ReTER, Santa Maria, v.2, n.4. ISSN:2675-9950 | Dossiê Educação Profissional e Tecnologias em Rede. |
VIDEOAULAS COMO FERRAMENTA COMPLEMENTAR
NA APRENDIZAGEM EM SAÚDE: REFLEXÕES SOBRE O DISCURSO DE ESTUDANTES DA ÁREA
Maria Bethânia Tomaschewski Bueno
Mestranda em Ciências e Tecnologias na
Educação, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
Sul-Rio-Grandense - Câmpus Pelotas / IFSul – bethaniatomaschewsky@gmail.com
Pós-graduando em MBE
em Engenharia de Produção e Serviços pela Universidade Luterana do Brasil
(ULBRA), Graduado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de
Pelotas (UFPel) – bueno.mateus@gmail.com
Doutora em Ciência da Computação -
UFRGS, docente do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia Sul-Rio-Grandense - Câmpus Pelotas / IFSul – isabelmoreira@gmail.com
Doutor em Educação em Ciências - FURG, docente no Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia Sul-Rio-Grandense - Câmpus Pelotas / IFSul
– ftbrod@gmail.com
Resumo: A videoaula é um recurso educacional que
combina texto, animações, imagens, dentre outros meios para dinamizar a
informação, da mesma forma que democratiza a interlocução do conhecimento
potencializando assim as diversas habilidades das/dos estudantes. O objetivo
desta pesquisa é refletir sobre a utilização de videoaulas na aprendizagem
extraclasse de estudantes da área da saúde, com a problematização: ‘Como fisioterapeutas
e ainda estudantes da área da saúde percebem a ferramenta da videoaula na
aprendizagem complementar nessa área?’. A metodologia utilizada foi
qualiquantitativa, com aplicação de questionário com perguntas abertas e
fechadas. Para as perguntas abertas foi utilizada a técnica do Discurso do
Sujeito Coletivo (DSC) e os sujeitos foram fisioterapeutas cursando
pós-graduação em diversas áreas da saúde, em um município da região sul do
Brasil. Os resultados foram sete sujeitos pesquisados, que originaram oito
discursos coletivos. Os discursos coletivos expressaram a videoaula como uma ferramenta que proporciona praticidade no que tange
tempo e espaço e um complemento para a aprendizagem devido aos recursos
audiovisuais, embora tanto a videoaula quanto a aula tradicional ainda são
requeridas, dependendo de situações cotidianas.
Palavras-chave: Ensino em saúde; Ensino e aprendizagem; Tecnologias digitais.
VIDEO CLASSES AS
A COMPLEMENTARY TOOL FOR LEARNING IN HEALTH: REFLECTIONS ON THE DISCOURSE OF
HEALTH STUDENTS
Abstract: The
video lesson is an educational resource that combines text, animations, images,
among other means to make the information more dynamic, in the same way that it
democratizes the interlocution of knowledge, thus enhancing the various
abilities of the students. The objective of this research is to reflect on the
use of video-classes in the out-of-class learning of health students, with the
problem: 'How do physiotherapists and health students perceive the video-class
tool in complementary learning in this area? The methodology used was
qualitative and quantitative, with the application of a questionnaire with open
and closed questions. For the open questions, the Discourse of the Collective
Subject (DSC) technique was used and the subjects were physiotherapists
attending graduate courses in several health areas, in a city in the south
region of Brazil. The results were seven surveyed subjects, which originated
eight collective speeches. The collective speeches expressed the video class as
a tool that provides practicality in terms of time and space and a complement
for learning due to the audiovisual resources, although both the video class
and the traditional class are still required, depending on everyday situations.
Keywords: Health
education; Teaching and learning; Digital technologies.
Introdução
Em tempos que a cultura digital avança a todos os setores da
sociedade, os contextos educacionais tem se desdobrado em propostas que
compreendam as Metodologias Ativas, o Ensino Híbrido e a inserção de
Tecnologias Digitais para o engajamento das/dos estudantes no processo de
ensino e de aprendizagem. Para Valente
(2018) a
questão não está nos conhecimentos específicos e imprescindíveis de cada área e
sim, na abordagem tradicionalmente expositiva em pleno descompasso a contemporaneidade.
Segundo Valente (2018), a/o estudante, “Prefere os tutoriais online ou
os vídeos no YouTube para entender como as coisas funcionam. Esse aluno
certamente terá muita dificuldade para assistir a aulas expositivas por mais de
30 minutos” (p. 17). E é por meio de estratégias que diversifiquem o processo
de ensino e de aprendizagem, proporcionando a criticidade, autonomia,
criatividade, imaginação, significados afetivos e múltiplas percepções, atrelados
ao uso das tecnologias, é que há a possibilidade de engajar aos indivíduos.
As Metodologias Ativas são estratégias que buscam transformar o
ensino e a aprendizagem de forma diferenciada em relação a sala de aula
tradicionalmente expositiva. A/o estudante possui mais autonomia e há uma
reflexão sobre os assuntos abordados de maneira problematizada ao cotidiano e a
realidade daquele ambiente. Com isso, a/o estudante é estimulada/o de forma
criativa e crítica a resolver problemas exercendo valores e gerando novas
ideias (AHLERT; WILDNER; PADILHA, 2017).
As Metodologias Ativas se intensificaram a partir dos anos 90 no
ensino superior e nesse sentido, a área da saúde tem buscado se integrar a esse
âmbito. São diversas as estratégias de Metodologias Ativas para o estímulo ao
ato de ensinar e de aprender e as Tecnologias Educacionais Digitais atualmente
são fatores indissociáveis dessa conjuntura (OLIVEIRA; STADLER, 2014; BARROS et
al., 2018;
SANTOS
et al., 2018; RAMOS; STRUCHINER, 2009).
As Tecnologias Educacionais Digitais, segundo Áfio et al.
(2014, p. 159) são os “dispositivos para a mediação de processos de ensinar e
aprender, utilizadas entre educadores e educandos, nos vários processos de
educação formal-acadêmica, formal-continuada”. Essas tecnologias consistem em
recursos, como por exemplo: multimídias, vídeos, softwares, website,
aplicativos, quiz, simuladores, dentre outros (GEIB, 2017; BOTTI et al.,
2014; SILVA et al.,
2017).
O vídeo é um recurso midiático que utilizado na educação se torna
uma ferramenta didática impulsionadora no ensino e na aprendizagem. As
videoaulas podem conter textos, imagens, animações e propriamente vídeos, de
forma clara, objetiva e com finalidades para complementar o ensino e a
aprendizagem do público-alvo (OLIVEIRA; STADLER, 2014).
Segundo Oliveira e Stadler (2014) e Bussotti
et al. (2016), a efetividade da videoaula requer a contextualização do conteúdo
de forma dinâmica com o aspecto audiovisual interativo e de possibilidade a
pôr-se em prática o conteúdo, desenvolvendo assim o conhecimento. A videoaula
para a educação em saúde democratiza as informações referentes ao cuidado à
população, proporcionando o fomento de saberes e de experiências de forma a
abranger um número indiscriminado de aprendizes (OLIVEIRA; STADLER, 2014; BUSSOTTI
et al., 2016; VERRI et al., 2011).
Em uma área como a da saúde em que os estudos científicos avançam
exponencialmente é indubitável a procura pelo conhecimento por meio das Tecnologias
Educacionais Digitais. A videoaula vem sendo utilizada nesse meio em notável
demanda pela educação continuada e atualização profissional (BUSSOTTI
et al., 2016; VERRI et al., 2011; LIRA; CASTRO; AZEVEDO, 2015).
Outrossim, Moran (2013) evidencia que as Tecnologias Educacionais Digitais
já estão interligadas a educação e em sua pluralidade proporcionam a
mobilidade, flexibilidade e a vivência da teoria na prática e a reflexão
crítica sobre os conhecimentos de maneira múltipla, mesmo sem sair do lugar. E atualmente,
para os indivíduos de uma sociedade tecnológica, a educação e a educação em
saúde não podem estar indissociáveis desses meios de disseminação de
informações.
Nesse sentido, esta pesquisa tem o objetivo de refletir sobre a
utilização de videoaulas na aprendizagem extraclasse de estudantes da área da
saúde, com a problematização: ‘Como fisioterapeutas e ainda estudantes da área
da saúde percebem a ferramenta da videoaula na aprendizagem complementar nessa
área?’. Visto que, a área da Fisioterapia requer uma demanda presencial seja
entre docente-estudante-paciente, docente-estudante e/ou estudante-paciente e
com efeito as Tecnologias Educacionais Digitais possibilitam uma
contextualização da prática e um apoio extraclasse.
Metodologia
Diante da problematização de como fisioterapeutas e ainda
estudantes da área da saúde percebem a ferramenta da videoaula na aprendizagem
complementar nessa área, as/os autoras/es desta pesquisa perceberam que o
estudo necessitaria ser qualiquantitativo. A pesquisa qualiquantitativa é
aquela cuja abordagem mescla dados quantitativos e qualitativos, trabalhando
com objetos complexos e o instrumento utilizado é geralmente o questionário
semiestruturado (BRASILEIRO, 2013).
Nesse sentido, o instrumento para a coleta de dados foi um
questionário aplicado individualmente, que possuía perguntas fechadas para a
identificação dos sujeitos pesquisados e perguntas abertas para o conhecimento
sobre o tema foco desta pesquisa, possibilitando aos sujeitos expressarem
verdadeiramente suas opiniões sobre determinado assunto. A pesquisa foi
realizada entre os meses de abril a julho de 2019 e os sujeitos estudados foram
fisioterapeutas, cursando pós-graduação em diversas áreas da saúde, residentes
do município de Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil.
Para a análise dos dados das perguntas abertas foi utilizada a
técnica do Discurso do Sujeito Coletivo (DSC). O DSC expressa os pensamentos de
uma coletividade e é formado por fragmentos de discursos individuais que
agrupados ao longo de um processo minucioso demonstram o posicionamento desse
coletivo em relação a um determinado assunto (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2005).
Para a produção dos DSCs foi necessário realizar, após a coleta de
dados, quatro operações descritas como Expressões-Chave (E-Ch), Ideias Centrais
(ICs), Ancoragens (ACs) e por fim, os DSCs. As E-Ch são os trechos ou discursos
dos indivíduos que se adequem a pesquisa, as ICs são fórmulas sintéticas que
descrevem esse discurso ou trecho, as ACs são fórmulas sintéticas, mas ao
contrário das ICs as ACs são referentes a ideologia expressada no discurso dos indivíduos,
não sendo necessariamente obrigatórias em sua evidenciação (LEFÈVRE;
LEFÈVRE, 2005, p. 22).
Os DSCs são o agrupamento das E-Ch, em que possuem as ACs e ICs do
mesmo sentido ou que se complementam. Nesse sentido, com base em um processo
metodológico rigoroso é possível refletir sobre o posicionamento de um
determinado grupo em relação a um determinado tema (LEFÈVRE; LEFÈVRE, 2005).
Foram 11 sujeitos selecionados aleatoriamente e a esses sujeitos foi-se
explicado sobre a pesquisa, no entanto, apenas sete responderam ao questionário
dentro do período proposto. O questionário foi composto por perguntas fechadas
e abertas, como anteriormente mencionado, e as questões fechadas foram
dispostas em: nome, idade, sexo, profissão e curso.
Os sete sujeitos tinham idades entre 22 a 59 anos e apenas dois
eram do sexo masculino. Além da Fisioterapia, dois sujeitos eram Técnicas/os em
Enfermagem. As pós-graduações mencionadas foram: Dermatofuncional,
Traumatologia e Ortopedia, Quiropraxia e Fisioterapia Pélvica.
As perguntas abertas foram dispostas da seguinte maneira: ‘1. Você
utiliza videoaulas para estudar ou já utilizou? Se sim, com que frequência e
por quê?’; ‘2. Você acredita que videoaulas podem auxiliar no processo de
aprendizagem na área da saúde? Por quê?’; ‘3. Você tem algum conteúdo
específico em que utiliza videoaula? Qual (is)? Há algum diferencial no
conteúdo da mesma?’; ‘4. Na sua opinião, você aprende com mais facilidade
assistindo uma videoaula sobre um conteúdo ou em uma aula tradicional em sala
de aula? Justifique.’.
No Quadro 1 é evidenciado o Instrumento de Análise dos Discursos 1
(IAD1) da quarta questão e como preconiza a técnica do Discurso do Sujeito
Coletivo, a identificação dos sujeitos foi preservada e cada um foi designado
da letra A seguida de um número. Além disso, no IAD1 foram evidenciados os depoimentos
dos sujeitos pesquisados e demonstradas as Expressões-chave (E-Ch) e Ideias
Centrais (ICs).
Quadro 1: Instrumento de Análise dos Discursos – IAD1
Expressões-chave |
Ideias
Centrais |
(A1) Sim, com toda a certeza. Uma das principais
vantagens da videoaula é a questão da praticidade, pois você pode aprender e
estudar em qualquer lugar. É muito válido principalmente para pessoas que não
tem muito tempo durante a semana para estudar devido ao trabalho e a correria
do dia a dia. |
Praticidade da videoaula na aprendizagem |
(A2) Presencial eu particularmente aprendo mais,
pois com o professor explicando a matéria eu posso tirar as dúvidas! |
Aula tradicional |
(A3) Aula tradicional, porque dá pra tirar
dúvidas na hora. |
Aula tradicional |
(A4)
Como já respondi anteriormente as vezes quando
estou descansada consigo entender a aula mas quando estou muito cansada pós
plantão ai tenho que assistir
videoaula para poder me aprofundar e entender melhor o assunto. |
Ambos |
(A5) Aprendo mais em videoaula, na sala de
aula tem muitos barulhos, na videoaula geralmente se está em casa, ou
escutando um fone de ouvido. |
Facilidade em assistir as videoaulas |
(A6) Sim, tenho mais facilidade em assistir as videoaulas.
Por estar no meu próprio ambiente e poder rever quantas vezes for necessário
até que consiga sanar todas as minhas dúvidas é grande diferencial para
mim. |
Facilidade em assistir as videoaulas |
(A7) Na verdade é difícil a escolha, pois as
duas tem suas vantagens sendo a videoaula você pode ter o recurso de assistir
várias vezes e em um ambiente que você poderá se concentrar e a aula
tradicional você conta com o professor que poderá tirar suas dúvidas e dar
sempre uma dica que poderá ajudar você. |
Ambos têm vantagens |
Fonte:
Elaborada/o pelas/os autoras/es (2019).
De acordo com a técnica do Discurso do Sujeito Coletivo, foram agrupadas
as Expressões-chave conforme suas Ideias Centrais em sentido de semelhança e
complemento. No Quadro 2 denominado de Instrumento de Análise dos Discursos 2
(IAD2) é evidenciado esse processo, referente a quarta questão.
Quadro 2: Instrumento
de Análise dos Discursos – IAD2
Expressão-chave |
Discurso coletivo |
Presencial eu particularmente aprendo mais, pois com o professor
explicando a matéria eu posso tirar as dúvidas dúvidas na hora. quando estou descansada consigo entender a aula mas quando
estou muito cansada pós plantão ai tenho que assistir videoaula para poder me
aprofundar e entender melhor o assunto. Na verdade é difícil a escolha, pois as duas tem suas
vantagens sendo a videoaula você pode ter o recurso de assistir várias vezes
e em um ambiente que você poderá se concentrar e a aula tradicional você
conta com o professor que poderá tirar suas dúvidas e dar sempre uma dica que
poderá ajudar você. |
Na verdade, é difícil a escolha, pois as duas tem suas vantagens
sendo a videoaula você pode ter o recurso de assistir várias vezes e em um
ambiente que você poderá se concentrar e a aula tradicional você conta com o
professor que poderá tirar suas dúvidas e dar sempre uma dica que poderá
ajudar você. Quando estou descansada consigo entender a aula, mas quando
estou muito cansada pós plantão ai tenho que assistir videoaula para poder me
aprofundar e entender melhor o assunto. Provavelmente, presencial eu
particularmente aprendo mais, pois com o professor explicando a matéria eu
posso tirar as dúvidas na hora. |
Fonte:
Elaborada/o pelas/os autoras/es (2019).
Ademais, o processo evidenciado no
Quadro 1 e Quadro 2 também ocorreu na primeira, segunda e terceira questão. Os
processos originaram oito DSCs denominados de: ‘Não há frequência em assistir
videoaulas’, ‘Facilidade pela linguagem visual das videoaulas’, ‘Aprendizagem
prática, diversa e objetiva’, ‘Aprendizagem sem interrupção’, ‘Pesquisas sobre
estética, anatomia e neuroanatonia’, ‘Pesquisas para aprender e aperfeiçoar as
técnicas’, ‘Praticidade e facilidade em assistir videoaulas’ e ‘Videoaula e
aula tradicional, ambas têm vantagens’.
Resultados e discussão dos dados
Os DSCs resultantes demonstraram que essas/es profissionais e
estudantes se apropriam da ferramenta da videoaula como uma aprendizagem
complementar, no entanto também ressaltam a relevância da aula tradicional
expositiva em sala de aula. Os discursos revelam que os sujeitos dialogam entre
o ambiente presencial e o virtual, aprendendo de modo que, capte o que há de
positivo em cada um.
A primeira questão ‘Você utiliza videoaulas para estudar ou já
utilizou? Se sim, com que frequência e por quê?’ originou dois DSCs, um
denominado ‘Não há frequência em assistir videoaula’ evidenciado no Quadro 3 e
o outro denominado ‘Facilidade pela linguagem visual das videoaulas’ demonstrado
no Quadro 4. O DSC1, Quadro 3, demonstra que o sujeito coletivo se utiliza da
videoaula de forma esporádica, no qual requer suplementar alguma informação.
Quadro 3: DSC1 - Não há frequência em assistir videoaulas
Sim já utilizei, não
com muita frequência, eventualmente para poder me aprofundar mais no assunto
e ouvir explicações de outros profissionais. |
Fonte:
Pesquisa (2019).
O DSC2, Quadro 4, evidencia o contrário do DSC1, em que há uma
constância em assistir videoaulas, pois aquele sujeito coletivo possui uma
linguagem de aprendizado visual e auditivo, demonstra também uma facilidade de
aprendizado em assistir a videoaula do conteúdo desejado.
Quadro 4: DSC2
- Facilidade pela linguagem visual das videoaulas
Sim,
geralmente procuro assistir de 2 a 3 videoaulas por semana, fica mais fácil
pra aprender, porque visualizando e ouvindo consigo fixar melhor o conteúdo,
minha linguagem de aprendizado é bem visual por isso gosto de assistir aulas. |
Fonte:
Pesquisa (2019).
Valente (2014; 2005; 2018) e Moran (2013) ressaltam que as TDIC
necessitam estar inseridas e integradas aos processos educacionais, em que
passam a servir tanto como auxiliar na geração quanto na organização e
disseminação do conhecimento. E é exatamente isso que se observa no discurso do DSC2 ‘Facilidade pela
linguagem visual das videoaulas’, a possibilidade do conhecimento sendo ampliado através de uma combinação de recursos midiáticos.
Por exemplo, na pesquisa de Itakussu et al. (2014), as/os autoras/es
descreveram o processo de construção de um vídeo educativo em relação a
importância do uso da malha compressiva para indivíduos que sofreram
queimaduras. O estudo abordou aspectos
relacionados à cicatrização hipertrófica, esclarecimentos de dúvidas e
orientação sobre os cuidados de higienização e colocação da malha compressiva e
cuidados após alta hospitalar (ITAKUSSU et al., 2014).
As/os autoras/es ressaltaram que o vídeo educativo auxiliou nos
esclarecimentos às/aos pacientes e responsáveis na adesão das condutas
assertivas e assim na evolução do estado de saúde das/dos pacientes. Os vídeos, segundo o estudo, se tornaram
suportes na intervenção em saúde em que possibilitaram a interatividade com
fotos e áudios, por exemplo, o que despertou a atenção e a memória dos
indivíduos sobre o tema (ITAKUSSU et al., 2014).
A videoaula, como um exemplo dentro das possibilidades das
Tecnologias Educacionais Digitais, demonstra que o recursos tecnológicos são
contribuições no desenvolvimento das informações e dos conhecimentos. De modo
que não sejam abandonadas as interações humanas nos contextos educacionais e
sim, a combinação de ferramentas como a videoaula na combinação do
desenvolvimento e compartilhamento de saberes (VALENTE, 2018).
A segunda questão ‘Você acredita que videoaulas podem auxiliar no
processo de aprendizagem na área da saúde? Por quê?’ originou dois DSCs, um
denominado ‘Aprendizagem prática, diversa e objetiva’ demonstrado no Quadro 5 e
o outro ‘Aprendizagem sem interrupção’ evidenciado no Quadro 6.
Quadro 5: DSC3 - Aprendizagem prática, diversa e objetiva
Sim, pois as videoaulas são uma forma mais prática que eu encontrei para
estudar sobre novas técnicas que aparecem no mercado. Pela diversidade de
perfis de professores encontro nas videoaulas perfis que facilitam meu
aprendizado, pois são bem claras, objetivas e com bom nível de informações. |
Fonte:
Pesquisa (2019).
Ambos discursos, o DSC3 evidenciado no Quadro 5, o DSC4 evidenciado
no Quadro 6, remetem ao que anteriormente foi descrito sobre a videoaula, em
que essa ferramenta necessita ser objetiva, ter uma contextualização prática e
atraente às/aos suas/seus aprendizes (OLIVEIRA; STADLER, 2014). A praticidade, bem como
o modo visual de aprender aparece recorrente nos discursos, evidenciando a
videoaula como uma ferramenta que tem como finalidade um aprendizado singular e
prático ao que se refere ao cotidiano desses sujeitos.
Quadro 6: DSC4 - Aprendizagem sem interrupção
De repente pode ajudar sim! Quando se visualiza, o entendimento do que é
explicado fica mais claro, facilita na aprendizagem, pois podemos ver as
explicações sobre a patologia estudada sem interrupção de terceiros e tirar
as dúvidas se preciso for. |
Fonte: Pesquisa (2019).
A terceira questão ‘Você tem algum conteúdo específico em que
utiliza videoaula? Qual (is)? Há algum diferencial no conteúdo da mesma?’
originou dois discursos coletivos denominados de ‘Pesquisas sobre estética,
anatomia e neuroanatonia’ demonstrado no Quadro 7 e ‘Pesquisas para aprender e
aperfeiçoar as técnicas’ demonstrado no Quadro 8.
Quadro 7: DSC5 -
Pesquisas sobre estética, anatomia e neuroanatomia
Sim, geralmente as pesquisas são relacionadas à estética e eu utilizo a
plataforma online do meu curso. Em minha graduação utilizei muito em
anatomia, e hoje na pós-graduação continuo utilizando, como por exemplo,
anatomia humana e neuroanatomia. |
Fonte: Pesquisa (2019).
Os discursos DSC5 e DSC6, evidenciados no Quadro 7 e Quadro 8
respectivamente, estão em analogia com estudos da literatura, no qual apontam a
incidência da utilização de videoaulas na área da saúde com a característica de
educação continuada e o aperfeiçoamento profissional (BUSSOTTI
et al., 2016; VERRI et al., 2011; LIRA; CASTRO; AZEVEDO, 2015).
Por exemplo, o estudo de Verri et al. (2011) relatou a criação de uma
videoaula em que obtinha como premissa o auxílio à aprendizagem para as/os estudantes
de anatomia da área de saúde na forma presencial e a distância. As/os estudantes que participaram da
elaboração da videoaula pertenciam aos cursos de Enfermagem e Fisioterapia da Universidade
de Ribeirão Preto e do Centro Universitário Claretiano de Batatais (VERRI et
al., 2011).
O estudo ressaltou a videoaula como um auxilio complementar e de
suporte didático-pedagógico no conteúdo da anatomia, oportunizando à/aos estudantes
em rever as estruturas anatômicas e na importância do conhecimento anatômico
para a futura prática clínica. Além disso evidenciam a importância no incentivo
de materiais educativos diante da pluralidade de mídias e Tecnologias Digitais para
a melhoria da qualidade no processo de ensino e de aprendizagem na saúde (VERRI et
al., 2011).
No Quadro 8, o ‘DSC6 - Pesquisas para aprender e aperfeiçoar as
técnicas’, é possível perceber o benefício da ferramenta na disposição das
condições contemporâneas dos indivíduos, ao possuir a alternativa de assistir,
assistir novamente, pausar e fazer anotações, voltar ou avançar o conteúdo na
videoaula.
Quadro 8: DSC6 - Pesquisas para aprender e aperfeiçoar as técnicas
Não tenho. Quando tenho dúvidas em algum assunto volto na videoaula e
consigo rever o que tinha dúvidas, logo, utilizo para aprender e ou
aperfeiçoar técnicas de reabilitação para meus pacientes. |
Fonte: Pesquisa (2019).
A quarta questão descrita em ‘Na sua opinião, você aprende com
mais facilidade assistindo uma videoaula sobre um conteúdo ou em uma aula
tradicional em sala de aula? Justifique.’, originou o discurso denominado
‘Praticidade e facilidade em assistir videoaulas’ demonstrado no Quadro 9 e o
discurso ‘Videoaula e aula tradicional, ambas têm vantagens’ evidenciado no
Quadro 10.
Quadro 9: DSC7 - Praticidade e facilidade em assistir videoaulas
Sim, com toda a certeza. Uma das principais vantagens da videoaula é a
questão da praticidade, pois você pode aprender e estudar em qualquer lugar.
É muito válido principalmente para pessoas que não tem muito tempo durante a
semana para estudar devido ao trabalho e a correria do dia a dia. Por estar
no meu próprio ambiente e poder rever quantas vezes for necessário até que
consiga sanar todas as minhas dúvidas, na sala de aula tem muitos barulhos,
na videoaula geralmente se está em casa, ou escutando um fone de ouvido. |
Fonte:
Pesquisa (2019).
A videoaula possui a flexibilidade e a praticidade no que tange
tempo e espaço e um complemento atrativo devido aos recursos audiovisuais que
podem estar inseridos, e outro fator relevante é a possibilidade de pausar,
voltar e/ou avançar quantas vezes forem necessárias, para compreender o tema. O
controle do ritmo, do tempo e do espaço faz com que a/o estudante obtenha os
conhecimentos de maneira disruptiva e, algumas vezes, com linguagem dialógica e
contemporânea corroborando com os anseios da sociedade tecnológica.
O vídeo está umbilicalmente ligado à televisão e a um contexto de
lazer, e entretenimento, que passa imperceptivelmente para a sala de aula.
Vídeo, na cabeça dos alunos, significa descanso e não "aula", o que
modifica a postura, as expectativas em relação ao seu uso. Precisamos
aproveitar essa expectativa positiva para atrair o aluno para os assuntos do
nosso planejamento pedagógico. Mas ao mesmo tempo, saber que necessitamos
prestar atenção para estabelecer novas pontes entre o vídeo e as outras
dinâmicas da aula (MORAN,
1995, p. 27 e 28).
O modo como cada indivíduo aprende é singular, complexo e está
diretamente ligado a outros fatores, como por exemplo, aspectos econômicos e
socioambientais. Todavia, as Tecnologias Educacionais Digitais são democráticas
e têm como finalidade a facilitação do ensino e da aprendizagem, sem
distinções, devido aos seus diversos recursos para ampliar e potencializar
positivamente o desenvolvimento das competências de seu público-alvo (MORENO;
SONZOGNO, 2011; PINHO et al., 2019; ÁFIO et al., 2014).
Como resultado, tanto as videoaulas quanto as aulas expositivas foram
relatadas nos depoimentos. O sujeito coletivo evidenciou os pontos positivos em
cada meio para suprir seus anseios, isto é, a contribuição de cada uma em
conformidade com o seu contexto, dentro de suas possibilidades. Essas questões
foram observadas nos discursos coletivos, principalmente no DSC7, Quadro 9, e o
DSC8, Quadro 10.
Quadro 10: DSC8 - Videoaula e aula tradicional, ambas têm
vantagens
Na verdade é difícil a escolha, pois as duas tem suas vantagens sendo a
videoaula você pode ter o recurso de assistir várias vezes e em um ambiente
que você poderá se concentrar e a aula tradicional você conta com o professor
que poderá tirar suas dúvidas e dar sempre uma dica que poderá ajudar você.
Quando estou descansada consigo entender a aula, mas quando estou muito
cansada pós plantão ai tenho que assistir videoaula para poder me aprofundar
e entender melhor o assunto. Provavelmente, presencial eu particularmente
aprendo mais, pois com o professor explicando a matéria eu posso tirar as
dúvidas na hora. |
Fonte:
Pesquisa (2019).
Há uma diversidade de Tecnologias Digitais utilizadas atualmente
para a educação e a tendência é intensificar a sua aplicabilidade, do mesmo
modo que se desenvolver em suas finalidades. Nesse sentido é fundamental que a
área da saúde se aproprie dessas ferramentas, principalmente a área da Fisioterapia
em que há uma carência de pesquisas relacionadas a utilização de Tecnologias Educacionais
Digitais.
Nessa perspectiva, um estudo realizou uma revisão de literatura
para refletir sobre quais são as Tecnologias Educacionais Digitais utilizadas
pela área da Fisioterapia na educação em saúde. A pesquisa utilizou os
descritores ‘fisioterapia’, ‘tecnologias’, ‘tecnologia educacional’, ‘educação em
saúde’ em suas estratégias de buscas nas bases de dados Portal de Periódicos da
Coordenação para o Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), o Scientific
Electronic Library Online (SciELO) e Literatura Latino-Americana e do
Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), sem delimitação no período de publicação nas
buscas (BUENO; BUENO; MOREIRA, 2020).
Segundo a pesquisa, três artigos foram selecionados e as Tecnologias
Educacionais Digitais utilizadas pela Fisioterapia em educação em saúde
encontradas foram vídeo, multimídia e simulação. As/os autoras/es ressaltaram o
número diminuído de pesquisas sobre a temática na literatura e a importância no
fomento desses recursos tecnológicos, pois difundem e elucidam aos indivíduos com
informações assertivas e assim, subsidiam o fortalecimento do vínculo da Fisioterapia
com a sociedade (BUENO; BUENO; MOREIRA, 2020).
Os achados de Bueno, Bueno e Moreira (2020) corroboram com os
resultados desta pesquisa, em que ferramentas como a videoaula auxiliam na
elucidação de informações e de conhecimentos promovendo a aprendizagem dos
indivíduos. E com a inserção maciça das Tecnologias Digitais de Informação e
Comunicação no cotidiano e nos contextos educacionais, a videoaula se torna uma
ferramenta qualificada, viável e relevante, se produzida e disponibilizada de
maneira efetiva (ALVES et al., 2019).
Em contrapartida, no estudo de Silva, Carreiro e Mello (2017) na área da Enfermagem, as/os
autoras/es realizaram uma revisão integrativa para identificar por meio da
literatura quais as Tecnologia Educacionais utilizadas em educação em saúde. Segundo
o estudo, as estratégias de buscas obtiveram os descritores ‘tecnologia
educacional’, ‘assistência de enfermagem’, ‘cuidados de enfermagem’ e ‘educação
em saúde’ nas bases de dados Literatura Latino-Americana do Caribe em Ciências
da Saúde (LILACS), Index Medicus Eletrônico da National Library of Medicine
(MEDLINE) e Base de Dados de Enfermagem (BDEnf), com a delimitação do período dos
achados de 2002 a 2014 (SILVA; CARREIRO; MELLO, 2017).
Conforme o estudo foram seis artigos resultantes na revisão e as
Tecnologias Educacionais consistiam em duas cartilhas educativas, um software,
um jogo de dominó, um álbum educativo e um manual educativo (SILVA;
CARREIRO; MELLO, 2017). Como se observa não foi encontrado estudos em que abordavam
a videoaula na educação em saúde na área da Enfermagem.
Embora com o avanço na inserção das Tecnologias Digitais no
contexto educacional a sua apropriação pela área da saúde, especificadamente o uso
da videoaula como uma ferramenta complementar na aprendizagem em saúde não
acompanha esse avanço e, como observa-se por exemplo no estudo de Silva,
Carreiro e Mello (2017) e no de Bueno, Bueno e Moreira (2020), ou traz números
diminuídos ou ineficientes para determinadas áreas na saúde. Diante disso, considera-se
que o impacto em que elas detêm está muito aquém para as oportunidades de
construção de conhecimento com uma pluralidade de recursos que podem ser
integrados as videoaulas e que também engajam as/os estudantes, como por
exemplo, vídeos, imagens, áudios e gifs.
Na área da Fisioterapia, Monteiro et al. (2021) em seu estudo objetivou compreender
a percepção acadêmica sobre Metodologias Ativas por meio da experiência sobre a
criação de videoaulas através da Aprendizagem Baseada em Problemas na
disciplina de Biofísica, no curso de graduação em Fisioterapia em uma Instituição
de Ensino Superior (IES) em Belém, PA, Brasil. As/os autoras/es ressaltaram que após a
orientação referente a atividade na Aprendizagem Baseada em Problemas, as/os
estudantes expressaram mais proatividade e começaram a elaborar, planejar e executar
as videoaulas com recursos audiovisuais em estratégias como por exemplo, em
modelo de telejornal e de entrevista e em experiência em laboratório de
anatomia (MONTEIRO et al., 2021).
Segundo o estudo, as/os estudantes expressaram avaliações
positivas em relação a atividade de construção da videoaula na disciplina, do
mesmo modo que a vivência diferente ao processo de ensino e de aprendizagem
tradicional. Outro fator ressaltado no estudo foi do engajamento das/dos
estudantes na atividade, em uma disciplina descrita em que anteriormente detinha
uma evasão significativa das/dos estudantes (MONTEIRO et al., 2021).
No estudo de Damázio et al. (2016) objetivaram desenvolver materiais didáticos dos
conteúdos de anatomia humana que auxiliassem no aprendizado das/dos estudantes
do ensino superior do curso de Medicina e estudantes do ensino médio de uma
escola no município de São João del-Rei, Minas Gerais, Brasil. Os materiais
didáticos foram videoaulas sobre anatomia humana elaboradas/os e produzidas/os
por estudantes e monitoras/es dos cursos de Medicina e Educação Física da
Universidade Federal de São João del-Rei (DAMÁZIO et al., 2016).
Os
resultados evidenciados no estudo foram de que não houve diferenças estatística
em relação aos indivíduos que assistiram e os que não assistiram as videoaulas,
no entanto, os achados expostos pelo estudo foram de que aquelas/es que
elaboraram e produziram as videoaulas apresentaram progresso perante o
conhecimentos na temática. Desse modo, as/os autoras/es reiteraram que as
Tecnologias Educacionais Digitais inseridas no ensino de maneira passiva não
são eficazes, em contraste as/os estudantes e monitoras/es que elaboraram e produziram
as videoaulas construíram seus conhecimentos de forma ativa (DAMÁZIO et
al., 2016).
Semelhantemente,
Araguão
et al. (2019) objetivou
desenvolver um material didático no modo de videoaulas com estudantes do curso
de Medicina do Centro
Universitário de Volta Redonda. O estudo do tipo relato de experiência
evidenciou que as videoaulas foram construídas pelas/os estudantes, assim como
o planejamento na organização de produzir, editar, narrar, captura de vídeo,
entre outros e essas questões foram fundamentais, segundo as/os autoras/es,
para o aprimoramento dos conhecimentos (ARAGUÃO et al., 2019).
Ainda segundo o estudo, a temática foi na área
de saúde da mulher e por meio da produção das videoaulas as/os estudantes compreenderam
de maneira efetiva os conhecimentos no tema. Outra ressalta das/os autoras/es
foi de que houve uma ruptura do que tradicionalmente é realizado no processo de
ensino e de aprendizagem, nesse caso, as/os estudantes exerceram mais a
autonomia, a disciplina e a reflexão perante os conhecimentos e os recursos digitais
(ARAGUÃO
et al., 2019).
Conforme os resultados demonstrados nesta pesquisa, os sujeitos se
utilizavam da ferramenta da videoaula de modo a extrair o que há de positivo
nela, no entanto evidenciaram o vínculo com as aulas tradicionais expositivas. Possivelmente
por este estudo não possuir a finalidade de estratégias ativas, como a de pesquisar,
produzir e executar a videoaula, como descritas nos estudos de Verri et al.
(2011), Monteiro
et al. (2021), Damázio et al. (2016) e Araguão et al. (2019) e sim, na reflexão
abrangente, sem a delimitação de tema, sobre a utilização de videoaulas na
aprendizagem extraclasse por fisioterapeutas.
Outro
estudo também relatando a experiência na produção de videoaulas, no entanto se
estabeleceu de mestrandas/os do curso de Mestrado Profissional em Ensino na
Saúde da Universidade Estadual do Ceará para estudantes do curso de Medicina de
uma Instituição de Ensino Privada em Sobral, CE. O tema abordado na videoaula
foi a Reforma Psiquiátrica e, segundo o estudo, as/os estudantes de Medicina
que assistiram a videoaula expressaram resultados positivos pelos recursos
utilizados como animações, imagens e o lúdico, o que reduziu a capacidade de dispersão
(LIMA
et al., 2019).
Outra
questão evidenciada nessa pesquisa foi o fortalecimento dos conhecimentos sobre
a temática e das habilidades nas Tecnologias Digitais no processo de ensino e
de aprendizagem por aquelas/es que participaram da dinâmica. Da mesma forma, ressaltaram
a importância nos estímulos às/aos estudantes na produção da videoaula como uma
possibilidade de estimular o pensamento crítico, na reflexão perante o
planejamento e a execução da temática na educação em saúde, o público-alvo e a
experiência por si, isto é, possibilitando aos indivíduos a tríade conhecer-praticar-experimentar
para uma aprendizagem significativa (LIMA et al., 2019).
Em
conformidade com Moran (2013), talvez há uma linha tênue entre o que desperta o interesse
e uma sensação de obrigação ao assistir a uma videoaula pelas/os estudantes, no
entanto como pôde-se observar nos resultados desta pesquisa e dentre os estudos
da literatura explanados nesta discussão, há uma similaridade. Os indivíduos se
beneficiam da ferramenta da videoaula seja em somente assisti-la, na sua
singularidade de apresentar os conhecimentos com pontos destacados e de
mensagens instantâneas e impactantes, seja em produzi-la com todas as
estratégias que a permeia.
E as experiências em Tecnologias Educacionais Digitais na Fisioterapia
ainda estão em processo de rupturas de paradigmas, dessa maneira é fundamental fomentar
pesquisas para subsidiar materiais que possibilitem dinamizar a educação em
saúde. Com a popularização dos smartphones e da Internet assistir a videoaulas
pode se dar em qualquer momento, resultando assim, na democratização do ensino
e da aprendizagem (ARRUDA, 2014; ACIOLE, 2016; ABENSUR;
TAMOSAUSKAS, 2011; ÁFIO et al., 2014).
Não somente na área da Fisioterapia, mas na área das Ciências da Saúde
de modo geral é indubitável o fomento na inserção das Tecnologias Educacionais Digitais
como recurso intangível de disseminação de informações sobre a saúde, de
maneira assertiva. Inegavelmente, o meio acadêmico e a população se beneficiam dos
conhecimentos despertando nos indivíduos condutas assertivas na promoção e
prevenção da saúde e fortalecendo o vínculo entre a sociedade e os
profissionais da área da saúde.
Considerações Finais
Como a área da Fisioterapia tem como premissa o contato entre indivíduos
e por essa razão acredita-se que os envolvidos no processo de ensino e de
aprendizagem preconizam a forma presencial, e por consequência há uma certa
resistência em questões ligados ao virtual. No entanto, considera-se que seja
uma resistência ligada ao desconhecido em que, por vezes, por não se obter o
domínio das Tecnologias Digitais inseridas na educação faz com que não priorize
a sua utilização no ensino de forma mais autônoma, criativa e crítica.
De acordo com os resultados obtidos nesta pesquisa, os depoimentos
não evidenciaram uma rejeição em relação a utilização de videoaulas como
ferramenta complementar na aprendizagem. Os discursos coletivos evidenciaram o
uso das videoaulas para reforçar e aperfeiçoar algum conteúdo, com a finalidade
dos sujeitos se atualizarem nos conhecimentos destinados a cada especialidade
da Fisioterapia exercida por elas/eles.
Com isso, sugere-se o desenvolvimento de pesquisas com abordagens
de enfretamento das Tecnologias Educacionais Digitais na área da saúde,
especificamente da área da Fisioterapia. Principalmente se utilizando da
videoaula no processo de ensino e de aprendizagem na área, para que as
pesquisas possam demonstrar com mais clareza a comunidade acadêmica e aos
demais indivíduos os benefícios do uso.
Referências
ABENSUR, S. I.; TAMOSAUSKAS, M. R. G. Tecnologia da informação e comunicação
na formação docente em saúde: relato de experiência. Revista Brasileira de Educação Médica, Brasília v. 35, n. 1, p. 102-107, 2011. Disponível
em: https://www.scielo.br/j/rbem/a/Kv4HhzFvHcrsmhTYWz4xYjC/?lang=pt&format=pdf.
Acesso: 10 jun. 2019.
ACIOLE, G.
G. Rupturas paradigmáticas e novas interfaces entre educação e
saúde. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 46, n. 162, p. 1172-1191,
2016. Disponível em: https://doi.org/10.1590/198053143528. Acesso: 09
jun. 2019.
ÁFIO, A. C. E. et al. Análise do conceito de tecnologia
educacional em enfermagem aplicada ao paciente. Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste, Fortaleza, v. 15, n. 1, p. 158-165, 2014. Disponível
em: https://www.redalyc.org/pdf/3240/324030684020.pdf. Acesso: 08 jun. 2019.
AHLERT, E. M.; WILDNER, M. C. S.; PADILHA, T. A. F. Metodologias ativas
de ensino e aprendizagem. Seminário
de Educação Profissional, 2., 2017.
Lajeado. Anais
[...]. Lajeado, 2017. p. 9-13. Disponível em: https://www.univates.br/editora-univates/media/publicacoes/215/pdf_215.pdf.
Acesso: 06 jun. 2019.
ALVES, M. G. et al. Construção e validação de videoaula sobre
ressuscitação cardiopulmonar. Revista
Gaúcha de Enfermagem, Porto Alegre,
v. 40, e20190012, 2019. Disponível em: https://seer.ufrgs.br/rgenf/article/view/93537/52969. Acesso em: 21 out.
2021.
ARAGUÃO, J. C. S. et al. Produção de vídeos como material didático de
apoio para aprendizagem em saúde da mulher: relato de experiência. Revista Práxis, Volta Redonda, v. 11, n. 22, 2019. Disponível em:
https://revistas.unifoa.edu.br/praxis/article/view/2729/2482.
Acesso em: 16 out. 2021.
ARRUDA, A. P. Mediação
tecnológica no ensino da fisioterapia: objeto de aprendizagem para a ausculta pulmonar. Trabalho de Conclusão
de Curso (Especialização em Tecnologias da Informação e da Comunicação
Aplicadas à Educação – EaD). Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria,
2014. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/11740/Rech_Aline_Pereira_de_Arruda.pdf?sequence=1&isAllowed=y.
Acesso: 16 jul. 2019.
BARROS, E. M. S. et al. Metodologias ativas no ensino superior. Simpósio de
Excelência em Gestão e Tecnologia - SEGeT, 15., 2018. Resende. Anais [...]. Resende,
2018. p. 1-9. Disponível em: https://www.aedb.br/seget/artigos2018.php?pag=261.
Acesso: 09 jun. 2019.
BOTTI, N. C. L. et al. Desenvolvimento e validação de software educativo
de saúde mental. Revista
Mineira de Enfermagem - REME, Belo
Horizonte, v. 18, n. 1, p. 218-222, 2014. Disponível em: https://cdn.publisher.gn1.link/reme.org.br/pdf/en_v18n1a17.pdf.
Acesso: 10 jun. 2019.
BUENO, M. B. T.; BUENO, M. M.; MOREIRA, M. I. G. Fisioterapia e a
educação em saúde: as tecnologias educacionais digitais como foco. Revista Thema, Pelotas, v. 17, n. 3, p. 675-685, 2020. Disponível
em: https://periodicos.ifsul.edu.br/index.php/thema/article/view/1594.
Acesso em: 15 out. 2020.
BUSSOTTI, E. A. et al. Capacitação on-line para profissionais da saúde em
três regiões do Brasil. Revista
Brasileira de Enfermagem, Brasília, v.
69, n. 5, p. 981- 985, 2016. Disponível em: https://www.scielo.br/j/reben/a/ZZtxmB9XYT9tKMQH5w4QM8b/?format=pdf&lang=pt.
Acesso: 09 jun. 2019.
BRASILEIRO, A. M. M. Manual
de produção de textos acadêmicos e científicos. São Paulo: Atlas, 2013.
GEIB, C. F. O uso de simuladores de redes de computadores nos cursos de tecnologia
da informação. Seminário de Educação Profissional, 2., 2017. Lajeado. Anais [...]. Lajeado, 2017. p. 37-39. Disponível em: https://www.univates.br/editora-univates/media/publicacoes/215/pdf_215.pdf.
Acesso: 06 jun. 2019.
ITAKUSSU, E. Y. et al. Elaboração de vídeo educativo sobre uso da malha compressiva
após queimadura. Revista
Brasileira de Queimaduras, Brasília, v.
13, n. 4, p. 236-239, 2014. Disponível em: http://www.rbqueimaduras.com.br/details/225/pt-BR/elaboracao-de-video-educativo-sobre-uso-da-malha-compressiva-apos-queimadura.
Acesso: 08 jul. 2019.
LEFÈVRE, F.; LEFÈVRE, A. M. C. Discurso
do sujeito coletivo: um novo
enfoque em pesquisa qualitativa (desdobramentos). 2. ed. Caxias do Sul: Educs,
2005.
LIMA, V. S. et al. Produção de vídeo educacional: estratégia de formação
docente para o ensino na saúde. Revista
Eletrônica de Comunicação Informação e Inovação em Saúde - RECIIS, Rio de Janeiro, v. 13, n. 2, p. 428-438, 2019. Disponível em: https://www.reciis.icict.fiocruz.br/index.php/reciis/article/view/1594b.
Acesso em: 16 out. 2021.
LIRA, C. A. S.; CASTRO, F. J. L.; AZEVEDO, F. H. C. Métodos computacionais
para o ensino em ciências da saúde: uma reflexão teórica. Revista Saúde em Foco, Teresina, v. 2,
n. 2, p. 125-140, 2015. Disponível em: http://www4.unifsa.com.br/revista/index.php/saudeemfoco/article/view/532.
Acesso: 09 jul. 2019.
MONTEIRO, B. B. S. et al. Percepção acadêmica sobre metodologias ativas:
um relato de experiência sobre a criação de videoaulas por meio da aprendizagem
baseada em projetos. Research, Society and Development, Vargem Grande Paulista, v. 10, n. 12, e473101220773, 2021. Disponível em:
https://doi.org/10.33448/rsd-v10i12.20773. Acesso em: 18 out. 2021.
MORAN, J. Desafios que as tecnologias digitais nos trazem. In:
MORAN, J. M.
Novas tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2013. Disponível em: http://www2.eca.usp.br/prof/moran/site/textos/tecnologias_eduacacao/desaf_int.pdf.
Acesso em: 18 out. 2021.
MORAN, J. O vídeo na sala de aula. Comunicação e Educação, São Paulo, n.
2, p. 27-35, 1995. Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.2316-9125.v0i2p27-35.
Acesso em: 20 out. 2021.
MORENO, L. R.; SONZOGNO, M. C. Formação pedagógica na pós-graduação em saúde
no ambiente moodle: um compromisso social. Revista Pro-Posições, Campinas, v.
22, n. 3, p. 149-164, 2011. Disponível em: https://www.scielo.br/j/pp/a/YwBqgHPzLJwp93F3FVtDqNN/?lang=pt&format=pdf.
Acesso: 12 jul. 2019.
OLIVEIRA, A.; STADLER, P. C. Videoaulas: uma forma de contextualizar a
teoria na prática. Congresso Internacional ABED de Educação A Distância - CIAED,
20., 2014. Curitiba. Anais
[...].
Curitiba,
2014. p. 1-8. Disponível
em: http://www.abed.org.br/hotsite/20-ciaed/pt/anais/pdf/352.pdf. Acesso: 09
jul. 2019.
PINHO, J. C. et al. O processo de democratização do ensino lato sensu a distância
à luz da percepção de alunos de um curso de pós-graduação da Universidade
Aberta do Brasil no Ceará. Revista
Competência, Porto Alegre,
v. 12, n. 1, p. 2019. Disponível em: https://www.senacrs.com.br/pdf/revista_competencia_2019_1.pdf.
Acesso: 16 jul. 2019.
RAMOS, P.; STRUCHINER, M. Concepções de educação em pesquisas sobre materiais
informatizados para o ensino de ciências e de saúde. Ciência & Educação, Bauru, v. 15, n. 3, p. 659-679, 2009. Disponível
em: https://www.redalyc.org/pdf/2510/251019500013.pdf. Acesso: 12 jul. 2019.
SANTOS, J. L. G. et al. Estratégias didáticas no processo de ensino-aprendizagem
de gestão em enfermagem. Texto
e Contexto Enfermagem, Florianópolis,
v. 27, n. 2, e1980016, 2018. Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-07072018000200500&lng=pt&nrm=iso.
Acesso: 10 jul. 2019.
SILVA, D. M. L.; CARREIRO, F. A.; MELLO, R. Tecnologias Educacionais na
Assistência de Enfermagem em Educação em Saúde: Revisão integrativa. Revista de enfermagem UFPE on line., v. 11, n. 2, p. 1044-1051, 2017. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/view/13475/16181.
Acesso: 16 jul. 2019.
SILVA, F. A. et al. O quiz como ferramenta do processo de ensino-aprendizagem
na enfermagem: relato de experiência. Congresso Nacional de Práticas Educativas,
1., v. 1, Campina Grande.
2017 Anais [...]. Campina Grande, 2017. Disponível em: https://www.editorarealize.com.br/index.php/artigo/visualizar/31323.
Acesso: 10 jul. 2019.
VALENTE, J. A. A comunicação e a educação baseada no uso das tecnologias
digitais de informação e comunicação. Revista UNIFESO - Humanas e Sociais, Teresópolis, v. 1, n. 1, p. 141-166, 2014.
Disponível em:
http://unifeso.edu.br/revista/index.php/revistaunifesohumanasesociais/article/download/17/24.
Acesso em: 20 out. 2021.
VALENTE, J. A. Aspectos críticos das tecnologias nos ambientes
educacionais e nas escolas. Revista
Educação e Cultura Contemporânea, Rio de Janeiro, v. 2, n, 3, p. 11-28, 2005. Disponível em:
http://revistaadmmade.estacio.br/index.php/reeduc/article/view/4891/2297.
Acesso em: 20 out. 2021.
VALENTE, J. A. Inovação nos processos de ensino e de aprendizagem: o
papel das tecnologias digitais. In: VALENTE, J. A.; FREIRE, F. M. P.;
ARANTES, F. L. (org). Tecnologia e educação: passado, presente e o que está por vir. Campinas:
NIED/UNICAMP, 2018. Disponível em:
https://www.nied.unicamp.br/biblioteca/livros/. Acesso em: 21 out. 2021.
VERRI, E. D. et al. Elaboração de vídeo-aula como ferramenta complementar
de aprendizagem dos discentes da área de saúde do Centro Universitário
Claretiano de Batatais. Linguagem
Acadêmica, Batatais, v.
1, n. 1, p. 123-130, 2011.