Era uma Vez: um Objeto de Aprendizagem e o Letramento Literário
Denise
Claudete Bezerra de Oliveira
Grupo de Estudos, Pesquisas e Experimentações Educacionais – GEPEE, Instituto Anísio Teixeira (IAT), Secretaria de Educação do Estado da Bahia
Resumo: Este trabalho aborda a elaboração do Objeto de Aprendizagem (OA) Era uma vez uma bruxa: leitura compartilhada produzido para o contexto de formação continuada de professores com o objetivo de apresentar uma análise de sua qualidade. Considerando a leitura literária em um mundo conectado à Internet que divide a atenção e o interesse dos alunos, nos propomos a elaborar o OA para explorar os conceitos de letramento literário, leitura compartilhada e multimodalidade, visando ampliar a compreensão dos professores acerca de referenciais teórico-metodológicos sobre a leitura, o letramento literário e as múltiplas modalidades de produção de sentidos/significados das obras literárias destinadas ao público infantil. Concluímos que nosso OA atende aos critérios de avaliação e que seus índices de visualizações e downloads confirmam a validade da nossa produção e partilha.
Palavras-chave: Objetos de Aprendizagem; Letramento literário; Leitura compartilhada; Multimodalidade.
Once Upon a Time: A LEARNING OBJECT and LITERARY LITERACY
Abstract: This work approaches the elaboration of the Learning Object (LO) Once upon a time a witch: shared reading produced for the context of continuing teacher education with the aim of presenting an analysis of its quality. Considering literary reading in an Internet-connected world that divides students' attention and interest, we propose to elaborate the LO to explore the concepts of literary literacy, shared reading, and multimodality, aiming to expand teachers' understanding of theoretical-methods on reading, literary literacy, and the multiple modes of production of senses/meanings of literary works aimed at children. We conclude that our LO meets the evaluation criteria and that its views and download rates confirm the validity of our production and sharing.
Keywords: Learning Objects; Literary literacy; Shared reading; Multimodality.
Introdução
No contexto das transformações sociais e culturais estimuladas pelas Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) em um processo contínuo de divulgação de informações e de incremento e criação de novos recursos digitais que não apenas favorecem a interação social, desconstruindo as noções de tempo e espaço que inviabilizam as interações presenciais dos seres humanos como, também, possibilitam a criação colaborativa de conhecimentos e a criação de cenários virtuais de aprendizagem informais e formais significativos para as práticas sociais das pessoas. As possibilidades de uso coerente e produtivo das TDIC nos processos de aprendizagem geram uma ruptura nos modelos educacionais e nos processos de aprender e ensinar. Tal ruptura gera lacunas formativas para os docentes e uma contínua necessidade de apropriação das novas formas de criar, produzir e difundir conhecimentos.
Nessa perspectiva, acreditamos que os processos formativos precisam incorporar novas metodologias que favoreçam a mudança do paradigma de transmissão para o de produção colaborativa do conhecimento nos espaços escolares. Para tal, indicamos a urgência do engajamento dos educadores e educandos (bem como de toda a comunidade escolar) na cultura digital para a utilização dos recursos digitais disponíveis na Web, das múltiplas linguagens e mídias com o intuito de possibilitar aos alunos o protagonismo e autonomia em seu próprio processo de aprendizagem.
Em nossa Era do Conhecimento, onde as relações humanas são cada vez mais mediadas pelas TDIC, faz-se necessário reconfigurar o papel dos docentes como conteudistas, designers técnicos e pedagógicos, integrando em seus saberes-fazeres competências inerentes às práticas pedagógicas mediadas por tecnologias digitais educacionais. Competências que passam pela produção de material didático próprio, cabendo aos docentes assumir a autoria do fazer pedagógico ao utilizar recursos digitais de criação e divulgação de Objetos de Aprendizagem adequados a abordagens e estratégias pedagógicas plurais que considerem as formas de aprender dos alunos.
Em busca da autoria, protagonismo e participação docente em redes colaborativas de produção de conhecimentos, nos propomos a elaborar Objetos de Aprendizagem que contribuam para o fortalecimento da formação continuada de professores. Faz alguns anos que partilhamos nossas produções em blog próprio e na plataforma de divulgação de slides, a Slideshare.net, com o intuito de compartilhar experiências exitosas no campo da formação de professores alfabetizadores e de outras construções realizadas a partir de estudos/leituras sistemáticas sobre temas da nossa área de atuação. Por esse motivo, discorremos neste relato sobre a apresentação Era uma vez uma bruxa: leitura compartilhada, elaborada com o objetivo de discutir e ampliar a compreensão de professores acerca de referenciais teórico-metodológicos sobre a leitura e o letramento literário a partir da vivência da leitura compartilhada com foco no planejamento das etapas e estratégias significativas para a leitura de obras literárias, considerando as múltiplas modalidades de produção de sentidos e significados que as constituem.
Nesse sentido, nosso Objeto de Aprendizagem (OA) Era uma vez uma bruxa: leitura compartilhada visa ampliar a compreensão dos professores acerca de referenciais teórico-metodológicos sobre a leitura e o letramento literário no ambiente escolar, considerando as múltiplas modalidades de produção de sentidos e significados nas obras literárias, especificamente as destinadas ao público infantil. Para tal, com o nosso OA – elaborado a partir da vivência da leitura compartilhada da obra literária “Era uma vez uma bruxa”, de Lia Zatz (2002), propomos como objetivos específicos oportunizar aos professores: identificar as etapas necessárias ao planejamento da leitura de literatura em sala de aula, da escolha da obra à extrapolação da leitura; refletir sobre práticas de letramento literário (COSSON, 2006) no contexto escolar; distinguir os tipos de perguntas adequadas às etapas da leitura compartilhada de uma obra literária; planejar práticas de leitura de literatura que favoreçam o letramento literário de seus(as) alunos(as); apreciar a leitura de obras literárias a partir da socialização e construção colaborativa dos significados e sentidos do texto, considerando a multiplicidade de modalidades de sentido que podem estar presentes nos textos literários.
Com o objetivo de apresentar uma análise da qualidade do OA de nossa autoria, esse trabalho está organizado nas seguintes seções: 1. Considerações sobre os conceitos de leitura literária, leitura compartilhada e multimodalidade que fundamentam a elaboração do OA em diálogo com BNCC; 2. Metodologia utilizada na criação, divulgação e análise do OA; 3. Análise dos resultados sobre os testes de qualidade de um OA; 4. Conclusões e recomendações sobre o OA.
Considerações gerais
Como promover a leitura literária em sala de aula em um mundo em que os novos aparatos tecnológicos como os smartphones conectados à Internet competem com as práticas de leitura nos espaços escolares e dividem a atenção e o interesse dos alunos? Pensamos que a construção de uma resposta para esse questionamento passa pela reflexão sobre as propostas de leitura de literatura realizadas em sala de aula. Elas têm oportunizado o letramento literário de nossos alunos ou têm apenas escolarizado a leitura das obras literárias?
Para reconfigurar velhas práticas, inserindo-as em contextos plurais e situados, é necessário estarmos em contínuo processo de formação; precisamos atentar para as mudanças que circundam os muros escolares e, no âmbito da leitura de literatura,
devemos compreender que o letramento literário é uma prática social e, como tal, responsabilidade da escola. A questão a ser enfrentada não é se a escola deve ou não escolarizar a literatura, como bem nos alerta Magda Soares, mas sim como fazer essa escolarização sem descaracterizá-la, sem transformá-la em um simulacro de si mesma que mais nega do que confirma seu poder de humanização (COSSON, 2009, p. 23).
Sobre o espaço da leitura compartilhada em sala de aula servimo-nos como referenciais teóricos os estudos desenvolvidos por Ana Brandão e Ester Rosa (2010), Teresa Colomer (2007), Rildo Cosson (2006; 2010) e Ângela Kleiman (1993) para articular os conceitos de letramento literário, leitura compartilhada e sobre o planejamento das atividades de leitura de literatura nos espaços escolares. Outro aspecto a considerar nas práticas de leitura em sala de aula, de obras literárias ou não, é o caráter multimodal dos textos. Isto significa dizer que nem só a modalidade verbal é texto ou que apenas o escrito produz significados. É importante estarmos atentos às multissemioses que estruturam os gêneros textuais tradicionais ou emergentes, sejam eles “analógicos” ou digitais, propondo práticas pedagógicas de multiletramentos já indicadas na Base nacional Comum Curricular (BNCC), ao indicar que a
consideração dos novos e multiletramentos e das práticas da cultura digital no currículo não contribui somente para que uma participação mais efetiva e crítica nas práticas contemporâneas de linguagem por parte dos estudantes possa ter lugar, mas permite também que se possa ter em mente mais do que um “usuário da língua/das linguagens”, na direção do que alguns autores vão denominar de designer: alguém que toma algo que já existe (inclusive textos escritos), mescla, remixa, transforma, redistribui, produzindo novos sentidos, processo que alguns autores associam à criatividade. Parte do sentido de criatividade em circulação nos dias atuais (“economias criativas”, “cidades criativas” etc.) tem algum tipo de relação com esses fenômenos de reciclagem, mistura, apropriação e redistribuição (BRASIL, 2018, p. 70).
Tendo como guia as diretrizes da BNCC (2018), a escolha da obra literária que articula a prática e a reflexão teórica proposta em nosso Objeto de Aprendizagem (OA) deu-se por seu caráter multimodal visto que devemos considerar as múltiplas modalidades de produção de significados em nossas práticas sociais de leitura. Nosso objeto foi elaborado com dois vieses de exploração teórico-prática: a leitura compartilhada (BRANDÃO; ROSA, 2010) e a multimodalidade (OLIVEIRA, 2016). Nossa abordagem sobre o caráter multimodal da obra, dialoga como o estudo de nossa autoria – Práticas de letramento multimodal em sala de aula, (OLIVEIRA, 2016) partindo sobretudo da compreensão de que
apenas a leitura do texto verbal escrito já não dá conta dos significados produzidos nas práticas sociais atuais, sendo necessário desenvolver capacidades de leitura que nos permitam estabelecer uma relação entre o verbal e outras modalidades de linguagem constituintes dos textos multissemióticos, sejam eles digitais ou impressos (OLIVEIRA, 2016, p. 46).
Essa compreensão nos faz defender a pertinência e relevância de propormos o OA Era uma vez uma bruxa: leitura compartilhada para, a partir da exposição participada e colaborativa em contextos de formação continuada de professores, promover novos horizontes sobre a leitura de texto em seu caráter multimodal, leitura compartilhada e letramento literário.
A seguir, apresentamos como o OA foi construído utilizando-se a ferramenta de criação de conteúdos interativos Genially para, em seção posterior, apresentar uma análise da qualidade do OA construído com esse recurso.
Metodologia
Para a construção do nosso Objeto de Aprendizagem (OA) utilizamos o recurso digital Genially[1] que possibilita a criação de apresentações, infográficos, imagens interativas, apresentações de vídeos, guias, materiais de treinamento e gamificação. Enquanto ferramenta de criação colaborativa, o Genially possibilita que a criação do OA seja feita de forma compartilhada, bastando que o elaborador envie um convite para a edição para o e-mail de seus possíveis colaboradores.
O acesso ao Genially se dá pelo registro através de uma conta de e-mail do Google; Facebook; Twitter; LinkedIn ou Microsoft Office. Embora o Genially esteja disponível apenas em inglês, francês e espanhol, é possível traduzi-lo para o português utilizando o navegador Google Chrome. Como muitas ferramentas digitais (softwares) disponíveis em rede, o Genially tem limitações quanto a seu uso, limitando o acesso a modelos prontos, denominados de Premium – para os quais é necessário fazer a assinatura de planos para o acesso. Quando utilizamos os recursos gratuitos, nossas produções ficam com perfil público. Só é possível limitar o acesso ao Objeto criado se possuirmos algum plano de assinatura.
Outro ponto que vale mencionar é que o download de nossas criações também só pode ser feito se pagarmos pela assinatura da ferramenta. Gratuitamente, é possível compartilhar o link do OA para que as pessoas visualizem de forma assíncrona ou apresentá-lo de forma síncrona utilizando outros recursos como plataformas de comunicação, no caso de encontros virtuais, ou Datashow e notebook se a apresentação for realizada em encontros presenciais. Em ambos os casos é necessário estar conectado à Internet para poder acessar o link gerado pelo Genially.
Nosso Objeto, Era uma vez uma bruxa: leitura compartilhada[2], é uma apresentação em slides interativos, com características similares às apresentações do PowerPoint. Para sua confecção, utilizamos o modelo gratuito “Apresentação de bruxa” por corresponder ao tema e ao título do texto literário utilizado para a leitura compartilhada que subsidia as discussões propostas sobre a teoria e a prática da leitura de literatura em sala de aula.
Partindo da definição de Objeto de Aprendizagem (OA) proposta por Tarouco, Fabre e Tamusiunas (2003, p. 2) como “termo geralmente aplicado a materiais educacionais projetados e construídos em pequenos conjuntos visando a potencializar o processo de aprendizagem onde o recurso pode ser utilizado”, nosso OA foi produzido pensando-se no contexto presencial de formação de professores. Contexto em que a leitura da obra literária, utilizada como disparador para as discussões teóricas sobre o letramento literário e a leitura compartilhada, é proposta em sua integralidade. Ressaltamos que, por questões de direitos autorais, não seria adequado reproduzir toda a obra literária em nossa apresentação, mesmo que ela já esteja disponível na Web como no caso da plataforma de compartilhamento de slides, a Slideshare.
Para a elaboração do Objeto de Aprendizagem, seguimos o modelo de encomenda especificado no Quadro 1, onde expomos, além dos dados de identificação como a área de conhecimento e de aplicação, os objetivos pedagógicos e os detalhes técnicos do OA.
Quadro 1 – Modelo de Encomenda de Objetos Digitais
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ENCOMENDA |
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INFORMAÇÕES GERAIS SOBRE O MÓDULO |
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Área de Conhecimento: Literatura |
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Nível: Formação continuada de professores |
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Título do módulo: Era uma vez uma bruxa: leitura compartilhada |
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Conceitos: Letramento literário; leitura compartilhada; multimodalidade. |
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Pré-requisitos: Ser professor(a), preferencialmente do Ensino Fundamental I. |
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Objetivos: Ampliar a compreensão dos professores acerca de referenciais teórico-metodológicos sobre a leitura e o letramento literário no ambiente escolar, considerando as múltiplas modalidades de produção de sentidos/significados nas obras literárias, especificamente as destinadas ao público infantil. |
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Tecnologias utilizadas: Notebook; Datashow; Obra literária impressa e em PDF. |
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Contexto: O encontro formativo poderá ocorrer em sala de aula, biblioteca ou auditório, desde que o espaço tenha acesso à Internet. |
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Tempo previsto: 3 horas/aula |
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Metodologia |
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Aluno (Professor): interage com o formador e demais professores, participando ativamente das etapas da leitura compartilhada (antes, durante e depois da leitura) e das discussões teóricas propostas pelo formador. |
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Professor (Formador): realiza a leitura compartilhada da obra literária com os professores e depois sistematiza os conceitos/procedimentos e estratégias utilizadas durante a leitura utilizando a apresentação do módulo. |
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Avaliação: a avaliação será realizada de acordo com os questionamentos, a participação e a interação entre os professores de acordo com as etapas da leitura compartilhada. |
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Descrição técnica do Módulo |
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O módulo será realizado em encontro presencial de formação continuada de professores, sendo exibido em Datashow para que os professores possam acompanhar a vivência da leitura da obra literária, interagir com o formador e entre si e refletir/discutir sobre os pressupostos teórico-metodológicos que subsidiam a estruturação do módulo. |
Fonte: Arquivos da autora, 2021.
A análise da qualidade do nosso Objeto de Aprendizagem foi realizada com base nos estudos realizados por Braga e França (2015) sobre as normas de qualidade de software ISO/IEC 9126, as especificações de Objetos de Aprendizagem como Advanced Distributed Learning Network (ADLNet) e Learning Object Review Instrument (LORI), considerando-se os testes de funcionalidade, confiabilidade técnica e pedagógica, precisão, interoperabilidade, eficiência, segurança, acessibilidade, portabilidade, instalação, usabilidade, manutenibilidade, disponibilidade. A seguir, apresentamos a análise do OA em relação a esses testes.
Observando-se os tipos de testes propostos por Braga e França (2015), podemos afirmar que o Objeto de Aprendizagem (OA) Era uma vez uma bruxa: leitura compartilhada atende satisfatoriamente aos testes de: 1. Funcionalidade – todos os requisitos de funcionamento do OA na plataforma foram atendidos; 2. Confiabilidade técnica e pedagógica – o conteúdo está pedagogicamente correto e atende aos objetivos de sua elaboração; 3. Precisão – o OA apresenta os resultados esperados quanto a sua aplicação em contextos formativos; 4. Interoperabilidade – os dados do OA podem ser exportados; 5. Eficiência – os recursos e o tempo de uso são compatíveis com os objetivos de criação do OA; e 6. Segurança – o OA não pode ser alterado sem a permissão do criador.
Quanto aos demais tipos de testes, apresentamos observações a seguir.
· Acessibilidade: o objeto pode ser acessado por vários usuários em diversos contextos através de dispositivos fixos ou móveis. No entanto, não dispõe de software de leitura de tela para deficiente visual.
· Portabilidade: o OA pode ser indexado a diferentes Ambientes Virtuais de Aprendizagem e ser acessado por dispositivos de hardware como notebooks, computadores, tablets e celulares, bastando que se tenha conexão com a Internet.
· Instalação: quando o OA é compartilhado/disponibilizado na Web, não é necessário instalar nenhum tipo de programa. Basta acessar o link disponibilizado por seu(s) editor/criador(s).
· Usabilidade: O OA possui alta usabilidade visto que contribui para que o professor planeje e execute práticas de leitura de literatura no ambiente escolar na perspectiva do letramento literário que embasa a elaboração do objeto.
· Manutenibilidade: como nosso objeto é uma apresentação que fica arquivada na pasta do editor/criador da página do Genially, é possível acessar para fazer ajustes, correções e atualizações tanto na formatação como nos conceitos e conteúdos propostos. Este teste foi realizado atentamente em nosso objeto: depois de elaborado, percebemos que seriam necessários ajustes quanto ao formato e tamanho das fontes e diagramação dos elementos visuais e verbais para permitir melhor visibilidade dos elementos textuais que compunham a apresentação.
· Disponibilidade: o OA produzido com o recurso Genially pode ser compartilhado no Google Sala de Aula, Microsoft Teams e redes sociais como o Facebook, como demonstrado na Figura 1, ficando disponível para reuso no ambiente tanto para o editor/produtor quanto para os que a ele tem acesso.
Figura 1 – Publicação do OA no Facebook
Fonte: https://www.facebook.com/DeniseRattes/
O recurso de criação do nosso Objeto de Aprendizagem (OA) também permite seu envio por e-mail (ver Figura 2), possibilitando o acesso àqueles com os quais desejamos compartilhar o objeto, bastando-lhes clicar no hiperlink “Ver Genially”.
Figura 2 – Compartilhamento do OA por e-mail
Fonte: Arquivos da autora, 2021.
Acreditamos que nosso OA apresente resultados positivos visto que é uma releitura/reestruturação de uma apresentação em PowerPoint, ver Figura 3, elaborada para a formação continuada de professores alfabetizadores realizada no âmbito das Ações Integradas PactoPnaic, 2016. No contexto dessas ações, o OA foi utilizado em encontros formativos de professores alfabetizados de várias redes municipais de ensino do nosso estado – Bahia. E, como o objetivo de elaborarmos um Objeto de Aprendizagem, sobretudo os Objetos Digitais de Aprendizagem (ODA) – objetos divulgados e compartilhados virtualmente em repositórios ou cenários virtuais de aprendizagem –, é compartilhá-los e contribuir para novas elaborações/construções de conhecimento, afirmamos a aceitação e validação do nosso ODA visto o seu número de visualizações (3.617) e downloads (87) na Slideshare.net.
Figura 3 – Sistematização de roda de leitura
Fonte: https://www.slideshare.net/DeniseRattes/sistematizao-roda-de-leitura-era-uma-vez-uma-bruxa.
Considerando o objetivo geral de nosso Objeto de Aprendizagem (OA) Era uma vez uma bruxa: leitura compartilhada, pontuamos que a utilização eficaz e producente implica em: conhecimento teórico-metodológico sobre os conceitos abordados; conhecimento o acervo de literatura da escola; construção de um repertório de leitor de literatura e, sobretudo, o encantamento em ler literatura para ter o olhar sensível sobre os conteúdos simbólicos que perpassam os textos literários.
Vale indicar, como recomendação para ampliação da proposta formativa do nosso OA, que ele se desdobra em outro OA com o olhar para a atuação do professor em sala de aula: uma sequência didática para o 3° ano do Ensino Fundamental I, disponibilizada em formato PDF na plataforma do Slideshare.net (ver Figura 4). Destacamos que, apesar do OA destinar-se a alunos do 3° ano, há indicações de variações de atividades e objetivos de aprendizagem para o 1° e 2° anos.
Nessa sequência didática, a leitura compartilhada é utilizada como estímulo para propormos atividades que englobam análise linguística – discursividade, textualidade e normatividade, apropriação do sistema de escrita alfabética; produção textual; expansão da leitura – atividade interdisciplinar em diálogo com Ciências da Natureza; refacção textual; publicação do texto e avaliação da sequência didática.
Figura 4 – PDF Roda de Leitura: era uma vez uma bruxa
Fonte: https://www.slideshare.net/DeniseRattes/roda-de-leitura-era-uma-vez-uma-bruxa.
Como indicado na Figura 4, a sequência didática tem um índice significativo de validação em função a suas 7.378 visualizações e 68 downloads. Acreditamos que esses números são indícios do impacto positivo de nossa contribuição como elaboradores de Objetos Digitais de Aprendizagem, assumindo a autoria e a proposição de participarmos efetivamente de redes de compartilhamento de conhecimentos. Tais números refletem a importância da socialização da produção docente em rede, oportunizando o acesso a materiais didáticos que podem vir a ser relevantes à prática docente. Nesse sentido, esperamos que nosso trabalho sirva de estímulo à produção e divulgação autoral qualificada dos educadores que, inseridos na cultura digital, atuem como designers que se apropriam, reciclam, misturam, reutilizam, redistribuem novos significados nas mais variadas linguagens utilizando os mais variados recursos digitais disponíveis na Web.
Referências
Braga, Juliana Cristina; França, Roberta Kelly A. de. Testes e Qualidade. In: Braga Juliana Cristina. Objetos de aprendizagem, volume 2: metodologia de desenvolvimento. Santo André: Editora UFABAC, 2015. p. 127-138.
BRANDÃO, Ana C. Perrusi; ROSA, Ester C. de Souza. A leitura de textos literários na sala de aula: é conversando que a gente se entende…. In: PAIVA, Aparecida; MACIEL Francisca; COSSON, Rildo (Coord.) Literatura: ensino fundamental. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010. p. 55-68. (Coleção Explorando o Ensino; v. 20)
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
COLOMER, Teresa. Andar entre livros: a leitura literária na escola. São Paulo: Global Editora, 2007.
COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006.
COSSON, Rildo. O espaço da literatura na sala de aula. In: PAIVA, Aparecida; MACIEL Francisca; COSSON, Rildo (Coord.) Literatura: ensino fundamental. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2010. p. 55-68. (Coleção Explorando o Ensino; v. 20)
KLEIMAN, Ângela. Oficina de leitura: teoria & prática. São Paulo: Pontes/Unicamp, 1993.
OLIVEIRA, Denise Claudete Bezerra de. Práticas de letramento multimodal em sala de aula. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia, Instituto de Letras, Salvador, 2016.
SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Tradução Cláudia Schilling. Porto Alegre: ArtMed, 1998. 6. ed.
TAROUCO, Liane Margarida Rockenbach; FABRE, Marie-Christine Julie Mascarenhas; TAMUSIUNAS, Fabrício Raupp. Reusabilidade de objetos educacionais. RENOTE – Revista Novas Tecnologias para a Educação. Porto Alegre: Centro Interdisciplinar de Novas Tecnologias na Educação (CINTED- UFRGS), v. 1. nº 1, 2003. p. 1-11. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/index.php/renote/article/view/13628. Acesso em: 20 out. 2022.
ZATZ, Lia. Era uma vez uma bruxa. São Paulo: Moderna, 2002.