Uma crítica à massificação educacional no Ensino Médio a partir da Filosofia de Ortega y Gasset

 

A critique of educational massification in High School from the Philosophy of Ortega y Gasset

 

 

Joabe Tavares Pereira

Mestrando na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Caicó, RN, Brasil.

professorjoabe@gmail.com – https://orcid.org/0000-0002-5768-8905

 

Galileu Galilei Medeiros de Souza

Professor doutor na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, Caicó, RN, Brasil.

galileumed@yahoo.com.br - https://orcid.org/0000-0001-6192-0618

 

Recebido em 27 de dezembro de 2020

Aprovado em 25 de março de 2021

Publicado em 25 de maio de 2021

 

RESUMO

Neste texto buscamos analisar o fenômeno de massificação educacional que ocorre no contexto do Ensino Médio e como o ensino de filosofia pode contribuir para mitigar esse processo. Para tanto, será apresentada a noção de filosofia do pensador espanhol José Ortega y Gasset (1883-1955), especialmente centrada na leitura analítica de O que é Filosofia? e de A Rebelião das Massas, destacando sua preocupação com a adequação dos programas educativos ao esforço por superar o fenômeno da massificação. Mostra-se, assim, como a filosofia, por seu caráter específico, pode servir de instrumento contra o fenômeno de massificação da educação. Por fim, indica-se os ganhos de uma aproximação entre a filosofia orteguiana e a realidade de nossos programas educativos, especialmente aqueles que funcionam no Ensino Médio.

Palavras-chave: Filosofia; Ensino; Massificação; Existência; Vida.

 

ABSTRACT

In this text we seek to analyze the phenomenon of educational massification that occurs in the context of high school and how the teaching of philosophy can contribute to mitigate this process. To this end, the notion of philosophy of the Spanish thinker José Ortega y Gasset (1883-1955) will be presented, especially focused on the analytical reading of What is Philosophy? and The Rebellion of Mass, highlighting its concern with the adequacy of educational programs to the effort to overcome the phenomenon of massification. Thus, it shows how philosophy, due to its specific character, can serve as an instrument against the phenomenon of massification of education. Finally, it indicates the gains of an approximation between the ortheguian philosophy and the reality of our educational programs, especially those that work in High School.

Keywords: Philosophy; Teaching; Massification; Existence; Life.

 

Introdução

 

Este artigo tem como fim investigar sobre a contribuição do ensino de filosofia à formação cultural dos educandos, a partir da luz oferecida pelo pensamento do filósofo espanhol José Ortega y Gasset (1883-1955), mais especificamente, de sua interpretação sobre os programas educativos e os tipos de homens que deles resultam. O pensamento de Ortega y Gasset se relaciona com a filosofia a partir de sua doutrina, perspectivismo, segundo a qual a realidade deve ser entendida sempre a partir da perspectiva individual que o sujeito tem de si e do mundo. Não que haja várias realidades, mas formas circunstanciais de ver o mundo e ver-se nele. Assim, ele se aproxima do existencialismo e sua filosofia é um convite a enxergar o mundo a partir da posição individual, a qual deve se precaver contra os perigos da ideologia, da propaganda, enfim, da educação de massa, produtora do que ele chamará de novos bárbaros. Com efeito, contemporaneamente, o homem médio vem se identificando a essa condição de barbárie.

Enquanto tal, o homem médio[1] é o tipo de resultado do processo do fenômeno de massificação denunciado por nosso filósofo, daí que quando Ortega y Gasset se refere às massas não faz referência às classes sociais, mas classes de homens. Não é o lugar social que determina ser ou não um sujeito massificado, mas a desqualificação cultural. É justamente a partir dos traços dessa filosofia que se pretende fomentar, na escola, um ambiente cultural que promova sentido à vida dos alunos, uma existência autêntica, corolário da vivência cultural.

Aqui apresentaremos a noção de filosofia para Ortega y Gasset, e como essa pode afetar a existência de nossos estudantes de Ensino Médio (EM). Pretende-se mostrar como a filosofia de Ortega y Gasset está intrinsecamente ligada à vida e às questões vitais que atravessam a existência humana, questões que fazem de sua filosofia um programa educativo de conhecimento, aqui relacionado a um instrumento de combate à massificação intelectual de nossos estudantes secundaristas.

 

 

Educação, filosofia e massificação

                                                                  

Nas décadas entre 1960 a 1980, no Brasil, ao mesmo tempo em que a filosofia seria desprestigiada pelas críticas crescentes à metafísica e a valorização do cientificismo, experimentou-se uma forte expansão do ensino médio. Mas, ao observar a escola, vários autores alertam:

 

Demo-nos conta, porém, da grande abstração que a escola representa para o estudante e da fragilidade dela própria em responder às demandas sempre mais crescentes de crianças, jovens e adolescentes quase sempre alijados da palavra quando o tema é sua própria educação (MATOS, 2015, p. 370).

 

O intervalo sem a presença do ensino de filosofia no ensino médio é filho e contribuinte do processo de massificação intelectual a que se submeteu o nosso sistema de educação; porém, sua reinserção, per si, não é, em absoluto, garantia de que o caminho contrário tenha sido tomado. Com a reinserção do ensino de filosofia como disciplina curricular obrigatória espera-se sua contribuição para formação integral dos educandos. Formação que desse sentido às suas existências e compreensão do mundo que os cerca. Ao mesmo tempo estaria propiciando a maturação dos educandos, o ensino de filosofia encontraria seu caminho e lugar na escola. Mas, qual seria ele?

Na ótica orteguiana, a contribuição do ensino de filosofia aos educandos liga-se à transmissão da cultura (ORTEGA Y GASSET, 1999; 2016a; 2016b). A crítica orteguiana, contra a massificação intelectual, acusa a fragmentação do conhecimento (especialização) como um de seus instrumentos, este tipo de saber que limita o indivíduo culturalmente, náufrago da vida, isolado da cultura, e submetido à barbárie, à prisão das mentes. Daí lembra Ortega y Gasset (1999, p. 62): “Cultura é o que se salva do naufrágio vital, o que permite ao homem viver sem que sua vida seja uma tragédia sem sentido ou aviltamento radical”. Nesse sentido, o ensino que contribua para a formação cultural dos estudantes é essencial para uma existência consciente.

Como um sistema de ideias vitais, a cultura nos aponta para ideias importantes e necessárias à vida. Assim, as ideias vitais são o conhecimento que o homem precisa para viver à altura de seu tempo, ou seja, o que é essencial para que ele viva bem (ORTEGA Y GASSET, 1999). Em suma, cultura é o conjunto das ideias vitais, o que permite o homem não apenas sobreviver, estar no mundo, mas viver em bem estar (ORTEGA Y GASSET, 1963).

A perda da cultura e das ideias vitais nos leva a confundir o sentido da vida: o homem torna-se inapto a entender sua própria existência, cai na mediocridade, torna-se homem-massa. Infelizmente, o número de homens desse tipo tem aumentado consideravelmente, a ponto de tornar-se o homem médio. Como nos alerta Ortega y Gasset (1999, p. 63, grifo do autor): “[...] esse personagem médio é o novo bárbaro[2], atrasado, quanto à sua época, arcaico e primitivo em comparação com a terrível atualidade e data de seus problemas”. O novo bárbaro é incapaz de entender o que há em sua volta, não compreende seu lugar no mundo, aliena-se facilmente, torna-se gado por precisar que alguém, ou melhor ainda, a moda lhe diga o que fazer e como viver:

 

[...] isso é o que faz o homem médio e a mulher medíocre, ou seja, a imensa maioria das criaturas humanas. Para elas, viver é entregar-se ao unânime, deixar que os costumes, os preconceitos, os usos e os chavões se instalem em seu interior façam-nos viver e tomem sobre si a tarefa de fazê-los viver [...] ficam assustados e então se preocupam em se despreocupar (ORTEGA Y GASSET, 2016b, p. 255 - 256).

 

O homem-massa[3] sente-se amparado pelo calor anônimo das massas, prefere continuar na ilusão, como se na caverna ainda estivesse, a preocupar-se com sua vida real e seu destino:

 

Massa é ‘homem médio’. Desse modo se converte o que era meramente quantidade – a multidão – em uma determinação qualitativa: é a qualidade comum, é o mostrengo social, é o homem enquanto não se diferencia dos outros homens, mas que repete em si um tipo genérico. (ORTEGA Y GASSET, 2016a, p. 80).

 

Com a reinserção do ensino de filosofia no ensino médio urge inquiri-la de sua função pedagógica na escola, afinal, o que pode e deve fazer a filosofia quanto à formação cultural dos discentes, de tal modo a evitar a reprodução das massas?

A filosofia orteguiana fornece elementos elucidativos a fim de compreender-se o processo de massificação ocorrido. Pari passu, apresenta o ensino filosófico e da cultura como alternativas à barbárie civilizada da fragmentação do saber (ORTEGA Y GASSET, 1999, 2016a, 2016b).

Há algo no ensino de filosofia que não se coaduna com nenhum plano de ensino oficial. Geralmente, os programas de ensino são chancelados por governos e, no melhor dos casos, por estados, a partir de uma concepção geral da vida pública, segundo a qual se pensa uma fórmula para realizá-la, mais ou menos de acordo com certas metas utilitárias. O homem-massa, sabe-se, é vítima de um projeto político-educacional desse tipo, que falha por apoiar-se em uma visão limitada da vida ou que, seja lá o que se faça, torna-se limitada, em razão do processo natural de envelhecimento de tudo o que é humano. A filosofia não pode ser transformada em uma disciplina escolar voltada para alguns lugares-comuns; nem se definir como um saber de instrução genericamente moral, formadora de cidadãos úteis a um projeto de estado. Segundo Ortega y Gasset (1982), não é, nem deve ser, função da escola, muito menos da filosofia, formar cidadãos úteis[4] às finalidades de qualquer Estado. A filosofia, segundo o projeto de Ortega y Gasset, não deveria se prestar a docilizar, moralizar as pessoas ou torná-las cidadãs de um determinado Estado. Isso seria traí-la.

A contribuição da filosofia, segundo a perspectiva orteguiana, estaria em assegurar o espaço criativo de conhecimento e realização da vida, no interior do processo educativo. Comprometida com a vida, a filosofia não deve se preocupar em oferecer fórmulas, pelo contrário, deve se conservar problemática, inclusive em relação a si mesma e seu ensino. Reiteramos que a contribuição da filosofia está em engajar-se criativamente com a vida, lidando com as circunstâncias que se apresentam como possibilidades de escolhas. Nesse sentido, aplicada à escola, teria a função de auxiliar o estudante a entender suas alternativas, a si mesmo e suas circunstâncias; a se perceber no mundo, agir nele, modificá-lo, o que passaria pelo aprendizado do “[...] sistema vital das ideias de cada época” (ORTEGA Y GASSET, 1999, p. 63). Em suma, a filosofia é um exercício constante de fuga da morte e do envelhecimento, da perda:

 

A vida é um caos, uma selva selvagem, uma confusão. O homem se perde nela. Mas sua mente reage diante dessa sensação de naufrágio e perda: trabalha para encontrar, na selva, ‘vias’, ‘caminhos’; isto é, ideias claras e firmes sobre o Universo, convicções positivas a respeito do que são as coisas e o mundo. O conjunto, o sistema delas, é a cultura no sentido verdadeiro da palavra; portanto, tudo ao contrário de ornamento. Cultura é o que se salva do naufrágio vital, o que permite ao homem viver sem que sua vida seja uma tragédia sem sentido ou um aviltamento radical (ORTEGA Y GASSET, 1999, p. 62).

 

O contrário dessa formação cultural – lembrando que cultura não pode senão ser geral –, é, com efeito, a especialização do saber, que hodiernamente norteia as academias de ensino, assim como as escolas de ensino médio. O novo bárbaro é seu filho. Para Ortega y Gasset (2016a, p. 190): “O especialista ‘sabe’ muito bem seu pedaço mínimo do universo; mas ignora todo o resto radicalmente”, nada sabe sobre cultura, artes ou de sua própria história, tampouco algum resquício de filosofia. Não é à toa que nosso filósofo considera que uma nação se faz forte quando o faz integralmente, sendo o sucesso de seu sistema escolar o reflexo de seu sucesso geral civilizacional (ORTEGA Y GASSET, 1999).

Ademais, é preciso observar que a perspectiva ontológica de Ortega y Gasset vai além do idealismo, que coloca ênfase no sujeito no que diz respeito ao conhecimento, como também supera o realismo, que defende a realidade independente dos sujeitos. Diversamente, o mundo da realidade é aquele do sujeito com suas perspectivas e, sobretudo, suas circunstâncias. Como assevera Kujawski (1994, p. 41): “Não há nem primazia do objeto sobre o sujeito (realismo), nem prioridade do sujeito sobre o objeto (idealismo), sujeito e objeto, como também as circunstâncias individuais, são intrinsecamente dadas em um mesmo ato existencial”. A perspectiva do sujeito, que interpreta o fenômeno de sua existência, prevalece neste modo de pensar e fazer filosofia, sobretudo quanto à experiência do saber vivenciado.

Isso posto, passaremos a pensar como esta noção do ensino de filosofia pode ser introduzida nos programas educativos de nossas escolas, a partir do pensamento orteguiano.

 

O que ensinar?

 

Pela concepção orteguiana de filosofia, compreende-se que essa atravessa a dimensão existencial do homem. Assim, uma boa maneira de ensiná-la é permanecer fiel a esse fato. Para tanto, no que concerne ao seu ensino, é preciso pensar a sua articulação com a realidade dos estudantes e, assim, estudar os mecanismos e estruturas que levam os educandos à massificação educacional, de tal modo a fazer uma filosofia no EM que contribua como instrumento de combate a essa massificação. Como afirma Ghedin (2009, p. 69): “A busca da filosofia como atividade, é uma tentativa de desmistificação dos falsos sentidos e dos falsos significados do mundo imposto pela ideologia”.

A forte influência do fenômeno de massificação adentrou os muros da escola. Segundo Ortega y Gasset (2016a; 2016b), o problema é bem mais explícito quando se trata de escolas periféricas cujos alunos estão, geralmente, em estado de maior vulnerabilidade social se comparados à maioria de seus pares de escolas não periféricas. Todavia, também nesses últimos lugares, o fenômeno da massificação se dá, não se tratando de um problema econômico, mas cultural: “A configuração valorativa do “homem-massa” não segue parâmetros sociais ou econômicos específicos” (BITTENCOURT, 2010, p. 22). Não é sobre classe social que o texto orteguiano faz referência, mas sobre a qualidade da transmissão da cultura que é realizada pelos sistemas de ensino. Assim, o fenômeno de massificação atingiria qualquer estudante, indiferentemente de sua situação social ou econômica.

Ao nos depararmos com a realidade do ensino secundarista, o chão da escola, por assim dizer, percebemos o quão aquele espaço está envolto com opiniões, preconceitos enraizados, acúmulo desordenado de saberes e soluções artificiais que não dão sentido à existência da juventude que lá está. A escola é vista geralmente como o lugar de transmissão dos conhecimentos acumulados pela sociedade que a promove; entretanto, não só o conhecimento envelhece, como, pelo mesmo processo que leva ao seu envelhecimento em uma velocidade cada vez mais rápida, ele se acumula de modo inabarcável. O que fazer em uma situação como essa? E mais: como o ensino de filosofia pode ser feito em uma situação como essa?

Comecemos da última questão. Ao terem contato com a filosofia, espera-se a tomada de consciência por parte dos jovens sobre a importância de compreender o espaço e o tempo em que vivem. É verdade que o chão da escola é um lugar privilegiado onde jovens e adolescentes convivem e constroem sentido para suas vidas. O desafio do ensino de filosofia nesse espaço é afetá-los com a experiência do filosofar e, assim, torná-los capazes de compreender a si mesmos e ao mundo, suas circunstâncias, e a partir daí perceberem que há alternativas à massificação produtora de rebanhos e do “ideal do débil” ou, como afirma Ortega y Gasset (2016b, p. 256) “[...] fazer o que todo mundo faz é sua preocupação”.

Contra ele, o ensino de filosofia deve despertar cada aluno a realizar-se a partir de sua perspectiva singular, e encontrar sentido para a própria existência, independente das estruturas de dominação e seus mecanismos de produção de identidades repetidas. Nesse sentido, como afirma Cerletti (2009, p. 77), “(a) filosofia é uma construção [...] que deveria ter vitalidade de atualizar-se todos os dias”. Assim, atualizando a filosofia de Ortega y Gasset, temos não só um instrumento de combate contra o fenômeno de massificação educacional no EM, como também um gigantesco ensaio de ação pedagógica.

A pedagogia vitalista de Ortega y Gasset nos leva a pensar a vida enquanto forma humana primeira: “Nesta, o filósofo constata que a vida é elementar à cultura, uma vez que esta é a manifestação da primeira e, portanto, posterior a ela” (OLIVEIRA; CASTRO-FILHO, 2016, p. 70). Todas as coisas são para qualquer homem porque são vividas, inclusive a cultura. Poderemos dizer com Ortega y Gasset (1999) que a cultura está a serviço da vida e não o oposto, assim com a filosofia. 

No que diz respeito ao homem, não há como dissociar filosofar e viver, pois são uma e mesma coisa. O segredo de todo sucesso no ensino-aprendizagem está em compreender e sentir em que esse se liga com as necessidades imediatas do existir. Por isso, a concepção de ensino de nosso filósofo é: “ensinar é primária e fundamentalmente ensinar a necessidade de uma ciência e não ensinar uma ciência cuja necessidade seja impossível fazer sentir ao estudante” (ORTEGA Y GASSET, 2000, p. 101). De fato, o aluno não perceberá sentido em estudar aquilo de que não sente falta. Não será atraído a estudar se aquilo que se lhes oferta não está na base de suas inquietações primárias, advindas da necessidade de compreender-se a si, de compreender os outros e o mundo enquanto realidade subjacente a ele próprio.

No entanto, no que diz respeito ao homem, viver no mundo não pode ser reduzido a viver meramente daquilo que é estritamente necessário, mas implica também aquilo que é supérfluo, ou mais propriamente, o supérfluo para o homem se torna necessário (ORTEGA Y GASSET, 1963). Pelo uso da técnica, o homem não só sobrevive no mundo, mas modifica a si mesmo e à natureza para viver em bem-estar: 

 

[...] vida significa para ele não simples estar, mas bem-estar, e que somente sente como necessidades as condições objetivas do estar, por que este, por sua vez, é suposto do bem-estar. [...] O bem-estar e não o estar é a necessidade fundamental para o homem, a necessidade das necessidades. (ORTEGA Y GASSET, 1963, p. 20).

 

Não é preciso dizer que o bem-estar implica não apenas em condições materiais adequadas ou confortáveis, como desejaria o protótipo do homem burguês, cuja meta maior na vida é a comodidade (ORTEGA Y GASSET, 1963). Assim, a preocupação do ensino e da pedagogia se alarga para abarcar a extensão do que é necessário ao homem sem ser estritamente útil à sua vida. E o que esperar da filosofia quanto a isso?

 

A filosofia não necessita nem de proteção, nem de atenção, nem da simpatia da massa. Cuida de seu aspecto de perfeita inutilidade e, com isso, liberta-se de toda submissão ao homem médio”, portanto, espera-se da filosofia àquilo que somente ela pode fazer – filosofar (MARÍAS, 2016, p. 25).

 

Mas, quanto à filosofia no EM, evidentemente, é preciso haver uma certa calibragem em relação ao seu ensino ou, mais propriamente, ao filosofar. Com efeito, evidentemente, não se pode ensinar filosofia no EM sem levar em consideração as condições vitais de nossos estudantes. Em Missão da Universidade, Ortega y Gasset (1999) nos traz uma pista importante para lidarmos com questões desse tipo Referindo-se a outro grande problema da educação atual, ou seja, o que se refere à transmissão da quantidade infindável de conhecimentos acumulados pela cultura contemporânea, o filósofo espanhol indica uma fórmula para se chegar a um equilíbrio. Ele falará do Princípio da Economia do Ensino.

De nada adianta querer abarrotar nossos estudantes de informações, quando é impossível que esse as absorva todas. Por este princípio, conforme Ortega y Gasset (1999, p. 86), “Não se deve ensinar senão o que se pode aprender”. Ora, conforme Ortega y Gasset (ORTEGA Y GASSET, 1999, p. 80), “Se a infância e a juventude durassem cem anos cada uma, ou a criança e o jovem possuíssem memória, inteligência e atenção em dose praticamente ilimitada, não existiria a atividade docente”. Daí, ser fundamental pensar um modelo de Educação que seja possível e realizável dentro de nossa circunstância.

Umas das funções mais importantes do professor e da pedagogia está justamente em selecionar o que é vital, ou estritamente necessário ao aprendizado dos estudantes, de uma parte, e – como ainda assim a dose poderia ser excessiva –, dentre o que é vital, selecionar o que pode ser apreendido pelo estudante, tomando como parâmetro o estudante médio, ou seja, nem o estudante de baixo rendimento, nem os excelentes (ORTEGA Y GASSET, 1999). Assim, a sugestão é de não apenas poupar quanto ao que é ensinado, ensinando apenas o necessário – sem esquecer que o necessário vai além do que é estritamente preciso para sobreviver nesse mundo –, mas de levar em conta o perfil circunstancial do próprio estudante. Considerando as capacidades de aprendizagens desiguais, não podemos partir da perspectiva dos estudantes mais capacitados intelectualmente, tampouco dos menos. Urge pensar o estudante mediano, e ensinar-lhe coisas que ele pode aprender de verdade, aquilo que é vital para seu bem-estar. Considerar o aspecto biográfico do estudante é essencial para que se possa ensinar apenas o que se pode aprender.

Se o ensino não pode ser aprendido, se perde como ensino e transforma-se em outra coisa. Ensinar é uma atividade transitiva em relação ao aprender: “Se o aluno não aprende, o professor não pode dizer que ensina, apesar da competência de seu discurso “magistral”. Ensino e aprendizagem passaram a ser concebidos como noções correlatas: só existe ensino se alguém aprende” (RODRIGO, 2009, p. 21-22, grifo da autora). É por isto que Ortega y Gasset (1999) critica a ânsia de estudar tudo como se fosse possível tudo ser aprendido. É preciso o esforço pedagógico da seleção “ficando apenas com aqueles considerados estritamente necessários à vida do homem que hoje é estudante” (ORTEGA Y GASSET, 1999, p. 86).

 

Como ensinar?

 

Os desafios e problemas encontrados na escola, sobretudo o fenômeno de massificação que ora investigamos, são apresentados à filosofia e dela se espera uma contribuição no resgate do naufrágio em que se encontra o nosso ensino, em parte por razão dos programas propostos pela mesma escola. No entanto, não é lícito exagerar: “A filosofia tem uma contribuição a dar, mas de modo algum pode ser encarada como um milagre” (SOUZA; TEIXEIRA NETO, 2012, p. 48).

A proposta pedagógica de Ortega y Gasset (1999; 2016a; 2016b), como já observado, cuida em fundir filosofia e vida nos programas educativos, também no EM. Uma de suas orientações fundamentais está em defender uma pedagogia que assegure a transmissão da cultura, ou do conjunto de ideias vitais de cada época, como elemento substancial à elevação da qualidade moral da civilização e ao combate à formação do homem massa. Se essa falência educacional permanecer, insistindo no afastamento do essencial, não haverá outro ser senão o medíocre, substrato dos programas educativos que massificam intelectualmente nossos estudantes, a um passo de se tornarem aquilo que Ortega y Gasset (1999; 2016a) chama de novo bárbaro, ou seja, um monstrengo social distante da vida, de seu tempo, de sua própria cultura; homem ou mulher indiferentes, despreocupados em decidir-se, pois renunciam a sua consciência na tomada de decisões, abandonam seu destino, dissolvem-se na multidão (ORTEGA Y GASSET, 2016a). Ora, “O mundo vital se compõe para mim, em cada instante, de um poder fazer isto ou aquilo, não de um ter obrigatoriamente de fazer isto e só isto” (ORTEGA Y GASSET, 2016b, p. 245). A vida é um decidir-se ante às possibilidades circunstanciais e não apenas uma determinação fatalista imposta, muito menos pela institucionalização do saber ou pela força dos currículos e programas oferecidos aos estudantes.

Viver à altura do tempo, conscientemente, é escolher constantemente, dentro das possibilidades e circunstâncias, aquilo que queremos e decidimos ser. A escola é lugar privilegiado de construção de tomada de consciência de si, de aprender a assumir as rédeas da própria existência, já que o que somos “[...] não está predeterminado, resolvido de antemão, mas nós é que precisamos decidi-lo [...]” (ORTEGA Y GASSET, 2016b, p. 225).

Em suma, as escolhas exigem uma preocupação com o que se ocupa, que traduz uma vida qualificada. Seu vitalismo traduz o entusiasmar-se do homem com as atividades com as quais ele se ocupa como sendo o sentido dessa vida qualificada. Dentro destas tarefas está o estudar, que é “[...] uma atividade inexorável do homem.” (ORTEGA Y GASSET, 2000, p. 99). Na primeira aula de seu livro Lições de Metafísica, ele dirá que o estudar, como uma tarefa humana, tem sido geralmente traído pelo estudante. O estudante comum, no melhor dos casos, dedica-se ao estudar como a uma obrigação; sem sentir nenhuma necessidade íntima, autônoma, imediata por ele. Mas, nada de grandioso pode ser realizado em tal estado de coisas. O estudar, e com ele o conhecimento e a cultura, apenas dá frutos significativos – e é por isso que essas ocasiões são tão raras – quando se o pratica como resposta a uma necessidade real (imediata), a uma preocupação que realmente se tem (ORTEGA Y GASSET, 2000). 

Tornou-se lugar-comum as críticas sobre a indiferença e o pouco caso de nossos estudantes de EM, ainda mais em relação às disciplinas encaradas como não prioritárias, como a filosofia. Eles não veem sentido para aquilo que lhes ofertam, ou seja, uma educação engessada pelas ciências positivas, técnicas e sem compromisso com o conhecimento enquanto sabedoria.

É urgente fazer com que o estudante se interesse por sua própria formação educacional. Para tanto, ele precisa encontrar sentido no estudo que realiza, caso contrário, seria como se fosse convidado para uma ficção, algo artificial, sem nenhum significado real para ele. Para evitar a barbárie, dessa forma, não basta saber o que ensinar, mas é preciso pensar em como ensinar. Para tanto, em nosso tempo, no qual o ensino tornou-se até certo ponto obrigatório, é preciso levar em conta o problema do desinteresse. Uma reforma de nossa educação exige, segundo nosso filósofo, virar a educação de ponta cabeça para afirmar que “[...] ensinar é primária e fundamentalmente ensinar a necessidade de uma ciência e não ensinar uma ciência cuja necessidade seja impossível fazer sentir ao estudante” (ORTEGA Y GASSET, 2000, p. 101, grifo nosso).

Foi a partir da nossa capacidade de maravilhar-se (thaumazein)[5] frente às coisas do mundo que se deu o aparecimento da filosofia, o que remonta à Grécia antiga. Em princípio, esse maravilhar-se era com coisas mais simples (prokheira)[6]; em seguida, com aporias mais relevantes, e, por fim, envolveu questões mais complexas. Assim sendo, o homem passou a romper com a aceitação habitual do mundo, e esse rompimento é a Aurora da filosofia, um saber surgido pelo maravilhar-se com o mundo que sempre esteve diante do homem. Pois bem, sem esse maravilhar-se não se pode dar nenhum estudar autêntico, ou seja, como uma atividade em que quem a pratica se preocupa realmente com o que se ocupa.

A aproximação da história da filosofia pode ajudar a compreender esse seu sentido apenas porque ao estudar os clássicos não se estuda outra coisa senão a necessidade de estudá-la. Em bom tempo: utilizar a tradição filosófica, os clássicos de todos os tempos, de modo algum significa fazer uma mera releitura historiográfica das ideias de filósofos pretéritos, muito menos uma repetição sistemática de fórmulas prontas, como se fossem bulas de remédio para nossos problemas atuais. Sobretudo, significa perceber as razões pelas quais os homens sentiram, cada um em seu tempo, a necessidade de filosofar. Nessa direção, a pergunta fundamental é redescobrir o mundo e a necessidade do filosofar nele. O que nos importa hoje é investigar nossas inquietações mantendo a questão mesma da filosofia, ou seja, a mesmidade[7] da filosofia que inquietou os antigos, medievais, modernos e que, ainda nos inquieta. Tematizar esta mesmidade da filosofia é o desafio contemporâneo que nos ocorre.

Assim, aproveitando bem o legado da tradição filosófica, é possível aproximar a problematização da filosofia no decorrer dos tempos aos nossos questionamentos vitais, evitando a tentação de fazer o mais fácil, qual seja, repetir fórmulas prontas, tornar a filosofia uma mera história ou sistematizá-la como se fosse um programa a ser decorado, mas sem sentido algum para o sujeito que dela se aproxima. O desafio maior que nos interpela é como despertar no estudante o desejo de querer aprender (deixar-se aprender), a fim de encontrar sentido para aquilo que estuda. A pedagogia vitalista de Ortega y Gasset orienta que o dever primário da escola é o de despertar nos estudantes a necessidade de estudar. É preciso garantir-lhes, já que nada disso se faz por necessidade imposta ou mediata, a possibilidade de serem afetados pela experiência saber.

Em cada pensamento filosófico está presente, de algum modo, todas as outras filosofias apenas quando esse é um compromisso com o necessário – que, não se esqueça, para o homem abarca o que não é útil. O antigo e tradicional diálogo entre os mais distintos filósofos tem em comum o maravilhar-se ante os mesmos problemas humanos. É este maravilhar-se de acordo com seu tempo que a elegante filosofia orteguiana e sua crítica aos programas educacionais massificadores pretende causar em nossos estudantes secundaristas.

Pensar filosoficamente com originalidade e autenticidade não implica, necessariamente, ignorar as filosofias anteriores, muito menos se ater a elas como se não fôssemos capazes de buscar e compreender nossos problemas mesmos. Todavia, consultar o passado não significa permanecer lá, ou apenas auscultar a voz da experiência de quem já se deparou e enfrentou, se não o mesmo problema, pelo menos um semelhante ao nosso. A filosofia, se realmente é autêntica, não permite nenhum aclimatar-se no mundo:

 

Daí resulta que essa última espiada no retrovisor faça com que irremediavelmente dirijamos nosso olhar para frente. Se não podemos nos alojar nas filosofias pretéritas, não temos outro remédio a não ser o de buscarmos edificar outra. A história do passado filosófico é uma catapulta que nos lança através dos espaços ainda vazios do futuro, em direção à filosofia do porvir. (ORTEGA Y GASSET, 2018, p. 16).

 

É importante aproveitar adequadamente o que o passado filosófico nos legou, mas vivemos em circunstâncias distintas daquelas de outrora. Os tempos idos que nos dão uma faísca de luz para nossa compreensão; mas os tempos de agora exigem uma iluminação atualizada a partir de perspectivas diversas que ampliam e completam nossa perspectiva individual. Conforme Kujawski, (1994, p. 44), “A perspectiva pede soma, síntese, integração com outras perspectivas e vive do diálogo com elas”.

A integração entre as diversas filosofias nos proporciona superar as aporias e dicotomias que porventura surjam diante de nós como um problema filosófico que nos inquieta. E esta inquietação também é futurição[8], que nos move a pensar, a todo instante, o que já somos, mas também, o que seremos, em uma palavra, nosso porvir. Com o que aprendemos e vivemos até agora, podemos nos projetar para o futuro, “Vivemos avançando em nosso futuro, apoiados no presente, enquanto o passado, sempre fiel, vai ao nosso lado [...]” (ORTEGA Y GASSET, 2016b, p. 251).

Ora, não podemos ignorar que a vida escolar é em função da formação acadêmica das gerações futuras. Por isso, Ortega y Gasset (1982) tece críticas às pedagogias que estão em descompasso com a realidade atual de nossos alunos. Nosso filósofo chama de anacronismo[9] esse distanciamento e não vê sentido algum em uma estrutura escolar e sua pedagogia pretenderem organizar o futuro dos estudantes quando, esta mesma estrutura, já não atende aos anseios estudantis atuais, à compreensão do chão de sua existência.

Quando investigamos um problema filosófico que nos inquieta, buscamos compreender em um movimento que vai dos dados mais simples aos mais complexos. À medida que avançamos no entendimento de uma questão, saímos da aparência dos aspectos gerais para alcançarmos sinais mais reveladores daquilo que buscamos compreender. É isso que acontece com o histórico da filosofia, um avanço na busca das inquietações. Todavia, dizemos, pois, que a razão que moveu o primeiro filósofo a investigar uma problematização tal, fora a mesma que moveu o último a investigá-la. Com estreita continuidade, o último filósofo, voltou a pensar o passado filosófico.

 

O importante para aquele que queira realmente pensar é não ter pressa, e ser fiel em cada passo de seu itinerário mental ao aspecto da realidade que tem à vista no momento, evitando desprezar os primeiros, distantes e confusos aspectos por força de uma urgência esnobe que faz com que se queira chegar logo aos mais refinados. (ORTEGA Y GASSET, 2018, p. 71, grifos do autor).

 

A pedagogia vitalista não se baseia em um ensino pautado em cientificismo ou doutrinas científicas engendradas por métodos já definidos, dos quais nossos estudantes não veem sentido algum em deles se aproximar, pois deles não sentem necessidade. Esta ciência, “[...] que essa gente fala e se interessa não é a ciência como saber, é a ciência petrificada, materializada em utilidade”. (ORTEGA Y GASSET, 1982, p. 3). Quando o saber científico tenta, por sua utilidade, ensinar-nos a viver, por exemplo, apenas perderá seu tempo, pois cada um de nós é quem deve se decidir perante as possibilidades que a vida apresenta. Nem mesmo deve a filosofia intentar para este fim. A filosofia pode, quando muito, contaminar os estudantes com esta mesmidade dos filósofos em buscar aquilo que está velado por trás das aparências, a saber, o Ser mesmo das coisas.

 

Considerações finais

 

Quando nos deparamos com o problema educacional que nos ocorre, isto é, a massificação intelectual de nossos estudantes secundaristas – fruto de programas e conteúdos voltados apenas para a valorização das ciências positivas, mas, sobretudo, de um modo de ensinar que não entende a necessidade de se encarar a aprendizagem como uma exigência íntima –, percebemos a necessidade vital do ensino de filosofia e de cultura como alternativa a este processo de massificação pelo qual atravessamos. Pelo ensino de filosofia, poderíamos colaborar na formação de sujeitos intelectualmente emancipados. Em suma, é preciso definir não só o que deve ser ensinado, mas, ainda, ensinar a própria necessidade íntima do saber.

Nesse sentido, a filosofia de Ortega y Gasset é um convite à realização da vida mesma, a partir das circunstâncias individuais de cada um. Pois em um mundo no qual projetamos nossas possibilidades, somos a todo instante instados a fazer escolhas, tornando-nos quem somos. Isto implica angústia e responsabilidade, pois tememos escolher equivocadamente. Contudo, é justamente nisto que consiste a liberdade humana: ser responsável por aquilo que decide, preocupar-me com o que me ocupo. Nesta perspectiva, o ensino de filosofia se apresenta como um instrumento racional e também vital para a emancipação intelectual de nossos estudantes de EM, evitando-se, assim, o surgimento de novos bárbaros, eruditos petulantes que nada sabem sobre suas próprias vidas, não porque lhes falte informação, mas porque nunca quiseram de fato saber.

 

Referências

 

BERTI, Enrico. Convite à filosofia. São Paulo: Edições Loyola, 2013.

 

BITTENCOURT, Renato Nunes. O advento do homem-massa. Filosofia, Ano IV, n. 52. São Paulo: Escala, 2010. p. 22-29.

 

CERLETTI, Alejandro. O ensino de filosofia como problema filosófico. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009.

 

GHEDIN, Evandro. O ensino de filosofia no Ensino Médio. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2009.

 

KUJAWSKI, Gilberto. Ortega y Gasset: A aventura da razão. São Paulo: Moderna, 1994.

 

MARÍAS, Julian. Introdução à Rebelião das Massas. In: ORTEGA Y GASSET, José. A Rebelião das Massas. Campinas: Vide Editorial, 2016. p. 10-35.

 

MATOS, Junot Cornélio. Filosofando sobre o ensino de filosofia. O que nos faz pensar, [S.l.], v. 24, n. 36, p. 367-382, 2015, mar. 2015. Disponível em: http://oquenosfazpensar.fil.puc-rio.br/index.php/oqnfp/article/view/453. Acesso em: 12 ago. 2019.

 

OLIVEIRA, Rômulo José; CASTRO-FILHO, Cláudio Marcondes de. Ortega y Gasset: uma possível contribuição para o ensino na atualidade. Revista de Ciências Humanas, v. 17, n. 29, p. 66-87, dez. 2016. Disponível em: http://revistas.fw.uri.br/index.php/revistadech/article/view/2207/2184. Acesso em: 12 ago. 2019.

 

ORTEGA Y GASSET, José. Meditação da técnica. Rio de Janeiro: Livro Ibero-Americano, 1963.

 

ORTEGA Y GASSET, José. Pedagogia e Anacronismo. [S.l.], [1982]. Disponível em: http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/opombo/hfe/cadernos/futuro/pedagogia%20e%20anacronismo.pdf. Acesso em: 19 ago. 2019.

 

ORTEGA Y GASSET, José. Missão da Universidade. Rio de Janeiro: EdUERJ, 1999.

 

ORTEGA Y GASSET, José. Sobre o estudar e o estudante. In: POMBO, Olga Quatro textos excêntricos. Lisboa: Relógios D’água Editores, 2000. p. 87-103.

 

ORTEGA Y GASSET, José. A Rebelião das Massas. Tradução de Felipe Denardi. Campinas: Vide Editorial, 2016a.

 

ORTEGA Y GASSET, José. O que é filosofia? Tradução de Felipe Denardi. Campinas: Vide Editorial, 2016b.

 

ORTEGA Y GASSET, José. Origem e epílogo da filosofia. Campinas: Vide Editorial, 2018.

 

RODRIGO, Lídia Maria. Filosofia em sala de aula: teoria e prática para o ensino médio. Campinas: Autores Associados, 2009. (Coleção, formação de professores).

 

SOUZA, Galileu Galilei Medeiros de; TEIXEIRA NETO, José. Uma proposta de filosofia para o Ensino Médio. Trilhas filosóficas: Revista Acadêmica de Filosofia, v. 5, n. 2, p. 41-56, 2012. Disponível em: http://periodicos.uern.br/index.php/trilhasfilosoficas/article/view/767. Acesso em: 15 maio 2020.

 

 

Notas



[1] Sujeito sem qualificação, “[...] é o homem enquanto não se diferencia de outros homens, mas que repete em si um tipo genérico” (ORTEGA Y GASSET, 20016a, p. 80).

 

[2] Novo bárbaro: O novo bárbaro é esse personagem médio, atrasado quanto à sua época, arcaico e primitivo em comparação com a terrível atualidade e data de seus problemas. (ORTEGA Y GASSET, 1999, p. 63). O novo bárbaro é incapaz de entender o que há, sua situação e sua circunstância no mundo de sua existência. Muito embora se arvore erudito, é na verdade um inculto, desconhece o fundamental, nada sabe acerca da própria vida.

 

[3] O tipo de homem satisfeito em pensar como “todo mundo”. O especialista é o protótipo do homem-massa. (KUJAWSKI, 1994, p. 82).

 

[4] No sentido de servirem os fins de um determinado estado. (ORTEGA Y GASSET, 1982).

 

[5] Não apenas admiração, “[...] (mas) acima de tudo, uma tomada de consciência da própria ignorância; do próprio não conhecer;” (BERTI, 2013, p. 59).

 

[6] São as coisas que estão diante das mãos, como os problemas mais elementares da vida (BERTI, 2013).

 

[7]Se fosse de outro modo não faria sentido chamar a essas doutrinas, em que pesem suas divergências, “filosofias” ou quaisquer outros nomes afins. Isto implica que, por baixo de suas máscaras de antagonistas, todas são a mesma filosofia, isto é, que as filosofias não são mera multidão, que são somente esta e aquela e aqueloutra, senão que têm em última análise uma mesmidade. Entenda-se: esperamos, suspeitamos, presumimos que a tenha.” (ORTEGA Y GASSET, 2018, p. 72, grifos do autor).

 

[8] Futurição: “Queira-se ou não – disse Ortega -, a vida humana é constante ocupação com algo futuro. Desde este instante nos ocupamos com o que vem depois. Por isso viver é sempre, sempre, sem pausa nem descanso, fazer. [...] Portanto, gravem: nada tem sentido para o homem senão em função do futuro”. (MARÍAS, 2016, p. 24).

 

[9] Anacronismo: Que diz coisas que não se aplica mais nos dias atuais.

 

 

DOI: http://dx.doi.org/10.5902/2448065744388

 

 

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