Rev. Enferm. UFSM - REUFSM

Santa Maria, RS, v. 11, e73, p. 1-19, 2021

DOI: 10.5902/2179769265407

ISSN 2179-7692

 

Submissão: 23/04/2021    Aprovação: 17/08/2021    Publicação: 26/10/2021

Artigo de Revisão

 

 
 


Impactos psicossociais do isolamento social por COVID-19 em crianças, adolescentes e jovens: scoping review

Psychosocial impacts of social isolation due to COVID-19 in children, adolescents and young people: A scoping review

Repercusiones psicosociales del aislamiento social debido al COVID-19 en niños, adolescentes y jóvenes: scoping review

 

 

Letícia Camilo SantosI

Tayná July Silva PinheiroII

Thayane Ingrid Xavier de AndradeIII

Paulo Henrique Alves SousaIV

Patrícia Pinto BragaV

Márcia Christina Caetano RomanoVI

 

I Graduanda em Enfermagem, Universidade Federal de São João del-Rei/Campus Centro-Oeste, Divinópolis, Minas Gerais, Brasil. E-mail: leticiacamilosantos2012@gmail.com, Orcid: https://orcid.org/0000-0002-9113-7453 

II Graduanda em Enfermagem, Universidade Federal de São João del-Rei/Campus Centro-Oeste, Divinópolis, Minas Gerais, Brasil. E-mail: taynajuly03@gmail.com, Orcid: https://orcid.org/0000-0002-0673-1395

III Graduanda em Enfermagem, Universidade Federal de São João del-Rei/Campus Centro-Oeste, Divinópolis, Minas Gerais, Brasil. E-mail: thatha.red@gmail.com, Orcid: https://orcid.org/0000-0002-6561-7509

IV Nutricionista, Mestrando. Universidade Federal de São João del-Rei/Campus Centro-Oeste, Divinópolis, Minas Gerais, Brasil. E-mail: spaulohenrique@hotmail.com, Orcid: https://orcid.org/0000-0003-3077-3947

V Enfermeira, Pós-Doutora. Professora. Universidade Federal de São João del-Rei/Campus Centro-Oeste, Divinópolis, Minas Gerais, Brasil. E-mail: patriciabragaufsj@gmail.com, Orcid: https://orcid.org/0000-0002-1756-9186

VI Enfermeira, Doutora. Professora. Universidade Federal de São João del-Rei/Campus Centro-Oeste, Divinópolis, Minas Gerais, Brasil. E-mail: marciachristinacs@gmail.com, Orcid: https://orcid.org/0000-0002-1819-4689

 

Resumo: Objetivo: mapear os impactos psicossociais causados pelo isolamento social, durante a pandemia da COVID-19, em crianças, adolescentes e jovens. Método: revisão de escopo realizada de acordo com o método proposto por JBI e adotando as recomendações do guia internacional Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews. Protocolo de revisão registrado no Open Science Framework. Resultados: compuseram esta revisão 20 artigos. A depressão (70%; n=14) e a ansiedade (60%; n=16) foram os sintomas mais frequentes entre as investigações estudadas. Identificou-se um aumento do tempo de tela e utilização de internet. Conclusão: o isolamento social em função da COVID-19 tem impactado social e psicologicamente na vida de crianças e adolescentes. O adoecimento mental deste público e as repercussões no desenvolvimento infanto-juvenil não podem ser desconsideradas.

Descritores: Criança; Adolescente; Isolamento Social; Infecções por Coronavírus; Impacto Psicossocial

 

Abstract: Objective: to map the psychosocial impacts caused by social isolation during the COVID-19 pandemic in children, adolescents and young people. Method: a scoping review conducted according to the method proposed by the JBI and adopting the recommendations set forth in the Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews international guide. The review protocol was registered in the Open Science Framework. Results: a total of 20 articles comprised this review. Depression (70%; n=14) and anxiety (60%; n=16) were the most frequent symptoms among the research studies evaluated. An increase in screen time and in Internet use was identified. Conclusion: social isolation due to COVID-19 has exerted social and psychological effects on children's and adolescents' lives. In this population, mental ailments and their repercussion in child-youth development cannot be disregarded.

Descriptors: Child; Adolescent; Social Isolation; Coronavirus Infections; Psychosocial Impact

 

Resumen: Objetivo: mapear las repercusiones psicosociales causadas por el aislamiento social durante la pandemia de COVID-19 en niños, adolescentes y jóvenes. Método: scoping review realizada de acuerdo con el método propuesto por el JBI y en la que se adoptaron las recomendaciones de la guía internacional Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews. El protocolo de revisión se registró en Open Science Framework. Resultados: esta revisión estuvo compuesta por 20 artículos. Depresión (70%; n=14) y ansiedad (60%; n=16) fueron los síntomas más frecuentes en las investigaciones del estudio. Se identificó un aumento en el tiempo que se pasa frente a las pantallas de diversos dispositivos y en el uso de Internet. Conclusión: el aislamiento social debido al COVID-19 ha afectado social y psicológicamente la vida de niños y adolescentes. Las enfermedades mentales en esta población son una realidad, y las repercusiones en el desarrollo infanto-juvenil no pueden ignorarse.

Descriptores: Niño; Adolescente; Aislamiento Social; Infecciones por Coronavirus; Impacto Psicosocial

 

Introdução

O mundo enfrenta uma grave crise devido à infecção pelo novo coronavírus, ocasionando a mais recente doença infecciosa denominada COVID-19. Este agravo tem afetado populações de modo global.1 Provocada pelo SARS-CoV-2, pode caracterizar-se por infecções brandas, moderadas e graves. Grande parte dos infectados apresentam sintomas brandos ou nenhum, mas os casos mais graves demandam atendimento hospitalar, podendo requerer suporte ventilatório.2

Segundo dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) em 12 de fevereiro de 2021, no mundo, havia cerca de 107.423.526 casos confirmados e 2.360.280 vidas perdidas.3 Na população infantil e juvenil no Brasil, até dezembro/2020, 13.276 crianças e adolescentes na faixa etária de 0 a 19 anos foram hospitalizados devido à COVID-19, sendo que 1.118 óbitos foram confirmados.4

O coronavírus parece afetar em menor proporção a saúde de crianças e adolescentes, acarretando sintomas menos graves da doença nessa faixa etária em comparação com a população adulta.5 No que tange à infectabilidade, acredita-se que na infância há a mesma probabilidade de se infectar com o vírus que os adultos.6 Foi evidenciado que indivíduos com idade menor que 18 anos infectados pelo novo coronavírus podem desenvolver uma condição inflamatória multissistêmica, com algumas características semelhantes às da doença de Kawasaki e da síndrome do choque tóxico.7 Estudos descreveram uma apresentação de doença aguda, acompanhada de uma síndrome hiperinflamatória, levando à falência múltipla de órgãos e choque.7-9

Considerando estas características da doença no público infantil e jovem é preciso destacar que a pandemia da COVID-19 impeliu a sociedade a novos modos de vida na tentativa de impedir a disseminação da doença. O isolamento social, restrições de contato, paralizações e fechamento das escolas impõem mudanças no cotidiano das pessoas em todo o mundo, e restringe a socialização na infância e juventude. Essas medidas de mitigação têm o potencial de ameaçar a saúde mental.1,10-12

O processo de socialização contribui para a evolução de aspectos éticos, morais e culturais para se viver em sociedade e contribui para a formulação da identidade e autonomia. E a maneira privilegiada de detectar este desenvolvimento se dá a partir dos encontros com pessoas da família, da escola e comunidade em geral.13

Com a ausência da rotina escolar e distanciamento físico, tem-se observado o aumento da utilização de tecnologias, como celulares, computadores e jogos eletrônicos por crianças e adolescentes. De fato, a exacerbação do uso da televisão e mídias interativas portáteis, como smartphone e tablet, tem sido verificada, inclusive em crianças menores de dois anos de idade.14

Durante a pandemia, são observadas maiores demandas de saúde voltadas para problemas psicológicos, como ansiedade, medo e estresse, além de mudanças nos aspectos sociais, como a substituição da interação física pela digital. Certamente, essas alterações psicossociais têm o potencial de influenciar o desenvolvimento.15

A pandemia da COVID-19 é uma situação atípica no mundo, talvez por isso, ainda são escassos estudos que abordem, analisem e apontem os impactos do isolamento social nos aspectos psicossociais de crianças e adolescentes.16 Considerando o exposto este estudo teve como objetivo mapear os impactos psicossociais causados pelo isolamento social, durante a pandemia da COVID-19, em crianças, adolescentes e jovens.

 

Método

  Trata-se de uma revisão de escopo orientada pelo método JBI e que adotou o Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses extension for Scoping Reviews (PRISMA-ScR). Previamente à coleta dos dados o protocolo de revisão foi registrado no Open Science Framework.17-19 A revisão ocorreu em cinco etapas: identificação de pesquisa; identificação de estudos relevantes; seleção dos estudos; análise dos dados; e agrupamento, síntese e apresentação dos dados.

Foi utilizada para formulação da pergunta de pesquisa a estratégia mnemônica participantes, conceito e contexto (PCC), sendo P - Crianças e Adolescentes, C – Impactos psicossociais de isolamento social e C – Pandemia Mundial pela Covid-19.18 Deste modo, a pergunta de pesquisa definida foi: quais são os impactos psicossociais do isolamento social em crianças, adolescentes e jovens decorrentes da pandemia de COVID-19? Considerou-se criança o indivíduo com até 12 anos de idade incompletos e adolescente aquele com 12 a 18 anos.20

Os critérios de inclusão foram pesquisas com textos completos publicados na íntegra em inglês, português ou espanhol com a população de estudo, crianças e adolescentes. Foram incluídas também investigações com participantes na faixa juvenil, ou seja, até 24 anos, desde que em sua amostra tivessem indivíduos de zero a 18 anos de idade. Estipulou-se como limite temporal publicações a partir de dezembro de 2019, quando foi divulgado o primeiro caso da Covid-19 no mundo.3 Foram excluídos na seleção editoriais e cartas.

A busca foi realizada no mês de setembro de 2020, por três pesquisadoras independentes, na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e nas seguintes bases de dados: U.S. National Library of Medicine (PubMed), Web of Science, Scopus, Online Medical Literature Search and Analysis System (Medline), Cumulative Index to Nursing and Allied Health Literature (CINAHL). Todas as bases de dados citadas foram acessadas por meio do Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível Superior (CAPES), com seleção de acesso proveniente de instituição de ensino superior.  Também foi realizada a busca na literatura cinzenta das páginas oficiais do Ministério da Saúde, Sociedade Brasileira Pediatria, American Academy of Pediatrics, OPAS e Organização Mundial de Saúde.

Os termos de busca foram obtidos dos MeSH, sendo as seguintes estratégias adotadas: (“child” [Mesh] OR “children” [Mesh] AND “social isolation” [Mesh] AND “teenager” [Mesh] OR “teenagers” [Mesh] AND “psychosocial deprivation” [Mesh] OR “psychosocial deprivations” [Mesh] AND “covid-19” [Mesh]. A estratégia de busca foi adaptada conforme as especificidades de cada base e manteve-se a combinação similar dos descritores.

Os dados obtidos na busca foram importados para o aplicativo gratuito Rayyan®, disponível na web (https://rayyan.qcri.org/), para a organização e triagem dos artigos. Em seguida, dois pesquisadores, realizaram a leitura de títulos e resumos de todas as publicações disponíveis, selecionando aqueles potencialmente elegíveis para o estudo. As dúvidas de seleção foram decididas em plenária com a participação de um terceiro pesquisador. Realizados os consensos da seleção das publicações, elas foram lidas na íntegra.

Posteriormente foi realizada a separação e extração dos dados dos artigos selecionados, por meio de um formulário estruturado de coleta de dados, elaborado pelos autores, em que se coletaram as seguintes informações: base de dado pesquisada, título, ano, autores, país, tipo de publicação, desenho do estudo, duração do seguimento, local, descrição da amostra, exposição observada, instrumento utilizado para coleta dos dados, resultados, recomendações.

Seguiu-se então com a análise narrativa dos dados com posterior discussão dos resultados com bibliografia pertinente. Ressalta-se que não foi necessária a apreciação ética, por se tratar de um estudo com dados de domínio público.

 

Resultados

A busca inicial nas bases de dados gerou um total de 1.794 publicações elegíveis. Foram selecionadas 20 publicações21-40 que compõem a amostra deste estudo (Figura 1). Não foram identificadas publicações de literatura cinzenta que respondessem à pergunta do estudo.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Figura 1 - Fluxo referente ao processo de seleção dos estudos da Scoping Review, adaptado do PRISMA-ScR. Divinópolis, Minas Gerais, Brasil, 2021

 

A totalidade dos estudos incluídos nesta revisão foram publicados no ano de 2020. Os países com maior número de publicações foram Espanha27,29-30,33,35,38 e China,23-25,37,39-40 com seis artigos cada (30%), seguidos da Turquia21,31 com duas publicações (10%) e Austrália,34 Itália,22 Irã,28 Índia36 e Canadá26 com uma publicação (5%) cada. A faixa etária das amostras investigadas variou de três a 23 anos sendo 13 anos a idade média, em uma população total de 1.116.379 crianças e adolescentes.

Destaca-se que a maior parte (55%) dos periódicos cujos artigos foram incluídos na presente revisão apresentavam Qualis A e B (Classificação para Área de Enfermagem conforme Plataforma Sucupira de 2012 a 2016.41 A classificação por Fator de Impacto variou de 0.746 a 6.936.21-40

A apresentação dos estudos incluídos está disposta no Quadro 1:

Quadro 1 - Distribuição dos artigos incluídos na revisão de escopo, conforme população e tipo de estudo, objetivo, 2021. N=20

Referência

População

Tipo de estudo

Objetivo

22

252 crianças

Revisão integrativa

Investigar o impacto da pandemia na saúde mental das crianças.

23

2.064 adolescentes

Transversal

Detectar os efeitos psicossociais durante a pandemia.

24

7.866 adolescentes

Transversal

 

Compreender se há diferença na ansiedade, depressão e estilo de criação dos pais.

25

2.050 crianças e adolescentes

Transversal

Avaliar fatores psicológicos associados ao vício em Internet durante a pandemia da COVID-19.

26

3.613 crianças e adolescentes

 

Transversal

Demostrar os efeitos psicológicos associados à pandemia.

27

1.054 adolescentes

Coorte

Examinar as relações entre ajuste psicológico e estresse relatado.

28

226 adolescentes

Longitudinal

Estudar as condições de vida e sua associação com fatores psicológicos.

29

1512 adolescentes

Observacional transversal

Examinar o sofrimento psicológico, vício em internet e qualidade de vida e insônia.

30

250 crianças

Qualitativo

Avaliar como as crianças estão lidando com esta crise de saúde.

31

250 crianças

Transversal

Compreender como representam e enfrentam emocionalmente a crise de saúde.

32

745 adolescentes

Transversal

Determinar os resultados da quarentena e os fatores psicológicos afetados.

33

4281 crianças e adolescentes 

Revisão sistemática

Estabelecer como a solidão e a contenção da doença impacta na saúde mental.

34

459 crianças e adolescentes

Transversal

Abordar os fatores que afetam a saúde mental durante a pandemia.

35

582 adolescentes

Coorte

Avaliar o impacto do distanciamento físico sobre a saúde e bem-estar.

 

 

 

36

1049 crianças

Transversal

Examinar os efeitos do confinamento sobre as crianças e suas famílias.

37

252 crianças e adolescentes

Coorte

Examinar crianças e adolescentes colocados em quarentena e impacto psicológico.

38

4391 crianças e adolescentes.

Transversal

Estimar o estado de saúde mental durante a pandemia da Covid-19.

39

459 crianças e adolescentes

Transversal

Descrever o impacto psicológico causado pela pandemia.

40

2427 crianças e adolescentes

Longitudinal experimental

Compreender o estilo de vida de crianças e adolescentes durante a pandemia da Covid-19.

41

1025 crianças e adolescentes

Transversal

Compreender as consequências psicológicas na pandemia da Covid-19.

           

            As investigações analisadas apontaram os impactos psicossociais do isolamento social pela COVID-19 em crianças e adolescentes, sendo a depressão21,23-30,32-33,35,39-40 sinalizada por 14 (70%) artigos e a ansiedade,21,23-25,27-30,32-33,39-40 em seguida, identificada em 12 (60%) manuscritos.

Os resultados de estudos realizados na China mostraram que o isolamento social, especialmente em locais onde houve lockdown, ocasionou sintomas de ansiedade.25,37,40 Crianças e adolescentes chinesas que tiveram parente infectado foram mais propensos a terem sintomas de depressão e inquietação. Aqueles que tinham familiares que trabalhavam com a COVID-19 foram mais sujeitos à prostração.23 A angústia foi mais frequente em participantes do sexo feminino e residentes em regiões urbanas.25 Além disso, a prevalência dos sintomas de tristeza e excitação foi menor para alunos do ensino fundamental e o enfrentamento negativo da pandemia foi identificado como fator de risco para inquietude, melancolia e sintomas de estresse.31

Em terceiro lugar, dentre os impactos psicossociais mais frequentes, estão os relatos de medo e preocupação21-22,26-27,29-31,36,38,40 pelos participantes, apontado em dez artigos (50%), seguidos de estresse e frustração,21,24,26-29,31,37,39 sendo citados em nove artigos (45%). Pesquisa evidência que adolescentes se encontravam preocupados e que quanto maior a idade, maior a apreensão.22

Pesquisadores realizaram uma coorte no Canadá, com 1.054 adolescentes na faixa etária de 14 a 18 anos, com o intuito de examinar as relações entre ajuste psicológico e estresse relatado associado à crise da COVID-19. Os adolescentes mostraram estar preocupados com a crise de COVID-19, particularmente com seus estudos e com seus amigos. O estresse foi associado a maior solidão e aumento da depressão entre os adolescentes que passam mais tempo nas mídias sociais (12% relatam mais de 10 horas/dia). Essa amostra apresentou baixos níveis de atividade física e altos níveis de estresse.26

Na Espanha, foi realizado um estudo qualitativo com 250 crianças de três a 12 anos, para examinar como elas estão lidando com a crise de saúde devido à COVID-19, durante o isolamento. Foram relatados sentimentos de tristeza, nervosismo, preocupação e solidão.29

A dependência digital foi evidenciada por estudos e o aumento do tempo de tela por crianças e adolescentes em isolamento foram descritos em seis (30%) investigações analisadas.24-26,31,34,39 O aumento do uso da internet durante a pandemia da COVID-19 associou-se com a idade de seis a 18 anos, sexo masculino e sentimentos de depressão e estresse.24

As sensações de solidão (25%, n=5), piora do bem-estar emocional (20%, n=4), raiva (15%, n=3) e insônia (15%, n=3) também foram identificados entre crianças e adolescentes participantes dos estudos.21,26-31,34-36,38,40 Segundo estudo realizado no Irã, adolescentes que apresentaram sintomas depressivos, ansiedade e estresse estavam mais propensos a desencadearem transtorno relacionado ao jogo e internet, insônia e pior qualidade de vida durante a pandemia da COVID-19.28

  Os estudos mostraram que há impactos psicossociais decorrentes do isolamento causado pela COVID-19 em crianças e adolescentes (Quadro 2).

Quadro 2 – Impactos psicossociais do isolamento social em crianças e adolescentes, 2021. N=20

Referência

(Autor/ano de publicação)

Impactos psicossociais

Aydogdu ALF, 202021

Tristeza, medo, ansiedade, insônia, raiva e estresse

Buzzi et al., 202022

Preocupações e medos

Chen; Cheng; Wu; 202023

Depressão e ansiedade

Dong H et al; 202024

Depressão, ansiedade, estresse, dependência de internet

Duan et al., 202025

Ansiedade, depressão, dependência de smartphones, dependência de Internet

Ellis; Dumas; Forbes; 202026

Preocupação, estresse elevado, depressão, declínio na atividade física, aumento no uso da Internet

Ezpeleta L et al; 202027

Frustração, medo de sair de casa, medo do futuro, insônia

Fazeli S et al; 202028

Depressão, insônia, estresse e ansiedade

Idoiaga M, et al; 202129

Medo, nervosismo, preocupação, solidão, tristeza, tédio, raiva e sedentarismo

Idoiaga M, et al; 202030

Medo, preocupação, tristeza, raiva, opressão, cansaço e até solidão

Kilinçel, et al; 202031

Ansiedade e preocupação

Loades M Eet al; 202032

Depressão e ansiedade social

Massa JLP 202033

Pior bem-estar psicológico

Munasinghe et al., 202034

Aumento do uso da Internet, maior tempo de tela, declínio na felicidade e consumo de fast food

Romero et al., 202035

Angústia percebida, problemas emocionais

Saurabh K; 202036

Sofrimento psicológico, preocupação, desamparo e medo

Tanga S et al; 202037

Depressão, ansiedade e estresse

Vallejo-Slocker L; Fresneda; Vallejo; 202038

Preocupações, medo e problemas emocionais

Xiang M; Zhang Z, 202039

Depressão, ansiedade, estresse, angústia, maior tempo de tela

Zhang, et al; 202040

Depressão, ansiedade e estresse

 

Discussão 

A presente revisão observou que o isolamento social, em função da COVID-19, impactou socialmente e psicologicamente crianças e adolescentes. Os estudos revelaram que dentre as repercussões do isolamento na pandemia da COVID-19, para crianças e adolescentes, destacam-se os sintomas de depressão e ansiedade.21,23-26,28-33,35,37,39-40

De fato, um monitoramento excessivo da autonomia na infância e na juventude, como é intrínseco ao contexto pandêmico, pode contribuir com sintomas depressivos, o que pode explicar os resultados da presente investigação.42 Sintomas depressivos como solidão e tristeza no jovem comprometem o bem-estar psicológico, inibindo os sentimentos e emoções, como alegria, felicidade e boa disposição. Contudo, indivíduos que apresentam maior suporte familiar afetivo têm menores chances de serem acometidas pela depressão.43-44 De fato, potencializar, neste momento de crise, relações de afeto entre pais e filhos é essencial para o desenvolvimento e cuidado.45

Observou-se também que o estresse compõe o terceiro impacto psicossocial mais prevalente entre crianças e adolescentes durante o isolamento pela Covid-19.21,24,26-29,31,37,39 Pesquisadores mostraram que o confinamento, em casa, de 220 milhões de crianças e adolescentes chineses, incluindo 180 milhões de estudantes de escolas primárias e secundárias e 47 milhões da pré-escola, provocará impactos psicológicos.46 Todo o contexto negativo da pandemia facilita o aumento dos níveis de estresse da população. As consequências destes estressores relacionados à elevação de casos, o excesso de notícias e o crescente número de óbitos impactam o desenvolvimento e o comportamento da criança, elevando o risco para transtornos mentais agudos e crônicos.47

É preciso considerar que atualmente as mídias sociais e seu alcance durante o aparecimento da COVID-19, quando comparada a pandemias anteriores, espalha volume de informações que nem sempre são autênticas e tampouco verificadas, ora criando falsas expectativas de cura, ora provocando medo exacerbado e pânico. Este fenômeno gera insegurança e angústia, que é agravada pela divergência de orientações advindas de autoridades de saúde pública e governamentais.48

Diversos problemas psicológicos podem ser decorrentes de uma pandemia. O trauma na primeira infância pode favorecer o risco de uma criança apresentar uma doença mental e da mesma forma regredir o seu desenvolvimento.49 Além do mais, experiências adversas na infância podem ocasionar resultados ruins ao longo da vida, como abuso de substâncias e problemas com relacionamentos ou educação, bem como aumentar o risco de doenças crônicas. Muitas crianças em isolamento ou quarentena durante a pandemia de H1N1 alcançaram os critérios para transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).49

Portanto, faz-se necessária uma maior organização da Atenção à Saúde para assistir à estas demandas da população. Isso significa fazer a busca ativa e acompanhar famílias com risco aumentado para adoecimento, com maiores vulnerabilidades, no sentido de promover educação em saúde para os determinantes de estresse e apoiá-las no processo de luto. Novas formas de assistência também deverão ser planejadas, por exemplo, com o uso de tecnologias e internet.50

Medo e preocupação foram identificados nos artigos analisados.21-22,26-27,29-31,36-37,40 Preocupação excessiva, irritabilidade, confinamento em casa e medo da infecção e transmissão estão inteiramente ligados a sintomas de inquietação durante a pandemia. A privação social é um fator de risco para o agravamento da saúde mental, incluindo sintomas depressivos, angústia, medo, estresse pós-traumático e insônia.42 Com relação aos transtornos mentais, o medo da doença (coronofobia) aumentou os sintomas de angústia, principalmente com o isolamento social.51

Outro aspecto refere-se à dependência digital relacionada ao maior tempo de tela.24-26,31,34,39 As medidas de contenção da doença impossibilitaram o contato social de crianças e adolescentes o que contribuiu para o aumento do tempo gasto na internet. O bate papo online e ver as publicações de pessoas próximas trazem benefícios para a saúde mental, incluindo que muitas vezes recebem apoio pela internet dos amigos e familiares em momentos difíceis como este.48

Identificou-se que devido ao fechamento das escolas, as atividades de aprendizagem presenciais foram transferidas parcialmente ou totalmente para o ambiente virtual, com trabalhos realizados em casa e aulas digitais, o que adiciona mais tempo de tela ao que já existia antes do confinamento.51-52 Em contrapartida, a aprendizagem digital é um sistema restrito que traz à tona as desigualdades socioeconômicas, pois muitas crianças têm acesso limitado, compartilhado ou nenhum acesso online devido à falta de equipamento ou provisão de internet.49

Sofrimento psicológico e solidão compõe relatos frequentes de crianças e adolescentes na pandemia. É de conhecimento que 75% dos adultos que possuem ou já possuíram um problema de saúde mental antes dos 24 anos evidenciaram dificuldade de relacionamento, rejeição, bullying e solidão. Entretanto, colegas que possuem um bom relacionamento diminuem alterações na saúde mental e este favorece a resiliência do adolescente.53

O estreitamento de laços por redes sociais, o apoio social de vizinhos, os hábitos de sono e alimentação saudáveis, a música, os exercícios físicos que podem ser feitos em casa e informações precisas da saúde podem contribuir para minimizar os impactos psicossociais do isolamento em crianças e adolescentes. Recomendações de saúde mental durante a pandemia devem envolver a família como um todo, no sentido de manter atividades de lazer dentro dos protocolos estabelecidos, além de limitar notícias relacionadas a pandemia, pois podem acarretar distúrbios de ansiedade. Realizar televisitas por chamadas telefônicas ou de vídeos também são uma opção, além do uso de redes sociais que permitam a comunicação à distância, de modo a facilitar a troca de sentimentos neste momento tão confuso.54

Outro fator desencadeante de sintomas de estresse é escassez de atividades de lazer no atual contexto e dificuldades de acesso aos serviços de saúde. Os ajustes realizados no sistema de saúde, tanto na atenção básica quanto na especializada, reduziram as oportunidades de assistência, trazendo uma maior vulnerabilidade para esses grupos. Sendo assim, reforça-se a importância de que a atenção à saúde mental e psicossociais estejam acessíveis e apropriadamente adaptados a nova forma de assistência.55

Destaca-se que a arte, a cultura e o esporte também desempenham uma função fundamental na consolidação da saúde mental de toda a população, principalmente do público jovem. Campanhas temáticas direcionadas aos jovens representam uma maneira de amenizar os impactos do distanciamento social, táticas para o desenvolvimento da saúde física e mental, monitoramento de sinais de alerta que podem auxiliar as famílias a atravessar essa difícil fase e fortalecer o vínculo com o serviço de saúde.56

Ademais, a renovação da assistência por meio da utilização das mídias sociais e teleatendimento, no ambiente da Atenção Primária à Saúde (APS) e Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) são novos modos de fazer saúde mental. Cita-se redes sociais como WhatsApp e uso de e-mail para melhorar a interação e atualização do usuário, por meio dos atendimentos coletivos e individualizados. A interação entre centros de referência tem o potencial de favorecer o enfrentamento a diversas eventualidades que colocam crianças, adolescentes e suas famílias em risco pessoal, social e situações de violação de direitos. Assim, novos modos de fazer saúde são essenciais para a reafirmação da autonomia do usuário e o vínculo com o serviço de APS.57

Quanto as limitações desta revisão, a ausência de investigações com amostras de crianças e adolescentes brasileiras não permitem generalizações dos resultados, considerando as especificidades culturais, sociais e econômicas deste país. Contudo, a revisão sinaliza para situações de alerta e necessidade de pesquisadores brasileiros se dedicarem a esta temática.

 

Conclusão

A presente revisão de escopo mapeou impactos psicossociais ocasionados pelo isolamento pela COVID-19 entre crianças e adolescentes. As repercussões psíquicas têm sido marcadas por quadros de depressão, ansiedade, medo, estresse e insônia o que pode sinalizar para uma piora no bem-estar psicológico desta população. O aumento ou dependência do uso de telas ficou evidente. Precisa-se considerar que, se por um lado a tecnologia pode favorecer encontros virtuais a escassez de interações presenciais poderá limitar o desenvolvimento social do público infantojuvenil. Estudos longitudinais serão relevantes para acompanhar os efeitos, a longo prazo, do isolamento no desenvolvimento social e na saúde mental de crianças e adolescentes.

 

Referências

1. Fegert JM, Vitiello B, Plener PL, Clemes V. Challenges and burden of the Coronavirus 2019 (COVID-19) pandemic for child and adolescent mental health: a narrative review to highlight clinical and research needs in the acute phase and the long return to normality. Child Adolesc Psychiatry Ment Health. 2020;14:20. doi: 10.1186/s034-020-00329-3

2. Ministério da Saúde (BR). O que é Covid-19 [Internet]. Brasília, DF: Ministério da Saúde; 2020 [acesso em 2020 nov 25]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/coronavirus/o-que-e-o-coronavirus

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Editora Científica: Cristiane Cardoso de Paula

Editora Associada: Aline Cammarano Ribeiro

 

Autor correspondente

Márcia Christina Caetano Romano

E-mail: marciachristinacs@ufsj.edu.br

Endereço: Rua Belvedere, 530, Manoel Valinhas, Divinópolis-MG CEP: 35500-287

 

 

Contribuições de Autoria

 

1 – Letícia Camilo Santos

Concepção ou desenho do estudo/pesquisa, análise e/ou interpretação dos dados.

 

2 –Tayná July Silva Pinheiro

Concepção ou desenho do estudo/pesquisa, análise e/ou interpretação dos dados.

 

3 – Thayane Ingrid Xavier de Andrade

Concepção ou desenho do estudo/pesquisa, análise e/ou interpretação dos dados.

 

4 – Márcia Christina Caetano Romano

Concepção ou desenho do estudo/pesquisa, análise e/ou interpretação dos dados, revisão final com participação crítica e intelectual no manuscrito.

 

5 – Paulo Henrique Alves Sousa

Concepção ou desenho do estudo/pesquisa, análise e/ou interpretação dos dados.

 

6 – Patrícia Pinto Braga

Concepção ou desenho do estudo/pesquisa, revisão final com participação crítica e intelectual no manuscrito.

 

 

Como citar este artigo

Santos LC, Pinheiro TJS, Andrade TIX, Sousa PHA, Braga PP, Romano MCC. Psychosocial impacts of social isolation due to COVID-19 in children, adolescents and young people: a scoping review. Rev. Enferm. UFSM. 2021 [Accessed on: Year Month Day]; vol.11 e73: 1-19. DOI: https://doi.org/10.5902/2179769265407