Rev.
Enferm. UFSM - REUFSM
Santa
Maria, RS, v. 9, e19, p. 1-14, 2019
DOI:
10.5902/2179769234095
ISSN
2179-7692
Submissão:
02/08/2018 Aprovação: 29/05/2019
Publicação: 30/08/2019
Artigo
Original
Capacidade
funcional de idosos residentes em zona urbana
Functional capacity of elderly residents
in urban area
Capacidad fucional de ancianos residentes en zona
urbana
Joana Darc
Chaves CardosoI
Adriana Delmondes
de OliveiraII
Carla Rafaela Teixeira CunhaIII
Kátia Moreira da SilvaIV
[I]Enfermeira. Docente da Faculdade de
Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), doutoranda do
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFMT. Cuiabá-MT, Brasil. E-mail:
joana-qtal@hotmail.com ORCID iD: https://orcid.org/0000-0003-1989-4043
IIEnfermeira. Docente
da Faculdade FASIPE-CPA. Mestre em Enfermagem pela UFMT, doutoranda do Programa
de Pós-Graduação em Enfermagem da UFMT. Cuiabá-MT, Brasil. E-mail:
drydelondes@gmail.com ORCID iD: https://orcid.org/0000-0002-0100-413X
IIIEnfermeira. Docente
da Faculdade de Enfermagem UFMT, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em
Enfermagem UFMT. Cuiabá-MT, Brasil. E-mail: ca_rafa_enf@hotmail.com ORCID iD: https://orcid.org/0000-0001-7084-221X
IVEnfermeira. Mestre
em Enfermagem pela UFMT. Residente do Programa de Residência Multiprofissional
em Saúde do Adulto e do Idoso da Universidade Federal de Rondonópolis.
Rondonópolis-MT, Brasil. katiakawam@hotmail.com ORCID iD:
https://orcid.org/0000-0002-7679-0040
Resumo: Objetivo: analisar a capacidade
funcional dos idosos residentes em zona urbana. Método: estudo transversal, desenvolvido no município de
Cuiabá- Mato Grosso. A amostra foi de 573 idosos. Os dados foram analisados por
meio de estatística descritiva. Resultados: Houve predomínio de idosos
na faixa etária de 60 a 69 anos (45,9%) e que residiam com outras pessoas
(89,5%). A maioria dos homens era casada ou tinha companheira (72,8) e as
mulheres eram viúvas (43,6%). Os homens idosos eram mais independentes para
realizar suas atividades diárias (72,4%), enquanto as mulheres eram mais
dependentes (41,7%). Conclusão: considera-se relevante incorporar a
avaliação da Capacidade Funcional na consulta de enfermagem ao idoso, com a
finalidade de prevenir e minimizar os prejuízos da dependência funcional.
Descritores: Idoso; Saúde do idoso;
Área urbana
Abstract: Aim:
to analyze the functional capacity of elderly people living in urban areas.
Method: a cross-sectional study, developed in the city of Cuiabá-Mato
Grosso. The sample was 573 elderly people. Data were analyzed through descriptive statistics. Results: There was a predominance of elderly people in the
age group of 60 to 69 years-old (45.9%) who lived with other people (89.5%).
Most men were married or had a partner (72.8%) and women were widows (43.6%).
Elderly men were more independent to perform their daily activities (72.4%)
while women were more dependent (41.7%). Conclusion: it is considered relevant to incorporate the Functional Capacity
evaluation in the nursing consultation to the elderly, with the purpose of
preventing and minimizing the losses of functional dependence.
Descriptors: Elderly; Elderly health; Urban area
Resumen: Objetivo: analizar
la capacidad funcional de los
ancianos residentes en zona
urbana. Método: estudio transversal, desarrollado en el municipio de Cuiabá - Mato Grosso. La muestra
fue constituida por 573 ancianos. Los datos fueron analizados por medio de estadística descriptiva.
Resultados: Hubo predominio
de ancianos en el grupo de edad de 60 a 69 años (45,9%), que
residían con otras personas (89,5%). La mayoría
de los hombres estaban casados o tenían compañera (72,8) y las mujeres eran viudas
(43,6%). Los hombres mayores
eran más independientes
para realizar sus actividades diarias
(72,4%), mientras que las mujeres eran más dependientes (41,7%). Conclusión:
se considera relevante incorporar la evaluación de la
Capacidad Funcional en la
consulta de enfermería al anciano,
con la finalidad de
prevenir y minimizar los problemas de dependencia funcional.
Descriptores: Ancianos;
Salud del anciano; Área urbana
Introdução
O envelhecimento
populacional há alguns anos, tem sido uma realidade vivenciada nos países em
desenvolvimento. O último censo realizado no Brasil em 2010 mostrou que os
idosos já somam mais de 20 milhões de pessoas, representando 10,8% da população
geral.1
Esse envelhecimento é
acompanhado do aumento da ocorrência de prevalência das Doenças Crônicas Não
Transmissíveis (DCNT), principalmente as doenças cardiovasculares,
respiratórias, neoplasias, diabetes mellitus e do trato gastrintestinal.2
Tais doenças podem interferir na capacidade funcional (CF) do idoso,
comprometendo sua autonomia e independência, levando a incapacidades e,
consequentemente, a dependência funcional.3-4
A CF é a interação entre
a capacidade física e mental que o idoso possui para exercer atividades
consideradas importantes para si e para sua sobrevivência, como as Atividades
de Vida Diária (AVD) e as Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD).2
As AVD são atividades básicas como alimentar-se, andar e vestir-se e as
AIVD são as atividades mais complexas que indicam uma independência maior em
tomar medicações, administrar seu dinheiro, pegar uma condução, preparar sua
própria refeição.5-6
Já a incapacidade
funcional é a dificuldade que o idoso possui em realizar suas atividades do
cotidiano decorrente de alguma limitação física ou mental, o que pode implicar
na dependência de cuidados de seus familiares, comunidade e Instituições de
Longa Permanência para Idosos (ILPI).7
O declínio da CF é um
dos principais problemas que pode afetar a pessoa idosa.3,5 Estudos
internacionais e nacionais sobre essa temática tem explorado alguns aspectos,
principalmente fatores que levam o idoso a tornar-se incapaz.8-9 Os
nacionais têm direcionado o seu foco na perda da CF, e têm constatado que os
principais fatores associados à incapacidade funcional são, idade avançada,
sexo feminino, baixa renda, baixa escolaridade e DCNT.7-8,10 Os
estudos internacionais tem constatado que os principais fatores
associados a perda da CF são idade avançada, uso de cinco ou mais medicamentos
e depressão.11-12
Investigação realizada
na região metropolitana de Belo Horizonte com 1.624 idosos constatou que 19,6%
eram dependentes para realizar alguma AIVD e 16,2% tinham alguma dificuldade em
realizar uma ou mais AVD.8 Em Porto Alegre, pesquisa realizada com
671 idosos identificou que 15,5% necessitavam de ajuda para as AVD e 26,1%
precisavam de ajuda para realizar pelo menos uma AIVD.3
A CF é apontada na
literatura como um dos principais componentes da saúde do idoso, configurando
um novo paradigma de saúde para a população que envelhece. Assim, o indicador
de saúde mais importante passa a ser o grau de CF da pessoa e não mais a
presença de morbidades13 pois, mesmo na presença dessas,9
o idoso pode manter suas atividades do cotidiano.14
Considerando a
importância de promover a saúde do idoso, o Ministério da Saúde (MS) assumiu
que o principal problema que pode afeta-la é a perda da capacidade de realizar
suas atividades do cotidiano. Nesse sentido, criou-se em 2010 a Política
Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (PNSPI) com objetivo de priorizar a promoção,
manutenção e reabilitação da CF.2 Assim, para sustentar as ações
previstas nesta política, bem como para eleger prioridades pelos gestores,
alocar recursos e planejar a assistência aos idosos, mantendo-os ativos na
sociedade, torna-se indispensável conhecer suas necessidades de saúde, assim
como sua capacidade de realizar as atividades do cotidiano.14 Diante
ao exposto, questiona-se: como se apresenta a capacidade funcional de idosos
residentes em zona urbana? Para responder a esse questionamento, teve-se por
objetivo analisar a Capacidade Funcional dos idosos residentes em zona urbana.
Método
O presente artigo utiliza dados extraídos do estudo intitulado
“Condições de saúde autorreferidas da população idosa
do município de Cuiabá”, que analisou as condições de saúde dessa população.15De
acordo com o último censo, o município de Cuiabá possui 551.098 habitantes,
destes 44.817 são idosos.16
Trata-se de um estudo transversal,
desenvolvido com pessoas de 60 anos ou mais que residem na zona urbana. Foram
excluídas aquelas que residiam em ILPI, hospitais, presídios, albergues e casas
de apoio.
A amostra foi definida por meio do cálculo estatístico para
populações finitas. Considerou-se um coeficiente de confiança de 95%, erro de
amostragem de 5% e um valor de proporção de 0,5 (p=0,5). Dessa forma, a partir
da amostragem por conglomerado, a amostra final foi de 573 idosos.
Os dados foram coletados no domicílio dos idosos, no período de
dezembro de 2011 a março de 2012 por meio do questionário BOAS (Brazil Old Age Schedule).17 Trata-se de uma
ferramenta multidimensional que tem sido usada em pesquisas com a população
idosa. O questionário é dividido em nove seções, totalizando 75 questões.
Para
analisar a CF dos idosos foram utilizadas as seções I (informações gerais do
idoso) e IV (AVD). Para avaliar a CF e estabelecer o grau de dependência,
considerou-se a capacidade do idoso realizar 12 AVD (sair de casa com
transporte, sair curtas distâncias, comer a sua refeição, tomar remédios,
vestir-se e despir-se, pentear seus cabelos, caminhar no plano, subir/descer
escadas, deitar e levantar, tomar banho, cortar as unhas dos pés, ir ao
banheiro em tempo). Estas AVD variavam entre atividades mais simples às mais
complexas.
As
variáveis estudadas foram as seguintes:
· Sociodemográficas: sexo
(masculino/feminino), idade (60-69 anos, 70-79 anos, 80 anos e mais), sabe ler
e escrever (sim/não), escolaridade máxima (nenhuma, primário, ginásio ou
primeiro grau), estado conjugal (casado(a)/possui companheiro(a), viúvo(a), divorciado(a)/separado(a),
nunca se casou), moradores no domicílio (mora sozinho/mora com outras pessoas).
· Grau de dependência: independente (idosos que não apresentam
incapacidade ou dificuldade na realização das AVD), dependência leve (apresenta
incapacidade ou dificuldade para realizar de uma a três AVD) ou dependência
moderada/grave (idosos que apresentam incapacidade ou dificuldade em realizar
quatro ou mais AVD).17 Pessoa para ajudar nas tarefas diárias (sim,
não), pessoa que mais ajuda nas tarefas diárias (esposo (a)/companheiro (a),
filho, filha, uma outra pessoa da família, um (a) empregado (a), outra).
Os
dados foram processados no programa SPSS 15.0 (Statistical
Package for Social Sciences)
e foram analisados de forma descritiva, com frequências absolutas e relativas.
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital
Universitário Júlio Müller, sob protocolo nº 132/CEP/HUJM/11 e foram seguidos
todos os preceitos éticos da Resolução 466/12, do Conselho Nacional de Saúde.
Resultados
Participaram do estudo
573 idosos (254 homens e 319 mulheres), com faixa etária entre 60 e 69 anos
(45,9%). Os homens eram casados ou possuíam companheira (72,8%) e a maioria das
mulheres era viúva (43,6%). Quanto à escolaridade, 73,5% dos idosos sabiam ler
e escrever, e a escolaridade máxima foi o ensino primário (44,4%). Idosos que
residiam com outras pessoas somaram 89,5%.
Tabela
1- Distribuição dos idosos segundo características demográficas e
socioeconômicas, segundo sexo. Cuiabá-MT. 2012. |
||||||
Variável |
n |
Homens n=254 % |
n |
Mulheres n=319 % |
n |
Total n=573 % |
Faixa
etária |
|
|
|
|
|
|
60 a 69 anos |
118 |
46,5 |
145 |
45,5 |
263 |
45,9 |
70 a 79 anos |
82 |
32,3 |
120 |
37,9 |
202 |
35,4 |
80 anos ou mais |
53 |
20,5 |
52 |
16,3 |
105 |
18,2 |
NS/NR** |
03 |
00,8 |
02 |
00,3 |
03 |
00,5 |
Estado
civil |
|
|
|
|
|
|
Casado(a)/ Possui
companheiro(a) |
185 |
72,8 |
124 |
38,9 |
309 |
53,9 |
Viúvo(a) |
37 |
14,6 |
139 |
43,6 |
176 |
30,7 |
Divorciado(a)/ Separado (a) |
23 |
09,1 |
35 |
11,0 |
58 |
10,1 |
Nunca se casou |
09 |
03,5 |
21 |
06,6 |
30 |
05,2 |
Sabe
ler e escrever |
|
|
|
|
|
|
Sim |
188 |
74,0 |
233 |
73,0 |
421 |
73,5 |
Não |
66 |
26,0 |
86 |
27,0 |
152 |
26,5 |
Escolaridade
completa |
|
|
|
|
|
|
Nenhuma |
29 |
15,4 |
40 |
17,2 |
69 |
16,4 |
Primário |
82 |
43,6 |
105 |
45,1 |
187 |
44,4 |
Ginásio ou Primeiro
grau |
24 |
12,8 |
31 |
13,3 |
55 |
13,1 |
Segundo grau |
24 |
12,8 |
33 |
14,2 |
57 |
13,5 |
Superior |
26 |
13,8 |
22 |
09,4 |
48 |
11,4 |
NS/NR** |
03 |
01,6 |
02 |
00,9 |
05 |
01,2 |
Com
quem mora |
|
|
|
|
|
|
Sozinho (a) |
26 |
10,2 |
34 |
10,7 |
60 |
10,5 |
Com outras pessoas |
228 |
89,8 |
91 |
89,3 |
513 |
89,5 |
*Fonte: Pesquisa
Condições de saúde autorreferidas da população
idosa do município de Cuiabá. Cardoso, 2013. **NS/NR – Não
sabe/Não respondeu |
Em
relação à CF dos idosos, 64,5% eram independentes, dentre eles 72,4% eram
homens e 58,3% eram mulheres. A frequência de dependência (leve, moderada/grave)
entre os homens foi de 27,6% e para as mulheres 41,7% (Tabela 2).
Tabela
2- Distribuição da capacidade funcional dos idosos, segundo sexo
considerando o grau de dependência. Cuiabá-MT, 2012. |
||||||
Variável |
n |
Homens n=254 % |
n |
Mulheres n=319 % |
n |
Total n=573 % |
Grau
de dependência |
|
|
|
|
|
|
Independência |
18 |
72,4 |
186 |
58,3 |
370 |
64,5 |
Dependência leve |
50 |
19,7 |
105 |
32,9 |
155 |
27,1 |
Dependência
moderada/grave |
20 |
7,9 |
28 |
8,8 |
48 |
8,4 |
*Fonte: Pesquisa
Condições de saúde autorreferidas da população
idosa do município de Cuiabá-MT. Cardoso, 2013. |
A
maioria dos idosos (75,7%) necessita de alguém para auxiliar na realização de
suas tarefas diárias, com frequência maior entre os homens (83,5%). Para os
homens, a pessoa que mais ajudava na realização das atividades do cotidiano
foram as esposas/companheiras (55,2%) e, para as mulheres, as filhas (42,2%).
Tabela
3- Pessoas que ajudam os idosos nas tarefas diárias, segundo sexo.
Cuiabá-Mato Grosso-2012. |
||||||
Variável |
n |
Homens n=254 % |
n |
Mulheres n=319 % |
n |
Total n=573 % |
Pessoa
para ajudar nas tarefas diárias |
|
|
|
|
|
|
Sim |
222 |
83,5 |
212 |
69,6 |
434 |
75,7 |
Não |
32 |
16,5 |
107 |
30,4 |
139 |
24,3 |
Pessoa
que mais ajuda nas tarefas diárias |
|
|
|
|
|
|
Esposo/
Companheiro(a) |
117 |
55,2 |
31 |
13,9 |
148 |
34,0 |
Filho |
09 |
4,2 |
17 |
7,6 |
26 |
6,0 |
Filha |
36 |
17,0 |
94 |
42,2 |
130 |
29,9 |
Uma outra pessoa da
família |
16 |
7,5 |
42 |
18,8 |
58 |
13,3 |
Um(a)empregado(a) |
23 |
10,8 |
33 |
14,8 |
56 |
12,9 |
*Fonte: Pesquisa
Condições de saúde autorreferidas da população
idosa do município de Cuiabá-MT. Cardoso, 2013. |
Discussão
Os resultados deste estudo contribuem para ampliação do
conhecimento sobre a CF e as necessidades de cuidado dos idosos que residem em
zona urbana e apontam aspectos que devem ser abordados na assistência a essa
população. As características sociodemográficas e a
CF dos idosos apontam uma maioria de idosos jovens, homens casados, mulheres
viúvas, baixa escolaridade, residem com alguém, são independentes, entretanto,
precisam de auxílio na realização das AVD.
O fato dos idosos da amostra serem mais jovens pode ser explicado
pelo recente envelhecimento da população no Brasil.8,18-19 Os
“idosos jovens” tendem a apresentar maior independência na realização das AVD
quando comparado a idosos mais velhos, pois com o avançar da idade ocorre um
declínio fisiológico que pode comprometer sua autonomia e independência.20
A
maior proporção de homens casados ou que possuem companheiras e de mulheres
viúvas é um resultado consistente com de outros estudos.20-21 Isso
pode ocorrer pelo fato de os homens ao se divorciarem ou ficarem viúvos
constituírem novo casamento, já as mulheres quando vivenciam tal situação
tendem a permanecerem viúvas. Somado a isso, há de se considerar a maior
sobrevida das mulheres, aumentando a chance de continuarem viúvas.21
Evidências
tem constatado que a viuvez pode influenciar negativamente a CF dos idosos.
Investigação desenvolvida na cidade de Guarapuava, no Paraná, com o objetivo de
analisar a CF de 359 idosos, identificou associação da viuvez com o grau de
dependência das idosas.18
A
baixa escolaridade encontrada nesse estudo talvez seja consequência de os
idosos terem vivido em uma época em que a população brasileira se concentrava
em zona rural, a educação era priorizada para os homens e ou pessoas com
condições socioeconômicas mais favoráveis.3,19,21
A
CF está diretamente ligada ao grau de escolaridade dos idosos, pois pode
influenciar na realização de suas AIVD, como o uso de transporte público, tomar
medicamentos e gerir suas finanças, ou seja, quanto menor a escolaridade, maior
o nível de dependência.20
A
corresidência do idoso ocorre por fatores culturais e
econômicos, pois com o avançar da idade há um comprometimento maior de sua
renda, com medicamentos, saúde e alimentação. Eles continuam, muitas vezes, a
ajudar na renda familiar ou são os principais provedores.22
Observa-se,
quanto a CF, que a maioria dos idosos era independente, com frequência maior
entre os homens. Esse resultado é semelhante ao de outro estudo18 que
encontrou homens mais independentes que as mulheres.
A
incapacidade funcional é um fenômeno que difere entre os gêneros. Algumas
possíveis explicações podem ser atribuídas a essa diferença, como o fato de as
mulheres apresentarem maior sobrevida, maior prevalência de problemas crônicos
de saúde e elevados níveis de dependência, que podem comprometer sua
independência e autonomia.18,20-22 Homens e mulheres são
influenciados não somente pelo fator biológico, mas também pelo contexto
sócio-histórico-cultural, que definirá o seu padrão de comportamento,
determinando um envelhecimento bem-sucedido ou não.23
Outro achado importante
é o fato de os homens requererem maior auxílio de esposas ou companheiras para
desenvolver suas tarefas diárias. Evidências apontam que isso pode representar
maior apoio emocional, caracterizando o companheirismo no cuidado a saúde.
Diferentemente, as mulheres ao permanecerem viúvas, por sua vez, recorrem à
filha que desempenha um papel importante na vida social e afetiva das idosas
para auxilia-las no cuidado.22-21
Conclusão
Os dados desta
investigação permitiram verificar a CF da população idosa residente em zona
urbana. A amostra desse estudo tinha faixa etária entre 60 e 69 anos, os homens
eram casados ou possuíam companheiras, enquanto as mulheres eram viúvas. A
maioria dos idosos residia com outras pessoas, sabia ler e escrever e possuía o
ensino primário.
Verificou-se
que os homens idosos eram mais independentes para a realização de suas
atividades diárias e, quando necessitavam de ajuda, as esposas ou companheiras
que exerciam esse papel. Já as mulheres eram mais dependentes e as filhas eram
quem auxiliavam nas atividades cotidianas.
Os
achados deste estudo reforçam a necessidade dos profissionais de saúde,
especialmente aqueles que atuam na Estratégia de Saúde da Família, monitorar a
CF dos idosos, tendo em vista os prejuízos que a dependência funcional pode
trazer para a vida e à saúde dessa população, de seus familiares e para o
sistema de saúde. Essas informações são importantes ainda para o planejamento
do cuidado a saúde e considera-se fundamental incorporar a avaliação da CF na
consulta de enfermagem ao idoso, com a finalidade de prevenir e minimizar os
prejuízos da dependência funcional.
Algumas
limitações podem ser citadas, dentre elas que o estudo foi realizado em uma
capital da região Centro-Oeste do Brasil, que apresenta diferenças
socioculturais e econômicas das demais regiões do país; a população estudada se
limita a idosos residentes na comunidade, consequentemente, não reflete a
realidade de pessoas residentes em ILPI.
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Autor correspondente
Joana
Darc Chaves Cardoso
E-mail:
joana-qtal@hotmail.com
Endereço: Avenida
Fernando Corrêa, 2367, Bairro Boa Esperança, Cuiabá-MT.
CEP: 78068-600
Contribuições de Autoria
1 – Joana Darc Chaves
Cardoso
Pesquisadora
responsável pela concepção, planejamento, execução do projeto de pesquisa,
redação e revisão crítica do estudo.
2 – Adriana Delmondes de
Oliveira
Autora participou
da redação e revisão crítica do manuscrito.
3 – Carla Rafaela Teixeira Cunha
Autora participou
da redação e revisão crítica do manuscrito.
4 – Kátia Moreira da Silva
Autora participou
da redação e revisão crítica do manuscrito.
Como citar este
artigo
Cardoso JDC,
Oliveira AD, Cunha CRT, Silva KM. Capacidade
funcional de idosos residentes em zona urbana. Rev. Enferm.
UFSM. 2019 [Acesso em: Ano Mês Dia];vol
e2:1-10. DOI:https://doi.org/10.5902/21797692340954