Rev. Enferm. UFSM - REUFSM

Santa Maria, RS, v.11, e1, p.1-3, 2021

DOI: 10.5902/2179769267313

ISSN 2179-7692

 

Submissão: 08/21/2021              Publicação: 08/30/2021

Editorial 

 

Práxis e desenvolvimento tecnológico na enfermagem

Praxis and technological development in nursing

Praxis y desarrollo tecnológico en enfermería

 

 

Elisabeta Albertina NietscheI

Cléton SalbegoII

Maria Ribeiro LacerdaIII

 

I Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Titular do Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil. eanietsche@gmail.com Orcid: https://orcid.org/0000-0002-8006-2038

II Enfermeiro. Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria. Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil. cletonsalbego@hotmail.com Orcid: https://orcid.org/0000-0003-3734-9970

III Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Permanente do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Paraná. Curitiba, Paraná, Brasil. mrlacerda55@gmail.com Orcid: https://orcid.org/0000-0002-5035-0434

 

O desenvolvimento da enfermagem enquanto ciência se sustenta em dois grandes pilares, sendo o teórico e o prático.  O primeiro está intimamente ligado à explicação do fenômeno, às interfaces abstratas de um objeto, bem como sua robustez conceitual. Já o prático, refere-se à predição e aplicação técnica e procedimental, ligado ao ato de fazer, agir e intervir.1

Nesta tensão entre teoria e prática, emergem as discussões filosóficas sobre práxis. Práxis é a “[...] categoria central da filosofia que se concebe ela mesma não só como interpretação do mundo, mas também como guia de sua transformação”.2:5 Essa práxis pode ser compreendida a partir de consciência prática (análise sobre o ato de fazer/agir) e da práxis (reflexão e crítica frente ao agir e reinventar a prática). Práxis transcende a visão de atividade social transformadora, no sentido de evolução da natureza, de criação de objetos, de instrumentos, de tecnologias, sendo atividade transformadora do homem que, na mesma medida em que atua sobre a natureza, modifica-a, (re)inventando a si mesmo.2

Com esse pensar, o desenvolvimento de tecnologias em enfermagem compreende a construção, validação e avaliação de produtos e processos, atendendo ao movimento de consolidação da ciência, com particular interesse na resolução de problemas emergentes das necessidades sociais. Caracteriza-se como um processo de interpretação e aplicação de saberes e práticas relativas a determinados fenômenos da práxis da enfermagem. Esse processo tem como ponto de partida necessidades reais e/ou potenciais do cenário e/ou população a que se destina a tecnologia.

A práxis no desenvolvimento de tecnologias é entendida como a interlocução entre teoria e prática de modo consciente e lúcido, sendo revelada mediante a compreensão da realidade e suas relações. Para isto, faz-se necessário a imersão contextual com profundidade reflexiva-teórica para que, assim, o homem entenda o universo que vivencia. Essa interação deve acontecer de forma dialógica, de modo que a atividade prática busque a teorização e, ao mesmo tempo, a teoria se modifique de acordo com a exigência do real, do prático, do cotidiano.2-3

Frente ao seu crescimento enquanto ciência básica, aplicada e prática, a enfermagem necessita se fortalecer no desenvolvimento tecnológico de modo processual, contínuo e aplicado à realidade profissional. Enfrentamos a carência de métodos específicos que valorizem e interpretem a consciência humana envolvida. É preciso pensar uma estrutura teórica e metodológica que subsidie a realização de pesquisas com este escopo. Fazem-se necessárias propostas de sistematização dinâmica, embasadas na práxis coletiva, objetivando a interlocução entre pesquisador, pesquisado e contexto de estudo, para reconhecer, captar, interpretar, analisar e intervir em fenômenos práticos.

O potencial da práxis está na consciência a ser desenvolvida e alcançada pelos envolvidos no processo, estando no protagonismo durante a criação de soluções práticas. É necessário potencializar a participação coletiva, estimular níveis de consciência prática e da práxis, objetivando maior reflexão, crítica e empoderamento. Esse movimento subsidia a construção de soluções voltadas às necessidades reais de indivíduos e contextos.1 A práxis permite (re)interpretar a realidade e, novamente, nela interpor um agente de transformação com potencial para usabilidade e efetividade.

 

Referências

1 Pooper K. Conhecimento objetivo. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo: EDUSP; 1975.

2 Vázquez AS. Filosofia da práxis. 2th ed. São Paulo: Expressão Popular, 2011. 448 p.

3 Salbego C, Nietsche EA, Teixeira E, Girardon-Perlini NMO, Wild CF, Ilha S. Care-educational technologies: an emerging concept of the praxis of nurses in a hospital context. Rev Bras Enferm [Internet]. 2018 [acesso 2021 jun 30];71(Suppl 6):2666-74. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0034-7167-2017-0753.

 

Editora Científica ChefeCristiane Cardoso de Paula

Editora CientíficaTânia Solange Bosi de Souza Magnago

 

Autor correspondente

Elisabeta Albertina Nietsche

E-mail: eanietsche@gmail.com

Endereço: Rua dos Andradas, 1633/303. Santa Maria, Rio Grande do Sul – Brasil.

CEP: 97010-033

 

 

Contribuições de Autoria  

 

1 – Elisabeta Albertina Nietsche

Análise e/ou interpretação dos dados; revisão final com participação crítica e intelectual no manuscrito.

 

2 – Cléton Salbego

Concepção ou desenho do estudo; análise e/ou interpretação dos dados; revisão final com participação crítica e intelectual no manuscrito.

 

3 – Maria Ribeiro Lacerda

Análise e/ou interpretação dos dados; revisão final com participação crítica e intelectual no manuscrito.

 

 

Como citar este artigo

 

Nietsche EA, Salbego C, Lacerda MR. Praxis and technological development in nursing. Rev. Enferm. UFSM. 2021 [Access on: Year Month Day]; vol.11 e1: 1-3. DOI: 10.5902/2179769267313