ReTER, Santa Maria, v.2, n.4. ISSN:2675-9950 | Dossiê Educação Profissional e Tecnologias em Rede. |
O USO DE SIMULADORES TECNOLÓGICOS NA DISCIPLINA DE ANATOMIA HUMANA
Denise Corrêa Martins Venâncio
Especialista
em Tecnologias para Educação Profissional pelo Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Santa Catarina – denisevenancio01@hotmail.com
Mestre
em Educação, Comunicação e Tecnologia pelo Programa de Pós-graduação em
Educação (PPGE) da Universidade do Estado de Santa Catarina – edivaldolubavem@hotmail.com
Professor
do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia de Santa Catarina –
CERFEaD Florianópolis – rogerio.bittencourt@ifsc.edu.br
Resumo: O objetivo desta pesquisa foi identificar a percepção dos professores de Anatomia Humana, de instituições de ensino superior do estado de Santa Catarina, sobre a dinâmica das aulas, sobretudo quanto ao uso de simuladores tecnológicos. Nesse contexto, debateu-se sobre os referenciais do Ensino Prático da Anatomia Humana no Ensino Superior e da Realidade Virtual como Metodologia ao Ensino da Anatomia. O caminho metodológico escolhido segue as características da abordagem qualitativa. Ao todo, seis docentes participaram do estudo, respondendo a um questionário semiestruturado. Dois deles afirmaram não conhecer a tecnologia por simuladores de anatomia humana. Os que conhecem afirmaram ser uma excelente ferramenta de apoio aos estudos, mas não substitutos dos cadáveres humanos. Esta pesquisa se mostrou como contribuinte ao tema abordado, pois estimulou os professores pesquisados a pensar sobre a utilização de estratégias de ensino inovadoras em suas aulas práticas de anatomia humana.
Palavras-chave: Anatomia; Simuladores; Realidade Virtual; Ensino.
THE
USE OF TECHNOLOGICAL SIMULATORS IN THE SUBJECT OF HUMAN ANATOMY
Abstract: The objective of this research was
to identify the perception of teachers of Human Anatomy, from higher education
institutions in the state of Santa Catarina, about the dynamics of classes,
especially regarding the use of technological simulators. In this context, the
references of the Practical Teaching of Human Anatomy in Higher Education and
the Virtual Reality as a Methodology for Teaching Anatomy were debated. The
chosen methodological path follows the characteristics of the qualitative approach.
In all, six professors participated in the study, answering a semi-structured
questionnaire. Two of them claimed not to know the technology for human anatomy
simulators. Those in the know said that it is an excellent tool to support
studies, but not a substitute for human cadavers. This research proved to be a
contributor to the topic addressed, as it encouraged the researched teachers to
think about the use of innovative teaching strategies in their practical human
anatomy classes.
Keywords: Anatomy; simulators; Virtual
Reality; Teaching.
Introdução
A indústria de jogos tem
sido a principal protagonista em investimentos de pesquisa e desenvolvimento de
novas tecnologias para Realidade Virtual (RV) e Realidade Aumentada (RA). A RV
e a RA são tecnologias que surgiram no século passado com inúmeras
possibilidades, mas que somente nos últimos anos, com o avanço de suas técnicas
e atualizações de hardwares de processamento gráfico, passaram de um estado de
geração de conceitos e estudos acadêmicos para o uso efetivo das tecnologias em
produtos comerciais.
Assim, essas tecnologias
vêm cada vez mais ganhando espaço no mercado e na área educacional, deixando de
ser apenas uma interatividade, para um recurso tecnológico provedor do
conhecimento. Estão sendo aplicadas em muitas áreas, por exemplo, no campo da
medicina, como em cirurgias e tratamentos de estresse, em aplicações para
arquitetura, na área educacional através de simuladores, na área do
entretenimento através de jogos, entre outras (DIHL
et al., 2018).
Carvalho (2012) descreve que a Realidade Virtual é uma ferramenta que
busca usar a simulação de uma situação real e a transformar em uma situação
igual, que pode ser feita virtualmente, reproduzida através das tecnologias da
informática, tendo por finalidade facilitar o treinamento e a aprendizagem.
Dentre os simuladores existem os que usam apenas o computador (programas de
computador) e os que usam acessórios, como os hápticos e outros hardwares.
Com esse avanço da
tecnologia, proporcionou-se ao ensino da anatomia humana práticas que pudessem
ser aprendidas com o uso de simuladores. A anatomia humana é uma ciência
essencial para os profissionais da saúde, inclusa nas disciplinas básicas do currículo
escolar, a fim de proporcionar um entendimento completo das estruturas
morfológicas e sua relação espacial (OLIVEIRA
et al., 2013).
Historicamente, define-se
que o estudo da anatomia é realizado com uso de cadáveres, contudo, existem
algumas desvantagens dessa prática, como o alto custo para manutenção das
peças, a dificuldade no armazenamento de maneira adequada, quantidade
insuficiente de peças em razão da dificuldade na sua aquisição e demanda
crescente, a degradação causada pelo manuseio constante das peças e o uso de
produtos químicos tóxicos para a conservação (COCCE
et al., 2017).
Silva et al. (2016, p. 157) descrevem
que “diante da dificuldade de aquisição de novos cadáveres humanos atualmente,
a conservação dos cadáveres existentes se reveste em um ponto crucial no ensino
da Anatomia”.
Nesse contexto buscou-se
com essa pesquisa responder o seguinte problema: Qual a percepção dos professores
que lecionam a disciplina de Anatomia Humana sobre a utilização de simuladores
tecnológicos em substituição aos cadáveres nas aulas práticas?
Desta forma, o objetivo
da pesquisa foi identificar a percepção dos professores de Anatomia Humana, de
instituições de ensino superior do estado de Santa Catarina, sobre a dinâmica
das aulas, sobretudo quanto ao uso de simuladores tecnológicos.
Fundamentação Teórica
Ensino prático da Anatomia Humana no Ensino Superior
A Anatomia é considerada
um dos estudos mais antigos da humanidade, sua origem se iniciou por cerca de
cinco milênios antes de Cristo, utilizada pelos egípcios, onde desenvolveram
técnicas de conservação dos corpos e simples intervenções cirúrgicas. Na
Grécia, Hipócrates, ficou conhecido como o pai da medicina por realizar
dissecação de corpos, buscando compreender os mistérios da vida (CÂMARA, 2014).
Andrade Filho e
Pereira (2015) descrevem que é
imprescindível aos profissionais das áreas da saúde e ciências biológicas ter o
conhecimento e estudar a Anatomia Humana, tornando indispensável para ter um
bom exercício de sua profissão.
No Brasil, as
Universidades são amparadas em possuir para os seus estudos científicos a
aquisição de cadáveres, conforme rege a lei nº 8.501, de 30 de novembro de
1992, que “dispõe sobre a utilização de cadáver não reclamado, para fins de
estudos ou pesquisas científicas e dá outras providências” (BRASIL, 1992).
Atualmente muitas
Universidades vêm sofrendo com a falta de recebimento de corpos para esse fim.
Como alternativa para sanar essa deficiência, optam por efetuar campanhas de
doação voluntária entre as comunidades. Essa opção de doação voluntária é ofertada
conforme prevê a lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, em seu artigo 14, que
“é válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do
próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte” (BRASIL, 2002).
Friedrich (2019) ressalta que o tempo de vida útil do cadáver depende
das práticas de manipulação realizadas, por isso, é caracterizada como
indeterminado. Pois depende do seu tempo de utilização, assim os corpos deixam
de ser úteis para alguns estudos (as veias podem se deteriorar, por exemplo)
após um tempo excessivo de uso. Apenas quando chegam a este ponto é que passa a
ser necessário o descarte. Normalmente ocorre o descarte por meio de
incineração, com a solicitação de empresa conveniada especializada em realizar
esse serviço.
Silva et al. (2016) descrevem, por
meio do estudo realizado com docentes de anatomia, que alguns destes
pesquisados que utilizam a formolização estão insatisfeitos e uma boa parte
pretende mudar tal método de conservação de cadáver, sendo a glicerinação o
método mais almejado. Desejam substituir esse método por conta da insalubridade
do formol, pois o uso do formaldeído é prejudicial à saúde, em que os principais
afetados são os docentes, pesquisadores e técnicos de laboratórios, ou seja, os
que estão em contato por longos períodos.
Diante desse contexto,
atualmente é fato que vem crescendo a oferta de materiais didáticos artificiais
e virtuais, com o intuito de substituir os cadáveres humanos. No entanto, o
material cadavérico ainda se impõem ao sintético, pois é comum possuir
variações no corpo humano, o que se torna impossível de ser reproduzido por
outro material didático que venha excluir o cadáver (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2007).
A Realidade Virtual como Metodologia ao ensino da Anatomia
A interface em Realidade
Virtual (RV), segundo Costa e Ribeiro (2009), envolve um controle tridimensional extremamente
interativo aos processos computacionais. O usuário dessa realidade entra no
espaço virtual das aplicações e visualiza, manipula e explora os dados da
aplicação em tempo real, através dos seus sentidos, especialmente os movimentos
naturais tridimensionais do corpo.
Ferreira (2014) afirma que a Realidade Aumentada é um mundo de
possibilidades e suas aplicações são imensas, sendo o único limite a
imaginação. Para o autor, esta tecnologia surgiu aliada à indústria e com ela
se desenvolveu significativamente. Nos dias de hoje, encontramos a RV em quase
todas as áreas, desde saúde ao entretenimento, além de áreas diversas como o
design, educação e arquitetura.
Neste contexto surge o
uso de simuladores tecnológicos. O marco inicial do uso dos simuladores ocorreu
em 1962, nos Estados Unidos, por Morton Heilig em sua invenção intitulada
Sensoram, que foi a primeira série de vídeos de realidade virtual (BURDEA; COIFFET, 2017).
Estes simuladores eram artefatos considerados bastante simples, o qual eram
compostos por um painel de controle construído sobre uma plataforma móvel, que
se movimentava de acordo com os procedimentos de seus usuários (COSTA; KAYATT; BOGONI, 2018).
Logo após esse período,
por volta dos anos 1966, Ivan Sutherland ficou conhecido como o responsável em
aprimorar o simulador, produzindo efeitos de animações, com simulações de voo
rasos usados para treinar pilotos. Os primeiros geradores de cena gráfica foram
produzidos por Evans e Sutherland que podiam exibir cenas simples de apenas
200-400 polígonos (BURDEA; COIFFET, 2017).
A partir desta
experiência, outras se sucederam, criando e testando diferentes tipos de
dispositivos e tecnologias de interface. Nos anos 90, houve a expansão da
comercialização de grandes empresas de dispositivos como, rastreadores de
posição, equipamentos de som, capacetes e luvas de diferentes modelos, além de
hardware e software específicos. Intensificando-se até os dias de hoje,
proporcionando acesso a um grande número de pessoas o conteúdo
tridimensional-3D em suas próprias casas (COSTA; KAYATT; BOGONI, 2018).
Lunce (2006) destaca que a simulação educacional é baseada em um
modelo interno de um sistema do mundo real ou fenômenos em que alguns elementos
foram simplificados ou transformados para facilitar a aprendizagem.
Zhang et al. (2019) destacam que com a
expansão da educação médica e a reprodução de peças anatômicas humanas, assim
como as limitações de tempo e lugar para o treinamento anatômico, a qualidade
do ensino de anatomia tem sido seriamente afetada. Surge, então, a necessidade
do ensino de anatomia, através do uso de tecnologia, da realidade virtual (VR)
para construir um sistema de ensino de anatomia virtual, baseado no conjunto de
dados chinês “Chinese Visible Human”
(CVH), o qual poderia fornecer recursos de ensino reais e reutilizáveis para o
ensino da anatomia. Além do ensino tradicional, os sistemas de ensino de
anatomia virtual têm vantagens de observação de peças com múltiplos níveis e
angulação e anatomia virtual não destrutiva, entre outras. Aliviando a pressão
sobre o ensino anatômico. Até certo ponto, ele pode substituir a tradicional
metodologia de ensino.
Desde 2017 o Ministério
da Educação (MEC) autorizou aos novos cursos de medicina iniciar o ano letivo
com tecnologia de simulação anatômica que eliminam o uso de cadáveres para
aulas práticas (MTI TECNOLOGIA, 2017).
Marques (2018) afirma que essa tecnologia tem diversos benefícios,
um deles é o conforto no estudo dos casos, sem a preocupação e a burocracia do
uso de peças anatômicas humanas reais, o que para algumas instituições de
ensino, é uma grande dificuldade a aquisição de determinados materiais,
limitando o ensino e dificultando a excelência dos cursos na área de saúde. Os
bonecos de anatomia se apresentam das mais diversas características, podendo eles
ter fisionomia masculina ou feminina, aspecto de criança ou de adulto,
articulados ou totalmente simples. Alguns ainda possuem os órgãos soltos,
alguns com peças que têm a possibilidade de montagem de corpo inteiro ou de
partes deles. O fato é que as aulas ganharam excelentes reforços para o
desenvolvimento dos nossos futuros profissionais. Mas a tecnologia não termina
por aí, pois ainda, “dissecando” os bonecos têm contribuições para a educação,
pode-se observar que muitos são considerados “robôs de anatomia”, verdadeiros
simuladores das atividades fisiológicas.
Procedimentos Metodológicos
O estudo quanto à sua
natureza classifica-se por pesquisa aplicada. Caracteriza-se desta forma por
ter a finalidade de buscar soluções e entender os problemas humanos (ZANELLA, 2013).
Em relação a forma de
abordar o problema, a pesquisa se caracteriza como qualitativa. Nesta pesquisa
existe a preocupação do pesquisador com o aprofundamento da compreensão do
grupo social estudado (GOLDENBERG, 2004).
Quanto aos objetivos,
classifica-se como pesquisa descritiva. Esse tipo de pesquisa tem como objetivo
obter uma série de informações sobre o que deseja pesquisar e pretende
descrever profundamente os fatos e fenômenos da realidade estudada (TRIVIÑOS, 2008).
A pesquisa tem como
procedimento técnico o cunho bibliográfico e a coleta de dados foi realizada
por meio da pesquisa de campo. Nesse sentido, o instrumento utilizado para coleta
dos dados em campo foi o questionário. Segundo Andrade
(2010), p. 134, “o questionário é um
conjunto de perguntas que o informante responde, sem a necessidade da presença
do pesquisador”. As perguntas do instrumento foram semiestruturadas em formato
aberto.
A pesquisa foi
desenvolvida com docentes das disciplinas de anatomia humana de instituições de
ensino superior de Santa Catarina, de cursos distintos de Medicina,
Odontologia, Ciências Biológicas e Fonoaudiologia. Os sujeitos foram informados
sobre os procedimentos e participaram aqueles que se sentiram à vontade para
contribuir com a proposta. Por se tratar de uma pesquisa de abordagem
qualitativa, a seleção dos participantes foi delimitada com amostragem não
probabilística intencional.
O desenvolvimento da
pesquisa foi entre os meses de agosto à novembro do ano de 2020. O caminho
metodológico foi realizado em função do contexto de pandemia enfrentado pelo
novo coronavírus e todos os cuidados na pesquisa de campo foram tomados,
salvaguardando os sujeitos envolvidos.
Resultados e Discussões
Dentre os 10 docentes, de
03 entidades educacionais de ensino superior do estado de Santa Catarina,
convidados a responder o questionário semiestruturado, seis se dispuseram a
responder.
Dentre os docentes
pesquisados, dois deles afirmaram não conhecer a tecnologia por simuladores de
anatomia humana. Os que conhecem afirmaram ser uma excelente ferramenta como
recurso de apoio aos estudos, mas não substitutos dos cadáveres humanos, apenas
em caso de indisponibilidade desse material.
A seguir, por meio das
transcrições das entrevistas com os docentes, é possível observar como estes
percebem o uso dos simuladores tecnológicos.
Docente 1: “Conheço. São
excelentes e acredito que agregam muito ao ensino, acho que o que deveria
substituir os cadáveres é o ensino de Anatomia Palpatória e os simuladores
seriam um apoio excelente”.
Docente 3: “Já vi, mas
nunca me interessei em conhecer melhor porque tenho a certeza que NADA substitui
as peças naturais. Só teria interesse em conhecer caso não tivesse opção alguma
de peças naturais”.
Docente 4: “Os pontos
positivos são: o acesso, já que não precisa se deslocar até o laboratório e a
facilidade de observação das estruturas menores que muitas vezes ficam
comprometidas pela dissecação ou danificadas com o formol. Os pontos negativos
é que não há manuseio e não substitui a realidade das peças”.
Docente 5: “Acredito que
seria coadjuvante no ensino e não sendo substituído por uma análise e estudos
em cadáveres”.
Questionou-se, na
tentativa de identificar preferência por uso de simuladores tecnológicos, sobre
a forma tradicional do ensino prático de anatomia, por meio do uso de
cadáveres, como elemento de desconforto em sala que viesse atrapalhar o
aprendizado. Os docentes reforçaram a importância do uso de cadáveres,
afirmando que raramente há algum desconforto. Ainda, colocaram que o momento
das aulas práticas no laboratório é muito aguardado entre os alunos e que estes
geralmente possuem total atenção.
Na discussão entre a
adoção de novas tecnologias e o ensino tradicional, a condição física das peças
anatômicas e a quantidade disponível em laboratório para as aulas são pontos
importantes para o sucesso no ensino de anatomia. Este apontamento esteve
presente na pesquisa e para a realidade estudada, nas instituições de ensino
superior do estado de Santa Catarina, os docentes afirmaram não ter problemas
com quantidades. Para eles, a demanda disponível atende às necessidades, além
de possuírem estado adequado para as práticas. Reconhecem que algumas peças
estão com as dissecações demasiadas, mas ainda sendo satisfatórias para o
processo de ensino e aprendizagem prático.
As externalidades são
sempre norteadoras e propulsoras das adequações metodológicas. Sobre essa
pauta, no momento vivenciado da pandemia do novo coronavírus, sendo necessário
a adequação das aulas presenciais para o formato remoto como exigência do
Ministério da Educação (MEC), os simuladores tecnológicos ganharam visibilidade
nos espaços formais de ensino.
Os docentes de anatomia
que participaram da pesquisa, em sua maioria, responderam que necessitaram se
adequar, apresentando suas aulas no formato das plataformas virtuais, com aulas
assíncronas e síncronas, e as práticas ocorreram no laboratório, mas com número
reduzido de alunos. Dentre eles, uma docente afirmou que utilizou os
simuladores tecnológicos como estratégia metodológica e que seus resultados
foram satisfatórios, indo além do que se esperava.
Considerações Finais
Mesmo diante da evolução
tecnológica, pode-se verificar com esta pesquisa que existem docentes
universitários que ainda desconhecem os simuladores tecnológicos e alguns
afirmam que a tecnologia não substitui o ensino por meio de cadáveres humanos,
mesmo com os pontos negativos à saúde destes trabalhadores em função da
conservação das peças anatômicas.
Aos que puderam
experimentar o simulador de anatomia humana, utilizados neste período de
isolamento social, onde necessitaram estar longe do laboratório de anatomia,
obtiveram uma experiência satisfatória e o recomendam como um complemento ou
substituto das peças e cadáveres humanos. Isso representa, portanto, um aspecto
perceptivo positivo e suscita a necessidade do estímulo ao contato maior desses
docentes com a tecnologia dos simuladores.
Esta pesquisa se mostrou
como contribuinte ao tema abordado, pois estimulou os professores pesquisados a
pensar sobre a utilização de estratégias de ensino inovadoras em suas aulas
práticas de anatomia humana.
Sugere-se, a partir deste
estudo, o desenvolvimento de pesquisas complementares sobre a percepção dos
sujeitos em formação, ou seja, os estudantes da disciplina anatomia humana
sobre o uso destes simuladores tecnológicos. Afinal, serão eles os
beneficiários desse processo de ensino aprendizagem e que irão aplicar o
conhecimento em sua prática profissional.
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