Algumas reflexões sobre os desafios para o ensino escolar de filosofia na Sociedade do Desconhecimento
Some Reflections on the Challenges for the School Teaching of Philosophy in the Society of Ignorance
Luiz Guilherme Lucho de Araujo
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil
l.guilherme2015@gmail.com
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil
exlerbr@gmail.com
Recebido em 13 de outubro de 2024
Aprovado em 09 de dezembro de 2024
Publicado em 20 de dezembro de 2024
RESUMO
O presente artigo apresenta breves reflexões sobre o ensino de filosofia e seus desafios na sociedade do desconhecimento. Levando em consideração o cenário da sociedade atual, onde cada vez mais os jovens estão conectados e cada vez menos preocupados com o tipo de conteúdo que estão recebendo pelas redes, sobretudo sobre a veracidade das informações. Uma postura de indiferença diante dos fatos que nos cercam, gera um sinal de alerta em relação a como iremos lidar com problemas complexos no futuro, uma vez que as soluções superficiais se tornam uma possibilidade mais atrativa aos jovens que utilizam as mais diversas redes. A sociedade do desconhecimento apresenta as fragilidades da atualidade, além de propor que o uso cada vez menos reflexivo dos meios de informações disponíveis e a incerteza dos seres humanos sobre o futuro, são capazes de impulsionar uma sociedade onde as plataformas nos controlam e limitam nossa busca por conhecimento. Por fim, sugerimos que o ensino de filosofia na educação básica tem potencial emancipador, por contribuir na formação da criticidade e especialmente por conduzir os jovens a não aceitação de repostas prontas e superficiais para problemas complexos, que demandam uma postura mais rigorosa na verificação dos fatos. Apesar dos desafios encontrados diante das reformas e incertezas sobre o futuro da filosofia na escola básica, a luta por sua manutenção é uma das defesas estabelecidas ao fim deste trabalho.
Palavras-chave: Ensino de Filosofia; Escola básica; Agnotologia; Sociedade do desconhecimento; Vícios epistêmicos.
ABSTRACT
The present article presents brief reflections on the teaching of philosophy and its challenges in the society of ignorance. Considering the current societal scenario, where increasingly young people are connected and less concerned about the type of content they are receiving through networks, especially regarding the veracity of the information. An attitude of indifference towards the facts that surround us raises a warning sign about how we will deal with complex problems in the future, as superficial solutions become a more attractive possibility for young people using various networks. The society of ignorance highlights the fragilities of the present time, in addition to proposing that the increasingly less reflective use of available information means and the uncertainty of humans about the future are capable of driving a society where platforms control us and limit our search for knowledge. Finally, we suggest that the teaching of philosophy in basic education has emancipatory potential, as it contributes to the formation of critical thinking and especially by leading young people to not accept ready-made and superficial answers to complex problems, which demand a more rigorous stance in verifying facts. Despite the challenges encountered in the face of reforms and uncertainties about the future of philosophy in basic education, the fight for its maintenance is one of the defenses established at the end of this work.
Keywords: Teaching of Philosophy; Basic Education; Agnotology; Society of Ignorance; Epistemic Vices.
A Sociedade da Ignorância, do conhecimento ou do Desconhecimento? Perspectivas e reflexões iniciais sobre a atualidade
Antes de tratarmos sobre a importância do ensino de filosofia na escola básica, suas potencialidades e seu complexo momento diante de tantas reformas educacionais no Brasil, precisamos apresentar reflexões sobre o cenário geral em relação ao desenvolvimento tecnológico e o distanciamento entre o conhecimento e a sociedade nos últimos anos. Há um tempo, era comum ensaios, artigos, livros e propagandas ecoarem em uníssono como a tecnologia e seus dispositivos nos levariam a uma sociedade mais justa e informada. Será que hoje ainda compartilhamos as mesmas aspirações positivas sobre as tecnologias?
A sociedade da informação apresentava-se em diversos cenários como um grande avanço que representaria um ganho significativo para as pessoas, sobretudo em uma sociedade que contém diversas barreiras para o acesso à educação e a informação de maneira geral. Já na atualidade, percebe-se um aumento de discussões e reflexões sobre os impactos negativos dessa expansão tecnológica desenfreada, seus mecanismos, algoritmos e plataformas.
Uma definição que talvez nos aproxime da realidade é a proposta por Brey et. Al (2009), onde o autor expõe uma Sociedade da Ignorância, sendo assim, todo contexto que teoricamente serviria para formar uma sociedade da informação, é na verdade o que a torna uma sociedade cada vez conectada a teorias conspiracionistas e negacionistas, proporcionando um retorno a discussões sem nexo e que causam prejuízo a sociedade.
A Sociedade da Ignorância, apresentada por Brey et. Al. (2009), retrata um cenário onde a produção de desconhecimento nas redes é superior a qualquer benefício gerado pela realidade tecnológica presente. Apesar de não apresentar uma discussão direta sobre os processos de aprendizagem e o desenvolvimento humano em suas narrativas, os autores apresentam reflexões importantes para o contexto que iremos apresentar.
Santaella (2020) alerta para o fato de que ao passo em que as redes se desenvolveram e permitiram uma facilidade de acesso a conteúdo e informações que antes eram restritas, também permitiram que qualquer tipo de informação fosse compartilhado em massa. Para além, permitiu ainda que as notícias falsas (Fake News) ganhassem espaço em um universo de algoritmos e onde a verdade torna-se uma mera ideia distante, pois é a dita “pós-verdade” que será protagonista nas discussões presentes nesse mundo.
Cardoso (2021) destaca que as Fake News têm um apelo que normalmente costuma atrair com facilidade a atenção da população, sobretudo a dos jovens, seja pelo imediatismo na busca e pesquisa sobre determinado assunto ou pela velocidade em que acessam as informações. Fernandes e Montuori (2020) salientam o fato de que as redes sociais como o Facebook, o Twitter e o WhatsApp terem contribuído para essa disseminação e aceitação dessas informações. Mais recentemente, Junqueira (2022) apresenta o TikTok como uma ferramenta com potencial para discussões que podem ser facilmente tomadas por informações falsas e por causa de sua distribuição diferenciada, a rede social torna-se um ambiente propício para a divulgação de Fake News.
Innerarity (2022) nos apresenta a Sociedade do Desconhecimento através de uma obra onde dá boas-vindas a essa interpretação da realidade. A visão do autor é logo descrita e retrata uma característica humana intrínseca: a incerteza. Segundo Innerarity, a incerteza é um dos fatores chave para compreender o ser humano e está diretamente ligada à constante busca por teorias que acalentam as dúvidas diversas que perpassam a vida humana. O autor destaca:
Na era em que a racionalidade triunfa, onde a ciência está institucionalizada, dos avanços tecnológicos e dos sistemas mais inteligentes, aparece uma constelação estranha: Ao mesmo tempo em que que a ciência goza de um enorme reconhecimento, muitas pessoas desconfiam dela, desde uma mera desconfiança até um negacionismo extremo (Innerarity, 2022, p. 9).
Essa dicotomia ainda pode ser entendida através de uma ideia sobre a complexidade de compreender conceitos científicos e filosóficos, pois cada vez mais somos expostos a questões complexas e aparentemente estamos menos preparados para lidar com elas, sendo assim, basta uma oferta de explicação mais próxima do entendimento para abandonarmos qualquer possibilidade de reflexão e busca profunda por explicações (Innerarity, 2022). Uma sociedade que não sabe lidar com problemas complexos tende a aceitar explicações errôneas, desde que as convençam ou persuadem, o que se torna um grande desafio diante do grande número de informações compartilhadas na atualidade.
Em relação a massa de informações compartilhadas nas redes, a Organização Mundial de Saúde (OMS) chamou Infodemia esse “excesso de informações, precisas ou não, que dificultam a localização de fontes idôneas e orientações confiáveis quando se precisa” (Freire et al., 2021 p. 4066). Esse é apenas um dos contextos que dificultam ainda mais a formação de uma sociedade crítica e capaz de diferenciar informação e desinformação, uma notícia falsa de uma verdadeira e por tanto, um distanciamento da busca pelo conhecimento.
Na sociedade do desconhecimento, devemos ainda considerar a ignorância produzida propositalmente, onde apresenta-se um cenário ainda mais preocupante: Uma produção em massa de desinformação com interesses particulares em seu entorno (Proctor, 2008). O desconhecimento ou a ignorância engenhada, estruturada, gera uma sociedade instável e obscura, cedendo espaços para teorias da conspiração em detrimento de saberes mais conectados com a realidade.
Um fator que facilita a aceitação de informações falsas, segundo Innerarity (2022), é a vulnerabilidade da existência humana. O desejo de conhecer o futuro ou prever os acontecimentos, faz com que o ser humano fique mais suscetível, principalmente em cenários de crises, a aceitar teorias inconsistentes em relação a problemas complexos, sobretudo pelo fato de que ignoramos boa parte das coisas que são importantes no processo de reflexão e interação com os fenômenos da sociedade.
A sociedade atual apresenta uma série de dúvidas complexas e incertezas, onde o ser se depara frequentemente com a necessidade de tomar decisões que mudarão o rumo de sua vida. Seja no campo existencial, político e social, o ser humano cada vez mais torna-se responsável pelas tomadas de decisão, ao mesmo tempo em que cada vez tem menos controle sobre as possibilidades, uma vez que pouco compreende o que não sabe e pouco aceita o fato de não-saber (Innerarity, 2022).
No campo político são diversos os exemplos que podemos dialogar e compreender melhor o quanto as probabilidades fogem à racionalidade ou até mesmo podem ser manipuladas conforme o interesse de determinados grupos, graças às inúmeras formas de manipulação que as redes sociais tornam corriqueiras. Em um cenário global, podemos considerar casos como os da eleição de Donald Trump, em 2016, onde fica evidenciado que 3 fatores foram primordiais para sua campanha: “propagação de desinformação, ataques à imprensa e o uso de redes sociais (Bellini e Santos, 2020). Ou seja, a campanha de Trump utilizou de mecanismos da sociedade do desconhecimento a seu favor, agindo sobre a insegurança de seus possíveis eleitores, do medo e receio de um “inimigo” em comum.
Esse cenário ficou ainda mais evidente após o documentário que expõe o caso do Facebook-Cambridge Analytica, conforme Rodrigues et. Al. (2020), durante a eleição de Trump, em 2018, a empresa teve a missão de aprofundar e refinar técnicas de persuasão, utilizando dados fornecidos pelas redes sociais, sobretudo o Facebook, onde eram analisados o perfil dos usuários que eram a favor ou contra Trump e Hillary, fornecendo a eles, por um algoritmo de interesse, apenas informações que reforçassem uma linha positiva do candidato. Ou seja, se as publicações do indivíduo demonstrassem um alinhamento com Trump, apenas informações, notícias e vídeos que reforçassem esse pensamento seriam mostrados, e para além, uma série de vídeos e notícias falsas a respeito de sua oponente eram encaminhadas aos usuários.
Não podemos deixar de fora as eleições brasileiras de 2018, onde a campanha de Jair Messias Bolsonaro “torna-se um marco no uso de Fake News no Brasil” (Rodrigues et. Al, 2020). Houve outros fatores que o levaram ao poder, é verdade, mas a disseminação de informações falsas, o ataque às instituições, foram fatores determinantes para sua ascensão, sendo alvo de diversas investigações e diversas associações com empresários à época que demonstraram métodos de distribuição massiva de Fake News contra seus adversários, seja pelo Facebook, Instagram ou por grupos de WhatsApp (ibid).
Apesar de não tratarmos diretamente sobre política nesse texto, os exemplos supracitados têm extrema relevância, pois além de exemplificarem a capacidade de manipulação presente em uma Sociedade do Desconhecimento, as políticas que são fruto desse cenário refletem diretamente sobre a educação, uma vez que os governos que aproveitaram-se dos mecanismos digitais reforçaram seus ideais negacionistas e apresentaram propostas que prejudicaram o sistema educacional brasileiro, sobretudo o ensino de filosofia, que vive em constante luta por sua manutenção, afinal, quem ganha com a exclusão do ensino de Filosofia? Além de contextualizar a Sociedade do Desconhecimento, o presente artigo visa refletir sobre as possíveis ações do ensino de filosofia diante de uma série de fatores que levam a desinformação e o desinteresse dos jovens na busca por informações verificadas e consistentes.
Os desafios presentes na sociedade do desconhecimento: entender e organizar
Na obra “A Sociedade do Desconhecimento”, Innerarity (2022) arrisca uma lista de dez conceitos que podem nos ajudar a compreender o contexto da sociedade atual. São eles: Aceleração; Incerteza; Conhecimento; Sustentabilidade; Pluralidade; Complexidade; Inclusão; Interdependência; Abertura; Proteção. O autor visa apresentar reflexões sobre como organizar essas problemáticas que se apresentam no presente e com certeza irão impactar em nosso futuro, iremos destacar brevemente quatro dos conceitos abordados pelo autor, sobretudo aqueles que compreendemos impactar negativamente no processo de aprendizagem dos jovens, ainda que o autor não os tenha direcionado para esse propósito, consideramos possível essa relação.
4. Complexidade: O mundo atual apresenta problemas extremamente complexos. O que gera uma situação inusitada: aqueles que oferecem uma solução simplificada ou alguma ilusão reconfortante, ganhará mais prestígio do que aquele que alerta sobre os desafios de encarar esses problemas. Essas soluções frágeis e simplificadas carregam consigo ideologias que são inaptas para dar conta das grandes transformações, pois estas requerem uma elaboração de diagnósticos compartilhados, negociações que envolvem diferentes atores e estratégias complexas de transição. Parece haver uma preferência pelos aparentes ganhos momentâneos de estratégias superficiais, sobretudo pela estética que apresentam. No entanto, esse não é um mundo para os oportunistas, deve haver outro tipo de liderança que possa apresentar devidamente os desafios que essa sociedade atual está demandando, sem haver uma manipulação da realidade.
Ao destacarmos a aceleração como um dos fatores, retornamos ao que Santaella (2022) discute como sendo um fator que corrobora com a desinformação: o compartilhamento em massa de informações. Quando relacionamos esses fatores com os jovens em idade escolar, podemos compreender que aceleração está presente em diversos aspectos, desde o uso das redes sociais cada vez mais cedo, até ao tipo de informações que os jovens obtêm, sendo seus meios informação também caracterizados pela aceleração.
O Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR [NIC.br], 2023 realizou uma série de pesquisas buscando compreender o uso de tecnologias pelos jovens entre 11 e 17 anos, em destaque para a intitulada TIC Kids Online Brasil 2023, começando por volta de 2015 e sendo atualizada até o ano de 2023. A atualização mais recente destaca que:
“Quase a totalidade dos usuários de Internet de 15 a 17 anos (99%) e de 13 a 14 anos (93%) afirmaram ter um perfil em ao menos uma plataforma digital investigada. A proporção foi de 82% para usuários de 11 a 12 anos e de 68% entre usuários de 9 a 10 anos. O WhatsApp está entre as plataformas em que crianças e adolescentes têm mais perfis (78%). Além disso, observou-se a intensificação no número de perfis no Instagram (66% em 2023, frente a 45% em 2018), cujas proporções são similares a de perfis no TikTok (63%)” (NIC.br, 2024, p.6).
Sendo o WhatsApp uma das redes mais utilizadas dentre os jovens que participaram da pesquisa, podemos destacar que a rede de trocas de mensagens ficou amplamente conhecida pela distribuição de notícias falsas em diversos cenários, destacando os recentes disparos de notícias falsas em períodos eleitorais, além de ser um grande cenário de desinformação durante a pandemia (Malagoli, 2024). Considerando um alto número de jovens que utilizam essa rede, quais problemáticas podem ser encaradas e levadas à sala de aula a partir das informações obtidas por tal rede?
O relatório TIC Kids Online Brasil 2023 (NIC.br, 2024) ainda destaca o Instagram e o TikTok estando entre as redes mais utilizadas pelos jovens, e aqui chegamos a outro ponto importante, as duas redes possuem um tipo de conteúdo que acaba por fortalecer a preocupação em relação ao acompanhar as informações, sendo muitas vezes suprido pelo excesso de informações superficiais em detrimento de uma busca mais aprofundada. Nesse caso, o destaque fica para o TikTok, pelo seu algoritmo capaz de gerar bolhas virtuais e potencializar determinados conteúdos em detrimento de outros, tendo ainda o agravante de potencializar e impulsionar conteúdos que possuem uma polarização e emocionalmente atrativos ao público, sem um comprometimento com a verificação destes conteúdos (Martinez, 2023).
Conhecido pela distribuição de vídeos rápidos e acelerados, o TikTok é hoje uma das redes mais utilizadas no mundo, e estando presente no cotidiano dos adolescentes em diversas idades escolar, produz uma forte influência na formação destes jovens, uma vez que um vídeo viral, tem a capacidade de moldar a opinião do sujeito (Martinez, 2023). Podemos ainda considerar outro fator conectado diretamente com a Incerteza destacada por Innerarity (2023), sendo os jovens atingidos diretamente por esse conteúdo, com tantas incertezas presentes, os vídeos, fornecendo informações diretas, simplificadas e rápidas sobre qualquer assunto, podem dificultar muito a aprendizagem na escola, sobretudo em discussões mais complexas abordadas pela filosofia e outros componentes curriculares.
Dois dados disponibilizados pelo estudo do NIC.br (2024) ainda corroboram com as indagações realizadas até aqui, pois boa parte dos jovens demonstram confiar nos dados encontrados nessas redes sociais. O estudo demonstra que cerca de 40% dos jovens, entre 11 e 17 anos, acreditam que a primeira resposta obtida em uma pesquisa é sempre a melhor fonte de informação. Como convencer esses jovens que uma pesquisa escolar, por exemplo, demanda mais aprofundamento e reflexões para obter um resultado mais significativo? Além da não preocupação com a verificação e checagem dos dados, os jovens ainda demonstram um desconhecimento do algoritmo das redes que utilizam, sobretudo quando levamos em consideração que cerca de 47% acreditam que ao realizar uma pesquisa, obtém exatamente o mesmo resultado de outras pessoas, desconsiderando dados de preferência já destacados como estratégia do TikTok para propagar informações que tendem a viralizar (Martinez, 2023).
Innerarity (2022) aponta um fato importante da realidade: cada vez mais, as redes tornam-se mecanismos que nos isolam da realidade e propiciam a formação de núcleos de compartilhamento de informações entre pequenos grupos. Assim sendo, gera-se também uma situação de conflito de interesses, uma espécie de tribalismo epistêmico, onde cada indivíduo tende a reforçar seus próprios interesses e conhecimentos, como em um eterno viés de confirmação, além de promover uma situação em que não há possibilidade de comunicação entre os grupos, pois apenas recebem e aceitam as informações que lhes interessam ou que foram condicionados a receber pelos algoritmos, tornando a comunicação com as diferenças impossível.
Segundo o estudo realizado pelo NIC.br (2024) ainda é possível indicar que cada vez mais os estudantes levam as redes sociais para seu cotidiano escolar, o que fica evidente ao observarmos o gráfico que demonstra o tipo de uso dos estudantes, quando questionados sobre atividades realizadas na internet no âmbito da educação e informação, assim como os meios utilizados para sua realização:
Figura 1. NIC.br – Crianças e Adolescentes - Educação e Busca de Informações na internet (2023).
Fonte: NIC.br (2024), p.7.
Alguns dados apresentados destacam-se, 82% dos jovens dizem realizar pesquisas e trabalhos escolares utilizando a internet como sua principal fonte, sendo seguido diretamente por 66% de afirmações quanto a pesquisas por vontade própria ou curiosidade. Não há um indicativo de quais fontes de pesquisa os estudantes utilizaram ao realizar essas tarefas, o que nos faz refletir sobre sua precisão ao obter informações. Outro aspecto relevante está na afirmação de que buscaram informações sobre saúde na internet, o que gera uma série de complicações uma vez que as redes permitem uma série de divulgações de desinformações, como demonstrado durante a pandemia de covid-19 (Falcão e Souza, 2021).
Outro apontamento é em relação ao uso do celular pelos jovens, sendo utilizado pela maioria em diferentes ações durante suas atividades. O celular tem sido um dos principais meios de buscas nas redes, sobretudo nas redes sociais. Os jovens utilizam cada vez mais cedo e por mais tempo durante o seu dia, sendo considerada hoje a principal ferramenta para acesso a internet, entre os jovens que participaram da pesquisa do NIC.br (2024), 27% tiveram seu primeiro acesso à internet entre 7 e 9 anos e 97% do total de entrevistados afirmaram utilizar o celular para tal.
Recentemente há uma discussão sobre a proibição do uso de celulares nas escolas brasileiras (G1, 2024), a problemática em si não é uma novidade, uma vez que desde que o uso dos celulares se popularizou entre os jovens, iniciaram as reflexões sobre o incentivo ou proibição dos mesmos durante a aula (Da Silva, 2022). Essas discussões já geraram em alguns estados leis que proíbem o uso, sendo apenas possível a utilização em atividades com cunho pedagógico (Ibid). Para além das distrações, a discussão recente também permeia uma discussão atual sobre o uso dos dispositivos em relação a interação com produtos digitais, apostas e conforme demonstra o relatório TIC Kids Online Brasil 2023, mais da metade dos jovens que utilizam a internet por meio do celular, afirma ter visto propagandas e vídeos sobre produtos que são vendidos através da internet (NIC.br, 2024). Por óbvio são problemáticas relevantes para uma discussão mais aprofundada, que neste momento não serão abordadas por aqui, mas a reflexão fica em relação a proibição, seria este o caminho para melhorar este cenário?
Quando falamos de redes sociais, uma questão nos intriga: em que medida o ser humano tem controle sobre o que recebe nas redes? Quando começamos a utilizar as redes sociais, fomos levados a acreditar que pela primeira vez, ao menos em larga escala, teríamos a possibilidade de escolher o conteúdo que recebíamos pela mídia. Assim sendo, estaríamos a um passo simples de filtrar informações que consideramos importantes e poderíamos assim, nos blindar de falácias e propagandas indesejadas ao ser. Porém, o que se percebe com o avanço das redes, é que cada vez menos temos controle sobre nossa interação nas redes e que as falsas promessas de conexão ilimitada, tornou-se na verdade um grande potencializador de bolhas e tribos, que se conectam entre si e pouco dialogam ou refletem sobre o outro.
Quais as consequências de uma sociedade que não questiona ou não reflete sobre seu entorno?
Cassam (2019) alertava sobre os riscos de uma sociedade que não questiona sua realidade e apenas aceita as informações que recebe como verdadeiras, ou pior, simplesmente não se importa com a busca pela verdade ou algo próximo a ela. Na perspectiva de compreender o porquê dessa ação de negação ao conhecimento, o autor apresenta a ideia de que os vícios epistêmicos impactam diretamente a sociedade atual. Afinal, os vícios epistêmicos são definidos como “traços de caráter, atitudes ou estilos de pensamento que sistematicamente obstruem a aquisição, manutenção ou difusão de conhecimento (Cassam, 2018, p.1).
Sendo uma postura constatada em diversos cenários, os vícios epistêmicos interferem na relação do ser com o conhecimento. Cassam (2018) destaca o “descaso epistêmico” ou a “indiferença epistêmica” como um dos vícios epistêmicos mais presentes e significativos em ações políticas que desconsideram a realidade. Ainda que ao autor não faça essa relação, é possível indicar que o descaso epistêmico esteja presente no cotidiano escolar, entre os jovens e adolescentes que hoje cada vez mais expostos há uma série de informações e que aceitam a primeira pesquisa como a “verdade”.
Por contexto, optaremos aqui por chamar esse vício de indiferença epistêmica, pois considerando o contexto escolar, a indiferença diante das oportunidades que o ambiente escolar fornece, é um fator que corrobora para que as redes se tornem a principal fonte de informação dos jovens, ainda que não tenha nenhuma garantia de que estão obtendo informações confiáveis. Cassam (2018) destaca que para aqueles afetados pela indiferença epistêmica, a busca por respostas complexas para problemas complexos, é uma inconveniência, algo desnecessário, tornando respostas superficiais mais aceitáveis entre esse público.
Innerarity (2022) apresentou a proposição de que a complexidade dos problemas da atualidade e incerteza de pensar os problemas do futuro, geram um desconforto geral, que somado a condição da indiferença epistêmica, acreditamos poder gerar consequências graves no processo de aprendizagem dos jovens e adolescentes. Uma vez que uma das propostas da Educação Básica, presente enquanto competência geral na Base Nacional Comum curricular (BNCC) é formar jovens capazes de:
Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta (BRASIL, 2018, p.9).
Nessa competência, percebemos que a BNCC apresenta um desafio enorme diante da sociedade do desconhecimento, pois ao enfatizar uma competência que envolve tantos problemas complexos, nos deparamos novamente com o empecilho gerado pela indiferença epistêmica (Cassam, 2018), como fazer com que o jovem se importe com problemas complexos e busque em soluções que lhe demandam um maior empenho na busca informações e na reflexão sobre o seu entorno?
As contribuições possíveis e desafios iminentes no Ensino Médio
O ensino de filosofia na Sociedade do Desconhecimento apresenta uma série de desafios, afinal, como ensinar filosofia no cenário que o estudante não entende nem busca entender as problemáticas que o rodeiam? Ou pior, um estudante que é indiferente quanto as questões da sociedade que o cercam. São essas questões então, que vão ao encontro do cerne deste trabalho: De que forma a filosofia nos ajuda nesse cenário?
Encontramos em Chauí (2000, p.9) uma aproximação do que entendemos como um dos pontos fortes da filosofia no Ensino Médio diante do cenário da desinformação, pois ela define que a filosofia é: “A decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los sem antes havê-los investigado e compreendido”.
Podemos ainda considerar que a filosofia amplia o desenvolvimento do cidadão crítico ao apresentar a atitude filosófica ao jovem, sendo a primeira etapa para tal, “um dizer não ao senso comum, aos pré-conceitos, aos pré-juízos, aos fatos e às ideias da experiência cotidiana, ao que todo mundo diz e pensa, ao estabelecido” (Chauí, 2000, p.9). A autora ainda destaca outra face da atitude filosofia, a ideia de interrogar o que são as coisas, as ideias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos (IBID).
Haja visto a importância a capacidade de formar a criticidade apontada por Chauí (2000) e diante de todas as dificuldades que a sociedade do desconhecimento gera segundo Innenarity (2022), cabe perguntar: Por que diante de uma reforma, iríamos cogitar retirar a filosofia do Ensino Médio (EM)?
Tomamos o Ensino Médio como recorte, pois atualmente as escolas públicas no Brasil possuem o componente de Filosofia apenas nessa etapa escolar, apesar dos inúmeros fatores que corroboram sobre sua importância na trajetória escolar dos jovens e adolescentes, sobretudo com as problemáticas atuais que enfrentamos (Fávero, et. Al, 2023).
Barros (2021), investiga o lugar da filosofia diante do Novo Ensino Médio (NEM), o autor destaca que desde sua implementação em 2017, muitas alterações e considerações foram feitas, sobretudo no que se refere a obrigatoriedade e clareza a respeito do ensino de filosofia. Apesar das fragilidades e subjetividades expostas, entende-se que a filosofia deve compor o currículo do NEM, seja de maneira direta como componente curricular ou em sua transversalidade na área de ciências humanas.
Salvia e Neto (2021) reiteram a filosofia como disciplina curricular obrigatória, sobretudo considerando a estrutura da BNCC em suas habilidades e competências, onde apresenta-se uma gama de discussões estritamente filosóficas, sendo que sem o estudo de filosofia, não haveria como desenvolver as propostas contidas nos indicadores para ciências humanas e sociais aplicadas.
Apesar do “aumento” de carga horária no novo ensino médio, por vezes, desde sua criação, o ensino de filosofia foi adicionado e removido, obrigatório e facultativo, diretamente citado, indiretamente excluído, estabelecido como componente curricular e sugerido como “práticas” itinerárias (Barros, 2021).
Portanto, vale ressaltar que há inúmeras fragilidades quanto a manutenção do ensino de filosofia no ensino médio, pois a depender das condições das redes estaduais e municipais de ensino, a filosofia será deixada de lado enquanto componente é pouco incentivada entre tantos itinerários, sobretudo em detrimento de um discurso de supervalorização de formações “úteis”.
Frau (2018) já alertava sobre a dificuldade de filosofar no ensino médio, sobretudo sobre as altas demandas e estruturas “formais” de cobrança nessa fase educacional. Se acrescentarmos as inúmeras dificuldades relativas à carga horária, materiais disponíveis e profissionais com formação adequada, entraram em uma espiral de fatores que resultam em um enfraquecimento do ensino diante das possibilidades que a filosofia fornece.
Franklin (2023) observa como se dá o ensino de filosofia em diversos estados brasileiros diante das reformas e das normativas do NEM. O autor aponta que a filosofia está presente na rede pública estadual dos 27 estados brasileiros, porém, com uma redução considerável no terceiro ano do NEM, além de alertar novamente para a necessidade de atentarmos as possibilidades de retirada da filosofia diante dos itinerários formativos que se expandem pelos estados afora.
Não podemos deixar de citar também, que essa estratégia de exclusão e redução, não é por acaso, afinal, mesmo pautado sobre pretextos duvidosos diante do NEM, o ensino de filosofia tem um potencial emancipador, capaz de se bem aplicada, gerar nos jovens um espírito que pode ao menos impedir a aceitação de verdades absolutas sem uma análise mínima (Barros, 2021) (Hernandes, 2020).
Considerações finais
Há um caminho enorme para percorrer diante de tantos empecilhos gerados pela sociedade do desconhecimento, pelos vícios epistêmicos e por uma manipulação constante dos algoritmos nas redes. Ao longo desse trabalho buscamos estabelecer algumas reflexões sobre o quanto o ensino de filosofia na escola básica pode contribuir em um cenário marcado pelo desinteresse, indiferença em relação aos problemas da sociedade, contando ainda com a aceitação de respostas superficiais e desconectadas da realidade.
Algo em comum em todos os autores abordados ao longo desse trabalho, é a enorme preocupação com a aceitação desse cenário, pois fica evidente que a filosofia se mantém enquanto obrigatória no ensino básico diante de muita luta e resistência. Vale ressaltar, que o ensino de filosofia não é o salvador da sociedade diante do desconhecimento e da ignorância produzida, mas com certeza a exclusão da filosofia ou do filosofar, contribui para que a sociedade acelere seu processo de aceitação de discursos que manipulam e geram diversos empecilhos a convivência humana, que deve ser pautada em discussões críticas acerca de problemas complexos que continuarão a aparecer nos próximos anos.
Referências
BARROS, Rafael de Andrade. (2021). Uma análise da Lei 13.415/17: o novo Ensino Médio e o lugar da Filosofia no Currículo. Revista Digital De Ensino De Filosofia - REFilo, 7, e18/1–22. https://doi.org/10.5902/2448065767426
BELLINI, Boris; SANTOS, Marli dos. Um panorama da credibilidade jornalística a partir do avanço da desinformação e das fake news. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO. 2020. p. 1-10.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
BREY, Antoni; CAMPÀS, Joan; MAYOS SOLSONA, Gonçal. La sociedad de la ignorancia y otros ensayos. Barcelona: Infonomia, 2009.
CARDOSO, Davi Valois. O impacto das “fake news” na educação dos jovens do brasil. Revista Ibero-Americana de Humanidades, Ciências e Educação, [S. l.], v. 7, n. 6, p. 614–625, 2021. DOI: 10.51891/rease.v7i6.1417. Disponível em: https://periodicorease.pro.br/rease/article/view/1417. Acesso em: 13 out. 2024.
CASSAM, Quassim. Conspiracy theories. John Wiley & Sons, 2019.
CASSAM, Quassim. Descaso epistémico. Crítica, Tradução de Desidério Murcho, 2018. Disponível em:< https://criticanarede.com/descaso.html >. Acesso em: 11 de Outubro de 2024.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia, São Paulo. Ática., 2000.
DA SILVA, Ivanilso Santos. E SE NÃO TIVÉSSEMOS PROIBIDO O USO DE CELULARES? TENSÃO ENTRE SOCIEDADE E ESCOLA NA PRÉ-PANDEMIA. Revista Docência e Cibercultura, v. 6, n. 1, p. 01-14, 2022.
FALCÃO, Paula; SOUZA, Aline Batista de. Pandemia de desinformação: as fake news no contexto da Covid-19 no Brasil. RECIIS - Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde, Rio de Janeiro, v. 15, n. 1, p. 55-71, jan./mar. 2021.
FÁVERO, Altair Alberto; DOS SANTOS, Antônio Pereira; OLIVEIRA, Julia Costa. Em defesa da filosofia e de uma educação para o pensar: incertezas e desafios para a escola. Revista Digital de Ensino de Filosofia-REFilo, p. e1/1-18, 2023.
FERNANDES, Carla Montuori; MONTUORI, Christina. A rede de desinformação e a saúde em risco: uma análise das fake news contidas em ’As 10 razões pelas quais você não deve vacinar seu filho’. Revista Eletrônica de Comunicação, Informação & Inovação em Saúde, [S. l.], v. 14, n. 2, 2020. DOI: 10.29397/reciis.v%vi%i.1975. Disponível em: https://www.reciis.icict.fiocruz.br/index.php/reciis/article/view/1975. Acesso em: 13 out. 2024.
FRANCKLIN, Adelino. A carga horária do ensino de filosofia no novo ensino médio. Griot : Revista de Filosofia, [S. l.], v. 23, n. 3, p. 156–166, 2023. DOI: 10.31977/grirfi.v23i3.3462. Disponível em: https://periodicos.ufrb.edu.br/index.php/griot/article/view/3462. Acesso em: 13 out. 2024.
FRAU, Erica Cristina. É proibido filosofar no ensino médio. Revista Digital de Ensino de Filosofia-REFilo, v. 4, n. 1, p. 46-55, 2018.
FREIRE, Neylson Pinheiro.; Cunha, I.C.KO; Neto, F.R.G.X.; Machado, M.H.; Minayo, M.C.D.S. A infodemia transcende a pandemia. Ciência & Saúde Coletiva, v. 26, p. 4065-4068, 2021.DOI: https://doi.org/10.1590/1413-81232021269.12822021
G1. MEC anuncia preparação de projeto de lei para vetar celulares em escolas públicas e privadas. G1, Portal de Notícias da Rede Globo, 20 setembro de 2024. Disponível em: <https://g1.globo.com/educacao/noticia/2024/09/20/medida-para-proibir-uso-de-celulares-em-escolas-publicas-esta-sendo-preparado-pelo-mec.ghtml>. Acesso em 12 de outubro de 2024.
HERNANDES, Paulo Romualdo. A Lei no 13.415 e as alterações na carga horária e no currículo do Ensino Médio. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, v. 28, n. 108, p. 579-598, 2020.DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-40362020002802266
INNERARITY, Daniel. La sociedad del desconocimiento. Galaxia Gutenberg, 2022.
JUNQUEIRA, A. H. DIETA DA SAÚDE PLANETÁRIA E MUDANÇA CLIMÁTICA EM CONFRONTOS ONLINE NO TIKTOK. Revista Ciências Humanas, [S. l.], v. 15, n. 3, 2022. DOI: 10.32813/2179-1120.2022.v15.n3.a927. Disponível em: https://www.rchunitau.com.br/index.php/rch/article/view/927. Acesso em: 13 out. 2024.
MALAGOLI, Marielly Marques. Fake News, Desinformação e Narrativas Antivacina nas Redes Sociais durante a Pandemia de Covid-19 no Brasil. 2024. Dissertação (Mestrado em Filologia e Língua Portuguesa) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, University of São Paulo, São Paulo, 2024. doi:10.11606/D.8.2024.tde-27082024-075046. Acesso em: 2024-10-12.
MARTÍNEZ, Inés de. Desinformación y fake news en TikTok: técnicas para su detección y prevención. 2023.
PROCTOR, Robert N. Agnotology: A missing term to describe the cultural production of ignorance (and its study). Agnotology: The making and unmaking of ignorance, p. 1-33, 2008.
RODRIGUES, Theófilo Machado; BONONE, Luana; MIELLI, Renata. Desinformação e crise da DEMOCRACIA no brasil: É possível regular fake news?. Confluências| Revista Interdisciplinar de Sociologia e Direito, v. 22, n. 3, p. 30-52, 2020.
SALVIA, André Luis La; NETO, O. C. O que pode o ensino de filosofia na BNCC?. Revista Digital de Ensino de Filosofia - REFilo, [S. l.], v. 7, p. e16/1–24, 2021. DOI: 10.5902/2448065767379.
SANTAELLA, Lucia. A pós-verdade é verdadeira ou falsa? Editora estação das letras e cores, 2020.
NIC.br. TIC Kids Online Brasil 2023: pesquisa sobre o uso da internet por crianças e adolescentes no Brasil [livro eletrônico]. Coordenação executiva e editorial Alexandre F. Barbosa. São Paulo: Comitê Gestor da internet no Brasil, 2024.
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International (CC BY-NC 4.0)