Desenho de rosto de pessoa visto de perto

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Rev. Enferm. UFSM, v.13, e2, p.1-20, 2023

ISSN 2179-7692 •  Logotipo, Ícone

Descrição gerada automaticamente

Submissão: 16/08/2022 • Aprovação: 23/11/2022 • Publicação: 24/01/2023

Tela de computador com texto preto sobre fundo branco

Descrição gerada automaticamente com confiança média

Relato de experiência

Introdução. 1

Método. 1

Resultados. 1

Discussão. 1

Conclusão. 1

Referências. 1

 

Transmídia na enfermagem pediátrica para orientações aos familiares no enfrentamento da COVID-19: relato de experiência

Transmedia in pediatric nursing for guidance to family members in coping with COVID-19: experience report

Transmedia en enfermería pediátrica para orientación a familiares en el enfrentamiento al COVID-19: relato de experiencia

 

Fernanda Garcia Bezerra GóesIÍcone

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Nátale Gabriele Ferreira NunesIÍcone

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Joyce de Oliveira BorgesIÍcone

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Andressa Neto SouzaIÍcone

Descrição gerada automaticamente                                 

Iasmym Alves de Andrade SoaresIÍcone

Descrição gerada automaticamente

Ingrid LuccheseIÍcone

Descrição gerada automaticamente

 

I Universidade Federal Fluminense. Rio das Ostras, RJ, Brasil

 

Resumo

Objetivo: descrever a experiência da transmídia na enfermagem pediátrica para orientações aos familiares sobre os cuidados aos recém-nascidos e às crianças no enfrentamento da covid-19. Método: relato de experiência sistematizado em cinco tempos (ponto de partida, perguntas iniciais, recuperação do processo vivido, reflexão de fundo e pontos de chegada), oriundo de um projeto de iniciação tecnológica, com dados do período de agosto 2021/junho 2022, sobre a publicação de conteúdos transmidiáticos, referentes aos cuidados na infância em tempos de covid-19, tendo como público-alvo os familiares de recém-nascidos e crianças. Resultados: conteúdos foram criados e publicados em diversas mídias sociais (Instagram, Facebook, Spotify, Youtube e WhatsApp), permitindo durante a pandemia, o compartilhamento, de forma convergente, de orientações científicas fidedignas e confiáveis. Conclusão: a transmídia na enfermagem pediátrica mostrou-se inovadora, dinâmica e proveitosa, além de baixo custo e grande potencial de abrangência.

Descritores: COVID-19; Recém-Nascido; Educação em Saúde; Enfermagem Pediátrica; Mídias Sociais

 

Abstract

 

Objective: to describe the experience of transmedia in pediatric nursing for guidance to family members on care for newborns and children in coping with covid-19. Method: experience report systematized in five stages (starting point, initial questions, recovery of the lived process, background reflection and points of arrival), from a technological initiation project, with data from the period of August 2021/June 2022, on the publication of transmedia content, referring to childhood care in times of covid-19, with the target audience being family members of newborns and children. Results: content was created and published on several social media (Instagram, Facebook, Spotify, Youtube and WhatsApp), allowing during the pandemic the convergent sharing of reliable scientific guidelines. Conclusion: transmedia in pediatric nursing proved to be innovative, dynamic and profitable, in addition to low cost and great potential for coverage.

Descriptors: COVID-19; Infant, Newborn; Health Education; Pediatric Nursing; Social Media

 

 

Resumen

Objetivo: describir la experiencia de transmedia en enfermería pediátrica para orientar a los familiares sobre el cuidado del recién nacido y del niño en el enfrentamiento al covid-19. Método: relato de experiencia sistematizado en cinco etapas (punto de partida, preguntas iniciales, recuperación del proceso vivido, reflexión de antecedentes y puntos de llegada), de un proyecto de iniciación tecnológica, con datos del período agosto 2021/junio 2022, a partir de la publicación de contenido transmedia, referente al cuidado de la infancia en tiempos de covid-19, siendo el público objetivo familiares de recién nacidos y niños. Resultados: se crearon y publicaron contenidos en diversas redes sociales (Instagram, Facebook, Spotify, Youtube y WhatsApp), que permitieron, durante la pandemia, compartir, de forma convergente, orientaciones científicas fidedignas y confiables. Conclusión: el transmedia en enfermería pediátrica demostró ser innovador, dinámico y fructífero, además de ser de bajo costo y con gran potencial de cobertura.

Descriptores: COVID-19; Recién nacido; Educación en salud; Enfermería Pediátrica; Medios de Comunicación Sociales

 

Introdução

No ano de 2020 a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou o início da pandemia da coronavirus disease 2019 (covid-19), causada pelo Severe Acute Respiratory Syndrome Coronavirus 2 (SARS-CoV-2). Devido à alta transmissibilidade do vírus, houve a necessidade de serem instituídas medidas de prevenção, incluindo o distanciamento social.1 Assim, essa nova realidade potencializou o uso das mídias sociais em um curto período de tempo, tornando-as essenciais para a obtenção de informações por toda a sociedade e a interação entre os usuários.

O termo “mídia social” muitas vezes é utilizado, de maneira equivocada, como sinônimo de “rede social”. Porém, o conceito de “rede social” diz respeito a um grupo de pessoas que se conhecem ou que estão conectadas de alguma maneira visando a interação entre si, dentro ou fora do mundo virtual. Contudo, as “mídias sociais” referem-se às plataformas digitais que possibilitam a produção, divulgação e compartilhamento de informações, além da interação do público, tais como Facebook, Youtube, Twitter, Instagram, SlideShare, dentre outras,2 sendo, portanto, este o foco do atual estudo.

Na área da saúde, as mídias sociais, se usadas de maneira cuidadosa e segura, possuem grande potencial de alcance para melhorar a qualidade de vida das pessoas, motivo pelo qual elas têm sido utilizadas pelos profissionais de saúde para interagir com o público e, assim, aprimorar a educação em saúde e o apoio social. Os benefícios gerais da comunicação em saúde via mídia social incluem maior quantitativo de informações disponíveis, compartilhadas e personalizadas, mais acessibilidade e ampliação do acesso às informações de saúde, além do aumento das interações com outras pessoas.3 Nessa diretiva, reconhece-se a potencialidade das mídias sociais para o enfrentamento da covid-19 na infância, pois estas permitem a rápida disseminação do conhecimento científico para diferentes lugares do Brasil e do mundo, sem restrições de barreiras geográficas.4

Desde o início dessa pandemia, a primeira ocorrida na era digital, as mídias sociais obtiveram força na disseminação de inúmeros conteúdos, o que abriu espaço para que informações falsas, as chamadas fake news, também ganhassem destaque nos veículos informacionais, deixando a população exposta a uma gama de informações de baixa confiabilidade e, com isso, suscetível a práticas errôneas no enfrentamento da pandemia.5 Contudo, apesar de os dispositivos móveis promoverem acesso às fake news, eles também são capazes de ofertar informações de qualidade por meio, por exemplo, do uso das mídias sociais para educação em saúde, buscando, inclusive, reverter os prejuízos gerados pela desinformação e notícias falsas.6

A educação em saúde integra rotineiramente o trabalho do enfermeiro, que utiliza diversas estratégias na assistência à saúde, orientando seus pacientes para o autocuidado e contribuindo para a melhora da qualidade de vida, a partir dos relatos de seus problemas, experiências e atitudes. Para tal, esse profissional pode empregar diversos recursos didáticos e tecnológicos, fundamentando-se em conhecimentos técnico-científicos, a fim de atuar dinamicamente e promover a educação em saúde de forma segura e qualificada.7 Nesse contexto, as mídias sociais destacam-se pela possibilidade de socialização da produção do conhecimento em saúde, intermediando a relação entre a população e os profissionais de saúde que estão separados fisicamente adicionando, desse modo, parâmetros inovadores ao processo de ensino-aprendizagem em saúde.6

A educação em saúde via mídias sociais é um processo inovador e eficaz para disponibilizar informações confiáveis e atingir o público-alvo desejado. Nesse cenário, a transmídia, termo empregado no atual relato de experiência, refere-se a uma estratégia de comunicação baseada na convergência de mídias, que perpassa a divulgação de conteúdos por múltiplos canais, com o objetivo de produzir uma experiência única, ampla e coordenada diante da combinação de conteúdos integrados e complementares entre si.8 Essa modalidade de comunicação facilita e dinamiza o acesso e o aprofundamento da informação desejada, permitindo que as pessoas façam escolhas independentes, elegendo uma ou mais plataformas de mídia, de acordo com os seus interesses e necessidades, o que torna a aprendizagem ativa.9

Dentre as inúmeras possibilidades de inovação tecnológica em tempos de pandemia, a educação em saúde em distintas mídias sociais junto aos familiares de recém-nascidos e crianças no enfrentamento da covid-19 emerge como uma importante aliada, a fim de mitigar dúvidas e incertezas no cuidado infantil. Por conseguinte, o desenvolvimento e a publicação de conteúdos transmidiáticos na enfermagem pediátrica tornam-se essenciais, uma vez que permitem o compartilhamento abrangente e diversificado de orientações científicas em diversas plataformas, o que pode contribuir para o crescimento e o desenvolvimento infantil sadio e harmonioso e a redução da morbimortalidade infantil e na infância.

É imprescindível que as pessoas, no caso, os familiares de recém-nascidos e de crianças tenham na palma de suas mãos uma gama de mídias sociais que levem orientações fidedignas e confiáveis, baseadas nas evidências científicas, para o incentivo aos cuidados qualificados e seguros, especialmente neste momento em que a sociedade além de sofrer com as dificuldades inerentes à pandemia, é constantemente bombardeada pelas fake news.

Considerando a escassez de pesquisas científicas na área da saúde e da enfermagem sobre a transmídia, faz-se necessária a ampliação de estudos que sirvam de referência para instigar o uso dessa estratégia de comunicação nas ações educativas em saúde por parte dos profissionais da área, incluindo os enfermeiros. Desse modo, objetivou-se descrever a experiência da transmídia na enfermagem pediátrica para orientações aos familiares sobre os cuidados aos recém-nascidos e às crianças no enfrentamento da covid-19.

 

Método

Relato de experiência sistematizado,10 relativo ao período de agosto de 2021 a junho de 2022, sobre o desenvolvimento e publicação de conteúdos transmidiáticos (nas mídias sociais Instagram, Facebook, Spotify, Youtube e WhatsApp) referentes aos cuidados na infância em tempos de covid-19. Concerne a um projeto de iniciação tecnológica, vinculado à Universidade Federal Fluminense, no campus de Rio das Ostras, Rio de Janeiro (RJ), coordenado por uma professora doutora e tendo como colaboradoras duas graduandas de enfermagem (bolsistas de iniciação tecnológica) e uma mestranda em enfermagem, e que possui como público-alvo das orientações os familiares de recém-nascidos e de crianças.

A sistematização de uma experiência é a compreensão crítica dos elementos vivenciados, que a partir de sua metodologia e reconstrução identifica ou mostra o processo vivido, os fatores que nele interferiram e como se relacionaram. Para elaboração deste relato, as experiências foram analisadas pelo processo de sistematização e descritas a partir dos cinco tempos: ponto de partida, perguntas iniciais, recuperação do processo vivido, reflexão de fundo e pontos de chegada.10

O primeiro tempo (ponto de partida) tem como principal característica a participação dos integrantes e o registro da experiência; o segundo (perguntas iniciais) leva em consideração três aspectos: Para que queremos sistematizar? Que experiência queremos sistematizar? Que aspectos centrais dessa experiência nos interessa sistematizar?; o terceiro (recuperação do processo vivido) dá-se a partir da reconstrução da história, de modo a ordenar e classificar as informações; o quarto (reflexão de fundo) diz respeito à análise, síntese e interpretação crítica do processo de experiência vivido; o quinto e último tempo (pontos de chegada) é o momento de formular as conclusões e comunicar a aprendizagem decorrente da experiência.10

Por ser um relato de experiência, que visa o aprofundamento teórico de situações que surgiram espontaneamente da prática do projeto de iniciação tecnológica, não foi necessário o envio do projeto a um Comitê de Ética, de acordo com a Resolução nº 510, de 07/04/2016 do Conselho Nacional de Saúde. Foi garantido o sigilo das informações individuais e o anonimato dos usuários das mídias sociais do projeto em toda a descrição do estudo.

 

Resultados

O primeiro tempo (ponto de partida) desse relato teve origem no projeto de iniciação tecnológica, denominado “Covid-19 UFF”, que surgiu com a observação e a identificação da problemática que os familiares de recém-nascidos e de crianças estavam expostos aos inúmeros conteúdos nas mídias sociais, incluindo informações superficiais e equivocadas, sem fundamentação científica no que se refere às práticas cuidativas direcionadas à infância em tempos de covid-19. Nesse contexto, o projeto iniciou suas atividades com a sua equipe considerando a necessidade de compartilhar com as famílias informações fidedignas e confiáveis diante das melhores evidências científicas, a fim de colaborar na promoção de cuidados seguros e qualificados para esse grupo populacional, no enfrentamento da pandemia.

Deste modo, inicialmente, no mês de agosto de 2021, foram realizadas pelas pesquisadoras do grupo reuniões virtuais por meio do serviço para comunicação por vídeo Google Meet a fim de definir os passos a serem seguidos, além de criarem um grupo no aplicativo de mensagens e chamadas de voz WhatsApp para facilitar a comunicação integral do grupo. Nesse ínterim, foi concebida a identidade visual do projeto, a ser utilizada nas postagens de todos os canais utilizados, objetivando-se incluir a diversidade familiar existente no Brasil, para que todos os familiares pudessem se identificar ao consumir o conteúdo desenvolvido e publicado nas diferentes mídias. Definiu-se também a paleta de cores das postagens, com o intuito de padronizá-las.

Para tal, utilizou-se a plataforma de design gráfico Canva, empregada também, posteriormente, para a criação de todos os conteúdos visuais (textos e imagens) das publicações. Após o grupo entrar em consenso a respeito da identidade visual, definiram-se também as mídias sociais a serem utilizadas pelo projeto, a saber: Instagram (rede social online de compartilhamento de fotos e vídeos); Facebook (rede social que permite o compartilhamento de mensagens, links, vídeos e fotografias); Spotify (serviço de streaming de música, podcast e vídeo); Youtube (plataforma de compartilhamento de vídeos) e WhatsApp (aplicativo multiplataforma de mensagens instantâneas e chamadas de voz para smartphones). Além disso, foi estruturado um cronograma com datas, temas e atividades gerais do grupo, com o intuito de organizar as futuras postagens e manter o nível de engajamento nas plataformas.

Quanto ao segundo tempo (perguntas iniciais), a intenção em sistematizar a trajetória efetuada no projeto de iniciação tecnológica referente à transmídia na enfermagem pediátrica resultou da necessidade de compartilhar essa experiência inovadora no meio científico, visto que publicações referentes ao uso de distintas mídias sociais junto às famílias de recém-nascidos e de crianças, na perspectiva da educação em saúde, eram escassas. Dessa forma, objetivou-se demonstrar o caminho percorrido no projeto de modo a instigar o desenvolvimento e/ou a continuidade de ações dessa natureza durante e após a pandemia incentivando, assim, o uso dessas novas tecnologias educacionais na área da saúde e da enfermagem no âmbito da assistência, do ensino, da pesquisa e da extensão. Portanto, optou-se por relatar elementos centrais da idealização, elaboração, divulgação e alcance das publicações nas diferentes mídias.

Sobre o terceiro tempo (recuperação do processo vivido), em setembro de 2021, foram criadas páginas no Facebook (projetocovid19uff) e no Spotify (Podcast do Projeto Covid-19 UFF). Destaca-se que no Instagram (@projetocovid19uff) e no Youtube (Projeto Covid-19 UFF) foram utilizados os perfis pré-existentes nessas plataformas, intitulados como “projetocovid19uff”, disponíveis desde 2020, vinculados a um projeto anterior de ensino, pesquisa e extensão sobre o enfrentamento da pandemia com foco nos profissionais de enfermagem, sob a coordenação da professora orientadora e participação das mesmas alunas.

Criou-se, ainda, uma conta na plataforma Google, que dispõe de um endereço de e-mail para que as integrantes entrassem em contato com o meio acadêmico e o público-alvo, a fim de oferecer-lhes mais um meio de contato e facilitar-lhes o acesso, possibilitando que essas pessoas sanassem eventuais dúvidas, por exemplo. Além desse benefício, o uso da ferramenta Google Drive possibilitou o armazenamento de documentos referentes ao projeto, artigos científicos, trabalhos e apresentações. Em seguida, foram iniciadas as postagens em todas as mídias, com periodicidade mensal, na maioria delas (Figura 1).

Interface gráfica do usuário, Aplicativo, Site

Descrição gerada automaticamente

Figura 1 – Prints das páginas nas mídias sociais do projeto de iniciação tecnológica. Rio das Ostras-RJ, 2022.

 

Nesse período, igualmente iniciaram-se as atividades de divulgação e apresentação do projeto para atingir o público-alvo (familiares de recém-nascidos e de crianças). Para tal, a coordenadora, juntamente com as demais pesquisadoras do projeto, utilizaram três métodos: o primeiro baseou-se no envio de mensagens de texto, utilizando-se dos perfis pessoais das integrantes no WhatsApp e no Instagram. Essas mensagens tinham um formato convidativo e atraente contendo os links de cada mídia social vinculada ao projeto, possibilitando fácil acesso a essas plataformas digitais. Pelo segundo método, as integrantes utilizaram seus perfis pessoais no Instagram para compartilhamento da página do projeto, por meio da ferramenta story, para aumentar o alcance de visualizações no perfil. No terceiro método de divulgação também foi aplicada a mídia social Instagram, pelo qual as integrantes utilizaram a ação “seguir” para alcançar usuários correspondentes com o público-alvo almejado.

Desde então, dos meses de setembro de 2021 a junho de 2022, as integrantes do grupo comunicaram-se periodicamente para debater assuntos relacionados ao projeto, como dúvidas e sugestões, tanto delas mesmo quanto do público-alvo, referentes às publicações, montagem dos conteúdos para cada mídia social, desenvolvimento de stories interativos (ferramenta dentro do perfil do Instagram), criação dos roteiros das entrevistas e a escolha dos convidados para os podcasts, além da avaliação das publicações já efetuadas.

Destaca-se que todas as publicações realizadas pelo projeto possuem embasamento científico, pois são utilizados materiais de confiança, que foram selecionados conforme o tema pré-determinado, de acordo com o cronograma do projeto. Dessa forma, as bolsistas realizaram a busca dos conteúdos diretamente nos sites da Sociedade Brasileira de Pediatria, Ministério da Saúde e OMS. Além disso, também foram selecionadas publicações por meio dos seguintes recursos informacionais: Scientific Electronic Library Online (SciELO), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE\PUBMED) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS).

Sobre a formulação das publicações, a cada mês, uma das pesquisadoras assumiu a responsabilidade por uma temática pré-determinada no cronograma disponível no Google Drive. Tendo a temática definida, o próximo passo foram as buscas nos recursos informacionais já mencionados e o desenvolvimento do documento escrito a ser utilizado como base teórica para as publicações em todas as plataformas. Após a finalização dessa etapa, o documento foi enviado ao grupo do WhatsApp e mediante a discussão entre as integrantes, se necessário, ainda foram realizadas alterações.

Com o documento aprovado, iniciou-se a elaboração dos posts para as redes sociais Instagram e Facebook, por meio da plataforma Canva, visto que nessas duas mídias são publicados, inicialmente, os textos explicativos e as imagens sobre a temática do mês. Todas as orientações publicadas nessas plataformas foram divulgadas por meio de textos com linguagem acessível, simples e de rápida leitura, acompanhados de imagens ilustrativas, além da indicação das referências bibliográficas. As publicações eram realizadas nos horários nos quais o público-alvo encontrava-se mais ativo nas mídias sociais, conforme insights fornecidos pelas plataformas, sendo eles: 16h, 17h, 18h e 19h.

Destaca-se que no ano de 2022 foi iniciado o cronograma de postagens de vídeos na ferramenta reels do Instagram, sendo vídeos curtos e dinâmicos, de no máximo 90 segundos. O intuito era que fossem publicados também mensalmente, pois de acordo com os insights fornecidos pelo próprio Instagram, esse modelo de vídeo gera um alcance maior de visualizações se comparado aos vídeos comuns. Logo, esse modo de publicação oportuniza maior engajamento, possibilitando que novos visualizadores consumam os conteúdos educacionais e, até mesmo, haja o ganho de novos seguidores no perfil.

Após a elaboração do conteúdo e a postagem nas páginas do Instagram e do Facebook, o próximo passo foi a produção do podcast, com a mesma temática dos posts publicados e disponibilizado no Spotify. Logo, os podcasts foram esquematizados da seguinte forma: as integrantes do grupo utilizaram como base os posts publicados nas demais mídias sociais no mês em andamento e, assim, foi produzido o roteiro e a busca de convidados com experiência na temática, por exemplo, enfermeiros, médicos, psicólogos, na Plataforma Lattes ou por indicações das próprias integrantes. Posteriormente, realizou-se o convite aos experts selecionados e, diante do aceite, a gravação do podcast foi efetuada.

Em modo presencial ou online, a gravação junto ao convidado foi executada por meio do celular pessoal da pesquisadora responsável, mediante o uso da plataforma Anchor, um aplicativo gratuito para smartphones que permite a gravação e edição de arquivos de áudio. Ao finalizar a etapa de gravação, o foco foi direcionado à edição do podcast na própria plataforma Anchor ou por meio de outros aplicativos de edição como o Wave Pad Audio Editor, Lexis Audio Editor e Cortador de Música.

O perfil do projeto na plataforma Youtube era o único que ainda não possuía periodicidade mensal, mas foi visto como uma possibilidade de expansão e, por isso, pretendeu-se que seja utilizado mensalmente para postagem de vídeos curtos (semelhantes aos reels do Instagram) e até mesmo outros vídeos relacionados aos temas de cada mês. Até o momento (junho de 2022), o perfil conta com algumas lives salvas, realizadas anteriormente, quando ainda fazia parte do projeto de ensino, pesquisa e extensão já citado e com um vídeo curto postado na aba da ferramenta shorts.

Após a publicação em todas as mídias citadas, realizou-se a publicação no WhatsApp, mídia utilizada para a divulgação de todas as outras mídias. Tal divulgação aconteceu com o envio, pelo WhatsApp pessoal de cada integrante do grupo, de uma imagem com um texto informativo contendo a temática mensal abordada e todos os links das outras plataformas. Com relação às temáticas já abordadas, foram publicadas as seguintes: uso de máscara na infância, uso de álcool a 70% na infância, retorno às aulas em cenário pandêmico, estimulação do recém-nascido durante a pandemia, saúde mental das crianças durante a pandemia, vacinação das crianças contra a covid-19, amamentação em tempos de covid-19 e violência infantil em cenário pandêmico.

 Quanto ao quarto tempo (reflexão de fundo), mediante o advento e a expansão do distanciamento social proporcionado pela proliferação da covid-19, muitos responsáveis ficaram sem a disponibilidade de sua rede de apoio, desse modo, a sobrecarga referente ao cuidado dos recém-nascidos e crianças sob sua tutela aumentou. Logo, a busca por orientações fidedignas e confiáveis a respeito das melhores práticas nos cuidados de crianças e recém-nascidos no enfrentamento da covid-19 ficou limitada no meio presencial.

De igual modo, outro fator preocupante refere-se à exposição desses indivíduos às fake news ligadas a essa temática. Tendo esses aspectos em vista, o papel do Projeto Covid-19 UFF tornou-se fundamental na sensibilização dos familiares sobre as práticas de cuidado infantil seguras no combate à pandemia. A busca por conteúdos de qualidade independe do recorte temporal tornou o trabalho do projeto importante, tanto em período pandêmico como no atual momento pós-pandêmico.

Após efetuar a estruturação do projeto tecnológico, houve algumas questões desafiadoras, como exemplo, alcançar o público-alvo no ambiente virtual, criar vínculo com o mesmo, gerar engajamento nas mídias sociais, criar conteúdos atrativos, buscar profissionais capacitados para as entrevistas realizadas no podcast e manejar as ferramentas e os aplicativos digitais. Todas essas questões exigiram criatividade e empenho do grupo, que se mostrou resolutivo e determinado, buscando formas de solucionar essas questões, seja por meio do uso de caixinhas na ferramenta story no Instagram do projeto para interagir com os usuários, pelo compartilhamento dos posts no story no perfil pessoal das integrantes e o uso de hashtags nas legendas para alcançar mais usuários, além da associação aos outros profissionais de diversas instituições de ensino que pudessem divulgar o Projeto “covid-19 UFF” em seus grupos pesquisa e/ou extensão, entre outras estratégias.

Somado ao aumento do uso das plataformas digitais por parte da população, em geral, o uso de novas ferramentas tecnológicas alinhadas para convergir em direção a um propósito em comum de promover a saúde infantil, permitiu que o público-alvo de fato consumisse as orientações produzidas pelo grupo no enfrentamento da covid-19. Outro aspecto importante é o benefício que a utilização da transmídia pediátrica na educação em saúde possibilitou em relação à flexibilidade de tempo e espaço, tornando possível o acesso dos usuários ao material publicado em qualquer lugar e a momento, bastando ter disponível um dispositivo móvel com acesso à internet, o que foi primordial na pandemia, pelo advento do distanciamento social.

Aliado a isso, teve-se as dificuldades de os familiares realizarem as visitas frequentes às consultas pediátricas, por exemplo, não sendo possível sanarem seus questionamentos de forma presencial. Porém, destaca-se um fator limitante, o fato de que nem todos os indivíduos do público-alvo tiveram acesso às mídias sociais e os que tinham nem sempre interagiam e opinaram sobre o conteúdo, tornando restrita a visão completa sobre os resultados alcançados pelo projeto.

Quanto ao quinto tempo (pontos de chegada), foram registrados no Instagram 510 seguidores em dez meses (setembro de 2021 a junho de 2022), com 27 publicações e um alcance de 7.659 contas; 9.225 impressões nos vídeos e reels e 2.270 nas publicações no feed, totalizando 11.495 visualizações e 180 visitas ao perfil no mês de junho de 2022. Destaca-se que no primeiro reels publicado pelo projeto obteve-se os seguintes resultados: 9.879 contas alcançadas, 10.096 reproduções, 148 curtidas, 64 compartilhamentos, 40 comentários e 19 salvamentos. O alcance das publicações atingiu o público de três países: Brasil (98,5%), Cabo Verde (1%) e Portugal (0,5%); já no que se refere às cidades brasileiras com os maiores índices foram, respectivamente: Rio das Ostras/RJ (42,4%), Rio Grande, Rio Grande do Sul (RS) (9,3%), Rio de Janeiro/RJ (5,6%) e Macaé/RJ (3,1%).

Observou-se nos seguidores do Instagram, majoritariamente, a presença de mulheres, correspondendo a 88,2% dos usuários; com relação ao público masculino o índice representa 11,8% dos usuários. Em caráter geral, as faixas etárias corresponderam a ambos os gêneros e estão ordenadas da seguinte forma: a faixa etária de 18 a 24 anos (38,8%) foi a mais incidente, logo a seguir, o público de 25 a 34 anos foi o encontrado (34,7%), seguido, respectivamente, pelas faixas etárias de 35 a 44 (15%) e 45 a 55 (6,2%).

Assim, notou-se uma relevante participação do público nas publicações no Instagram, com interação por meio de comentários no feed e story, marcação de outros perfis, compartilhamento das publicações e salvamentos. Além disso, diversas pessoas enviaram mensagens pela ferramenta de troca de mensagens diretas (direct), a fim de solucionar questionamentos, interagir com as participantes do projeto ou elogiar os conteúdos publicados. Segundo as métricas dessa mídia social, referentes ao engajamento, o público mais ativo referiu-se às mulheres (80,2%) do Brasil (98,1%) entre 18 a 24 anos de idade (44,2%) da cidade de Rio das Ostras (40%).

No Facebook foram realizadas 13 publicações, sendo registrado um total de 183 seguidores. O alcance do público foi majoritariamente feminino (64,3%), com o masculino representando 35,7% dos usuários. A principal faixa etária concentrou-se nos públicos entre 25 a 34 anos (28%) e entre 35 e 44 anos (22%). Em relação aos países, houve predominância no Brasil (99%), mas também da Bolívia (1%). Relacionado às cidades brasileiras, encontrou-se: Itaboraí/RJ (27,9%), Rio Grande/RS (15,8%), Rio das Ostras/RJ (14,8%), São Gonçalo/RJ (5,5%), Rio de Janeiro/RJ (4,9%), Macaé/RJ (3,8%), São Pedro da Aldeia/RJ (3,8%), Cabo Frio/RJ (2,7%), Duque de Caxias/RJ (2,7%) e Niterói/RJ (1,6%).

Em relação aos podcasts, foram postados oito no Spotify, até junho de 2022, com alcance de um público majoritariamente feminino (81%) e com os homens representando apenas 18% dos usuários, além de 1% que não especificou seu gênero. Os consumidores do podcast tiveram maior presença no Brasil (97%), seguido dos Estados Unidos (2%) e Alemanha (1%). A idade do público correspondeu, respectivamente, a 23 a 27 anos (46%); 35 a 44 anos (18%); 28 a 34 anos (15%); 45 a 59 (10%) e, indivíduos com mais de 60 anos (2%). No Youtube, observou-se 75 inscritos, com um vídeo curto publicado na categoria “shorts” contando com 3,5 mil visualizações e outros quatro vídeos de lives salvas, apresentando, juntos, 572 visualizações. Vale ressaltar que no WhatsApp não existe esse tipo de métrica sobre o alcance das publicações.

 

Discussão

As mídias sociais têm protagonizado as tecnologias de informação e comunicação, sendo recursos importantes na atualidade, pois ampliam o raio de alcance, permitindo o compartilhamento de uma diversidade de orientações11 e, assim, favorecem a construção de saberes para novas práticas em saúde.12 Dito isso, diante do cenário pandêmico, o uso de novas plataformas digitais potencializou-se,13 a aplicação da transmídia na enfermagem pediátrica possibilitou a promoção da educação em saúde, fundamentada cientificamente, direcionada ao público-alvo que adotava, inicialmente, as medidas de distanciamento.

Tendo em vista que essa estratégia rompe com as barreiras geográficas e permite que o sujeito escolha a plataforma na qual ele se sinta mais confortável para se informar, além de fornecer a oportunidade de se conectar e debater em torno de um tópico referente à saúde infantil, reforça-se que o usuário possui liberdade e autonomia na busca do conhecimento.3 A utilização das diversas mídias sociais tornou-se essencial para as famílias, principalmente por compartilhar conhecimentos de forma acessível e gratuita, além de sua eficácia na promoção da saúde infantil, visto que a busca pessoal pode estimular positivamente o conhecimento apreendido e os resultados de saúde.14

Considerando que a maioria dos responsáveis não está adaptada à utilização de sites relacionados à saúde infantil que possuem linguagem técnico-científica e estas mesmas pessoas estão utilizando cada vez mais as mídias sociais para a busca de informações relacionadas a esse assunto, é essencial para as famílias a disponibilização de conteúdos científicos, com uma linguagem simples e acessível, em diversas mídias sociais. Assim, estratégias que compartilhem informações fidedignas e confiáveis, como a transmídia na enfermagem pediátrica relatada são importantes, visto que as informações sobre a saúde infantil nas mídias sociais podem impactar as decisões familiares sobre as práticas cuidativas direcionadas aos recém-nascidos e às crianças, conforme assinala a literatura.15 Revisão sistemática reforça que a interação nas mídias sociais para a promoção da saúde pode ser eficaz na estimulação do conhecimento em saúde e na diminuição comportamentos de risco.16

O projeto abordado nesse estudo demonstrou ser eficiente ao desenvolver conteúdos transmidiáticos na enfermagem pediátrica, pois propiciou a convergência de mídias de maneira inovadora, criativa, dinâmica, interativa e acessível, o que se confirmou pela notória interação dos seguidores no que se refere aos conteúdos postados, tendo o Instagram como maior destaque quanto ao engajamento do público. Desse modo, em concordância com um estudo sobre teorias das mídias sociais, a transmídia é uma inovação tecnológica, multiplataforma e multilinguagem, sendo um meio eficiente e inovador no âmbito da divulgação e disseminação de informações, cuja eficácia está diretamente associada ao engajamento do público com os produtos.17

O aplicativo Instagram possui interface simples e funcional, o que contribuiu para a dinamização dos processos comunicativos realizados pelo projeto, com conteúdos produzidos de forma atrativa. Outra característica facilitadora foi a acessibilidade às estatísticas de cada conteúdo, fornecidas pelo Instagram, possibilitando que as autoras identificassem a melhor maneira de conduzir as postagens. Ressalta-se que as autoras obtiveram ótimos índices nessa rede social, que pode ser justificado pelo fato que o Instagram se caracteriza como a sexta rede social mais popular do mundo e o Brasil constitui a sua maior base total de usuários na América Latina, ocupando o terceiro lugar no ranking mundial.18

A concepção de podcasts ocorreu em 2004 e o uso dessa ferramenta vem crescendo cada vez mais, ao longo dos anos, em razão de suas distintas características como: flexibilidade, velocidade na divulgação de informação sonora, acesso gratuito e democrático, diversidade de assuntos distribuídos em episódios, interatividade e possibilidade de uso em qualquer horário e lugar.19 Logo, o projeto em tela também buscou promover a construção do conhecimento por meio dos podcasts, comprovando a eficiência desse método, com base no alcance gerado, conforme estatísticas cedidas pelo Spotify e elogios recebidos no WhatsApp e no Instagram. Tal ferramenta tem-se revelado poderosa, inclusiva e ajuda a complementar o contexto educativo tradicional, pois promove inovação no processo de ensino-aprendizagem, favorecendo a apreensão dos conteúdos abordados pelo público-alvo.20

Nesse sentido, o podcast do “Projeto covid-19 UFF” funcionou e vem servindo, ainda, como uma ferramenta educacional inovadora e facilitadora de ensino e da aprendizagem, por ter uso e difusão educacional aberta, uma vez que os conteúdos são distribuídos gratuitamente e podem ser acessados por qualquer dispositivo móvel. Ressalta-se que a construção dos podcasts emerge, portanto, como uma estratégia capaz de possibilitar que os familiares apreendam novos conhecimentos sem se dissociarem de suas funções diárias e sem se exporem aos riscos de contaminação pela covid-19, tornando-se ferramenta indispensável para a promoção da educação em saúde.21

Considerando que o conhecimento não se adquire de forma unidirecional, a mídia social Facebook também foi utilizada para abranger a divulgação dos conteúdos educativos no intuito de alcançar ainda mais pessoas, tendo em vista que esse canal é caracterizado como um veículo midiático que possui diversas ferramentas de aprendizagem, facilitando a interlocução e a troca de experiências entre os usuários. Essa mídia oportuniza interações multidirecionais, pois permite compartilhar mensagens, links, vídeos e fotografias, entre outras interações.22

Além das mídias sociais supracitadas, o Youtube também é uma ferramenta que pode ser utilizada para a educação em saúde, pois é uma plataforma de vídeos que amplia o compartilhamento de informações. Por ser de uso gratuito, possibilita a facilidade de acesso por qualquer pessoa que deseje adquirir conhecimento, visto que disponibiliza uma infinidade de vídeos sobre os mais variados temas, possibilitando, assim, a escolha livre pelo usuário,23 o que reforça a importância do compartilhamento de vídeos embasados cientificamente, como os relatados no presente estudo.

Diante do aumento na disseminação de informações na internet, existem prós e contras nessa realidade. No que se refere ao rápido desenvolvimento dos processos de comunicação, mídia eletrônica e processos tecnológicos que têm melhorado a qualidade de ensino e aprendizagem, apesar de ocorrer a propagação de informações confiáveis sobre a pandemia, a circulação de fake news também se tornou presente.24 Com isso, é indispensável a atuação dos profissionais e acadêmicos de enfermagem em disseminar conhecimentos verídicos para a população sobre o enfrentamento da pandemia da covid-19, utilizando as mídias sociais.16

Projetos de iniciação tecnológica podem oferecer os benefícios gerados pelas atividades de extensão, bem como melhorias na comunicação e na socialização, no pensamento crítico e reflexivo, no trabalho em equipe, além do desenvolvimento de habilidades no manuseio de ferramentas virtuais. Logo, esse fato corrobora com um estudo sobre a importância das atividades de programas de extensão e seu impacto no processo formativo, evidenciando que por meio de atividades extensionistas, a universidade possibilita a troca de valores entre o meio acadêmico e a comunidade.25

Entre os desafios do estudo encontra-se a necessidade constante em minimizar as fakes news e as lacunas de conhecimento existentes no meio intrafamiliar e ampliar as estratégias de atuação da universidade na comunidade, além de analisar os reais impactos relacionados ao novo modelo desenvolvido, devido à volatilidade das mídias sociais e a impossibilidade de reunir e interagir com todos os participantes de forma simultânea.

Algumas limitações podem ser citadas, dentre elas, é que o acesso à internet ainda não é uma realidade para todas as famílias brasileiras; desse modo, as publicações geradas no presente estudo não conseguiram atingir a todos os familiares de crianças e de recém-nascidos. Destaca-se que a execução da transmídia na enfermagem pediátrica mostrou-se como um recurso de baixo custo financeiro, visto que as integrantes do projeto e os usuários não necessitaram utilizar qualquer forma de pagamento para publicar ou ter acesso às informações, por outro lado, precisaram ter acesso à internet.

Apesar dos desafios referentes à batalha constante contra as fake news e as desigualdades no acesso à internet e/ou a aparelhos digitais, é importante continuar buscando combater informações de baixa confiabilidade, além de democratizar a internet. Por isso, é pretendido que o projeto continue com suas atividades de orientação ao público-alvo, visto que se mostraram benéficas e fundamentais para o cuidado infantil, com base nas interações obtidas com os usuários. Além disso, torna-se necessária a ampliação de pesquisas referentes à apreensão do conhecimento por parte dos indivíduos inseridos no processo de ensino-aprendizagem via transmídia, na enfermagem pediátrica.

Destaca-se que inovações tecnológicas, como a transmídia, favorecem o desenvolvimento de novos processos educacionais. Portanto, constata-se que essa modalidade de comunicação possui caráter inovador, dinâmico e que pode resultar em impactos positivos para as integrantes do grupo, diante da autonomia na produção de conteúdos e do desenvolvimento de habilidades sociais e tecnológicas. Há impactos positivos também para o público-alvo que possui acesso às orientações sobre os cuidados infantis com embasamento científico durante esse período pandêmico.

 

Conclusão

Diante da experiência relatada, concluiu-se que a transmídia na enfermagem pediátrica tem potencial de uso, evidenciado pela clareza com a qual os conteúdos disponibilizados transpassaram pelas diferentes plataformas, adaptando-se e utilizando uma linguagem própria para cada uma delas e convergindo uma com a outra para realizar as orientações aos familiares de recém-nascidos e de crianças no enfrentamento da covid-19. Sendo assim, tornou-se possível acessar os conteúdos publicados pelo “Projeto Covid-19 UFF” disponíveis de forma gratuita em suas diversas mídias sociais, sendo elas, Instagram, Facebook, Spotify, Youtube e WhatsApp.

A atuação do projeto mostrou-se benéfica, visto que tem permitido atingir o objetivo proposto de orientar familiares de crianças e de recém-nascidos no enfrentamento da covid-19. Além disso, possibilitou às pesquisadoras (acadêmicas) tivessem a liberdade no processo de ensino-aprendizagem e apreensão aprofundada de conhecimento, pois a cada novo ciclo de produção sobre determinada temática, elas eram expostas à busca ativa do conhecimento, gerando uma importante aprendizagem, antes desconhecida em sua formação.

O aprimoramento de habilidades foi um fator relevante, visto que ao se deparar com a necessidade de desenvolver conteúdos transmidiáticos, oportunizou-se o desenvolvimento de aptidões para o manejo das ferramentas digitais, sintetização de informações, desenvoltura nas interações sociais, melhora na oratória e comunicação ativa devido à produção dos podcasts, resolução das dúvidas do público e busca por profissionais com capacitação para abordar o tema de interesse. Assim, a transmídia na enfermagem pediátrica mostrou-se inovadora, dinâmica e proveitosa, além de baixo custo e grande potencial de abrangência.

 

Referências

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Fomento/Agradecimento: À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ) pelas duas bolsas de iniciação tecnológica.

 

Contribuições de autoria

1 – Fernanda Garcia Bezerra Góes

Autor Correspondente

Enfermeira. Doutora em Enfermagem - E-mail: ferbezerra@gmail.com

Concepção e desenvolvimento da pesquisa, redação do manuscrito, revisão e aprovação da versão final.

 

2 – Nátale Gabriele Ferreira Nunes

Acadêmica de Enfermagem - E-mail: ferreiranatale@gmail.com

Concepção e desenvolvimento da pesquisa, redação do manuscrito, revisão e aprovação da versão final.

 

3 – Joyce de Oliveira Borges

Acadêmica de Enfermagem - E-mail: joyceoborges49@gmail.com

Concepção e desenvolvimento da pesquisa, redação do manuscrito, revisão e aprovação da versão final.

 

4 – Andressa Neto Souza

Enfermeira. Mestranda em Enfermagem - E-mail: andressanetosouza@gmail.com

Concepção e desenvolvimento da pesquisa, redação do manuscrito, revisão e aprovação da versão final.

 

5 – Iasmym Alves de Andrade Soares

Acadêmica de Enfermagem - E-mail: iasmymandrade@id.uff.br

Desenvolvimento da pesquisa, redação do manuscrito, revisão e aprovação da versão final.

 

6 – Ingrid Lucchese

Acadêmica de Enfermagem - E-mail: ingridlucchese@gmail.com

Desenvolvimento da pesquisa, redação do manuscrito, revisão e aprovação da versão final.

 

Editora Científica Chefe: Cristiane Cardoso de Paula

Editora Associada: Aline Cammarano Ribeiro

 

Como citar este artigo

Góes FGB, Nunes NGF, Borges JO, Souza AN, Soares IAA, Lucchese I. Transmedia in pediatric nursing for guidance to family members in coping with COVID-19: experience report. Rev. Enferm. UFSM. 2023 [Access at: Year Month Day]; vol.13, e2: 1-20. DOI: https://doi.org/10.5902/2179769271376