Universidade Federal de Santa Maria

Geografia, Ensino & Pesquisa, Santa Maria, v. 26, Ed. Esp., e4, 2022

DOI: 105902/2236499472224

ISSN 2236-4994

Submissão: 07/11/2022 • Aprovação: 15/12/2022 • Publicação: 13/01/2023

SUMÁRIO

 

1 INTRODUÇÃO.. 4

3 DA CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO POPULAR FREIRIANA.. 5

3 CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO POPULAR DO/NO CAMPO.. 8

4 CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO POPULAR AMBIENTAL. 9

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS. 14

REFERÊNCIAS. 16

CONTRIBUIÇÕES DE AUTORIA.. 18

COMO CITAR ESTE ARTIGO.. 19

Dossiê Educação Ambiental & Educação do Campo

Educação Popular freiriana como paradigma da Educação do Campo e da Educação Ambiental

Freirian Popular Education as a paradigm of Field Education and Environmental Education

Educación Popular freiriana como paradigma de la Educación del Campo y de la Educación Ambiental

Fernanda dos Santos PauloI Ícone

Descrição gerada automaticamente

ICENSUPEG, Faculdade de Educação, Porto Alegre, RS, Brasil

RESUMO

Este texto tem por objetivo identificar e discutir a presença dos temas “Educação do/no Campo e Educação Ambiental” nas obras de Paulo Freire, declarando, de ponto de partida, que a concepção de Educação Popular freiriana pode ser um dos paradigmas da Educação do Campo e da Educação Ambiental. Para tanto, é realizado uma revisão bibliográfica, sobretudo, apoiada nos livros de Paulo Freire. A primeira parte do artigo apresenta o tema; as segunda, terceira e quarta partes do texto apresentam, descrevem e analisam as categorias e conceitos acerca da temática investigada. Segue-se, em cada seção, uma reflexão sobre as perspectivas que as orientam. A pesquisa caracteriza as influências filosóficas de Paulo Freire e suas dimensões política, epistemológica e metodológica, sob a égide da pedagogia crítica. Apresenta alguns dos lugares de resistências da Educação Popular e, na tentativa de síntese, anuncia a Educação Popular freiriana e sua epistemologia política, ética, metodológica e pedagógica libertadora. Orienta a produção de pesquisas teórico-práticas sobre o tema, levando em consideração a historicidade, a contextualidade e as perspectivas plurais das temáticas.

Palavras-chave: Educação Popular freiriana; Educação Popular Ambiental; Educação do/no Campo

ABSTRACT

This text aims to identify and discuss the presence of the themes “Education from/in the Countryside and Environmental Education” in the works of Paulo Freire, declaring, as a starting point, that the Freirean conception of Popular Education can be one of the paradigms of the Education of the Field and Environmental Education. Therefore, a bibliographic review is carried out, mainly supported by Paulo Freire's books. The first part of the article presents the theme; the second, third and fourth part of the text presents, describes and analyzes the categories and concepts about the investigated theme. In each section, a reflection on the perspectives that guide them follows. The research characterizes Paulo Freire's philosophical influences and its political, epistemological and methodological dimensions, under the aegis of critical pedagogy. It presents some of the places where Popular Education resists and, in an attempt to synthesize it, announces Freire's Popular Education and its liberating political, ethical, methodological and pedagogical epistemology. It guides the production of theoretical-practical research on the subject, taking into account the historicity, contextuality and plural perspectives of the themes.

Keywords: Freirean Popular Education; Environmental Popular Education; Education from/in the Field

RESUMEN

Este texto tiene como objetivo identificar y discutir la presencia de los temas “Educación del/en el Campo y Educación Ambiental” en la obra de Paulo Freire, declarando, como punto de partida, que la concepción freireana de Educación Popular puede ser uno de los paradigmas de la Educación del Campo y Educación Ambiental. Para ello, se realiza una revisión bibliográfica, apoyada principalmente en los libros de Paulo Freire. La primera parte del artículo presenta el tema; la segunda, tercera y cuarta parte del texto presenta, describe y analiza las categorías y conceptos sobre el tema investigado. En cada sección, sigue una reflexión sobre las perspectivas que las guían. La investigación caracteriza las influencias filosóficas de Paulo Freire y sus dimensiones políticas, epistemológicas y metodológicas, bajo la égida de la pedagogía crítica. Presenta algunos de los lugares donde la Educación Popular resiste y, en un intento de sintetizarla, anuncia la Educación Popular de Freire y su epistemología política, ética, metodológica y pedagógica liberadora. Orienta la producción de investigaciones teórico-prácticas sobre el tema, teniendo en cuenta la historicidad, la contextualidad y las perspectivas plurales de los temas.

Palabras-clave: Educación Popular freiriana; Educación Popular Ambiental; Educación desde/en el Campo

1 introdução

Este texto aborda a concepção de Educação Popular freiriana (BRANDÃO, ASSUMPÇÃO, 2009; PAULO, 2018) como paradigma da Educação do/no campo e da educação ambiental.

A Educação Popular é um conceito amplo, complexo e secular. Diferente do que correntemente escutamos ou imaginamos de que a Educação Popular é originária do Brasil ou da década de 1960, os estudos de Paulo (2018) indicam que o uso da expressão Educação Popular é antigo e, no caso brasileiro, o movimento anarquista da década de 1920 e 1930, reivindicavam e construíram escolas anarquistas para os trabalhadores na perspectiva da Educação Popular libertária. Ainda, referindo-se ao cenário brasileiro, nas décadas de 1950 e 1960, suscitou diálogos, experiências e produção textual acerca da Educação Popular cristã progressista e Educação Popular marxista, em especial baseada nos Movimentos de Cultura Popular (BRANDÃO, 2002; PAULO, 2013). Destacam-se os trabalhos com alfabetização e pós-alfabetização de pessoas adultas e as cartilhas utilizadas à época (FÁVERO, 2015). Outra experiência significativa foi na mesma década com a criação do Movimento de Educação de Base, o qual produziu a Cartilha “Viver é lutar”, que foi apreendida pela polícia do Lacerda, no período da ditadura. Como pode ser observado a Educação Popular libertadora foi considerada como educação subversiva pelo regime ditatorial – o que a caracteriza como educação política a serviço de um projeto educacional e de sociedade emancipada.

Concernente à Educação Popular enquanto Movimento Popular, encontramos, na literatura latino-americana (BRANDÃO, 2002, PAULO, 2013; TORRES, 2018), os anos de 1960 como fecunda década do paradigma da Educação Popular com base na pedagogia libertadora, constituindo-se como movimento político e educativo.

Sendo assim, a intenção deste artigo é apresentar a presença da Educação Ambiental e da Educação do Campo baseadas na perspectiva da Educação Popular freiriana. Para tanto, será apresentado quadros representativos da influência de Paulo Freire nesses temas, apoiadas por uma revisão de literatura.

3 DA CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO POPULAR FREIRIANA

A compreensão da Educação Popular freiriana tem origens filosóficas cristã (teologia da libertação), existencial e personalista (Mounier, Sartre, Gabriel Marciel e Heidegger), além de origem fenomenológica (Edmundo Husssel e Merleau-Ponty) e marxista (Marx, Gramsci, Marcuse, Kosik e Fromm). (PAULO, 2013, 2018).

Os estudos de Araújo Freire (1996), Torres (1997), Paulo (2013) indicam que Paulo Freire teve influência do marxismo, do existencialismo, do personalismo e da fenomenologia, sendo possível identificar as presenças desses paradigmas em seus conceitos, categorias e argumentações, como pode ser averiguado no quadro que segue:

Quadro 1 – Fontes: das influências que permeiam a Educação Popular freiriana

Correntes Filosóficas

Filosofia Existencial

Filosofia Fenomenologia

Filosofia Marxista

Filosofia Hegeliana

Conceitos e categorias presentes nas obras de Paulo Freire

Heidegger: estar no mundo; ser aí Mounier: ser com os outros; Sentido da história; humanização. Gabriel Marcel: Existência humana; consciência fanatizada; Sartre: Medo- liberdade; Concepções de saber; conhecimento; consciência e mundo; Objetivismo mecanicista; Gabriel Marcel e Sartre (ser humano nunca é fim).

Habermas: Comunicação; inteligibilidade do mundo; Conscientização histórica e Interesse do homem; Jaspers: Intencionalidade da consciência; amor; Merleau-Ponty: Conhecimento inteiro de mim; presença no mundo e com o mundo; Fenomenologia da Percepção; corpo-alma, sujeito-objeto; Edmundo Husssel: Visões de fundo

Karel Kosik: Dogmatismo do socialismo autoritário; Contexto concreto; Saber de experiência feito e saber sistematizado; Dialética do concreto; Ideologia; Cotidianidade; Karl Marx: Práxis; Práxis histórica; Subjetividade; Radicalidade; Análise de classe; Autoritarismo; burguesia; Operários; Moldura autoritária presente no socialismo realista; Pesquisa como prática emancipatória; Formação do educador; Dialética; Luta de Classes; Ideologia; Método dialético; Dialética Marxista; Poder e revolução; Objetividade e subjetividade em relação dialética/ história; Conscientização; Dialética entre teoria-prática; Gramsci: Organicidade intelectual; Revolução das classes; socialismo; história; Politicidade da educação; pedagogia; intelectuais; hegemonia; Filosofia concreta; Político é pedagógico; professor como intelectual; Papel do intelectual; Conhecimento do professor; Papel político do educador; Contra - hegemonia; Frantz Fanon: Administrações autoritárias; controle; medo à liberdade; Ordem social; oprimido-opressor; Rosa Luxemburgo: Diálogo com o povo. Karl Marx e Friedrich Engels: Subjetividade; opressão; materialismo; burocracia estatal; atos-limites; historicidade; luta de classes; Materialismo histórico; Lukács: Proletariado; consciência de classe; Conscientização;

Processo dialético/ dialética hegeliana; Consciência do oprimido; Autoridade-liberdade; Relação opressor-oprimido; Historicidade; conhecimento;

Autores citados por Freire

Emmanuel Mounier; Gabriel Marcel; Martin Heidegger (não consta citado nos livros de Paulo Freire – a sua presença é assinada em “PAULO FREIRE Uma: biobibliografia” situando o Instituto Superior de Estudos Brasileiros como influência no pensamento de Paulo Freire.

Jürgen Habermas; Merleau-Ponty; Edmundo Husssel; Karl Jaspers;

Karel Kosik; Karl Marx; Antonio Gramsci; Frantz Fanon; Rosa Luxemburgo; Karl Marx e Friedrich Engels; George Lukács;

Friedrich Hegel

Livros de Freire

Essa escola chamada vida; Educação como prática da liberdade; Pedagogia do Oprimido; Pedagogia da Esperança: Um reencontro com a Pedagogia do Oprimido; À sombra desta mangueira; Pedagogia da tolerância;

El grito manso; Educação e mudança; Professora sim, tia não – cartas a quem ousa ensinar; Pedagogia do oprimido; Pedagogia: diálogo e conflito;

À sombra desta mangueira; Sobre educação: diálogos; Lições de casa: últimos diálogos sobre educação; Que fazer – Teoria e Prática em Educação Popular; Pedagogia da tolerância; Professora sim, tia não – cartas a quem ousa ensinar; Pedagogia do oprimido; Cartas á Guiné-Bissau; Pedagogia dos sonhos possíveis; Por uma pedagogia da pergunta; Pedagogia da Esperança: Um reencontro com a Pedagogia do Oprimido. Política e educação; Pedagogia: diálogo e conflito;

Pedagogia do Oprimido; Educação e mudança; Conscientização; Cartas a Cristina; Pedagogia: diálogo e conflito

Fonte: Organizado pela autora, agost.2022

A partir do quadro, podemos localizar a confluência entre as correntes filosóficas na apresentação dos conceitos e categorias e importantes apontamentos para compreensão da concepção teórico-prática da Educação Popular freiriana. Dos apontamentos destacam-se:

• Dimensão antropológica, principalmente inspirada pelo existencialismo cristão, marxismo e pela fenomenologia: concepção de ser humano amparada pelos conceitos de Humanização e intersubjetividade.

• Dimensão política sob a égide do marxismo e fenomenologia: educação conscientizadora e emancipadora, educação politizadora, intencionalidade, práxis, prática educativa contextual e humanizadora.

• Dimensão epistemológica sob a perspectiva existencialista, marxista e fenomenológica: educação dos sentidos, educação dialógica, intencional, diretiva, participativa e libertadora, diálogo de saberes, curiosidade crítica, educação contextualizada/totalidade.

• Dimensão metodológica: Pesquisa como prática emancipatória influenciado pelo Método dialético. Rigorosidade metódica.

As dimensões apresentadas, ancoradas nas correntes filosóficas que são bases da pedagogia crítica. Que podem ser conferidas nas obras citadas no quadro 1. Como amostra, no livro “Medo e ousadia’, Paulo Freire revela sua visão de complementaridade das dimensões política e epistemológica. Em nossa análise, as dimensões antropológica e metodológica também são conexas.

A Educação Popular freiriana, baseada na pedagogia crítica emancipadora/revolucionária é dialógica na prática e na teoria, cuja “epistemologia libertadora” (FREIRE; SHOR, 2013, p.130) é uma construção permanente, a qual as bases teóricas se aportam pelas/nas lutas políticas, educativas, metodológicas que visam a transformação social. É a perspectiva do marxismo que melhor fundamenta a pedagogia da libertação, pois ela está presente nas propostas de educação revolucionária, que requer diálogo com o povo, organização, politicidade da educação, compreensão do papel político do educador, radicalidade na análise da realidade, consciência de classe, conscientização e práxis histórica.

Nessa percepção, na próxima seção abordaremos a presença da Educação Popular no/do campo e sua matriz analítica.

3 CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO POPULAR DO/NO CAMPO

Conte e Paulo (2021) apresentaram uma revisão de literatura identificando a presença e tipo de presença dos temas: camponês, agricultor, educação do campo e educação rural nas obras de Paulo Freire. Foram analisados dezesseis (16) livros de Paulo Freire localizando descritores presente identificado e presente aproximado. As autoras encontraram conceitos, categorias e/ou expressões aproximadas aos descritores utilizados, tais como: comunidade rural, Serviço Social Rural, homem rural do Nordeste, patriarcado rural, ruralismo no Brasil, sindicato rural, massa rural, líder popular agrário, comunidade camponesa, camponês/camponesa, alfabetização com os camponeses, reforma agrária, violência rural, trabalhador rural, educação rural, agricultor, entre outras. (CONTE; PAULO, 2021).

Segundo as autoras, acerca da presença dos camponeses e das camponesas nas obras de Paulo Freire, as categorias identificadas e sistematizadas estão assentadas pela pedagogia crítica, cujos temas, articulados com as categorias, conceitos e expressões que mais aparecem são: “a) Alfabetização; b) Trabalho explorado dos camponeses; c) Trabalho-educação; d) Escola democrática; e) Educação conscientizadora; f) Opressor X oprimido.” (CONTE; PAULO, 2021, p. 43).

A respeito das influências filosóficas de Paulo Freire e a Educação do/no campo constatamos, após a análise do artigo de Conte e Paulo (2021) que o marxismo é o embasamento político e pedagógico principal do autor, e que os conceitos de luta e democracia perpassam pelas categorias avistadas.

4 CONCEPÇÃO DE EDUCAÇÃO POPULAR AMBIENTAL

Souza (2018, p. 62) apresenta a “educação ambiental crítica, a partir de suas correntes: emancipatória, transformadora e incluo a da educação ambiental popular.”. Conforme o autor, “A educação ambiental popular é uma corrente da educação ambiental crítica que pode orientar diferentes práticas sociais, em diferentes espaços, escolares ou não.”. Franco (2012) apresenta várias concepções de Educação Ambiental, recordando que Reigota (1991) utiliza a expressão Educação Ambiental Popular.

No caso de Marcos Reigota (1991), o educador ambiental não utilizou Paulo Freire como referencial, mas encontramos conceitos freirianos, tais como: consciência e participação. Em seu artigo, cita o Consejo de educación popular de América Latina y el Caribe (CEAAL), entidade em que Paulo Freire foi o primeiro presidente. Na citação, faz referência ao conceito de conscientização e emancipação.

Souza (2018), na recuperação da terminologia Educação Ambiental Popular, afirma que ela:

[...] apareceu primeiramente em países latino-americanos que integravam o Consejo de Educación de Adultos de America Latina – CEAAL e que, em 1987, criaram a Red de Educación Popular y Ecologia – REPEC com vistas a se tornar um espaço dinâmico de permuta de educadoras/es populares inseridas/os em projetos de ação em áreas rurais e/ou urbanas que ansiavam uma outra racionalidade ambiental, apresentando subsídios teóricos e metodológicos da educação popular (BARBOSA, 2002). (SOUZA, 2018, p.66).

Malba Tahan Barbosa (2022, p.85) apresenta as expressões utilizadas ao longo das décadas, que em suas palavras:

A expressão Educação Ambiental Popular (PEÑA, 1994; MARTÍNEZ, 1994; CARVALHO, 2001b; REIGOTA, 1991) às vezes aparece como Educação Popular Ambiental (RUIZ, 1994, 1997; PERALTA & RUIZ, s.d., PERALTA, 1992; GONZÁLEZ-GAUDIANO, 1999; CTERA, 2001). Parece que a troca de posição dos adjetivos não altera o significado da expressão. O que poderia explicar essa alternância seria a origem de cada um dos que usam a expressão. Assim, aqueles que originalmente vêm do movimento ambientalista colocariam o adjetivo ambiental em primeiro lugar, enquanto que aqueles que viriam da Educação Popular, inverteriam e colocariam o adjetivo popular antes do ambiental.

Para Gadotti (2000), a “educação popular e a pedagogia da práxis, lidas de forma crítica, deverão continuar como paradigmas”, seja no contexto escolar ou não escolar.

Paulo (2018) realizou uma pesquisa acerca da presença da Educação Popular nas obras de Paulo Freire, identificando em 69 produções (livro, artigos, entrevistas publicadas e capítulos de livros) a presença em 46 destes textos. Em outras produções, há a presença de sinônimos como educação libertadora, educação emancipadora, educação crítica e educação humanizadora.

Sendo assim, a concepção de Educação Popular freiriana enquanto paradigma da Educação do campo e da educação ambiental, desde a sua articulação com os Movimentos Sociais, percorre pela compreensão das acepções de Educação Popular e do seu uso como opção política e ética.

Após essa breve introdução, buscamos identificar a presença do tema educação ambiental nas obras de Paulo Freire, um dos autores que fundamenta a nossa concepção de Educação Popular.

 A Educação ambiental, enquanto conceito, não foi uma temática trabalhada por Paulo Freire, mas sua compreensão de educação pode servir de fundamento para Educação Ambiental. Para uma revisão de literatura, consultamos as seguintes obras, conforme o quadro 2:

Quadro 2 – Fontes: das influências que permeiam a Educação Popular ambiental

Presença dos seguintes descritores: Meio ambiente, Ecologia e Natureza.

Educação e atualidade brasileira

Natureza humana

Educação como prática da liberdade

Dentre as palavras geradoras constava ‘CHUVA’ e influência do meio ambiente na vida.

Ação cultural para a liberdade

Entre os temas básicos do processo de alfabetização dos camponeses, foi citado ecologia como uma realidade concreta a ser decodificada.

Extensão ou comunicação?

Natureza e trabalho camponês. Relações homem-natureza (que se prolongam em relações homem/espaço histórico-cultural). Relações camponeses-natureza-cultura. Pela natureza transforma-se o trabalho.

Pedagogia do oprimido

Não consta.

Conscientização

As relações do homem com a realidade, com seu contexto de vida – trata-se da realidade social ou do mundo das coisas da natureza. A cultura – por oposição à natureza, que não é criação do homem – é a contribuição que o homem faz ao dado, à natureza. Cultura é todo o resultado da atividade humana, do esforço criador e recriador do homem, de seu trabalho por transformar e estabelecer relações de diálogo com outros homens. Sobre alfabetização:  a primeira situação, que trata de excitar a curiosidade do analfabeto e procura fazê-lo distinguir o mundo da natureza do mundo da cultura, apresenta um homem simples. Ao seu redor, seres da natureza (árvores, sol, pássaros...) e objetos da cultura (casa, poço, vestidos, ferramentas etc.), além de uma mulher e uma criança.

Educación liberadora

Não consta.

Educação e mudança

Sobre conteúdo programático e a pedagogia crítica: dois mundos: o da natureza e o da cultura; o papel ativo do homem na sua realidade e com a sua realidade. [...] a curiosidade do analfabeto e o leva a distinguir o mundo da natureza do mundo da cultura.

A importância do ato de ler: em três artigos que se completam

[...] a ideia de transformação humana, no transformar-se a natureza através do trabalho, é percebida pelo trabalhador rural como claramente consistente com o que vê de sua ação.

A árvore pertence ao mundo da natureza. O barco, feito por Antônio e Pedro, pertence ao mundo da cultura, que é o mundo que os seres

humanos fazem com o seu trabalho criador.

Educação na cidade

[...] a liberdade faz parte da natureza da vida, seja ela animal, seja ela vegetal. A árvore que cresce, que se inclina procurando o sol, tem um movimento de liberdade, mas uma liberdade que está condicionada à sua espécie, a um impulso vital apenas. Difere-se um pouco da liberdade do animal.

Pedagogia da Esperança: um reencontro com a Pedagogia do Oprimido

Natureza humana.

Política e educação

Natureza humana. Defesa do meio ambiente, de fundamental repercussão na vida da comunidade

Cartas a Cristina

Natureza dos seres humanos. uma economia sustentável mais humana e menos exploradora dos homens, das mulheres e da natureza:

Cartas a Guiné-Bissau

Trabalho, que é um processo entre a natureza e o homem.

À sombra desta mangueira

Meio ambiente e capitalismo. ONU e a luta em defesa do meio ambiente. Da negação dos direitos fundamentais da pessoa, do meio ambiente e da natureza.

Professora sim, tia não: cartas a quem ousa ensinar

Não somos apenas natureza nem tampouco somos apenas cultura, educação, cognoscitividade. Por isso, crescer, entre nós, é uma experiência atravessada pela biologia, pela psicologia, pela cultura, pela História, pela educação, pela política, pela estética, pela ética.

Essa escola chamada vida

Cultura e trabalho. Natureza (morros) de Petrópolis.

Por uma pedagogia da pergunta

Natureza do espaço de trabalho. Energia da natureza

Pedagogia: diálogo e conflito

Não consta.

Medo e ousadia: o cotidiano do professor

Meio ambiente como tema a ser trabalhado nos processos de formação. Meio ambiente e cultura. Meio ambiente como nosso espaço de ser e viver.

Na escola que fazemos: uma reflexão interdisciplinar em Educação Popular

Natureza humana.

Alfabetização: leitura do mundo, leitura da palavra

Lembro-me, por exemplo, de que, no começo dos anos 1970, quando eu estava na Europa, algumas pessoas falavam sobre os movimentos sociais, como o de liberação da mulher e o movimento da ecologia, exatamente quando estavam começando a se firmar. Os ecologistas, por exemplo, vieram para defender o meio ambiente numa linguagem humana e poética. Ao defender o meio ambiente, estão defendendo cada um de nós.

O caminho se faz caminhando

Refere-se ao abuso ambiental, pobreza e justiça econômica. Meio ambiente como espaço escolar e não formal. Ambiente cultural em que trabalhamos.

Que fazer: teoria e prática em Educação Popular

Não consta.

Pedagogia da Autonomia: saberes necessários a prática educativa

Natureza humana/ natureza dos seres humanos.

Pedagogia da indignação: cartas pedagógicas e outros escritos

Ecologia presente na Carta Prefácio de Balduino Andreola: O tema da Ecologia está intimamente associado ao da Ética, que perpassa tuas Cartas da primeira à última página, da mesma maneira que perpassa, na minha leitura, como tema central, ideia geradora, tema-chave, o teu livro-testamento, Pedagogia da autonomia.

FREIRE: A ecologia ganha uma importância fundamental neste fim de século. Ela tem de estar presente em qualquer prática educativa de caráter radical, crítico ou libertador.

Fonte: Organizado pela autora, ago. 2022

A interpretação efetuada desde as presenças dos descritores “Meio ambiente, Ecologia e Natureza” nos indica que a Educação Popular ambiental perpassa pelas concepções de conhecimento, de ser humano e de mundo de Paulo Freire, conforme demonstrado no Quadro 2 e como pode ser observado na figura abaixo:

Figura 1 – Educação Popular ambiental a partir de concepções de Paulo Freire

Fonte: Organizada pela autora, agosto, 2022

Na mesma sintonia, Carneiro e Dickmann (2021) apresentam a Educação Ambiental freiriana. Seus estudos convergem com minha pesquisa (Quadro 2 e Figura 1), cuja síntese revela que os “temas Relação Ser Humano e Mundo e Dimensão Crítica da Educação, presentes na Pedagogia da Autonomia e como essas temáticas em Paulo Freire podem fundamentar a Educação Ambiental Freiriana.” (DICKMANN; CARNEIRO, 2021, p.93).

Em face do exposto, a Educação Popular freiriana como paradigma da Educação do Campo e da Educação Ambiental, sob a perspectiva da Pedagogia Crítica requer situar a ciência que embasa estas categorias teórico-práticas sob a ótica da emancipação humana. No caso da Pedagogia Crítica enquanto ciência que se propõe reflexiva teórica sobre a prática educativa, requer a constituição de uma Educação Popular Ambiental emancipatória. Daí, o uso da categoria Educação Popular Ambiental sob a perspectiva freiriana. Essa acepção é mediada pela práxis ético-política constituída pela luta pedagógica pela humanização das pessoas e, igualmente, do mundo que inclui produzir conhecimento no diálogo entre fazer-saber, palavra-ação, ação-reflexão e transformação.

5 considerações finais

A prática de pesquisa e exercício de escrita deste artigo revelou-se provocativo, pois meus estudos têm sido, maiormente, no campo de pesquisas participativas. Nesse sentido, escrever um texto que trate de três temas “Educação Popular, Educação do/no campo e Educação Ambiental” a partir de uma revisão de literatura foi desafiador. Igualmente, nos coloca no papel de pesquisadores curiosos e comprometidos com pesquisas que possibilitem o avanço e aprofundamento de temáticas sob várias perspectivas.

Em meu caso, para a elaboração deste artigo realizei um levantamento de materiais (artigos, entrevistas e livros) que versam acerca dos assuntos trabalhados. Recorri às fichas de leituras produzidas por mim e pelo Grupo de Estudos e Pesquisa Paulo Freire e Educação Popular, assim como construí um plano de trabalho para a construção do texto.

Após os estudos, análises e reflexões ratifico que a concepção de Educação Popular é um dos paradigmas da Educação do campo e da educação ambiental, sobretudo no contexto da América Latina e de Paulo Freire. À vista disso, a Educação Popular é um conceito amplo, complexo e secular, e em alguns casos antagônicos a perspectiva libertadora e emancipadora – por isso a defesa da Educação Popular freiriana (PAULO, 2018).

No Brasil, as experiências de Educação Popular crítica dos anos de 1960 são marcantes em nossa história educacional. Nessa conjuntura, verificamos que a corrente marxista na Educação Popular foi uma das mais importantes influências de educadores e educadoras. Também, confirmamos que foi notável as práticas educativas dos Movimentos de Cultura Popular e Movimento de Educação de Base, os quais adotaram o paradigma da Educação Popular com base na pedagogia libertadora. Nestes espaços, os temas geradores do cotidiano dos educandos apareciam nas cartilhas de alfabetização e pós-alfabetização. Isso significa que a Educação Popular freiriana, enquanto Movimento Popular, possui características políticas, éticas, pedagógicas e sociais diretivas.

As influências filosóficas de Paulo Freire o qualificam como um filósofo da educação que não repetiu a tradição filosófica na produção das suas pedagogias. Por esse ângulo, a Educação Popular de Paulo Freire é construída através de uma síntese entre as filosofias hegeliana, existencial, fenomenológica e marxista – predominando essa última.

A Educação Ambiental e a Educação do/no Campo na perspectiva da Educação Popular freiriana estão amparadas pelas dimensões política, epistemológica e metodológica da pedagogia crítica. Isto é, a Educação Popular freiriana implica uma epistemologia política, ética, metodológica e pedagógica libertadora – o que demanda construção permanente, participativa, dialógica e crítica, mediante relação teoria, prática e reflexão com vistas a diferentes transformações sociais: micro e macro. Não é por acaso que os conceitos de luta, Educação conscientizadora, trabalho-educação e democracia perpassam pelas categorias presentes na Educação do/no Campo. Relativo à Educação Ambiental crítica, amparada pela Educação Popular freiriana, identificamos, nas obras de Paulo Freire, que as concepções de conhecimento, de ser humano e de mundo, são as bases epistemológicas, política e antropológicas dessa concepção teórico-prática intencional/diretiva.

As pesquisas de revisão de literatura indicam que Paulo Freire é uma referência relevante para o tema da Educação Ambiental e Educação do/no Campo. Sugere-se a necessidade de superar visões e práticas dicotômicas, conservadoras, bancárias e desumanizadoras.

Por fim, urge a continuidade do diálogo sobre o tema, considerando a historicidade, a contextualidade das temáticas e suas perspectivas plurais. Para tanto, recomenda-se pesquisas teórico-práticas mediadas pela coerência ético-política, observação e escuta sensível, reflexão crítica, respeito, humildade e vigilância freiriana na construção dos objetos de estudos e interação com os sujeitos participantes do processo de investigação.

referências

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contribuições de autoria

1 – Fernanda dos Santos Paulo

Doutora em Educação

0000-0002-8022-9379 fernanda.paulo@unoesc.edu.br

Contribuição: Conceituação, Escrita – Investigação- Metodologia

COMO CITAR ESTE ARTIGO

PAULO, F. DOS S. Educação Popular freiriana como paradigma da Educação do Campo e da Educação Ambiental. Geografia Ensino & Pesquisa, Santa Maria, Ed. Esp., v. 26, e4, 2022. DOI 10.5902/2236499472224. Disponível em: https://doi.org/10.5902/2236499472224. Acesso em: dia mês abreviado. ano.