Educa��o de Jovens e Adultos, Multisseria��o e Recursos Did�ticos Digitais: uma tentativa de di�logo

Young People and Adult Education, Multigraded Teaching and Digital Learning Resources: an attempt dialogue

Gabriel Moreira Beraldi

Doutorando em Ensino de Bioci�ncias e Sa�de (IOC-Fiocruz); Docente na SEEDUC-RJ e Escola Firjan SESI.

gabscj@yahoo.com.br � http://orcid.org/0000-0001-8786-9179

 

Francisco Roberto Pinto Mattos

Doutor em Engenharia de Sistemas e Computa��o (UFRJ); Docente do ensino b�sico, t�cnico e tecnol�gico e Coordenador do Mestrado Profissional em Pr�ticas para a Educa��o B�sica no Col�gio Pedro II e docente do Mestrado Profissional PROFMAT da UERJ.

francisco.mattos@gmail.com https://orcid.org/0000-0003-3760-4636

 

Aira Suzana Ribeiro Martins 

Doutora em Letras (UERJ); Docente do Ensino b�sico, t�cnico e tecnol�gico e Supervisora do Programa de Resid�ncia Docente no Col�gio Pedro II.

airasuzana.ribeiromartins@gmail.com � https://orcid.org/0000-0002-5917-1870

 

Recebido em 30 de setembro de 2018

Aprovado em 30 de outubro de 2019

Publicado em 17 de dezembro de 2019

 

RESUMO

O presente trabalho pretende responder � seguinte pergunta de investiga��o: �De que forma a Educa��o de Jovens e Adultos multisseriada, aliada ao uso de tecnologias, pode contribuir para o processo ensino-aprendizagem?�. Para tanto, tem como objetivo investigar as contribui��es da multisseria��o e da utiliza��o de recursos did�ticos digitais no processo ensino-aprendizagem do aluno da EJA. Regulada por uma legisla��o espec�fica, a EJA tem sido difundida nos �ltimos anos como importante ferramenta de inclus�o. Em algumas institui��es, no entanto, ela est� aliada � realidade da multisseria��o, que comporta alunos de diferentes s�ries em uma mesma sala de aula. Pesquisas recentes mostram os desafios dos docentes no trabalho em turmas da EJA. Esta pesquisa � de cunho qualitativo e se utilizou de pesquisa bibliogr�fica e entrevistas semiestruturadas em uma amostra de 20 alunos de Ensino M�dio multisseriado da modalidade EJA de uma das unidades da Escola SESI/RJ. As conclus�es apontaram para uma avalia��o positiva da jun��o entre EJA, multisseria��o e recursos did�ticos digitais.

Palavras-chave: Educa��o de Jovens e Adultos; Multisseria��o; Recursos did�ticos digitais.

 

ABSTRACT

This paper aims to answer the following research question: "How can multigraded classes of the Youth and Adult Education, combined with the use of technologies, contribute to the teaching-learning process?�. To do so, it aims to investigate the contributions of multigrade classes and the use of digital didactic resources in the teaching-learning process of the student of the Young and People Education. Regulated by specific legislation, Young People and Adult Education has been widespread as an important means of inclusion in recent years. However, in some institutions it is allied to the reality of multigraded teaching, which involves students from different grades in the same classroom. Recent research, shows the challenges faced by teachers in working Young People and Adult classes. This research is qualitative and it was used a bibliographic research and semi-structured interview in a sample of 20 high school students of multigraded classes of the Youth and Adult Education modality of one branch of the SESI/RJ School. The conclusions pointed to a positive evaluation of the junction between EJA, multiseriate and digital didactic resources.

Keywords: Young People and Adult Education; Multigraded teaching; Digital learning resources.

Introdu��o

Turmas de Educa��o de Jovens e Adultos (doravante EJA), mesmo tendo recebido nos �ltimos anos grande aten��o da legisla��o nacional (OLIVEIRA, 2011) s�o, por si s�, desafiantes para docentes e discentes, uma vez que trazem consigo peculiaridades que necessitam ser compreendidas e enfrentadas. Segundo Candau (2007), esse paradoxo surge, por um lado, devido � expans�o da educa��o b�sica nos �ltimos anos; em contrapartida, �ndices como os de evas�o e repet�ncia persistem, sem que seja efetivamente problematizada a quest�o da qualidade educacional e da pr�pria valoriza��o do professor.� De acordo com Jesus e Machado (2011), o termo Educa��o de Jovens e Adultos � recente, mas uma preocupa��o mais refinada sobre a educa��o no pa�s remonta � �Campanha de Educa��o de Adultos�, de 1947. A partir de fins da d�cada de 1950, atrav�s da influ�ncia de Paulo Freire, surgem reflex�es sobre a quest�o do analfabetismo e do desejo de um novo paradigma pedag�gico que se baseasse na vis�o de mundo e nos componentes socioculturais dos indiv�duos. Segundo o pesquisador, �a leitura do mundo precede a leitura da palavra� (FREIRE, 2003, p. 13).� No in�cio da d�cada de 1960 surge o Plano Nacional de Educa��o, interrompido pelo golpe de 1964, o que ensejou a interven��o da UNESCO e, em 1967, � criado o Movimento Brasileiro de Alfabetiza��o (MOBRAL), extinto em 1985. Mais tarde, em 1996 a Lei de Diretrizes e Bases da Educa��o Nacional (LDBEN n� 9.394/96) institucionaliza a EJA.

Apesar dos avan�os no campo da legisla��o, Sousa e Cunha (2010) apontam que o aluno da EJA ainda sofre com preconceito, discrimina��o e cr�ticas. � importante lembrar, entretanto, que esses estudantes tamb�m carregam conhecimentos pr�vios e sabedoria adquirida. Al�m disso, muitos desses alunos possuem baixa autoestima devido a sucessivos fracassos escolares; outros, por sua vez, passaram longo tempo distantes da escola. Necessitam, tamb�m, muitas vezes, conciliar estudo e emprego e vale chamar aten��o para o fato de que consideram essa modalidade de ensino condensada, r�pida, sem qualidade e com baixo n�vel de exig�ncia, como observam Caminha e Oliveira (2010).

����������� Dessa forma, diversas pesquisas apontam para a discuss�o sobre a melhor forma de dialogar com o aluno da EJA, de modo a favorec�-lo no processo ensino-aprendizagem. Sem d�vida, h� diversos meios que, adotados, podem contribuir para o processo. Neste artigo, pretende-se considerar duas ferramentas: a multisseria��o e o uso de recursos did�ticos digitais.

����������� Aliada �s dificuldades da EJA encontra-se a multisseria��o, muito comum em �reas n�o urbanas e alvo de muitas cr�ticas. Embora seja vista por muitos como uma forma de economizar recursos, j� que alunos de diferentes s�ries s�o alocados em uma mesma classe, evitando, assim, a necessidade da contrata��o de professores para v�rias turmas, pode ser tamb�m vista a partir de uma perspectiva inovadora. A hip�tese deste trabalho aponta que essa modalidade de forma��o de turmas em conson�ncia com o uso de recursos did�ticos digitais tem o potencial de contribuir para o trabalho em turmas de jovens e adultos e favorecer o processo de ensino-aprendizagem. Em outras palavras, classes multisseriadas podem ser uma resposta deliberada aos problemas da Educa��o, bem como servir de incentivo ao professor que necessita de meios mais eficazes para atingir seu p�blico-alvo, tais como uso dos recursos tecnol�gicos dispon�veis, elabora��o de estrat�gias espec�ficas, produ��o de um curr�culo e de materiais did�ticos espec�ficos e fomento � integra��o entre escola e comunidade, como acentua Berry (2010). Note-se que a maior parte dos materiais did�ticos dispon�veis foi elaborado com vistas a atender a demanda das classes seriadas. Muitas vezes, entretanto, ocorre a utiliza��o desse material nas classes multisseriadas. Segundo Berry (2010), tal procedimento � um erro que acontece com frequ�ncia. Tal material � inadequado para classes multisseriadas, pelo fato de esse grupo ter particularidades muito espec�ficas. Esse aspecto diferencial de turmas da EJA multisseriada contribui para que os materiais did�ticos se tornem rapidamente obsoletos. N�o se pode ignorar tamb�m que o tipo de recurso did�tico produzido para uma realidade de multisseria��o n�o pode ser apropriado por uma outra.� Como vemos, cada grupo de alunos tem interesses pr�prios e os recursos e materiais did�ticos devem ser adequados para cada grupo espec�fico.

����������� O sistema de ensino multisseriado tamb�m estimula o desenvolvimento social dos alunos, encorajando a coopera��o em sala de aula. Em uma das pesquisas encontradas que defendem veementemente as classes multisseriadas, encontramos a contundente justificativa de Rosa (2008, p. 224-225):

A homogeneidade era, e ainda �, em algumas escolas, a caracter�stica esperada pelo educador para facilitar sua atua��o em sala de aula. No entanto, o que podemos observar � um problema hist�rico-cultural fundamentalmente pol�tico. Ao agrupar os alunos pela idealiza��o da homogeneidade, ou seja, pela abstra��o do desejo de se trabalhar com alunos iguais, estamos permitindo a exclus�o de muitos do processo de ensino e aprendizagem, porque, historicamente, ao se separar por n�veis de dificuldades, estamos mais uma vez excluindo aqueles com menores condi��es sociais e culturais.

����������� A autora aponta para o fato de a seria��o fragmentar o conhecimento e separar pessoas. Ademais, pode acomodar o professor que, muitas vezes, em todos os anos e em todas as s�ries, precisa apenas se preocupar em reproduzir as mesmas informa��es e conceitos, sem considerar as peculiaridades de seus interlocutores.

����������� No presente artigo, pretendemos justificar que recursos digitais, aliados ao cen�rio da multisseria��o, podem contribuir no processo ensino-aprendizagem na EJA. A relev�ncia dessa discuss�o se d� pelo fato de vivermos em um mundo onde o virtual � cada vez mais presente. �Sendo assim, ao apontarmos para a import�ncia da presen�a de recursos digitais na escola, conjugados com classes multisseriadas, que t�m no seu �mago uma proposta pedag�gica diferenciada, desfragmentada e inclusiva, acabamos por nos unir a modernas tend�ncias pedag�gicas que direcionam para a constru��o do aluno como sujeito aut�nomo e participante, uma vez que o papel da escola deve ser o de fomentar �pessoas capazes de ser sujeitos de suas vidas, conscientes de suas op��es, valores e projetos de refer�ncia e atores sociais comprometidos com um projeto de sociedade e humanidade� (CANDAU, 2007, p. 13). Entendemos, portanto, que, na medida em que o aluno do s�culo XXI, de forma muito natural, interage com as tecnologias vigentes, estas podem desempenhar o papel de ferramenta de intera��o com o mundo e a escola. Dessa forma, n�o � poss�vel mais, nos dias de hoje, a postura pedag�gica semelhante �quela criticada por Behrens (1999, p. 384):

Salvaguardadas as exce��es, os docentes conservadores aliam a compet�ncia ao autoritarismo. O professor bom � aquele que conhece seu conte�do, apresenta-se severo, exigente e n�o deve �mostrar os dentes para os alunos�. O sil�ncio e a disciplina s�o essenciais para desencadear o ensino reprodutivo e conservador. A avalia��o tem seu foco na memoriza��o e na assimila��o, e, em algumas �reas, o professor adquire credibilidade pelo n�mero de alunos que s�o reprovados na sua disciplina.

����������� Dessa forma, entendemos que o modelo pedag�gico tido como conservador, n�o corresponde ao principal objetivo da Educa��o, que � o de libertar e criar consci�ncia nas pessoas. Muitas vezes esse modelo apenas se preocupa em reproduzir conte�dos sem que o estudante reconhe�a a necessidade de aprend�-los.

����������� Este trabalho, portanto, pretende ampliar a discuss�o da EJA como importante forma de inclus�o. Al�m disso, queremos inserir, nesse contexto, a quest�o da multisseria��o e do uso de recursos did�ticos digitais em sala de aula, seus desafios e possibilidades. Pretendemos introduzir a quest�o das classes multisseriadas, n�o como uma realidade estanque, mas como proposta pedag�gica, desfragmentada e inclusiva, que possibilite ao aluno descompartimentalizar o conhecimento, tendo � sua disposi��o um leque de possibilidades. Nesse caso, as tecnologias s�o introduzidas como importante ferramenta de inclus�o, j� que os alunos apreciam essa linguagem.

����������� Nesse contexto, o presente artigo pretende, nas p�ginas que seguem, responder � seguinte quest�o de pesquisa: De que forma a Educa��o de Jovens e Adultos multisseriada, aliada ao uso de tecnologias, pode contribuir para o processo ensino-aprendizagem? Para tanto, pretende atender ao seguinte objetivo: Investigar as contribui��es da multisseria��o e da utiliza��o de recursos did�ticos digitais no processo ensino-aprendizagem do aluno da EJA. A pesquisa � de cunho qualitativo com a utiliza��o de entrevistas semiestruturadas em uma amostra de 20 alunos da EJA multisseriada da Escola SESI-RJ.

A Educa��o de Jovens e Adultos

����������� A EJA � uma forma de trabalho de inclus�o que procura combater, n�o s� algumas distor��es de ordem educacional, mas tamb�m distor��es de ordem social e pol�tica, como deixam claro os artigos 37 e 38 da Lei de Diretrizes e Bases da Educa��o Nacional. No �mbito educacional, dentre outros fatores, podemos citar a distor��o idade/s�rie, muitas vezes motivada por in�meros fracassos escolares. Essa modalidade de ensino deve receber aten��o das autoridades educacionais e da pr�pria comunidade escolar.  � necess�rio tamb�m considerar a situa��o daqueles que estiveram afastados da escola devido � necessidade de trabalhar e sustentar a fam�lia. Na medida em que a oferta de escolariza��o chega, por meio desse modelo, os alunos atendidos pelo programa EJA, portadores de novos conhecimentos, interagem com o mundo � sua volta e com a sociedade. Tendo passado por mudan�as, com uma nova vis�o de mundo, esses alunos constroem uma consci�ncia pol�tica e se posicionam perante as dicotomias sociais. Segundo Lemos (1999, p. 25), �pode-se inferir que o maior motivo da procura da escola � a necessidade de fixa��o de sua identidade como ser humano e ser social�. Como vemos, o indiv�duo tem necessidade de uma forma��o institucional para sentir-se parte da sociedade.

����������� Corroboram essa vis�o Jesus e Machado (2011, p. 5) quando afirmam que:

A EJA � uma modalidade de ensino que visa atender aos jovens e adultos que n�o tiveram oportunidade de conclu�rem os seus estudos em tempo normal, e possibilita ao educando n�o s� uma proposta de linguagem escrita e o conhecimento b�sico para o acesso a outros graus de ensino, mas a integra��o social desse indiv�duo, se atendo �s suas necessidades e objetivos.

����������� Em outras palavras, a EJA n�o pretende apenas ser fonte de conte�dos, mas possui uma caracter�stica de pol�tica de inclus�o. N�o apenas incluir no sentido b�sico da palavra, mas dar voz e oportunidade de express�o �queles que n�o a possu�am anteriormente, dando a esses atores sociais a possibilidade de �trocar� informa��es com a sociedade, transformando-as quando necess�rio.

����������� No Brasil, muitos esfor�os foram empreendidos, a partir da d�cada de 1940, no sentido de dar oportunidades de estudo �queles que tiveram pouca oportunidade de frequentar os bancos escolares. Ressalte-se, aqui, dentre outras tentativas, o Movimento Brasileiro de Alfabetiza��o (MOBRAL), de 1967, destinado � popula��o analfabeta de 15 a 30 anos. Todos os movimentos que visavam � forma��o de pessoas com pouca escolaridade, no entanto, tinham por pr�tica a repeti��o de m�todos presentes nas antigas cartilhas, sem qualquer preocupa��o em formar no aluno uma consci�ncia cr�tica e problematizadora.

����������� Reconhecendo a import�ncia e as limita��es das propostas anteriores e, ainda, motivado pelas discuss�es da Confer�ncia Mundial de Educa��o para Todos, na Tail�ndia, no in�cio da d�cada de 1990, o governo brasileiro estabeleceu metas para a educa��o b�sica que, em 1996, culminaram na Lei de Diretrizes e Bases da Educa��o Nacional. Sua relev�ncia para a EJA est� expressa no seguinte trecho (BRASIL, 1996, art. 37, �1):

[...] a educa��o de jovens e adultos ser� destinada �queles que n�o tiveram acesso ou oportunidade de estudos no ensino fundamental e m�dio na idade pr�pria (e que) os sistemas de ensino assegurar�o gratuitamente aos jovens e adultos, que n�o puderam efetuar os estudos na idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as caracter�sticas do alunado, seus interesses, condi��es de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.

����������� Importante notar, na passagem, a mudan�a de foco na quest�o do ensino. O objetivo n�o � mais reproduzir conte�dos pr�-estabelecidos, mas dar �nfase ao interesse e �s caracter�sticas do aluno. Deixa de ser uma reprodu��o para ser uma constru��o, em que o estudante torna-se capaz de fazer concatena��es entre os conte�dos e a sua realidade.

����������� Dessa forma, a EJA contribui n�o somente com a inclus�o, mas tamb�m com a socializa��o da pessoa, uma vez que d� a possibilidade de relacionar sua vis�o de mundo com os conte�dos escolares, transformando ou aperfei�oando essa mesma vis�o. O aluno, por fim, reconhece-se como elemento central no processo ensino-aprendizagem, tendo condi��es de elevar sua autoestima, muitas vezes, abalada por insucessos anteriores na sua vida escolar.

A multisseria��o e o uso de recursos did�ticos digitais no aux�lio � EJA

����������� Classes multisseriadas aliadas � modalidade EJA s�o desafiadoras para docentes e discentes. Por isso, urge haver uma discuss�o em torno da quest�o da multisseria��o como uma possibilidade de contribui��o � EJA, pois permite a inclus�o do aluno em um processo de ensino-aprendizagem que n�o esteja necessariamente �engessado� pela seria��o e, portanto, fragmentado. Dessa forma, torna-se importante abrir uma discuss�o acerca da multisseria��o na EJA, a primeira, elaborada para suprir necessidades e car�ncias, sobretudo em �reas afastadas e especialmente em zonas rurais, muitas vezes em condi��es prec�rias de funcionamento e com forma��o n�o apropriada aos docentes; a segunda, para reparar uma desigualdade hist�rica com aqueles que n�o tiveram condi��es de estudar quando da idade pr�pria. Entretanto, ambas as realidades est�o hoje presentes nas grandes cidades; a EJA em grande n�mero e com abund�ncia de pesquisas a respeito nas mais diversas realidades, e a multisseria��o, ainda carente de pesquisas e material did�tico apropriado, sobretudo quando falamos de sua aplica��o nos grandes centros urbanos.�

As classes multisseriadas constituem-se naquelas que possuem realidades diversas em uma mesma sala de aula. Segundo o INEP (2007, p. 25), s�o aquelas que �t�m alunos de diferentes s�ries e n�veis em uma mesma sala de aula, independentemente do n�mero de professores respons�veis pela classe�. Elas podem existir em situa��es de dificuldade, como nas zonas rurais, onde s�o mais comuns, quando n�o h� professores e alunos suficientes. Estes s�o colocados, desse modo, em uma mesma classe, sob a tutela de um �nico docente respons�vel por lecionar todos os componentes curriculares previstos. Em �reas urbanas, a multisseria��o se observa no caso de haver uma intencionalidade pedag�gica para a sua ado��o. Embora essa proposta possa ser adapt�vel � realidade do campo, nosso enfoque est� voltado para as classes multisseriadas, n�o como uma necessidade gerada pelas dificuldades apresentadas, mas como escolha pedag�gica para o trabalho em turmas de Ensino M�dio que t�m, via de regra, um docente para cada disciplina.

����������� As classes multisseriadas no Brasil s�o alvo de muitas cr�ticas quanto � sua efic�cia. No entanto, essas cr�ticas n�o consideram a falta de estrutura das escolas e a forma��o dos docentes que trabalham nessa modalidade, j� que a maioria absoluta destes � formada para trabalhar na seria��o. Desse modo, necessitam se adaptar � nova realidade, uma vez que gerenciar uma sala de aula desse tipo exige uma s�rie de procedimentos diferentes da atua��o em classes mais homog�neas. Muitas vezes, inclusive, os professores atuam no multisseriado como se estivessem nas classes tradicionais seriadas e, com justi�a, reclamam que t�m seu trabalho aumentado, pois, em um mesmo tempo de aula precisam ensinar para s�ries diferentes.

����������� Apesar dos desafios inerentes � multisseria��o, Chris Berry (2010) defende sua ado��o com v�rios argumentos. Dentre eles, o fato de haver, em classes multisseriadas, faixa et�ria mista, o que estimula o desenvolvimento social das pessoas e encoraja a coopera��o em sala de aula. Contudo, deve-se ter aten��o especial ao curr�culo dessas classes, que, de um modo geral, n�o sofre modifica��es, apresentando-se de maneira semelhante ao curr�culo das classes seriadas. O mesmo acontece, via de regra, com os materiais did�ticos utilizados; n�o sofrem modifica��es. Quando h� a produ��o de materiais espec�ficos para a multisseria��o, h� de se levar em conta que, dificilmente, um material produzido para determinada realidade poder� ser adequado � outra. Acerca das pr�ticas pedag�gicas nessa modalidade de classes, Ferri alerta (1994, p. 106):

Para que a sala de aula, a classe multisseriada, seja um ambiente enriquecedor, onde os alunos possam apropriar-se ativamente da experi�ncia humana acumulada e contribuir com a produ��o de novos conhecimentos � preciso que o conte�do escolar seja algo que faz sentido na vida pessoal e do grupo, que adquire significado e pertin�ncia quando �til.

����������� Percebe-se que a pr�pria atmosfera das classes multisseriadas � diferente. � evidente que, em algum momento pontual, o professor possa dividir os alunos de acordo com seus �n�veis� ou �s�ries� com um objetivo espec�fico. No entanto, n�o � da natureza do trabalho nesse tipo de classe que as atividades sejam feitas sempre com a divis�o da turma de acordo com o n�vel conhecimento. O ambiente multisseriado deve ser de coopera��o e intera��o e, por isso, acreditamos que sirva de interesse � EJA que, naturalmente, tem o hist�rico de trabalhar com faixas et�rias diferentes e n�veis de aprendizado diferentes. Em uma classe da mesma s�rie, muitas vezes, encontram-se alunos que ficaram distantes da escola muitos anos, trazendo, assim, certa heterogeneidade � classe.

����������� Outro importante recurso � EJA s�o os digitais. Dar a devida aten��o ao uso das novas tecnologias, em sala de aula, nos dias de hoje, � imperioso. Mesmo aquelas pessoas que ignoram a exist�ncia dessas novas linguagens acabam por sentir-se obrigadas a observ�-las, pois muitos procedimentos do mundo atual exigem, no m�nimo, uso e dom�nio, mesmo que elementar, das tecnologias. A pr�pria comunica��o entre as pessoas estaria prejudicada, n�o fosse o uso das novas m�dias.

����������� Dessa forma, o uso de recursos did�ticos digitais na EJA facilita a intera��o do aluno com o mundo, uma vez que traz para a sala de aula uma realidade que lhe � familiar. A pr�pria disciplina necess�ria ao estudo e ao aprendizado � enriquecida com as tecnologias, pois, como o aluno da EJA, muitas vezes, divide seu dia entre a escola e o trabalho; seu tempo de estudo em casa � reduzido e as tecnologias podem contribuir com a compreens�o dos conte�dos. H� tamb�m a possibilidade de, dependendo da m�dia utilizada pelos professores, os estudantes poderem lev�-la consigo, como por exemplo, no caso de aplicativo para celulares ou de p�ginas no Facebook. Esses recursos podem ser acessados, por exemplo, em casa, na condu��o ou em uma pausa para descanso no trabalho.  

����������� No Rio de Janeiro, a realidade da multisseria��o e das tecnologias na EJA est� presente na Escola SESI. Espalhada em v�rias unidades por todo o Estado, ela disp�e aos alunos turmas de EJA multisseriada nas categorias Ensino Fundamental e Ensino M�dio. No Ensino Fundamental, estudam em uma mesma sala de aula alunos do 6�, 7�, 8� e 9� ano. No Ensino M�dio, temos alunos da 1�, 2� e 3� s�ries no mesmo espa�o. Todas as salas de aula disp�em de uma lousa digital, computador com internet na mesa do professor (que pode ser projetado na lousa), datashow e netbooks. Os �ltimos s�o disponibilizados aos alunos quando solicitado pelo professor. Al�m disso, todas as unidades t�m a Sala da Matem�tica, ambiente exclusivo para o ensino dessa disciplina, com lousa digital, 40 netbooks com acesso � internet, e diversidade de jogos digitais e demais recursos de apoio, al�m de datashow.

Metodologia

����������� A presente pesquisa foi de cunho qualitativo e se deu atrav�s de coleta de dados bibliogr�ficos e de entrevistas semiestruturadas no campo. A pesquisa qualitativa tem seu valor neste trabalho, pois n�o procura mensurar os resultados, mas compreender o fen�meno da multisseria��o com o uso de recursos did�ticos digitais na EJA. O campo da pesquisa foi uma escola de EJA multisseriada que utiliza recursos did�ticos digitais. A import�ncia da pesquisa realizada no pr�prio campo � atestada por Andrade (2007, p. 117), pois ela �:

utilizada com o objetivo de conseguir informa��es e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hip�tese, que se queira comprovar ou, ainda, descobre novos fen�menos ou as rea��es entre eles.

����������� �No processo de coleta de dados por entrevistas foi formulada aos alunos a seguinte pergunta inicial: �De que forma a EJA multisseriada, aliada ao uso das tecnologias, contribui para o seu aprendizado?�. A partir dessa primeira resposta foi travado um di�logo. As entrevistas foram realizadas em um conjunto de 20 alunos das turmas MC1 e MC2 do Centro de Estudos Santa Luzia, da rede SESI-RJ, e compreendeu apenas alunos de Ensino M�dio.

����������� N�o foram identificados riscos aos participantes, uma vez que a participa��o foi volunt�ria e as identidades dos alunos foram preservadas. Apenas s�o mencionados idade e sexo, pois consideramos serem informa��es relevantes. Al�m disso, ao final, os registros da pesquisa foram apagados[1].

 

A palavra dos alunos

����������� O objeto desta investiga��o � a EJA multisseriada que se utiliza de recursos did�ticos digitais no processo ensino-aprendizagem. O Centro de Estudos Santa Luzia, da rede SESI-RJ, al�m de oferecer esta modalidade de ensino, fomenta a utiliza��o de tecnologias em sala de aula. Dessa forma, os alunos entrevistados foram instados a avaliar as contribui��es da multisseria��o e das tecnologias em suas aprendizagens dentro da EJA.

Dos 20 alunos pesquisados, 12 s�o do sexo feminino e 8 do masculino. Ressalte-se que todos os alunos entrevistados s�o maiores de 18 anos. Na transcri��o dos relatos, os alunos foram identificados como aluno A1 a A20, com informa��o do sexo e da idade de cada um. Alguns depoimentos procuram relacionar a EJA � multisseria��o e �s tecnologias, no entanto, outros abordam apenas dois ou um dos itens. O primeiro relato desenvolve a quest�o da EJA com as tecnologias.

De maneira geral, os di�logos revelaram um sentimento quase que de gratid�o pela exist�ncia da EJA, de respaldo � import�ncia do uso de tecnologias e de desconfian�a com rela��o � multisseria��o. Isso fica evidente nas falas abaixo:

A EJA recuperou a minha autoestima. Me sentia mal por n�o ter completado os estudos. Me culpava por isso. Me sentia incapaz. Agora me sinto completo. Um cidad�o. [...] Ainda fico um pouco confuso com esse lance das tr�s s�ries juntas, mas acho que vou me acostumar. [...] A EJA me ajuda bastante a aprender r�pido e a aprender pela internet, afinal, hoje em dia tudo est� na net, n�o � mesmo? Eu consigo aprender da mesma forma que em uma escola �normal�; aqui eles s� reduzem mais, mas ensinam da mesma forma, fazendo ser bem mais pr�tico e f�cil de entender. (Aluno A10, mulher, 20 anos)

����������� A EJA � vista como a possibilidade de voltar a estudar e de �recuperar o tempo perdido�. Trata-se de um reconhecimento, ainda que inconsciente em muitos casos, do direito � educa��o. Al�m disso, p�de-se perceber, mesmo de forma t�mida, um sentido de inclus�o e de uma nova forma de perten�a � sociedade.

����������� O uso de tecnologias como recursos did�ticos refor�am esse sentimento de inclus�o por trazerem para a sala de aula algo do cotidiano. A escola n�o mais � vista como um espa�o separado do �resto da sociedade�, mas como parte dela. Os entrevistados tamb�m apontaram para o benef�cio da utiliza��o de smartphones em sala de aula. Ou seja, os celulares, antes vistos como vil�es s�o explorados pelos professores como forma de aux�lio no processo ensino-aprendizagem.

A minha opini�o � que, quando usamos o celular na aula, ela fica mais din�mica. Ainda mais aqui na EJA, que o tempo � mais curto. A gente aproveita melhor o tempo e aprende usando algo que faz parte do nosso cotidiano. (Aluno A3, homem, 18 anos)

Na teoria a quest�o da tecnologia funciona. Por�m, na pr�tica, n�o. Os professores s�o excelentes, mas s�o eles que fazem as aulas acontecerem. Claro que a tecnologia em sala de aula ajuda, por�m n�o � tudo. (Aluno A1, homem, 20 anos)

����������� Por outro lado, algumas poucas, por�m significativas, cr�ticas �s tecnologias foram tecidas; todas elas � exce��o de uma, feitas por alunos com mais de 30 anos. Uma preocupa��o recorrente deles � o fato de, com os recursos digitais, escreverem menos. Uma hip�tese para explicar esse fen�meno talvez seja uma vis�o tradicional, enraizada em nossa cultura escolar, de que s� h� aula quando h� �mat�ria no caderno�, desconsiderando, assim, a possibilidade de outras formas de aprendizagem.�

A inten��o � boa, mas na pr�tica � ruim. Como eu vou aprender Matem�tica se eu n�o acompanhar o racioc�nio que o professor vai passando no quadro? Existem mat�rias em que � muito dif�cil aprender se n�o copiar a mat�ria no caderno. Depois, como eu vou estudar para a prova? Fica dif�cil. Se fosse nas Humanas, at� que a tecnologia pode ajudar, com v�deos etc. Em outras mat�rias acho que complica. (Aluno A19, homem, 39 anos)

O sistema EJA � de uma maneira geral uma boa op��o para muitos estudantes que deixaram os estudos e tem pressa em conclu�-los. O tempo � o maior inimigo da EJA; h� conte�do, mas pouco tempo para ser alcan�ado. O fato de haver v�rios equipamentos em sala de aula favorece a qualidade do ensino, por�m, diminui o conte�do escrito. A digitaliza��o trouxe uma comodidade e uma banaliza��o ao ensino de tempos atr�s. Pouco se l� e se escreve [...]. Infelizmente se perde o h�bito de ler o conte�do e fazer sua pr�pria an�lise dos fatos [...]. (Aluno A13, mulher, 39 anos)

����������� Sobre as classes multisseriadas, os depoimentos se mostraram muitas vezes confusos, sobretudo, pelo fato de os alunos n�o compreenderem, com clareza, a proposta da modalidade. Muitas cr�ticas foram tecidas � institui��o que sediou a pesquisa, pelo fato de n�o esclarecerem satisfatoriamente o pr�prio significado do termo multisseria��o e sua funcionalidade. Tais cr�ticas foram encaminhadas � referida institui��o como forma de feedback.�� �����

����������� Por outro lado, tr�s entrevistados pontuaram poss�veis vantagens da multisseria��o, como a aprendizagem colaborativa a partir do contato com colegas de s�ries mais avan�adas. Em contrapartida foi sinalizada a dificuldade de alguns docentes em organizar as aulas e a pr�pria disposi��o dos alunos em sala.

Eu at� entendo que � legal a classe ser multisseriada, mas tem que organizar melhor. Eu gosto quando nos juntamos para trabalhos em grupo. Um ajuda o outro. Mas �s vezes, nem o professor consegue organizar direito a sala. Divide o quadro em tr�s e d� aula como se fosse pra uma s�rie s�. A� seria melhor n�o juntar (as tr�s s�ries em uma sala). (Aluno A7, homem, 28 anos)

Esse sistema facilita a vida da pessoa pelo fato de terminar duas s�ries em um ano. [...] Acho bom que tenha todos os anos em uma turma; conhecemos mais pessoas e tamb�m vamos aprendendo mat�rias mais avan�adas. [...] � legal ter uma sala espec�fica para certas mat�rias. (Aluno A17, homem, 21 anos)

O sistema de ensino EJA, para mim, � um sistema que me ajuda muito. A quest�o multisseriada nos permite interagir com pessoas com pensamentos variados e nos permite ter ideias e ensinamentos diferentes. Os recursos tecnol�gicos, creio que sejam importantes para desenvolvermos outras formas de aprendizagem, al�m do que a tend�ncia no futuro � serem ainda mais utilizados em sala de aula. (Aluno A15, homem, 31 anos)

����������� Em seguida apresentamos o relato de dois alunos que elogiam a EJA e o uso de tecnologias em sala de aula, fazendo cr�ticas � quest�o da multisseria��o.

O sistema EJA de educa��o � um grande projeto, pois facilita as pessoas que t�m dificuldade em ir � escola; possui um per�odo mais curto que � bem aproveitado, pecando apenas na quest�o da multisseria��o, pois temos mais de uma s�rie em uma mesma sala de aula, deixando o aluno um pouco perdido no in�cio. A tecnologia � uma coisa muito boa, pois ajuda alunos e professores. (Aluno A2, homem, 22 anos)

Um programa bom que acelera os estudos daqueles que deixaram de estudar por algum motivo pessoal, dando oportunidade de terminar os estudos e alcan�ar seus objetivos, dando uma nova chance para nunca desistir, pois nunca � tarde. A multisseria��o n�o ajuda muito, atrapalha demais. N�o acho certo colocar tr�s s�ries na mesma sala, pois o aprendizado n�o � o mesmo. A aten��o n�o � a mesma, fica at� um pouco complicado de aprender. A sala fica um pouco desorganizada, pois as s�ries s�o diferentes e os trabalhos, provas, n�o devem ser os mesmos. Ent�o �s vezes dificulta; acharia melhor separar por s�ries [...]. (Aluno A14, mulher, 20 anos)

����������� De modo geral, podemos perceber que os alunos se sentem muito confort�veis e inclu�dos com a EJA. Podemos tamb�m perceber uma satisfa��o com o uso das tecnologias. A multisseria��o, no entanto, divide opini�es e � necess�rio que haja uma reflex�o docente acerca do assunto. O professor deve deixar bem claro aos alunos como funciona essa metodologia e seus objetivos. Um erro muito comum, nesse caso, � trabalhar nas classes multisseriadas como se trabalha nas seriadas, fragmentando o conhecimento e subdividindo a turma de acordo com as s�ries. Cabe aqui ressaltar que o objetivo deste trabalho n�o � tirar conclus�es definitivas (nem seria poss�vel com um universo de pesquisa t�o restrito), mas fomentar discuss�es e reflex�es acerca do tema proposto. Outro ponto importante � o fato de n�o termos alunos idosos respondendo � pergunta proposta. Nas turmas pesquisadas n�o havia alunos de idade avan�ada. Acreditamos que, sobretudo, na parte relacionada �s novas tecnologias, poder�amos ter relatos de natureza diversa.

Considera��es Finais

����������� Na certeza de ser a Educa��o poderosa ferramenta inclusiva, a cria��o e amplia��o da EJA, em nosso pa�s, tem a fun��o de acelerar esse processo, dando oportunidade �queles que, por algum motivo, abandonaram a escola e, depois, na idade adulta, retornaram. Essa modalidade de ensino, no entanto, traz consigo uma s�rie de desafios e, para levar a cabo seu objetivo, necessita considerar n�o s� os conhecimentos pr�vios do aluno como tamb�m sua vis�o de mundo.

����������� Como forma de auxiliar a EJA na �rdua tarefa de fazer o aluno dar sentido � escola, procuramos discutir a import�ncia da multisseria��o e das novas tecnologias. Para tanto, tra�amos um itiner�rio que partiu da discuss�o acerca das caracter�sticas b�sicas da EJA. Em seguida, inclu�mos na discuss�o as classes multisseriadas e os recursos did�ticos digitais, procurando analisar seus pontos positivos e sua contribui��o � EJA no processo ensino-aprendizagem. Por fim, apresentamos a vis�o dos alunos acerca da metodologia empregada.

����������� Reiteramos nosso objetivo de n�o procurar respostas objetivas e definitivas, mas de estar atentos �s demandas dos pr�prios alunos. No entanto, consideramos como sendo bem aceitas � EJA o uso de tecnologias em sala de aula. Em rela��o � multisseria��o, acreditamos ser uma quest�o n�o muito esclarecida aos alunos e at� mesmo aos professores, que, muitas vezes, ministram aulas como se estivessem em classes seriadas.

����������� Dessa forma, propomos que o debate acerca da multisseria��o seja ampliado com a presen�a de diversos atores: professores, alunos, pedagogos e as mais diversas comunidades escolares, a fim de que possamos entender melhor essa metodologia e melhor avaliar sua efic�cia.

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Correspond�ncia

Gabriel Moreira Beraldi Instituto Federal Col�gio Pedro II � 177, CEP 20921-903, S�o Crist�v�o, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.

 

Notas



[1] A presente pesquisa foi desenvolvida como parte da pesquisa de Mestrado de XXXXX, sendo aprovada pelo Comit� de �tica designado pela Plataforma Brasil sob o n�mero de parecer 2.295.753.