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Universidade Federal de Santa Maria

Geografia Ensino e Pesquisa, Santa Maria, v. 27, n. 1, e75434, 2024

DOI: 10.5902/2236499475434

ISSN 2236-4994

Submissão: 24/04/2023 Aprovação: 12/12/2023 Publicação: 26/02/2024

1 INTRODUÇÃO.. 4

2 PROCESSO METODOLOGICO.. 6

3 A GEOGRAFIA DO BENZIMENTO NA BAHIA.. 8

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS. 28

AGRADECIMENTOS. 30

REFERÊNCIAS. 31

Contribuição de autoria. 36

Como citar este artigo. 37

 

Produção do Espaço e Dinâmica Regional

A geografia do benzimento na Bahia: um olhar sobre as macrorregiões de saúde

The geography of benzimento in Bahia: a look at health macro-regions

 

La geografia de benzimento em Bahía: una mirada a las macrorregiones de salud

Nayara Gomes BastosIÍcone

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Wbaneide Martins de AndradeIÍcone

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Carlos Alberto Batista dos SantosIÍcone

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Eliane Maria de Souza NogueiraIÍcone

Descrição gerada automaticamente

IUniversidade do Estado da Bahia,  Salvador, BA, Brasil

RESUMO

 A benzeção é uma prática alternativa de cura, que faz parte do legado sócio-cultural e histórico da sociedade brasileira, marcante no estado da Bahia. Dada a sua importância, esta pesquisa tem como objeto compilar e analisar estudos sobre as práticas de benzimento no estado da Bahia, a partir das macrorregiões de saúde. Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, realizada nas bases de dados Google Acadêmico, SciELO, Scopus, Portal CAPES, Web of Science, Elservier e LILACS. Os critérios de inclusão adotados para seleção dos estudos abrangem publicações realizadas no território baiano durante o período de 2010 a 2020, disponibilizadas de forma gratuita na Web, no formato de artigo, resumo, monografia, dissertação, tese ou livro. Foi registrado um total de 50 produções distribuídas nas 8 macrorregiões. Registrou-se a prática de benzimento em 36 municípios baianos, sendo as Macrorregiões com maior número de pesquisa a Sudoeste (n=11) e a Leste (n=10), a macrorregião Sul não apresentou registros. A análise da literatura mostrou a potência dessa prática de cura, evidenciando à quão necessária é, principalmente nos locais onde a medicina convencional é pouco acessível. É perceptível a existência de lacunas que impossibilitam traçar um padrão a cerca dessas práticas no estado. Logo é imprescindível a realização de novos estudos centrando esforços para ampliar os conhecimentos nessa temática e verificando se os estudos e registros desses saberes pelos acadêmicos são incipientes.

Palavras-chave: Benzimento; Macrorregiões de saúde; Bahia

ABSTRACT

Blessing is an alternative healing practice, which is part of the socio-cultural and historical legacy of Brazilian society, which is remarkable in the state of Bahia. Given its importance, this research aims to compile and analyze studies on blessing practices in the state of Bahia, base on the health macro-regions. This is an integrative literature review, carried out in the Google Scholar, SciELO, Scopus, Portal CAPES, Web of Science, Elservier and LILACS databases. The inclusion criteria adopted for the selection of studies cover publications carried out in Bahia during the period from 2010 to 2020, made available free of charge on the web, in the format of article, summary, monograph, dissertation, thesis or book. A total of 50 productions distributed in the 8 macro-regions were recorded. The practice of blessing was recorded in 36 municipalities in Bahia, with the Macro-regions with the highest number of research being in the Southwest (n=11) and East (n=10), the South macro-region did not present records. The analysis of the literature showed the power of this healing practice, showing how necessary it is, especially in places where conventional medicine is not very accessible. It is noticeable the existence of gaps that make it impossible to draw a pattern around these practices in the state. Therefore, it is essential to carry out new studies focusing efforts to expand knowledge on this subject and verifying whether studies and records of this knowledge by academics are incipient.

Keywords: Blessing;  Health Macroregions; Bahia

RESUMEN

La bendición es una práctica de sanación alternativa, que forma parte del legado sociocultural e histórico de la sociedad brasileña, que es notable en el estado de Bahía. Dada su importancia, esta investigación tiene como objetivo recopilar y analizar estudios sobre prácticas de bendición en el estado de Bahía. macrorregiones de salud. Se trata de una revisión integradora de la literatura, realizada en las bases de datos Google Scholar, SciELO, Scopus, Portal CAPES, Web of Science, Elservier y LILACS. Los criterios de inclusión adoptados para la selección de estudios incluyen publicaciones realizadas en Bahía durante el período de 2010 a 2020, disponibles de forma gratuita en la web, en formato de artículo, resumen, monografía, disertación, tesis o libro. Se registraron un total de 50 producciones distribuidas en las 8 macrorregiones. La práctica de la bendición fue registrada en 36 municipios de Bahia, siendo las Macrorregiones con mayor número de investigaciones la Sudoeste (n=11) y Este (n=10), la macrorregión Sur no presentó registros. El análisis de la literatura mostró el poder de esta práctica curativa, mostrando cuán necesaria es, especialmente en lugares donde la medicina convencional es poco accesible. Es notoria la existencia de vacíos que imposibilitan trazar un patrón en torno a estas prácticas en el estado. Por lo tanto, es fundamental realizar nuevos estudios enfocando los esfuerzos para ampliar el conocimiento sobre este tema y verificar si los estudios y registros de este conocimiento por parte de los académicos son incipientes.

Palabras-clave: Bendición; Macro Regiones de Salud; Bahía

1 INTRODUÇÃO

Uma das estratégias organizativas criada para responder as deficiências do Sistema de Saúde no Brasil foi a regionalização da saúde com a criação de redes. Esta ferramenta teve o intuito de sanar as necessidades individuais e coletivas da saúde da população por meio de um planejamento integrado, onde houvesse comunicação eficaz, considerando a extensão do estado baiano. 

Dessa forma, foram criadas, a partir da Lei nº 13.204/2014, as Macrorregiões de saúde na Bahia, denominados Núcleos Regionais de Saúde (NRS), com a finalidade de acompanhar as atividades de regulação e de vigilância sanitária, bem como as ações relativas à Coordenação de Monitoramento de Prestação de Serviços de Saúde, Central de Aquisições e Contratações da Saúde e à Corregedoria da Saúde, contribuindo para o fortalecimento da gestão, junto aos Municípios (BAHIA, 2014).

O estado da Bahia é uma área fortemente marcada pela diversidade étnica e cultural, decorrente do processo histórico de colonização, onde o arcabouço sociocultural advém de uma vasta mistura de crenças e tradições oriundas das concepções dos povos africanos, indígenas e europeus (SANTOS et al., 2021). Nessa perspectiva, ressalta-se a importância das ações de tratamento de doenças realizadas pelas comunidades de curandeiras (os), rezadeiras (os) e benzedeiras (ores) que buscam curar pessoas doentes de suas enfermidades através das práticas de benzimento, utilizando seus conhecimentos tradicionais e o auxílio de recursos naturais.

A medicina tradicional nada mais é do que uma combinação de conhecimentos e práticas que tem por objetivo prevenir, promover ou eliminar as doenças físicas, mentais e sociais embasadas em experiências passadas e na observação, sendo transmitidas de forma transgeracional, tanto oralmente como por escrito (OMS, 2002). No Sistema Único de Saúde Brasileiro – SUS, há registros desde a década de 1980 da Medicina Tradicional e Complementar (JUSTO; GOMES, 2007), mas só a partir de 2006, com a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares -PNPIC, é que elas foram legitimadas e inseridas de forma ampla nos sistemas de saúde (BRASIL, 2006).

Os rituais de benzimento fazem parte da memória cultural da sociedade, essa prática alternativa de cura representa um legado histórico marcante no estado baiano. O benzimento estava presente no dia a dia das populações do Brasil colonial, e emergiu do arcabouço cultural dessa época (VIANA, 2019). Este estudo tem como objetivo precípuo compilar e analisar estudos publicados em bases de dados digitais acadêmico-cientificas, na última década (2010-2020), acerca das práticas do benzimento revisitando a trajetória do conhecimento construído através de benzedeiras(ores), curandeiras(os) e rezadeiras(ores) nas macrorregiões de saúde baiana.

Importante salientar que, em alguns municípios brasileiros, essa prática é oficializada, sendo os praticantes de benzimento reconhecidos dentro do sistema de saúde (DUCATI, 2012 e COSTA, 2009). Sendo assim, essa pesquisa contribui significativamente para compreender o universo da prática de benzimento na Bahia, através do mapeamento e análise das publicações sobre o tema, para melhor entender como essas práticas estão distribuídas e se existe um padrão nos saberes nas macrorregiões de saúde, evidenciando as lacunas de registro do conhecimento, além de fornecer dados que possam subsidiar políticas públicas de saúde no estado.

   

2 PROCESSO METODOLOGICO

O método utilizado para a revisão sistêmica da literatura foi o de revisão integrativa, a partir dos estudos de Broome (2000), Rother (2007) e Botelho et al. (2011). Nessa perspectiva, esse trabalho apresenta uma construção teórica acerca das pesquisas publicadas sobre os conhecimentos e práticas do benzimento na Bahia. Vale ressaltar que aqui usamos os termos benzedeiras, rezadeiras, benzedores e rezadores enquanto sinônimos, representando os agentes praticantes de benzimento.

A partir do tema “Etnobotânica do Benzimento na Bahia”, buscou-se responder à seguinte pergunta: Qual o status atual da prática do benzimento e permanência desta tradição entre as expressões culturas nos diversos grupos humanos no estado da Bahia?

A pesquisa foi desenvolvida em seis etapas (Figura 1), com buscas em artigos, livros, monografias, dissertações e teses de acesso livre nas plataformas de busca nas bases de dados científicas: Google Acadêmico, SciELO, Scopus, Portal CAPES, Web of Science, Elservier e LILACS, sendo utilizados os seguintes descritores, nas línguas portuguesa e inglesa: “Benzimento”, “Benzedeira”, “Benzedura”, “Curandeira”, “Rezadeira”, “Etnobotânica medicinal” e “Cura”, isoladas e/ou combinadas com a palavra “Bahia” e a sigla “BA”.

Foram estabelecidos como critérios de inclusão das publicações: a) publicações entre os anos de 2010 a 2020; b) pesquisas realizadas no território baiano; c) publicações disponibilizadas na Web gratuitamente, d) ser publicado em forma de artigo, resumo, monografia, dissertação, tese ou livro. A identificação e seleção dos estudos foram realizados partir da leitura sistemática do título, palavras-chaves e resumos. Caso a leitura desses dados não fosse suficiente para inserir o material na seleção, buscava-se o material na íntegra. Os dados foram compilados e analisados utilizando-se o software Excel.

Figura 1 – Mapa Conceitual das etapas da revisão integrativa

Fonte: Organizado pelos autores (março, 2023) adaptado de Botelho et al. (2011)

3 A GEOGRAFIA DO BENZIMENTO NA BAHIA

Foram inicialmente selecionados, um total de 78 estudos, desses 27 foram excluídos por não se adequarem aos critérios estabelecidos nessa pesquisa. Quando o mesmo trabalho foi encontrado em outra base de dados, caracterizando-se duplicidade, esse foi retirado da análise.

Ao final, atendendo aos critérios de inclusão, fizeram parte dessa amostra um total de 50 (cinquenta) estudos, distribuídos nas bases de dados pesquisadas da seguinte forma: Google acadêmico com 45 (90%) publicações, sendo 20 artigos (40%), 3 (6%) resumos, 6 (12%) Teses, 10 (20%) dissertações, 4 (8%) monografias, 1 (2%) relatório e 1 (2%) livro. O Portal CAPES registrou 4 artigos, e o Scielo 1 artigo. Nas bases Web of Science, Elservier, Scopus e LILACS não houve registro de publicações sobre a temática que se enquadrasse nos critérios de inclusão (Figura 2).

Com relação à Natureza das publicações, o formato de artigo foi o mais encontrado,  correspondendo a 50% (n=25), seguido das dissertações de mestrado,  com um equivalente a 19,6% (n=10) dos dados. As Teses representam 11,7% (n=6) dos registros, monografias com 7,8% (n=4) e resumos com 5,8% (n=3) das pesquisas, as demais categorias tiveram apenas 1 registro em cada (Figura 2).

Figura 2 – Fluxograma apresentando as bases de dados e a natureza das publicações

Fonte: Organizado pelos autores (março, 2023)

No que concerne à periodicidade das publicações, a Figura 3 traça uma linha do tempo, demonstrando que os anos com maior número de publicações foram 2019 com 19,6% (n=10), seguido de 2018 com 13,7% (n=7) e 2014 com 11,7% (n=6). Nota-se uma flutuação nas publicações, com uma queda abrupta na produção em 2016, sem registro de publicações e retomando o crescimento em 2017 com quatro (n=4), atingindo o ápice em 2019 com nove (n=9) publicações, e decaindo em 2020 para cinco (n=5) publicações.

Figura 3 – Linha do tempo das publicações sobre benzimento para o estado da Bahia no período de 2010-2020

Fonte: Organizado pelos autores (março, 2023)

Em relação à distribuição geográfica dos estudos, foram registrados 37 municípios baianos: Andaraí, Barra do Choça, Cachoeira, Caem, Caetité, Cairú, Casa Nova, Feira de Santana, Glória, Governador Mangabeira, Irará, Itaitê, Ituaçú, Jequié, Jeremoabo, Juazeiro, Lençóis, Matina, Miguel Calmon, Mirangaba, Paririranga, Riachão das Neves, Ribeira do Largo, Rio de Contas, Salvador, Santo Amaro, Santo Antônio de Jesus, São Francisco do Conde, Saúde, Senhor do Bonfim, Serrinha, Tremendal, Uruçuca, Valente, Vera Cruz, Vitória da Conquista. Contudo, dada a extensão territorial da Bahia, considera-se uma representação incipiente, considerando a existência de 417 municípios no território baiano, o maior Estado da Região Nordeste em extensão territorial (Figura 4).

Figura 4 – Mapa de distribuição das pesquisas sobre benzimento para o estado da Bahia, no período de 2010-2020 destacando as macrorregiões de saúde

Doutorado (7)

Fonte: Organizado pelos autores (março, 2023) adaptado de http://www 1.sau de.ba.gov.b r/mapabahia

 

O benzimento enquanto estratégia de acolhimento e tratamento de saúde pode ser considerado uma ação de saúde pública no estado da Bahia, principalmente em zonas rurais, uma vez que nessas áreas, a melhoria na dinâmica organizativa da saúde pública do Sistema Único de Saúde - SUS enfrentou e enfrenta várias deficiências.  Diante desse cenário e buscando sanar as lacunas existentes, uma das estratégias organizativas criada foi o processo de regionalização da saúde, tendo como alicerce a criação de redes. Na Bahia, o estado foi subdividido em nove (n=9) Macrorregiões, denominadas Núcleos Regionais de Saúde - NRS, visando otimizar a gestão pública.

Considerando o benzimento como uma prática relacionada a saúde, analisamos a distribuição das publicações nas 8 macrorregiões (Centro-Leste, Centro-Norte, Leste, Nordeste, Norte, Oeste, Sul e Sudoeste), excetuando-se o Extremo Sul, pois não foram encontrados registros (Tabela 1).

Tabela 1 – Distribuição das variáveis de análises das pesquisas publicadas sobre o Benzimento entre os anos de 2010-1020 no estado da Bahia com base nas macrorregiões de saúde

Macrorregiões de Saúde na Bahia

 

Autor (Ano)

 

Título da Obra

Municípios da Pesquisa na Bahia

Zonas Gráficas

Natureza da publicação

Centro-Leste

16%(n=8)

 

 

SANTANA, M. C.

(2018)

A contribuição do livro de literatura Cascalho para compreender a cidade de Andaraí no século XX

 

 

Andaraí

 

 

Ur

 

 

Monografia

 

CARVALHO, M. C. M

(2011)

Benzimento e cura na comunidade de São João do Cazumbá

 

Feira de Santana

 

Ru

 

Artigo

 

 

 

SAMPAIO, M. C. J.

(2013)

O currículo vivido e os repertórios culturais negros nas escolas municipais da Matinha dos Preto-BA: diálogos com a lei 10.639/03

 

 

 

Feira de Santana

 

 

 

Ru(Qui)

 

 

 

Dissertação

 

SILVA, J. D; CORDEIRO, R. C.

(2010)

Práticas de cura numa comunidade quilombola

 

Irará

 

Ru(Qui)

 

Artigo

 

MAGALHÃES, M. O. S.

(2019)

Histórias de Dindo: causos, benzas e rezas

 

Itaitê

 

Ru

 

Monografia

 

 

 

PEREIRA, L. A.

(2014)

Nas trilhas de uma comunidade Quilombola: tradição, oralidade, memória coletiva e identidade

 

 

Lençóis

 

 

Ru(Qui)

 

 

Dissertação

 

 

 

MACHADO, R.

(2019)

O sagrado feminino: poder que vem de dentro-despertar, cura, conexão ancestral e empoderamento de mulheres

 

 

 

Serrinha

 

 

 

Ur

 

 

 

Resenha

 

 

 

NERI, M. L. S. P.; FREIXO, A. A.

(2019)

Conhecendo as plantas medicinais por meio da exploração dos cinco sentidos: uma experiência na região sisaleira da Bahia

 

 

 

Valente

 

 

 

Ru

 

 

 

Artigo

Centro-Norte

8%(n=4)

 

SANTOS, J.

(2018)

Sagrado feminino em Piabas: o que o campo diz?

 

Caem

 

Ru

 

Artigo

 

 

 

NASCIMENTO, R. C. D.

(2020)

Comunidade quilombola de Mucambo dos Negros: identidade étnico-racial no Programa de Saúde na Escola – Miguel Calmon–BA.

 

 

 

Miguel Calmon

 

 

 

Ru (Qui)

 

 

 

Dissertação

 

 

 

CRUZ, J. S.

(2014)

A trajetória da comunidade quilombola de Coqueiros: história e memória

 

 

Miraranga

 

 

Ru (Qui)

 

 

Monografia

 

 

 

MOURA, J.

(2019)

Com dois te botaram com três eu te curo: as representações de cura na prática das benzedeiras de paiaiás no município de Saúde/Bahia (1950–2018).

 

 

Saúde

 

 

Ru

 

 

Monografia

Leste

21%(n=10)

 

TAVARES, F.

et al.  (2019)

Fazeres e saberes terapêuticos quilombolas, Cachoeira, Bahia Salvador

 

 

Cachoeira

 

 

Ru(Qui)

 

 

Livro

 

 

 

 

CONCEIÇÃO, A. S. (2011)

O Santo é quem nos vale, rapaz! Quem quiser acreditar, acredita!”: Práticas religiosas e culturais nas benzenções

 

 

Governador Mangabeira

 

 

Ru

Dissertação

 

 

 

CONCEIÇÃO, A. S. (2012)

“No meu tempo, quando eu era criança [...] Todo mundo era

 

Governador Mangabeira

 

Ru

 

Artigo

 

 

CONCEIÇÃO, A. S. (2017)

Notas sobre religiosidades populares no Recôncavo

 

Governador Mangabeira

 

Ru

 

Artigo

 

 

 

 

 

NASCIMENTO, L. G. (2013)

“Aqui são usos e frutos”: uma análise antropológica sobre a comunidade  quilombola do Alto do Tororó na Baía de Aratu, Salvador, Bahia

 

 

 

 

Salvador

 

 

 

 

Ru(Qui)

 

 

 

 

Dissertação

 

 

COSTA, L. S.

et al. (2014)

O saber popular no cuidado ao recém-nascido em uma comunidade quilombola.

 

Salvador

 

Ru(Qui)

 

Resumo

 

 

RIBEIRO, E. P.   et al. (2018).

Diálogo com o sagrado: narrativas das benzedeiras e rezadeiras de Santo Amaro

 

Santo Amaro

 

Ur

 

Artigo

 

NASCIMENTO, M. S. (2014)

Os impasses com o catoliscimo negro vivido por rezadores em Santo Antônio de Jesus – BA (1940 – 1970).

Santo Antônio de Jesus

N.I.

Artigo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

JESUS, W. S. (2012)

Rezadeiras/rezadores de preceito de São Francisco do Conde: itinerário de fé e cura nas práticas etnomédicas.

 

 

 

São Francisco do Conde

 

 

 

Ur/ Ru

 

 

 

Dissertação

 

 

 

MACHADO, R. F. (2019)

As folhas vermelhas do mangue: uma etnografia sobre os mortos, a morte e a maré em Matarandiba (BA).

 

 

Vera Cruz

 

 

Ru

 

 

Tese

Nordeste

2%(n=1)

 

SANTOS, S. J.

(2015)

Ator em cena: Morte e vida Severina.

 

Paripiranga

 

Ru

 

Relatório

Norte

16%(n=8)

 

 

 

MONTEIRO, F. P. (2010)

Vida em Santidade: modos de ser santo em uma comunidade messiânico-milenarista do sertão baiano (Pau de Colher, 1934-1938

 

 

 

Casa Nova

 

 

 

Ru(Qui)

 

 

 

Artigo

 

 

 

 

SANTOS, D. R. V,  et al. (2018)

Plantas antiparasitárias utilizadas pelos indígenas Kantaruré-Batida (NE-Brasil): Etnobotânica e riscos de erosão dos saberes locais.

 

 

 

 

Glória

 

 

 

 

Ru(Ind)

 

 

 

 

Artigo

 

 

 

ALMEIDA, V. S.; BANDEIRA, F. P. S. F. (2010

O significado cultural do uso de plantas da caatinga pelos quilombolas do Raso da Catarina, município de Jeremoabo, Bahia, Brasil

 

 

 

Jeremoabo

 

 

 

Ru(Qui)

 

 

 

Artigo

 

 

FERNANDES, F. M. S. (2013)

Comunidade quilombola de casinhas em Jeremoabo Bahia: seu tempo, seu chão, sua memória

 

 

Jeremoabo

 

 

Ru(Qui)

 

 

Dissertação

 

 

GIUDICE, D. S. (2015)

História cultura turismo e desenvolvimento em Juazeiro–BA.

 

Juazeiro

 

N. I.

 

Artigo

 

 

SILVA, R. C. M; SOUZA, R. M. (2014)

Indicações das plantas medicinais no processo saúde/doença: o conhecimento tradicional em Juazeiro-Bahia

 

 

Juazeiro

 

 

Ru

 

 

Artigo

 

 

 

LIMA, C. M. (2019)

A importância da relação religiosidade e saúde nas práticas de cuidadores tradicionais quilombolas.

 

 

Senhor de Bonfim

 

 

Ru(Qui)

 

 

Artigo

 

 

 

SANTOS, P. O. (2013)

Ser quilombola no sertão: Tijuaçu, lutas e resistências no processo de construção identitária.

 

Senhor de Bonfim

 

Ru(Qui)

 

Dissertação

Oeste

2%(n=1)

OLIVEIRA, P.C.; GUIMARÃES, S. F.

(2015)

Saberes e Práticas de Saúde em Riachão das Neves (BA)

 

Riachão das Neves

 

Ru

 

Resumo

Sudoeste

23%(n=11)

 

ROCHA, S. M. (2013)

As Benzedeiras, Folhas, Rezas e Segredos: uma apologia à Vida

 

Barra do Choça

 

Ur/ Ru

 

Artigo

 

 

 

 

VIEIRA, S. A. (2012)

A arte de zombar como possibilidade de resistência: Notas sobre as relações jocosas em uma comunidade quilombola no alto sertão baiano

 

 

 

 

Caetité

 

 

 

 

Ru(Qui)

 

 

 

 

Artigo

 

 

BASTOS, L. C. S. L (2020)

Nas trilhas do Quilombo Sambaíba: etnografia de um saber-fazer que se transforma.

 

 

Caetité

 

 

Ru(Qui)

 

 

Artigo

 

 

 

DE BENEDICTIS, P.D. (2017)

Cova de Pedro e Gruta da Mangabeira, estudo antropológico de práticas religiosas mestiças no interior da Bahia (Brasil).

 

 

Ituaçu e Ribeirão do Largo

 

 

Ru

 

 

Tese

 

 

TEIXEIRA, C.A.P. (2018)

Relatos de memórias: Vaqueiros do Alto Sertão da Bahia

 

Matina

 

N. I.

 

Artigo

 

 

 

SILVA, L. J. ; SOUZA, R. S. (2019)

(Re) existência “Margarida”-mulher negra quilombola: identidade, religiosidade e o poder de cura na Chapada da Diamantina-BA

 

 

 

Rio de Contas

 

 

 

Ru(Qui)

 

 

 

Artigo

 

 

SILVA, L. J. (2017)

Etnicidade e cura entre benzedeiras quilombolas de Rio de Contas-BA.

 

Rio de Contas

 

Ru(Qui)

 

Dissertação

 

 

CRUZ, S. A. (2011)

Identidades cambiantes nas comunidades quilombolas de Rio de Contas, no Alto Sertão baiano.

 

 

Rio de Contas

 

 

Ru(Qui)

 

 

Tese

 

 

 

AGUIAR, G. O. (2012)

Mulheres negras da montanha: a religiosidade das benzedeiras de Rio de Contas

 

 

Rio de Contas

 

 

Ru(Qui)

 

 

Tese

 

 

QUEIROZ, G. B. et al. (2017)

Diversidade na Maneira de uso das Plantas Medicinais em Comunidades Rurais de Tremedal-BA

 

 

Tremendal

 

 

Ru

 

 

Artigo

 

 

LIMA, V. I. C.; NASCIMENTO, W. S. (2018)

Nações, fronteiras e relações étnicas na comunidade indígena-quilombola do Baixão (Vitória da Conquista, BA).

 

Vitória das Conquistas

 

Ru

 

Artigo

Sul

10%(n=5)

 

 

MARTINS, L. A. (2014)

Cuidado ao recém-nascido em Comunidade Quilombola e a influência integrada intergeracional.

 

 

Cairú

 

 

Ru (Qui)

 

 

Dissertação

 

 

 

 

 

ALMEIDA, G. S.  et al. (2012).

Conhecimento e uso de Plantas Medicinais da Cultura Afro-Brasileira pelos moradores da comunidade da Fazenda Velha no Município de Jequié-BA.

 

 

 

 

Jequié

 

 

 

 

Ru

 

 

 

 

Artigo

 

 

 

LINHARES, E. F. (2018)

Tenho guardado os “imbigo” de todos os meus netos: memória de avós no cuidado com o coto umbilical.

 

 

Jequié

 

 

Ur

 

 

Tese

 

 

AMARAL, S.L.P.  et al. (2020)

Intervenção educativa em saúde a respeito do tétano neonatal e coto umbilical.

 

Jequié

 

Ur

 

Artigo

 

 

 

SILVEIRA, I. P. (2020)

(Eco) logias do cuidado: Saúde, natureza, e sociabilidade em Serra Grande, Uruçuca–BA.

 

 

Uruçuca

 

 

Ru

 

 

Tese

Não cita

 

 

MACHADO, R. (2020)

O sagrado feminino: poder que vem de dentro-despertar, cura e empoderamento de mulheres.

 

 

N. I.

 

 

N. I.

 

 

Artigo

 

SANTOS, A. N. S; DO NASCIMENTO, E. R. (2019)

Proposições de cuidado cultural à enfermagem frente a aspectos da saúde reprodutiva de mulheres quilombolas.

 

 

N. I.

 

 

Ru(Qui)

 

 

Artigo

Fonte: Organizado pelos autores (2023); Legenda: Ru= Rural, Ru(Qui)=Rural (Quilombola), Ur= Urbana, Ur/Ru= Urbana e Rural, N.i. = Não informado

A macrorregião mais representativa foi a Sudoeste com 23% (n=11) das publicações, destacando os municípios de Rio de Contas (n=4) e Caetité (n=2) com um maior número de pesquisas encontradas. As demais publicações distribuídas entre as cidades de Barra do Choça, Matina, Ribeirão do Largo e Ituaçú, Tremendal e Vitória da Conquista, com um (n=1) registro.

Dentre as pesquisas encontradas na macrorregião Sudoeste, nove (n=9) foram realizadas em áreas rurais, sendo seis (n=6) dessas em comunidades quilombolas. Os demais trabalhos foram em área urbana-rural (n=1) e, quando não foi possível identificar, incluiu-se na categoria “não cita” (n=1).

Nas comunidades de Barra/Bananal em Rio de Contas, as rezadeiras e benzedeiras rememoram os tempos de outrora quando a assistência médica era inexistente na comunidade, e a cura para as enfermidades só era possível com rituais de Benzimento e remédios caseiros.  Enfatizando que as pessoas viviam muito com as práticas desenvolvidas pelas comunidades locais naquela época, inclusive destacam a existência de doenças que médico nenhum daria jeito, apenas com benzimento seria possível a cura (Silva, 2017).

Quatro estudos de relevância destacam-se nas comunidades de Barra e Bananal, ambas em Rio de Contas, abordando o tema do benzimento. Duas teses em Ciências Sociais sobressaem-se nesse cenário: a pesquisa de Cruz (2011), que se concentra na compreensão da formação da identidade étnica dessas comunidades e em suas dinâmicas de intercâmbio, e a investigação de Aguiar (2012), que realizou uma análise da religiosidade das benzedeiras negras da região montanhosa. Aguiar explorou a história de Rio de Contas, traçando uma narrativa sobre a mulher negra na diáspora brasileira, sua conexão com mulheres africanas e o papel social crucial da benzedura na religiosidade popular.

Essas pesquisas são complementadas pelos estudos de Silva (2017), cuja dissertação analisou a formação da identidade étnica das benzedoras nas mesmas comunidades, destacando o risco iminente de perda dessa prática, especialmente devido à falta de interesse dos mais jovens em aprendê-la. Adicionalmente, Silva e Souza (2019) contribuíram para o entendimento em Barra e Bananal, abordando questões de etnicidade, religiosidade e gênero. Esses estudos em Rio de Contas ressalta a importância central dos praticantes de benzimento, evidenciando seu relevante papel na dinâmica social e cultural local.

No alto sertão baiano lo município de Caetité, estudo realizada com Comunidade Quilombola de Malhada por Vieira (2012) identificou os curadores e benzedores como “entendidos”, destacando sua habilidade singular para curar os enfermos. O termo “benzedores” aparece no texto, associando esses indivíduos à capacidade de se harmonizar com diversas potências e influências nas práticas de cura. Conforme a autora, o “entendido” é aquele que possui a destreza ou dom de alinhar-se a diferentes forças, ressaltando sua notável relevância social.

A pesquisa etnográfica realizada por Bastos (2020), em Caetité, no Quilombo Sambaíba através de outra abordagem buscou compreender a construção das identidades, explorando o processo do saber-fazer. A tradição do benzimento é minuciosamente descrita na sétima trilha do estudo, enfatizando a fé como “a propulsora de energia, sem a qual nada se realiza (p.72)”. Dado que a comunidade não dispõe de um posto de saúde, as benzedeiras desempenham um papel fundamental no contexto da saúde pública, agindo como verdadeiras provedoras de cuidado.

A segunda macrorregião de saúde com maior número de trabalhos encontrados foi a Leste, com 21% (n=10) dos registros. Apenas na cidade de Governador Mangabeira, foram três (n=3) publicações, todas da mesma autoria (Conceição, 2011; 2012; 2017). Os demais estudos foram realizados em Salvador (n=2), Cachoeira, Santo Amaro, Santo Antônio de Jesus, São Francisco do Conde e Vera Cruz, com um (n=1) registro para cada localidade.

Dentre essas pesquisas, sete (n=7) foram em áreas rurais, sendo três (n=3) dessas em Comunidades Quilombolas. Os demais foram distribuídos em espaços urbanos, urbano/rural e “não cita” com (n=1), respectivamente. Dentre os três desenvolvidos em Comunidades Quilombolas, apenas Costa et al. (2014), na comunidade Quilombola de Ilha de Maré, retrata o Benzimento como prática religiosa no cuidado de recém-nascidos, tanto prevenindo doenças quanto livrando de males, como o mau-olhado.

As três pesquisas realizadas em Governador Mangabeira exploraram o universo cultural e religioso de rezadeiras e rezadores na zona rural do município. A autora chama a atenção para o fato das práticas curativas aplicadas por esses agentes possuirem um caráter preventivo, já que para eles mais importante que curar a doença é assegurar, a partir de resguardos, que ela não consiga evoluir (Conceição, 2011; 2012; 2017).

Na zona urbana de Santo Amaro, existe um consenso de que algumas enfermidades só podem ser curadas totalmente através das rezas e benzimentos (Ribeiro et al., 2018). Percebe-se que, mesmo com o fácil acesso à medicina convencional nas cidades, o benzimento permanece como um símbolo de resistência, valorando o poder curativo das folhas e das rezas.

Na macrorregião Centro-Leste, foram registradas 16% das publicações (n=8) distribuídas nas cidades de Feira de Santana (n=2), Andaraí, Irará, Itaitê, Lençóis, Serrinha e Valente, cada uma com um (n=1) registro. Dentre os estudos, seis (n=6) foram realizados na zona rural e dois (n=2) na urbana, sendo que em espaços rurais metade (n=3) foi em Comunidades Quilombolas.

Em Feira de Santana, destacam-se dois estudos, Carvalho, 2011 e Sampaio, 2013 que lançam luz sobre diferentes perspectivas do benzimento. O trabalho de Carvalho (2011), desenvolvido na comunidade rural de São João do Cazumbá, oferece uma análise aprofundada das representações religiosas intrínsecas a essa prática de benzimento. Explorando como as crenças religiosas permeiam e fundamentam o benzimento, o autor proporciona uma compreensão mais rica desse fenômeno. Já em Matinha a autora busca entender como as práticas e narrativas das benzedeiras pode contribuir para ressignificar os conteúdos curriculares (Sampaio 2013).

Na zona rural de Valente, os benzedores são detentores dos conhecimentos empíricos a cerca das plantas medicinais (Neri; Freixo, 2019). No interior de Itaitê, Magalhães (2019) desenvolveu seu trabalho de conclusão de curso a cerca dos causos e vivências de um exímio rezador/benzedor que habitou aquela região até o ano de 2015. Segundo Pereira (2014) na Comunidade de Remanso, na Chapada Diamantina, pertencente ao município de Lençóis, os benzedores e raizeiros são extremamente respeitados devidos aos saberes ancestrais adquiridos que auxiliam nas curas das enfermidades.

Entre tantos estudos, dois trabalhos foram realizados em áreas urbanas, nas cidade de Andaraí e Serrinha. Santana (2018) ao fazer uma análise do livro “O Cascalho” buscando compreender a cidade de Andaraí no século XX, ressalta a presença de benzedores e rezadores no município. Já, Machado (2019), buscando diagnosticar as concepções das mulheres referentes ao tema Sagrado Feminino dentro do movimento da agroecologia, cita a utilização de práticas de benzimento na Oficina de Curandeiras e Resgate dos Sagrados Saberes Ancestrais de Cura (publico excepcionalmente de mulheres) realizada no Campus da UNEB de Serrinha.

Embora sejam pesquisas em locais e espaço-tempo diferentes, a benzedura é algo marcante na cultura do país e que se mantem presente na medicina popular e tem adentrado de forma sutil nos espaços acadêmicos através de oficinas nos projetos de extensão.

A macrorregião Norte registrou 16% (n=8) dos estudos, nos municípios de Jeremoabo, Juazeiro e Senhor do Bonfim que apresentaram duas (n=2) publicações cada, seguidas de Casa Nova e Glória com uma (n=1) publicação cada. Das pesquisas encontradas, apenas uma (n=1) foi realizada em área urbana; as outras sete (n=7) ocorreram em localidades rurais, destacando-se os estudos nas Comunidades e Povos Tradicionais, representadas por Povos Indígenas (n=1) e Comunidades Quilombolas (n=4).

Uma pesquisa contempla os Povos Indígenas, sendo realizada na etnia Kantaruré-Batida, município de Glória, esse estudo refere-se às plantas antiparasitárias, entre os especialista locais, os rezadores correspondiam a cerca de 3,3% dos entrevistados (Santos et al., 2018). A medicina dos povos originários é fortemente marcada pelo elo “homem-natureza”, em meio a esse universo mágico cheio de crenças e culturas e uma farmacopeia imensurável, cumprindo com maestria seu papel na busca pelo reestabelecimento do equilibro “mente-corpo-espírito”, e como bem abordado por Giulosk e Costa (2012), as práticas de pajelança indígena se constituem em uma das bases que alicerçam o benzimento.

Explorando o significado cultural do uso de plantas da caatinga pelas comunidades quilombolas de Casinhas e Baixa dos Quelés, no Raso da Catarina em Jeremoabo, Almeida e Bandeira (2010) destacaram as espécies botânicas empregadas nas práticas de benzimento e o papel essencial desempenhado pelas benzedeiras na cura das doenças que “afligem a alma”. Em outro estudo realizado em Casinhas, Fernandes (2013), examina os processos identitários e de territorialização das comunidades rurais negras pós-abolição. A prática do benzimento emerge como uma presença constante no cotidiano comunitário, povoando o imaginário coletivo. As entrevistas realizadas com dois rezadores, ofereceu uma perspectiva aprofundada sobre o papel e a significância desses praticantes na comunidade.

Na zona rural de Juazeiro, informantes locais citaram a preferência em usar “remédios do mato” ou procurar rezador/benzedor para se tratar, rezadores da região também enfatizaram a existência de doenças que médico nenhum daria jeito (Silva; Souza, 2014). Ainda em Juazeiro, os benzedores também são citados por Giudice (2015) entre o universo de manifestações que permeiam o Rio São Francisco em sua pesquisa sobre história e cultura do turismo nesta cidade.  Já na Comunidade Quilombola de Tijuaçú, em Senhor do Bonfim, a procura pelo benzimento ocorre mesmo quando as pessoas recorrerem ao auxílio da medicina convencional (Lima, 2019). Mais uma vez, é possível observar a confiança nessa prática, principalmente em remanescente de quilombo, pois são espaços com uma forte influência cultural.

Na macrorregião Sul  foram encontrados 10% (n=5) dos trabalhos, sendo três (n=3) deles em Jequié, um (n=1) em Cairú e outro em Uruçuca. Desses, três (n=3) foram realizados em comunidades rurais, sendo uma delas quilombola e dois (n=2) em espaços urbanos.

Na zona urbana de Jequié, um estudo envolvendo mães adolescentes, com idades entre 15 e 19 anos, destaca a presença do benzimento como parte dos cuidados familiares, especialmente relacionados ao coto umbilical e à amamentação. Essa prática é realizada tanto nas mães quanto nas crianças, conforme discutido por Amaral, Prina e Sales (2020). Além disso, o estudo realizado no mesmo município por Linhares (2013) identificou que o benzimento também é mencionado como parte dos cuidados domiciliares com o coto umbilical em mulheres avós, com idades entre 62 e 91 anos. Essa constatação sugere que, independentemente da faixa etária materna, o benzimento é uma prática persistente e relevante nesse contexto.

Na Comunidade Quilombola de Monte Alegre, localizada na Ilha de Boipeba, município de Cairú, onde o acesso aos serviços de saúde é precário devido à proximidade limitada das unidades de saúde, os relatos coletados indicam que, quando os recém-nascidos adoecem, a primeira abordagem é buscar a ajuda de uma benzedeira ou rezadeira, conforme documentado por Martins (2014). Esses relatos ressaltam que, independentemente do ambiente geográfico (urbano ou rural) dentro dessa macrorregião, o benzimento permanece como uma prática robusta nos cuidados de saúde, especialmente durante o período pueril.

Para a macrorregião Centro-Norte, registrou-se 8% (n=4), estão distribuídos nas cidades de Caém, Miguel Calmon, Mirangaba e Saúde, cada um com um (n=1) registro, todos em áreas rurais, sendo dois em Comunidades Quilombolas. É importante salientar que, nessa macrorregião, a Comunidade Quilombola de Mucambo dos Negros, localizada em Miguel Calmon a procura pelo benzimento ocorre mesmo quando as pessoas recorrerem ao auxílio da medicina convencional (Nascimento, 2020). Em Coqueiros, Comunidade Quilombola localizada no município de Mirangaba, os benzedores possuem um papel importante na representação do sagrado em através de consultas eles benzem e receitam banhos e chás (Cruz, 2014). Logo, percebe-se que essa prática de cura é entendida culturalmente como um complemento aos cuidados científicos, no que tange ao restabelecimento da saúde.

Nas macrorregiões Nordeste e Oeste foi registrados dois estudos 2% (n=1) que foram realizados nas cidades de Paripiranga e Riachão das Neves, ambos em áreas rurais. No povoado de Antas do Raso, município de Paripiranga, o benzimento faz parte da cultura local, sendo inclusive referenciado em projetos escolares (Santos 2015). Nas áreas rurais de Riachão das Neves as rezadeiras/benzedeiras são verdadeiras referências nas redes de apoio local e cuidados à saúde (Oliveira; Guimarães, 2015).

É relevante destacar que a macrorregião do Extremo-Sul foi a única que não teve registros de publicações. Mesmo com a carência de pesquisas em determinadas regiões de saúde, não podemos inferir com exatidão a inexistência de pessoas que praticam esse ofício. Vale ressaltar que dois estudos (Santos; Nascimento, 2019; Machado, 2020), por não citarem a cidade realizada, tornou-se impossível saber em qual macrorregião estão inseridos, e por isso não foram amostrados no mapa.

De uma forma geral, nas demais macrorregiões, foi possível observar que mesmo com o fácil acesso à medicina moderna, as práticas curativas através do Benzimento ainda se fazem presentes nos polos urbanos, embora em menor quantidade quando comparadas aos espaços rurais. Esses resultados corroboram com Sussol (2018), quando afirma que o maior número de benzedeiras está concentrado nas zonas rurais e periféricas por conta da difícil acessibilidade  à medicina alopática.

Nesse contexto, é de grande valia a “re-existência” desses saberes de cura, principalmente em espaços remanescentes de quilombo, onde a ancestralidade é latente e pulsante.  Sendo essa prática ancestral de certa forma basilar na formação das identidades tanto individuais quanto coletivas dos que ali ainda habitam.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A análise das pesquisa sobre o bezimento na Bahia revelou uma notável  heteroneidade na distribuição regional, com macrorregiões como a Sudoeste apresentando número expressivo de publicações, enquanto o Extremo-Sul, não figura nos registros desta pesquisa. A ausência de dados referentes em uma  região específica  não implica a inexistência de praticantes do benzimento nos diversos municípios baianos, ela sugere, entretanto, que as pesquisas nessa região são incipientes ou circunscritas a âmbitos locais. Essa lacuna sublinha a  urgência de esforços por parte de instituições de ensino e pesquisa, visando mapear esses saberes e, assim, desacelerar um possível processo de deterioração desse conhecimento tradicional contemporâneo e a preservação da cultura dessa guilda de benzedores da Bahia.

O registro de pesquisas sobre benzimento em comunidades tradicionais é importante, pois evidencia a permanência desse saber nas expressões culturais locais, estando fortemente presente no cotidiano. Essa prática ancestral desenha-se como componente intrínseco das identidades culturais dos quilombolas, tanto no âmbito individual quanto coletivo.

Apesar do número reduzido de publicações em áreas urbanas no estado da Bahia, é imprescindível compreender o papel da benzeção como prática cultural resiliente, que persiste e se adapta ao longo do espaço-tempo. Essa tradição, cria estratégias transversais para coexistir na modernidade, estabelecendo uma simbiose com as práticas biomédicas de cuidado. Essa coexistência torna-se ainda mais evidente, nos espaços urbanos, onde a indústria farmacêutica exerce sua predominância.

As atuais discussões na literatura acerca das práticas de benzimento nas macrorregiões baianas revelam-se insuficientes para estabelecer um padrão consistente sobre essas práticas, dado que persistem lacunas significativas que devem ser preenchidas por futuras pesquisas. Nesse contexto, instigamos a concentração de esforços na realização de estudos, especialmente nas macrorregiões onde as investigações foram escassas ou ausentes, com o intuito de aprofundar e ampliar os entendimentos sobre essa temática, ao mesmo tempo em que se verifica a persistência desse saber ancestral.

A valorização e preservação do conhecimento tradicional associado ao benzimento emergem como imperativos. Recomendamos a implementação de políticas públicas, alinhadas às práticas tradicionais como já ocorre em outros estados, proporcionando oportunidades para que os praticantes desse ofício integrem efetivamente os sistemas de saúde pública. Essa iniciativa não apenas reconhecerá a riqueza cultural dessas práticas, mas também contribuirá para a promoção da diversidade e inclusão nos contextos de cuidados à saúde.

 

AGRADECIMENTOS

Agradecimento às comunidades participantes das pesquisas encontradas. Aos pesquisadores que disponibilizaram seus estudos on line e de forma gratuita.  A Universidade do Estado da Bahia que através do Programa de Apoio à Capacitação de Docentes e Técnicos Administrativos da UNEB – PAC-DT disponibilizou a bolsa de estudos. Ao Programa de Doutorado em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental – PPGEcoH.

 

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Contribuição de autoria

1 – Nayara Gomes Bastos

Doutoranda no Programa de Pós-graduação em Ecologia Humana e Gestão Socioambiental da Universidade do Estado da Bahia

https://orcid.org/0009-0005-9642-5832 • nbastos@uneb.br

Contribuição: Conceituação, Metodologia, Software, Validação, Análise Formal, Investigação , Recursos, Curadoria de Dados, Escrita - Primeira Redação, Escrita, Revisão e Edição , Visualização de dados (infográfico, fluxograma, tabela, gráfico), Administração do Projeto, Obtenção de Financiamento

2 – Wbaneide Martins de Andrade

Doutora em Etnobiologia e Conservação da Natureza, Universidade do Estado da Bahia

https://orcid.org/0000-0002-0336-7620 • wandrade@uneb.br

Contribuição: Metodologia, Validação, Análise Formal, Investigação, Recursos, Curadoria de Dados, Escrita, Revisão e Edição, Visualização de dados (infográfico, fluxograma, tabela, gráfico), Supervisão

3 – Carlos Alberto Batista dos Santos

Doutor em Etnobiologia e Conservação da Natureza, Universidade do Estado da Bahia

https://orcid.org/0000-0002-2049-5237 • cabsantos@uneb.br

Contribuição: Metodologia, Revisão e Edição, Visualização de dados (infográfico, fluxograma, tabela, gráfico)

4 – Eliane Maria de Souza Nogueira

Doutora em Ciências Biológicas (Zoologia), Universidade do Estado da Bahia

https://orcid.org/0000-0003-2681-7601 • enogueira@uneb.br

Contribuição: Metodologia, Revisão e Edição, Visualização de dados (infográfico, fluxograma, tabela, gráfico)

 

Como citar este artigo

BASTOS, N. G.; ANDRADE, W. M.; SANTOS, C. A. B.; NOGUEIRA, E. M. S. A geografia do benzimento na Bahia: um olhar sobre as macrorregiões de saúde. Geografia Ensino & Pesquisa, Santa Maria, v. 27, p. 1-31, e75434, 2023. Disponível em: https://doi.org/10.5902/2236499475434, DOI: 10.5902/2236499475434. Acesso em: dia mês abreviado. ano.