ReTER, Santa Maria, v.2, 2021. ISSN:2675-9950 | Submissão: 08/01/2021 Aprovação: 02/03/2021 Publicação: 06/03/2021 |
PASSEIO VIRTUAL NO
LABORATÓRIO DE QUÍMICA: UMA ALTERNATIVA PARA MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA EM TEMPOS DE
COVID-19
Professora no Departamento de Química, da Universidade
Federal de Santa Maria - claudiabarin@ufsm.br
Mestre pelo PPGEPT/CTISM, Universidade Federal de Santa Maria - tiago-saidelles@redes.ufsm.br
Mestre pelo PPGEPT/CTISM, Universidade Federal de Santa Maria - anaschou93@gmail.com
Mestrando pelo PPGEPT/CTISM, Universidade Federal de Santa Maria - leandroolampe@gmail.com
Professor na Universidade Federal do Pampa
- ricardoellensohn@gmail.com
Resumo: Em tempos de crise e distanciamento social, as tecnologias educacionais surgem como uma alternativa viável para a construção do conhecimento, no entanto, como propiciar aos estudantes uma visão real de um laboratório didático de Química usando ambientes virtuais de aprendizagem? Dentro desse contexto, o presente trabalho visa apresentar e discutir a experiência de desenvolvimento, implementação e redesign de um passeio virtual no laboratório, durante o período de distanciamento social resultante do COVID-19. Metodologicamente, apoiados no Design Based Research, observada a realidade, um passeio virtual ao laboratório foi planejado, projetado e implementado, usando a ferramenta Google Tour Creation. Os sujeitos do estudo foram 64 alunos de um curso de Química para Ciências Rurais, além dos pesquisadores envolvidos. Os instrumentos de coleta de dados foram as atividades propostas no Moodle. Os resultados indicam que o laboratório contribui para a percepção do ambiente de trabalho, ainda que virtualmente, despertando o interesse dos alunos, principalmente pelo entendimento das normas de segurança, uso de equipamentos e vidrarias.
Palavras-chave: Ensino de Química. Tecnologias
Educacionais. Expedição Virtual.
VIRTUAL TOUR IN THE
CHEMISTRY LABORATORY: AN ALTERNATIVE FOR PEDAGOGICAL MEDIATION IN TIMES OF
COVID-19
Abstract:
In times of crisis and social distance, educational
technologies emerge as a viable alternative for the construction of knowledge,
however, how could we provide students with a real perception of a chemistry
teaching laboratory using virtual learning environment? Within this context,
the present work aims to present and discuss the experience of development,
implementation and redesign of a virtual tour in the laboratory, during the
social distance resulting from COVID-19. Methodologically supported by Design
Based Research, observed the reality, a virtual laboratory was planned, designed,
implemented, and developed using the Google Tour Creation tool. The study
subjects were 64 students of a Chemistry Course for Rural Sciences course, as
well as the researchers involved. The data collection instruments were the
activities proposed in Moodle. The results indicate that the tool contributes
to the perception of the work environment, even if virtually, arousing the
interest of students, mainly for the understanding of safety standards, use of
equipment and glassware.
Keywords: Chemistry Teaching. Educational Technologies. Virtual Tour Expediction.
Introdução
As transformações sociais, econômicas, políticas e culturais estão imbricadas com a evolução tecnológica, fomentando o crescimento e o desenvolvimento dos mais diversos campos do saber. Muitas dessas transformações vêm sendo, ao longo de décadas, incorporadas ao ensino, como o livro, rádio, televisão, internet e outros recursos tecnológicos que permitiram melhoria dos processos de comunicação e de interação na sociedade e no ambiente escolar (SOUZA; OLIVEIRA, 2017).
Todavia, o sistema educacional, muitas vezes, encontra-se em descompasso com a nova geração de aprendizes e com o rápido avanço das tecnologias (MARCHESAN; KUHN, 2016). Nesse sentido, faz-se necessário repensar as práticas pedagógicas de forma a alinhar-se com as demandas dos estudantes e explorar as tecnologias que estão disponíveis para promover a mediação da aprendizagem.
Dentro desse contexto e, considerando a pandemia do Corona Vírus (COVID-19), esse desafio tornou-se ainda mais evidente, pois com a necessidade do distanciamento social, as instituições de ensino tiveram suas aulas presenciais suspensas, modificando os espaços de ensinar e de aprender, requerendo dos professores um novo fazer pedagógico, este tornando-se mediado pelas tecnologias (GUSSO et al. 2020; APPENZELLER et al., 2020).
Nos estudos realizados por Sanz, Gonzalez e Capilla (2020, p. 19), os autores apontam que “é preciso aproveitar as vantagens
proporcionadas pelas TIC para personalizar a formação dos estudantes: reforço
por matérias, reforço de disciplinas fundamentais para estudantes de contextos
desfavorecidos, etc.”, ou seja, a partir da prática educativa apoiada em
tecnologias, o docente pode expandir suas estratégias de ensino e buscar opções
para atingir seus objetivos educacionais de construir o conhecimento, quer através
de vídeo aulas, plataformas digitais, atividades gamificadas ou, até mesmo,
pela disponibilização de material impresso. No entanto, como fomentar as
atividades práticas, como, por exemplo, nas disciplinas de Química?
A realidade virtual (RV) é um
excelente exemplo do potencial educativo que a tecnologia apresenta e pode
contribuir nesse contexto educacional. Batista,
Mesquita e Gaspar (2018, p. 233) afirmam que a realidade
virtual pode propiciar “abordagens disruptivas de interação do aluno com
diferentes conteúdos a serem ministrados”, dentre eles, os de caráter
experimental ou, ainda, os que requerem o conhecimento do ambiente de trabalho.
Segundo Castellano et al. (2007), a RV é um recurso tecnológico que possibilita a criação de um
espaço tridimensional, ou seja, permite a simulação da realidade, além de
propiciar a inserção, no ambiente virtual, de elementos que consideramos
importantes para atender aos objetivos a que nos propomos.
Dentro dessa perspectiva, as
dificuldades decorrentes do isolamento social, inerentes ao estado pandêmico,
por si só, já justificam a relevância de criar ambientes virtuais que
proporcionem aos estudantes conhecer o laboratório de química, não o
substituindo, mas constituindo-se como elemento de mediação pedagógica que
propicie o contato, ainda que não reativo, como acontece em um Laboratório
Real.
Nesse sentido, a ferramenta Tour Creator, que foi concebida para ser
explorada no setor educacional, possibilita a integração com o Google Expedictions,
que é uma plataforma da Google com elementos de RV, que permite a realização de
passeios virtuais em locais inacessíveis (SOUZA,
2018). Não há na literatura muitos relatos de seu uso, o
que justifica a relevância de pesquisas que apontem as potencialidades e os
desafios do uso dessa ferramenta no contexto educacional.
Assim, o presente trabalho visa
apresentar o protótipo do artefato elaborado de um laboratório virtual de
química e discutir a experiência de produção, implementação e redesign de um passeio virtual, durante
o período de distanciamento social decorrente da Pandemia da COVID- 19.
Metodologia
A metodologia de pesquisa foi o
Design Based Research (DBR), que integra métodos de análise de caráter
quali e quantitativos, geralmente desenvolvida em contextos reais, em colaboração
entre pesquisador e participantes, através de ciclos iterativos de design e redesign, buscando formas alternativas
para resolução de problemas (WANG; HANNAFIN, 2005), nesse caso conhecer a estrutura real de um laboratório de
Química. Uma das características dessa metodologia é a produção de princípios
de design – produto educacional – que
possam contribuir para minimização de problemas educacionais reais.
De acordo com Romero-Ariza (2014) a DBR
[...]
visa responder a problemas educacionais complexos através da concepção,
desenvolvimento e avaliação de materiais de ensino e intervenções com base em
pesquisas e, por outro, busca ampliar ou validar teorias e princípios de design
que ajudam a entender como aprender e quais processos suportam um certo tipo de
aprendizagem, bem como quais são os características-chave de um recurso de
ensino ou intervenção, responsável por facilitar ou melhorar a aprendizagem (ROMERO-ARIZA,
2014, p. 161)
Para melhor compreender a
pesquisa baseada em design, apresentamos na Figura 1, uma estrutura
simplificada da DBR, proposta por Botelho
Kneubil e Pietrocola (2019).
Figura 1 – Estrutura metodológica da DBR
Fonte: Botelho Kneubil e Pietrocola (2019)
Como problema real descreve-se
a impossibilidade do desenvolvimento de atividades presenciais e, considerando
que a Universidade suspendeu as aulas no início do semestre letivo, os
estudantes nunca haviam ido ao laboratório de Química.
O público-alvo consistiu de 64
estudantes, regularmente matriculados na Disciplina QMC1032, do 1º semestre do
curso de Agronomia, de uma universidade pública federal, e os pesquisadores. Os
estudantes são oriundos de diferentes regiões do Brasil e possuem idade entre
17 e 24 anos. Com a suspensão das atividades presenciais, a maioria destes
retornou para suas cidades de origem, de forma a atender às regras de distanciamento
social.
A disciplina é ofertada na
modalidade presencial, tendo um componente teórico e outro experimental e
possui o ambiente Virtual Moodle,
como apoio ao ensino. No entanto, considerando o contexto pandêmico, as aulas
presenciais foram suspensas e a manutenção do vínculo com os estudantes ocorreu
pelo ambiente virtual Moodle.
Dessa forma, impossibilitados
de usufruir da estrutura do laboratório, apoiados na DBR, estudou-se o
contexto, planejou-se, desenvolveu-se e implementou-se um passeio virtual ao
laboratório de Química. Os instrumentos de coleta de dados foram um
questionário semiestruturado, criado na plataforma Moodle, bem como as atividades propostas no ambiente virtual, sendo
os dados subjetivos analisados por meio da análise de conteúdo proposta por Bardin (2011), tendo as categorias de
análise elencadas a priori: “Potencialidades” e “Desafios”.
Resultados e discussão
Considerando que a disciplina
QMC1032 ocorre no primeiro semestre do curso e, que fomos acometidos logo no
início do período pela pandemia da COVID-19, as aulas remotas foram mediadas
pelo uso do Moodle, permitindo aos
estudantes manter o contato com os conteúdos e os conhecimentos desenvolvidos
na disciplina. As aulas durante esse período foram conduzidas tanto de forma
síncrona (por meio de encontros virtuais mediados pela ferramenta Big Blue Botton do Moodle), quanto de forma assíncrona, por meio de vídeo aulas
gravadas no laboratório didático de Química ou, de resolução de exercícios,
fóruns e demais atividades, as quais foram propostas no ambiente virtual.
Dessa forma, visando
proporcionar aos estudantes um primeiro contato com o laboratório de Química,
mesmo que remotamente, recorremos ao Google Tour Creator para construção
de um passeio ao laboratório de Química, que reproduz o ambiente real onde as
aulas práticas ocorreriam, ou seja, no laboratório 1318 do Departamento de
Química da Universidade Federal de Santa Maria.
O primeiro passo para o
desenvolvimento do recurso educacional foi a obtenção de uma fotografia do
laboratório 1318 em 360°, de forma a propiciar uma visão global do mesmo. Para
a obtenção da imagem em 360° utilizou-se o aplicativo (app) Panorama
360, que está disponível de forma gratuita na PlayStore e possibilita,
de forma simples, a captura de fotos em 360°, sendo necessário apenas o usuário
posicionar o smartphone na posição vertical e movimentá-lo segundo os
marcadores, até dar uma volta completa. A imagem obtida é renderizada pelo
próprio app e pode ser salva ou compartilhada, em diferentes ambientes.
A imagem obtida, por meio do app Panorama 360, foi posteriormente
incorporada no Google Tour Creator, ferramenta esta, que permite a inserção
de pontos de interação, como imagens e áudios.
O passeio ao laboratório foi
incorporado ao Moodle, possibilitando a interação com imagens e
audiodescrição de alguns dos equipamentos e regras do laboratório. O mesmo está
hospedado no endereço eletrônico:
<https://poly.google.com/view/4H_DPKfFwlO>, onde é possível vislumbrar
uma vista 360 graus do mesmo, bem como ouvir os áudios descritivos e acessar as
imagens informacionais.
Como pode-se observar na Figura
2, o “passeio ao laboratório virtual” apresenta vários ícones de interação que
podem ser imagens que contém as principais vidrarias do laboratório,
concentração de soluções, bem como ícones de informação que consistem de áudios
incorporados ao laboratório virtual e que fornecem uma descrição de
equipamentos como chapa de aquecimento e capela de exaustão, assim como
características de reagentes químicos.
Figura 2 – Módulo didático do Ambiente Virtual Moodle
Fonte: Os autores.
Após a disponibilização do passeio
ao laboratório no ambiente virtual, foi requerida uma avaliação do recurso,
visando não apenas analisar as potencialidades, mas também prover melhorias,
por meio do redesign. Assim, a seguir apresentamos e analisamos a
opinião dos estudantes sobre vários aspectos sobre o laboratório virtual.
Quanto ao potencial de mediação
pedagógica, é possível afirmar que a maioria dos respondentes (88%) concorda
que o laboratório virtual contribui para a compreensão do contexto
laboratorial. Essa resposta nos fornece subsídios para afirmar que, no atual
contexto de distanciamento social em que vivemos, o uso de recursos
tecnológicos pode fazer a diferença no processo de construção de saberes.
Outrossim, concordamos com a afirmativa de Vieira, Meirelles e Rodrigues (2011), de que o uso do laboratório
virtual, não substitui o laboratório real, mas poderá contribuir para minimizar
a impossibilidade de atividades presenciais.
Figura 3 – Percepção dos
estudantes quanto ao potencial de mediação pedagógica
Fonte:
Os autores.
Outro aspecto avaliado é o potencial
informacional do passeio ao laboratório, como pode ser observado na Figura 4.
Figura 4 – Percepção dos
estudantes quanto ao potencial informacional do passeio virtual.
Fonte:
Os autores.
Como
podemos inferir nos dados apresentados na Figura 4, mais da metade dos
estudantes, 55%, concordam que as informações contidas nos ícones interativos
contribuem para a compreensão do laboratório, enquanto outros 35% concordam,
mesmo que parcialmente com a potencialidade do recurso tecnológico
disponibilizado. Esse índice de concordância parcial, pode estar associado às
dificuldades encontradas durante o acesso ao “passeio virtual”, que serão
abordadas e discutidas posteriormente.
A Figura 5 apresenta a opinião dos
estudantes quanto às regras de conduta no laboratório. Essas regras são
comumente apresentadas logo no início do semestre, de forma a assegurar a
segurança dos mesmos na manipulação de reagentes químicos, assim como o
descarte de resíduos de aulas práticas, visando minimizar o impacto ambiental.
Figura 5 – Percepção dos
estudantes quanto ao item Regras de Conduta do laboratório
Fonte:
Os autores.
Assim, quando arguidos sobre os
pontos interativos que referem-se às regras de conduta no laboratório, os
estudantes são unânimes em concordar sobre a importância de conhecê-las ainda
que não tenham estado presencialmente no mesmo. Essas respostas nos propiciam
vislumbrar que os estudantes demonstram interesse em compreender a rotina do
laboratório, os cuidados necessários para o uso adequado de equipamentos de
proteção individual e coletiva, bem como a conduta dentro desse espaço, que
requer não apenas atenção, mas também o conhecimento de riscos.
Salientamos, ainda, que o recurso
produzido para a aproximação dos estudantes com o laboratório em momento de
distanciamento social, e, portanto, de ensino remoto, pode também ser utilizado
quando do retorno às atividades presenciais ou híbridas, possibilitando aos
estudantes uma melhor compreensão da estrutura física do mesmo, numa perspectiva
de sala de aula invertida.
Com relação aos materiais
disponibilizados nos pontos interativos do laboratório virtual, 7 % dos
respondentes discordam que esses possuam a clareza necessária, e 14% não sabem
opinar, como pode ser visto na Figura 6.
Figura 6 – Percepção dos
estudantes quanto aos recursos interativos do passeio virtual.
Fonte:
Os autores.
As respostas negativas estão
relacionadas principalmente, a qualidade das imagens inseridas no ambiente
virtual, o que requer dos autores uma atenção especial, para produção de
conteúdos com maior qualidade. Assim, considerando os princípios de redesign
previsto na DBR, após as primeiras respostas negativas, alguns materiais foram
redimensionados, de forma a melhorar a visibilidade, pois quando incorporamos o
laboratório no AVEA Moodle, a janela
de visualização é menor que a de criação. Além disso, disponibilizou-se o link para o acesso direto ao
laboratório, fora do AVEA, para melhoria da qualidade da visualização das
imagens.
Outro fator que contribui para essas
respostas é o fato que grande parte dos estudantes acessa ao material a partir
de um smartphone, o que por si só, já reduz a capacidade de
ampliação da imagem. Nesse sentido, ao retornar das medidas de distanciamento
social, pretendemos refazer a foto 360º do laboratório, distribuindo as
vidrarias mais espaçadamente, para adicionar a cada uma delas áudio descrição.
Por fim, no intuito de melhor
compreender a experiência dos estudantes com o recurso disponibilizado,
propôs-se uma pergunta aberta, para que os alunos analisassem o passeio ao
laboratório, discorrendo sob suas impressões acerca do mesmo. O Quadro 1
apresenta os resultados desse questionamento, os quais foram categorizados
segundo a análise de conteúdo de Bardin (2011).
Como pode ser observado no Quadro 1,
os estudantes vislumbram mais potencialidades que desafios, em relação ao
laboratório virtual projetado. Dentre as potencialidades, que representa a
primeira categoria desse estudo, destacamos a fala 2 “A meu ver, está de fácil
entendimento e de extrema importância” e a fala 4 “Ficou bem claro todas as
informações, e, sem dúvida, facilita bastante para ter uma noção de como é o
laboratório”.
Quadro 1 – Categorização
das opiniões dos estudantes sobre o passeio virtual
CATEGORIAS |
SUBCATEGORIAS |
UNIDADES DE CONTEXTO |
Potencialidades |
Facilitador da
aprendizagem |
Fala-1: “Levando em consideração que é um lab virtual,
acho que está muito bem preparado para a visualização, visto que tem a
oportunidade de conhecer sobre a vidraria e suas funcionalidades”. Fala-2: “A meu ver, está de fácil entendimento e
de extrema importância”. Fala-3: “Gostei da ideia, foi bem informativa, e
tomara que possamos conhecer esse laboratório logo”. Fala-4: “Ficou bem claro todas as informações, e
sem dúvida facilita bastante para ter uma noção de como é o laboratório”. Fala-5: “Particularmente, gostei muito da forma
como é apresentado o laboratório e suas informações específicas, já que não
tivemos contato presencial com o mesmo”. Fala-6: “Achei excelente o modo que foi
apresentado o laboratório”. Fala-7: “Siga com essa clareza para que possamos
superar esse impasse atual”. Fala-8: “Em minha opinião, o laboratório virtual
ficou muito bom, achei muito legal e útil, principalmente para ser utilizado
em um momento como o que estamos passando agora. Uma sugestão é acrescentar
fotos de experimentos que já foram feitos dentro do laboratório, para que
quem está conhecendo veja alguns exemplos do que é feito nesse lugar”. |
Sugestões de melhoria |
Fala-9:
“Acredito que o laboratório virtual está maravilhoso e muito didático, única
sugestão que eu daria, era mostrar as soluções presentes nele com mais
nitidez”. Fala-10:
“Amei o ambiente, prof! Obrigada por apresentar o laboratório. Uma sugestão é
ter áudio explicando as vidrarias e os outros itens. Ademais, gratidão”. Fala-11:
“As imagens contidas nos ícones interativos poderiam ter uma forma de zoom da
imagem, pois algumas as letras estão muito pequenas, tornando-se ilegíveis”. Fala-12:
“Alguns objetos são de difícil visualização”. Fala-13:
“Os textos contidos em alguns ícones não são legíveis”. Fala-14:
“Melhorar visualização, se possível” |
|
Desafios |
Dificuldades de visualização |
Fala-15:
“Por ser em um ambiente virtual, existe uma dificuldade na total compreensão
do "conteúdo" do mesmo, mas dentro de suas limitações o laboratório
virtual faz um trabalho bem feito”. Fala-16:
“Acredito que uma imagem maior facilitaria o acesso dos acadêmicos, pois alguns
espaços a imagem ficam totalmente preta e não podemos analisar o restante do
laboratório”. Fala-17:“Na
parte das imagens com escritas, a visualização ficou muito embaçada,
impossibilitando a leitura”. |
Fluência de navegação |
Fala-18:
“Achei muito legal, mas alguns dos itens não consegui acessar”. |
Fonte:
Elaborado pelos autores a partir dos dados coletados na pesquisa.
Segundo a
análise dos alunos, o laboratório apresenta-se adequadamente projetado, contendo
informações relevantes para compreensão do ambiente de trabalho. Como afirmam Amaral et al (2011) o Laboratório Virtual deve ser
uma plataforma interativa e sólida quanto ao conteúdo e assuntos abordados,
além de ter uma boa organização funcional. Pois, se não apresentar essas
características, não contemplará a finalidade a que foi proposto e dificultará
a utilização por parte do aluno. Assim, evidenciamos que mesmo não substituindo
o laboratório físico, o passeio ao laboratório virtual facilita o entendimento,
por meio da familiarização com o ambiente físico e seus equipamentos e, que sua
inserção como recurso pedagógico no meio educacional, pode-se contribuir para a
construção do conhecimento.
Alguns estudantes foram além de
meramente apontar potencialidades, mas sugeriram algumas melhorias como: áudio
explicando alguns itens, explicações mais detalhadas e fotos de experimentos.
Algumas dessas sugestões foram analisadas pelos pesquisadores envolvidos e,
dentro da perspectiva da DBR, promoveu-se o redesign do laboratório.
Ao analisarmos a fala 5
“Particularmente, gostei muito da forma como é apresentado o laboratório e suas
informações específicas, já que não tivemos contato presencial com o mesmo”, e
a fala 8 “Em minha opinião, o laboratório virtual ficou muito bom, achei muito
legal e útil, principalmente para ser utilizado em um momento como o que estamos
passando agora […]”, pode-se afirmar, que o Laboratório Virtual proporcionou
aos alunos experienciarem o futuro local de trabalho e estudo antes de
retornarem às atividades na Universidade. Isso está alinhado aos pressupostos
de Dalgarno et
al (2009) que enfatizam que o
Laboratório Virtual tem a finalidade de preparar os discentes para atuação em
laboratórios presenciais, pois desde a interação por meio da interface já
ocorre estímulos sobre o conhecimento químico a ser utilizado nas atividades
laboratoriais.
A categoria Desafio, apresenta os
desafios ao utilizar um Laboratório Virtual e, se apresenta com a subcategoria
de Dificuldade de Visualização, como: mostrar imagens, ícones, textos e
soluções com mais nitidez. A partir da fala 11 compreendemos os desafios
encontrados pelos estudantes ao destacar que “As imagens contidas nos ícones
interativos poderiam ter uma forma de zoom da imagem, pois algumas as letras
estão muito pequenas, tornando-se ilegíveis”, no entanto, através da
metodologia empregada - DBR, foram feitas as adequações e redesigns
necessários para que esse desafio fosse amenizado, apesar de algumas limitações
da plataforma utilizada. Outra subcategoria é a Fluência de Navegação: aqui
encontram-se alguns itens de difícil acesso, imagens/textos embaçadas e tamanho
das imagens, que não foram muito detalhadas pelos estudantes.
Ao ter retorno dos estudantes, a
docente responsável na mesma semana de estreia do passeio virtual ao
laboratório de Química, já pode aperfeiçoar e melhorar a interface a partir das
sugestões dos alunos, acrescentando áudios e melhorando a visualização da parte
interativa, além de ter oportunizado aos discentes a experiência e a vivência
prévia do ambiente de laboratório, necessárias aos trabalhos presenciais
futuros.
Considerações Finais
A tecnologia pode ser uma importante
aliada nos processos de ensino e de aprendizagem em diversas situações.
Entretanto, a atual situação em que o mundo se encontra, de enfrentamento de
uma pandemia, em que uma das medidas necessárias para controle do avanço da
doença é o isolamento social, muitos dos profissionais da área de ensino, que
antes não faziam uso de ambientes virtuais e tecnológicos, sentiram a
necessidade de reinventar suas práticas docentes e apoiá-las nos recursos das
tecnologias, como aqui descrito.
Com a utilização de ferramentas
digitais e de recursos de acesso gratuito disponíveis, pode-se ir além da
simples utilização de plataformas para envio de conteúdos disciplinares, o que
pode ser evidenciado no presente artigo, ao se propor formas de interações com
os estudantes através de um passeio virtual, estreitando laços e minimizando os
prejuízos do distanciamento físico necessário nesse momento.
O desenvolvimento do passeio virtual
foi de baixa complexidade, não requerendo dos autores um conhecimento maior em
programação ou linguagem, visto que os apps utilizados são intuitivos e
podem ser manuseados de forma satisfatória por qualquer indivíduo que tenha
interesse em produzir passeios virtuais, nos diferentes campos do saber.
A partir das respostas apresentadas
pelos estudantes no questionário disponibilizado, evidenciam-se algumas das
potencialidades da ferramenta criada, como por exemplo a possibilidade de
propiciar aos estudantes uma visão global do ambiente real de estudo, bem como
compartilhar informações sobre este. Esse contanto, mesmo que virtual é
importante para que tenham dimensão da estrutura, riscos e materiais que
encontrarão no ambiente laboratorial.
No entanto, percebe-se por meio da
análise dos estudantes, alguns desafios para que esse passeio ao laboratório cumpra
de forma mais efetiva com seu papel, a melhoria da qualidade imagética, já
realizada para a maioria dos materiais disponibilizados, de forma a melhorar a
experiência de interação dos estudantes com o ambiente virtual.
Por fim, pode-se apontar que o Passeio
Virtual ao laboratório de Química ao ser ofertado no momento da COVID-19 teve o
potencial de contribuir para o ensino, nas intervenções do professor, que
necessitou dar continuidade das suas aulas. A interface apresenta-se como
aliada ao ensino, em momentos de crise e, também, como uma rede dialógica,
característica presente em sala de aula.
Agradecimento
a CAPES pelo recurso
financeiro.
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