos teórico-metodológicos propostos pelos especialistas da área e discutidos ao longo do texto. Isso faz com que suas aulas sejam espaços dinamizadores e que contribuem para a efetivação do processo de aprendizagem de seus alunos por trabalharem o questionamento, a crítica e a ideia de que o filme apresenta uma representação do acontecimento histórico, evitando, assim, o uso da super-representação fílmica, conforme salientado por Napolitano (2013).

Outro ponto percebido em nossa análise, diz respeito ao fato de que os professores, ao utilizarem os filmes do cinema em suas práticas de ensino, conseguem dar sentido à sua utilização através de um consistente planejamento pedagógico, onde são pensados importantes momentos: a escolha do filme; a sua conexão com a temática histórica trabalhada; as atividades a serem realizadas antes, durante e depois de sua exibição; o modo como se dará a exibição (no todo ou em partes) etc. Todas essas atividades fazem com que o filme não seja confundido como elemento de decoração de uma aula, mas como um recurso relevante no processo de ensino e aprendizagem.

Neste sentido, pensamos que os gestores escolares e os sistemas de ensino precisam envidar maiores esforços para minimizarem as dificuldades relatadas pelos professores e que tanto comprometem o trabalho com o cinema, bem como assegurar formação em serviço sobre como melhor utilizar os filmes no ambiente escolar. Além disso, é fundamental compreender que o uso do cinema em sala de aula não é sinônimo de “enrolar” tempo de aula, mas sim de dinamizar e ampliar as possibilidades de desenvolvimento das competências e habilidades essenciais aos estudantes propostas pelo componente curricular de História.

Também se faz necessário ressaltar que os cursos de formação inicial de professores necessitam investir em mais atividades formativas com a utilização dos filmes do cinema, pois embora este aspecto não seja o objetivo deste texto, consideramos pertinente registrar que os professores entrevistados foram unânimes em reconhecer a pouca ou nenhuma contribuição de seus cursos de formação inicial na constituição de suas práticas pedagógicas com os filmes.

Por fim, acreditamos ser essencial que outros professores (não só os de História) conheçam os pressupostos teórico-metodológicos da linguagem do cinema, percebendo seus limites e possibilidades no âmbito escolar, para assim constituírem saberes que sejam mobilizados em práticas significativas de ensino, como as relatadas pelos professores da Rede Municipal de Ensino de Fortaleza.

 

Referências

ABUD, Kátia Maria. A construção de uma didática da história: algumas ideias sobre a utilização de filmes no ensino. História, nº 22, v. 1, p. 183-193, 2003. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/2210/221014788008.pdf. Acesso em: 24 dez. 2019.

 

BITTENCOURT, Circe Maria Fernandes. Ensino de história: fundamentos e métodos. 4 ed. São Paulo: Cortez, 2011. (Coleção docência em formação)

 

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FERRO, Marc. Cinema e história. Tradução Flávia Nascimento. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.

 

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Notas



[1] O presente artigo é um extrato adaptado da dissertação de mestrado intitulada: Ensino de História e cinema: Saberes e práticas de professores da Rede Municipal de Fortaleza - Ceará, apresentada pelo primeiro autor ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual do Ceará (UECE), no ano de 2017, sob a orientação da segunda autora deste trabalho.

[2] This article is an extract adapted from the Masters dissertation entitled: Teaching of History and Cinema: Knowledge and practice of teachers at the Municipal Teaching Network in Fortaleza - Ceará, presented by the first author to the Graduate Program in Education at Universidade Estadual do Ceará (UECE), in 2017, under the guidance of the second author of this work.

[3] Surgida nos fins do século XIX, os historiadores pertencentes à Escola Metódica pretendiam dotar a História de um caráter científico, criticando assim as especulações filosóficas e buscando o máximo de exatidão no trabalho do historiador.

[4] Movimento de renovação da historiografia iniciado na França do final da década de 1920, com a fundação, por Marc Bloch e Lucien Febvre, da Revista Anais (Annales) de História Econômica e Social.

[5] Ressaltamos que neste trabalho os termos documento(s), fonte(s), recurso(s) e linguagem(ns) são sinônimos.

[6] O termo Cinema, empregado neste trabalho, diz respeito aos filmes com conteúdo histórico produzidos e exibidos em salas de cinema e/ou disponíveis para locação ou venda em estabelecimentos comerciais e/ou plataformas digitais. Ainda para este trabalho, os termos Cinema e Filmes do Cinema são sinônimos.

[7] A partir da Lei Municipal nº 8000, de 1º de janeiro de 1997, a cidade de Fortaleza foi dividida em regiões (regionais) como forma de facilitar e descentralizar a administração municipal. Em cada uma das regionais existe um departamento (Distrito de Educação) responsável pelo acompanhamento das escolas situadas em seus territórios. Para maiores informações sobre as SER sugerimos acessar o endereço: https://www.fortaleza.gov.br/a-cidade.

[8] Com o intuito de não atrapalhar a rotina de trabalho dos professores e, tampouco, prejudicar o tempo de aula dos alunos, as entrevistas foram realizadas nos dias de planejamento de suas aulas, quando não ocorre a interação com os estudantes.

[9] Vale ressaltar que seguindo os procedimentos éticos da pesquisa com seres humanos, todos os professores participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), por ocasião da pesquisa de mestrado que resultou no artigo em pauta, onde se ressaltavam os objetivos do estudo e as garantias de não divulgação de suas identidades.