ReTER, Santa Maria, v.2, n.4. ISSN:2675-9950 | Dossiê Educação Profissional e Tecnologias em Rede. |
BIOLOGIA FORA DA ESCOLA: O USO DA REDE SOCIAL INSTAGRAM NO ENSINO DE BIOLOGIA PARA EDUCANDOS DO ENSINO MÉDIO
Acadêmica no Instituto Federal
Farroupilha - Campus Panambi
– brendadessbesell16@gmail.com
Professor no Instituto Federal
Farroupilha - Campus Panambi
– gecoazul@hotmail.com
Professora no Instituto Federal
Farroupilha - Campus Panambi
– catia.keske@iffarroupilha.edu.br
Resumo: Ao analisar o contexto educacional brasileiro quanto às transformações após o surgimento das tecnologias, é possível identificar a emergência de trazê-las para o ambiente educacional, potencializando-as como ferramentas de ensino interativas e formativas. Isso, especialmente, pela caracterização da atual geração dos estudantes da Educação Básica, cada vez mais usuária das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs). Tendo esse contexto como referência, o texto apresenta o relato de experiência de uma prática pedagógica desenvolvida em um Estágio Curricular Supervisionado, em que se fez uso da rede social Instagram no ensino de Biologia. O objetivo é evidenciar sua contribuição para o envolvimento de um grupo de educandos do Ensino Médio. Como resultado, identificou-se uma grande participação discente, evidenciando que considerar o uso de TDCIs para abordar conceitos de Biologia potencializa, e favorece, os processos de ensino e aprendizagem. Em meio às reflexões sobre essa prática profissional, compreende-se, ainda, que o educador, ao tornar as TDICs parte do cotidiano da sala de aula e do ambiente escolar, pode promover a interação com avanços tecnológicos da informação e da comunicação de forma a subsidiar a construção de espaços-tempos escolares de promoção da inclusão digital, pois nem sempre os educandos têm iguais condições de acesso a eles.
Palavras-chaves: Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação; Ensino e Aprendizagem; Estágio Curricular Supervisionado.
BIOLOGY
OUTSIDE SCHOOL: THE USE OF THE INSTAGRAM SOCIAL NETWORK IN THE TEACHING OF
BIOLOGY FOR HIGH SCHOOL STUDENTS
Abstract: When analyzing the Brazilian
educational context regarding the transformations after the emergence of
technologies, it is possible to identify the emergence of bringing them to the
educational environment, enhancing them as interactive and formative teaching
tools. This is especially due to the characterization of the current generation
of Basic Education students, who are increasingly using Digital Information and
Communication Technologies (TDICs). With this context as a reference, the text
presents the experience report of a pedagogical practice developed in a
Supervised Curricular Internship, in which Instagram was used in the teaching
of Biology. The objective is to demonstrate its contribution to the involvement
of a group of high school students. As a result, a large participation of
students was identified, showing that considering the use of TDCIs to address
concepts in Biology enhances, and favors, the teaching and learning processes.
During reflections on this professional practice, it is also understood that
the educator, by making TDICs part of the daily life of the classroom and the
school environment, can promote interaction with technological advances in
information and communication, to subsidize the construction of school
space-times to promote digital inclusion, because the students do not always
have equal conditions of access to them.
Keywords:
Digital Information and Communication Technologies; Teaching and learning;
Supervised internship.
Introdução
A internet e suas tecnologias possibilitam o acesso ao mundo online com apenas um clique, ou até mesmo um toque; quando e como quiser é possível ao usuário ter acesso à informação, conhecimento e entretenimento (COLE, 2005). Se tratando de possibilidades de comunicação e acesso à informação, a internet e as novas tecnologias estão modificando a maneira como as pessoas se relacionam com outras e com o mundo, como aprendem e se comunicam. Em relação ao que se tem hoje, o número de assinantes de revistas e jornais ou então telespectadores de telejornais é muito menor do que havia antes, principalmente se pensarmos em jovens e adolescentes. Lévy (1999) enfatiza que estamos inseridos em um ciberespaço, onde a comunicação é formada primordialmente por várias outras conexões onlines. Sendo este ciberespaço um ambiente virtual de troca de informações, o número de jovens atraídos por essa tecnologia é incontestável, afinal o desejo de imediatismo é rapidamente solucionado, pois com apenas um toque ou clique, você consegue “descobrir” tudo que deseja. O ciberespaço funciona como um grande receptor e concedente de um banco de informações acessíveis a todos aqueles que se fazem interligados a ele; sendo assim, o ambiente se mantém sempre atualizado (MONTEIRO; CARELLI; PICKLER, 2008).
Dentre todas as inovações tecnológicas que tivemos, podemos ressaltar que, com a internet, muitas coisas se tornaram mais práticas, simples e acessíveis, modificando, inclusive, questões culturais, em especial quanto às formas de relacionar-se e comunicarse. Desse modo, mais pessoas se sentem atraídas a ingressar e/ou fazer parte desse ciberespaço. Segundo Castells (2000), culturas são formadas por processos de comunicação e todas as formas de comunicação são baseadas na produção e consumo. Sendo assim, o comportamento humano dentro da realidade virtual é a essência da cibercultura. Segundo Teixeira (2013), desde o final dos anos noventa a introdução das Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) na educação é aceita pelos sistemas de ensino em todo o mundo. Entretanto, segundo Aviram (2000), o desenvolvimento significativo que acompanha as TDICs na educação ocorre fora da escola. Embora não faltem teorias e estudos que apoiem o trabalho conjunto entre mídia e escola, muitas instituições de ensino ainda não sabem como lidar com os meios de comunicação e as redes sociais (ANDREAZZI, 2017). Neste caso, em específico, referindo-se ao Instagram, o qual atingiu alta popularidade tendo cerca de trinta e cinco milhões de brasileiros logados (G1, 2016), é necessário adotar medidas educativas que relacionem ensino e tecnologia.
A partir dos pressupostos apresentados e se refletirmos acerca do contexto educacional brasileiro, o qual tem passado por consideráveis transformações após o surgimento das tecnologias, há grande necessidade dos educadores de “se empoderar” do uso das tecnologias e trazê-las para o contexto educacional, potencializando-as como excelentes meios para ensinar. A construção de um ambiente que auxilie os educandos[1] no processo de aprendizagem, fazendo uso de situações e processos que pertencem ou fazem parte do seu cotidiano, possibilita boa relação de compartilhamento de experiências no processo de aprendizagem, além de provocar nos educandos a atratividade pelo ensino. Considerando esse contexto, neste estudo, ao fazer uso da rede social Instagram no ensino de Biologia, buscou-se constatar sua contribuição aos processos de ensino e aprendizagem.
Metodologia
Segundo Dal Molin e Granetto (2013), a busca por metodologias que estejam no cotidiano dos educandos, utilizadas para disseminação do conhecimento, proporcionam um vínculo de aprendizado mútuo entre o docente e seus educandos. Sendo assim, reconhecidas como elementos didático-pedagógicos em uma prática de Estágio Curricular Supervisionado do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas do Instituto Federal Farroupilha Campus Panambi, as ferramentas Story[2], Teste e Enquete, foram usadas no processo de ensino de Biologia, numa turma de Ensino Médio.
Para tanto, foi criado um perfil na rede social Instagram, intitulado @biologiaforadaaula, com a finalidade de possibilitar aos educandos o acesso a problematizações sobre conceitos de Biologia de forma contextualizada, para além do ambiente escolar (sala de aula). Inicialmente, foi realizado um levantamento com os educandos, a fim de verificar se possuíam conta nessa rede, para posterior utilização. Utilizando uma abordagem qualitativa, problematizações relacionadas aos Sistemas Digestório e Respiratório respectivamente sobre seus órgãos e funções, foram divulgadas por meio de Testes, Enquetes e Stories semanais, de outubro a dezembro de 2019 (período da regência do ECS) na rede social Instagram.
Segundo Demo (2001), a pesquisa qualitativa se impõe sempre por temas que interessem mais pela intensidade do que pela extensão dos fenômenos, como é o caso da participação, comunicação e aprendizagem. Dessa perspectiva, as interações dos educandos, com o conteúdo publicado pela Professora Estagiária no Instagram, foram consideradas como material empírico do estudo. Dentre as interações, destacam-se as respostas dadas a três perguntas enviadas para o perfil de cada um dos educandos, por meio da ferramenta chat (conversa) da referida rede social, com o objetivo de identificar a avaliação do grupo quanto à proposta de uso do Instagram no ensino de Biologia. Questionou-se sobre: (1) utilização anterior do Instagram com esta finalidade; (2) como as publicações os fizeram relembrar e pensar sobre conceitos abordados em aula; e (3) a frequência do acesso à conta durante o período da regência da Professora Estagiária.
As respostas a essas questões, somadas à descrição da prática desenvolvida, subsidiaram a análise apresentada na sequência. A análise se voltou à participação e envolvimentos dos educandos na proposta, à relação entre acertos e erros com os conceitos de Biologia abordados em aula, assim como constatações e opiniões pessoais sobre o uso da rede social. Assim, buscou-se encontrar, como sugere Minayo (2013), núcleos de sentido que estivessem interligados aos propósitos da pesquisa e aos fundamentos apresentados.
Resultados e discussão: @biologiaforadaaula
O Instagram é uma rede social, criada em 2010, por Kevin Systrom e Mike Krieger (PIZA, 2012), para o compartilhamento de fotos e vídeos. Atualmente, conta com mais de 500 milhões de contas ativas mensalmente em todo o mundo, sendo 7% no Brasil (G1, 2016). Em poucas palavras, podemos contextualizá-la como uma rede social “do momento”, pois onde quer que esteja, em casa, no trabalho ou em uma atividade de lazer, é possível capturar e publicar sua experiência em seu perfil. Isso por meio de uma publicação fixa ou por meio da ferramenta story, sendo essa última a possibilidade de publicação e visualização de imagens ou vídeos por outros usuários pelo período de 24 horas. Existem, ainda, outras ferramentas como gifs, figuras, caixas de texto, filtros, música, localização, horário, uso de hashtag, enquetes, perguntas, testes, entre outras (Figura 1). Além de compartilhar momentos, o Instagram possibilita ao usuário interagir com seu público de seguidores, bem como com aqueles perfis dos quais é seguidor, o que o caracteriza como um meio de comunicação.
Figura 1 - Ferramentas disponíveis para aplicação em imagens na função story do Instagram
Fonte: Autoria própria (2019)
Assim como outras redes sociais, para o Instagram ser utilizado é necessário possuir sistema Android ou IOS em smartphone ou computador, sendo um aplicativo de instalação gratuita, fato que, somado às funções das ferramentas Story, Teste e Enquete, motivaram a escolha por ele na prática pedagógica desenvolvida.
Por meio de levantamento realizado junto aos participantes, identificou-se que a maioria dos educandos, sendo 81% (22/27), já possuía uma conta no Instagram, enquanto 19% (5/27) não possuía (Figura 2), devido a questões pessoais ou pela capacidade de memória de seus smartphones, sendo que a esses foi solicitada a criação de uma conta. Entretanto, apenas aqueles que já possuíam acesso (22/26) seguiram o perfil criado pela Professora Estagiária, como solicitado, pois os demais não realizaram a criação de uma conta e não se exigiu do contrário, dado o reconhecimento da necessidade de respeito à escolha dos indivíduos, bem como as limitações do uso de TDCIs no contexto educacional.
Figura 2 - Representação gráfica entre o número de alunos e a respectiva quantidade daqueles que possuíam ou não uma conta na rede social Instagram
Fonte: Autoria própria (2019)
A conta @biologiaforadaaula era do tipo privada, o que permite ao criador da conta aceitar ou não que demais pessoas sigam seu perfil. Assim, foram aceitas apenas as solicitações dos educandos da turma, os quais eram público-alvo das publicações que seriam feitas. Outra razão para a conta ser do tipo privada, é a relação na posterior análise dos dados, os quais necessitariam ser apenas decorrentes das interações e respostas dos educandos.
As temáticas trabalhadas foram relativas aos Sistema Digestório e Respiratório humanos, sendo que, semanalmente, questões e curiosidades eram disponibilizadas. O intuito das atividades propostas em um ambiente online, era de abordar ou até mesmo propiciar que os educandos recordassem o que aprenderam anteriormente, independente do ambiente em que estavam inseridos no momento. A primeira atividade proposta tratava sobre o Sistema Digestório, sendo, basicamente, uma curiosidade do porque o estômago ronca quando se está com fome (Figura 3).
Figura 3 - Atividade proposta sobre o sistema digestório
Fonte: Autoria própria (2019).
Por ser a primeira atividade proposta e utilizar um campo (perguntas) no qual o educando deveria expressar sua opinião, poucos (3/22) se dispuseram a interagir, como evidenciado na Figura 3. Mesmo com pouca interação, a temática apresentada tratava de um fato comum e pertencente ao cotidiano de todos os seres humanos: a busca por uma explicação, ou por ter entendimento do que acontece em seu corpo, torna a aprendizagem ainda mais significativa.
Partindo da ideia de que o campo “perguntas” intimidou os educandos, foram realizados, posteriormente, testes, por meio dos quais foi possível identificar a presença de um erro/equívoco conceitual ou até mesmo uma dificuldade de interpretação quanto a alguns conceitos, como, por exemplo: o nome da enzima presente na saliva; onde ocorrem os movimentos peristálticos; e, órgãos que desempenham os processos de digestão mecânica e química no sistema digestório humano (Figuras 4 e 5).
Figura 4 - Enquetes propostas sobre o sistema digestório
Fonte: Autoria própria (2019)
Figura 5 - Respostas obtidas
Fonte: Autoria própria (2019)
Ao contrário do que ocorreu na atividade anterior, a ferramenta Teste do Instagram, quando utilizada, abrangeu um maior número de interações (65%), pelo fato de não necessitar de uma emissão de opinião dos educandos. Os resultados obtidos possibilitaram a identificação de alguns erros conceituais que precisavam ser corrigidos e retomados em aula, favorecendo o processo de ensino-aprendizagem. Vale destacar que o uso dessa ferramenta permitiu identificar erros e dificuldades de compreensão quanto aos conceitos da Biologia presentes nas questões. Isso porque ela permite a visualização do administrador-proprietário da conta de quem votou e no que cada um votou – como é possível visualizar na Figura 5 (em “Ver respostas”). Além disso, a cada participação, a ferramenta remete o participante a um feedback, indicando se a asserção escolhida estava correta ou não.
Diante desse número maior de interações, optou-se por utilizar a ferramenta de Teste e de Enquete para posteriores publicações. Por meio delas, foram propostas questões referentes a conceitos trabalhados sobre o Sistema Respiratório, com ênfase na anatomia e em algumas funções desempenhadas por ele (Figura 6).
Figura 6 - Teste referente ao Sistema Respiratório
Fonte: Autoria própria (2019)
Também foram propostos Testes e Enquetes sobre algumas temáticas que não haviam sido trabalhadas durante as aulas, por meio de publicações acompanhadas de um breve texto explicativo, como é possível visualizar na Figura 7.
Figura 7 - Enquete referente a curiosidades do sistema respiratório
Fonte: Autoria própria. (2019)
Mesmo se tratando de curiosidades, foi possível verificar que a maioria dos educandos que interagiram (7/11) assinalaram respostas corretas, expressando domínio conceitual, ou evidenciando ainda mais a facilidade de acesso ao conhecimento, dado o fato de estarem utilizando seus smartphones e navegando na internet ao interagirem com esta proposta.
Dentre os vinte e dois educandos seguidores do perfil @biologiaforadaaula, nem todos interagiram com as atividades publicadas. Essa constatação se deu pelo acompanhamento do número de visualizações da publicação, pois no Instagram o criador do perfil consegue ver quem visualizou e interagiu, quem não visualizou, e quem visualizou e não interagiu. Em síntese, a maioria das publicações apresentou um número de visualizações entre 16 e 22, indicando ausência de visualização por alguns educandos. Uma das possíveis justificativas para esses quantitativos, é o fato de que o acesso à rede social era feito diariamente por 72,7% (16/22), enquanto 27,3% (6/22) não realizavam o acesso diário. Sendo que, essas informações foram obtidas de maneira dialógica com os alunos em classe. Para além da questão “acesso diário ou não”, outro fator que implica nesses resultados é que as publicações não eram agendadas, no caso informadas com antecedência de quando seriam publicadas, o que pode ter restringido o número de interações.
Com relação à verificação do uso dessa ferramenta como algo inovador nos processos de ensino e aprendizagem, os educandos responderam a uma Enquete, por meio da qual foi identificado que apenas quatro já haviam utilizado o Instagram como meio ou ferramenta de pesquisa por meio da qual é possível se informar, ou até mesmo, espaço no qual possam aprender. Contudo, a interação proposta no perfil @biologiaforadaaula estimulou e/ou potencializou a interação de alguns dos educandos com contas que remetem a questões e temáticas tanto da área da educação, quanto de saúde, beleza e alimentação saudável. Nesse contexto, destaca-se a popularidade do Instagram como rede social, especialmente pelo fato de que não só contas pessoais (físicas) a integram, mas também perfis comerciais e interativos, como, por exemplo, perfis de bibliotecas, lojas, restaurantes, de digital influencers, de museus e universidades, entre outros que o utilizam como ferramenta de marketing (SALOMON, 2013).
Considerando o cenário inicial de “pequeno número de educandos usuários do Instagram para a aprendizagem”, podemos considerar que a utilização do Instagram no ensino de Biologia foi uma proposta inovadora. O uso das ferramentas Story, Teste e Enquete, problematizando conceitos referentes à anatomia e fisiologia dos Sistemas Digestório e Respiratório humanos inovaram, na medida em que se constituíram novidade, uma forma nova e diferente de aprender e ensinar. Assim indica o depoimento de dois educandos: “Nunca utilizei o Instagram para esta finalidade antes, mas foi bem legal e bom para o nosso aprendizado” (Educando A); “Nunca havia utilizado para isto antes, mas achei algo bem inovador e dinâmico” (Educando B).
Por fim, para vislumbrar as percepções quanto à escolha da Professora Estagiária em usar o Instagram durante o período de regência no ECS, 100% dos educandos indicaram que a experiência os fez pensar sobre, ou retomar conceitos trabalhados. Para compartilhar algumas das devolutivas dos educandos sobre isso, a seguir se destacam os indicativos dos educandos C, D, E e F.
C - Eu achei esta tua ideia incrível, assim a gente acaba não esquecendo o que foi estudado.
D - Assim é possível relembrar o que foi visto em aula.
E - As publicações ajudaram a lembrar do conteúdo e inclusive tirar uma dúvida que eu tinha além de ligar os alunos ao estudo fora da escola, já que muitos não o fazem.
F - Além de lembrar do conteúdo foi possível aprender algumas coisas novas.
Tais depoimentos permitem identificar que a opção pelo Instagram cumpriu com o objetivo de subsidiar e mediar a aprendizagem de conceitos da Biologia, bem como de retomar e esclarecer algumas dúvidas, levando-os para “fora do ambiente escolar”. Como afirma Lorenzo (2013), o uso das redes sociais como ferramentas de ensino são um eficiente modo de construções de relações; assim, utilizar uma rede social proporcionou a interação, comunicação e inclusão da aprendizagem em um ambiente extraclasse.
Pela perspectiva do olhar docente, da Professora Estagiária, utilizar essa ferramenta não exigiu grandes esforços, especialmente por sua inserção social e cultural na mesma sociedade da informação e da comunicação, no mesmo ciberespaço que os educandos, estudantes de Ensino Médio. E, nisso, destaca-se a presença constitutiva da cibercultura na educação, pois, por meio de múltiplas linguagens, múltiplos canais de comunicação e em temporalidades distintas, escola, professores, alunos e seus pares, conectam-se em ambientes virtuais de ensino, como sugere Teixeira (2013).
O conjunto de perguntas e curiosidades publicado, contribuiu para a construção do conhecimento, pois os educandos foram provocados a interagir com questões do cotidiano, assim como foram convidados a pensar sobre aspectos do contexto sociocultural das temáticas discutidas. Segundo Vygotsky (2007), na Zona de Desenvolvimento Proximal, o indivíduo interage com os outros e o meio que o cerca, em seu contexto e meio histórico-cultural, de maneira que significam conceitos e internalizam conhecimentos e, nesse processo, se desenvolvem.
Dessa perspectiva, reconhecer o ciberespaço como ambiente interativo com o, e no qual, um estudante do Ensino Médio pode interagir com os conteúdos de natureza distintas, sendo de viés científico ou até mesmo de senso comum, estimula a criticidade, fomenta e subsidia a escolha por aqueles que promovam aprendizagens que podem ser levadas para o dia a dia dos indivíduos.
Considerações finais
Analisando o atual contexto sociocultural, é possível reconhecer que as formas de acesso à informação são variadas, prevalecendo, no entanto, as provenientes da Internet e seus meios de comunicação. Pensar o processo de ensino permeado pelas TDICs, pode parecer algo distante em muitos contextos, porém, quando pensamos em algumas ferramentas tecnológicas (redes sociais, aplicativos diversos) disponíveis, talvez seja possível articulá-los.
Nesse contexto, fazer uso de uma rede social no processo de ensino vem sendo uma alternativa à docência, de forma que educadores se aproximem do contexto em que os jovens e adolescentes estudantes de Educação Básica vivem. Contudo, fazer com que o ensino seja atrativo e prazeroso, nem sempre é uma tarefa fácil, porém, práticas singulares como a nesse texto estão descritas, indica possibilidades para o estabelecimento de um ambiente de aprendizagem para além dos limites físicos da sala de aula, como tradicionalmente estipulado.
Com a utilização do Instagram, foi possível estimular com sucesso a participação dos alunos e, ao mesmo tempo, cativar o seu interesse no processo de aprendizagem ao longo do período trabalhado. Além disso, a ferramenta possibilitou o estudo e revisão de conceitos da biologia na medida em que as publicações, nele feitas, convidavam os educandos à reflexão, estimulando-os a reconhecer sua aprendizagem sobre os assuntos discutidos, bem como se valer deles para a resolução das problemáticas propostas e se interessar por curiosidades a respeito. Dessa forma, podemos dizer que o Instagram pode representar uma ferramenta significativa como apoio didático para o trabalho em sala de aula, não somente para disciplina de biologia, mas sim como um todo. A sua potencialidade é observada por se tratar de uma mídia social que cria oportunidades de interação, colaboração, trocas, partilhas e aprendizagem em comum.
Por fim, este estudo ainda indica a importância de os educadores buscarem novas metodologias, tornando as TDICs parte do cotidiano da sala de aula, do ambiente escolar, promovendo a interação para com avanços tecnológicos da informação e da comunicação, fazendo da escola um espaço-tempo de promoção da inclusão digital, pois nem sempre os educandos têm condições iguais de acesso a eles.
Referências
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Fernanda. Ensino e aprendizagem: qual a influência das redes sociais
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aprendizagem-qual-influencia-das-redes-sociais/. Acesso em: 10
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CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. 2.ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
CASTELLS, Manuel; CARDOSO, Gustavo. The Network Society: From
Knowledge to Policy. 1.ed.
Washington, DC: Johns Hopkins Center for Transatlantic Relations, 2005.
COLE, Jeffrey. Internet and
Society in a Global Perspective: Lessons from Five Years in the Field. In:
Castells M. and CARDOSO, G (Org). The Network Society, From Knowledge to
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Center for Transatlantic Relations, 2005, p. 305-325.
G1 (Brasil). Instagram ultrapassa os 500 milhões de usuários. 2016. Disponível em: http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2016/06/instagram-ultrapassa-os-500- milhoes-de-usuarios.html. Acesso em: 22 nov. 2019.
LÉVY, Pierre. Cibercultura. 1.ed. São Paulo: Editora 34, 1999.
MONTEIRO, Silvana Drumond; CARELLI, Ana Esmeralda; PICKLER, Maria Elisa Valentim. A Ciência da informação, Memória e Esquecimento. Data Grama Zero, n.6, 2008. Disponível em: www.datagramazero.org.br/dez08/art02.htm. Acesso em: 07 nov. 2019.
TEIXEIRA, Marcelo Mendonça. A cibercultura na educação. Pátio, 7.ed. 2013.
[1] Na Escola,
lócus empírico da prática de estágio cujo desenvolvimento é objeto de análise
do estudo, assim refere- se e concebe, sendo que assim se reconhece a melhor
definição para este sujeito que está na escola em constituição histórico –
social, cognitiva e culturalmente.
[2] A
ferramenta Story, permite a descrição
de um evento ou acontecimento por meio de imagens ou textos que podem ser
visualizados durante o período de 24 horas.